Um pouco sobre lógica de argumentação, um dos assuntos mais cobrados em provas de concursos.
A lógica de argumentação é fundamental para desenvolver o raciocínio crítico, analisar textos, resolver problemas e construir discursos coerentes e persuasivos.
O que é um argumento?
Um argumento é uma estrutura que relaciona um conjunto de proposições, chamadas premissas ou hipóteses, que sustentam uma conclusão. Ou seja, as premissas são as bases que justificam a conclusão.
Em termos formais, temos:
- p1, p2, p3, ..., pn: premissas
- c: conclusão
O objetivo do argumento é mostrar que a conclusão decorre logicamente das premissas.
Exemplos práticos de argumento
- Exemplo 1:
- p1: Todos os paulistas cantam rap.
- p2: Todos cantores de rap gostam de música.
- c: Todos os paulistas gostam de música.
- Exemplo 2:
- p1: Todos os mecânicos se sujam.
- p2: João está sujo.
- c: João é mecânico.
- Exemplo 3:
- p1: Todas as aves têm penas.
- p2: O pardal é uma ave.
- c: O pardal tem penas.
Esses exemplos ilustram o silogismo, que é um tipo clássico de argumento composto por duas premissas e uma conclusão.
Validade dos argumentos
Nem todo argumento é válido. A validade depende se a conclusão decorre necessariamente das premissas.
- Argumentos válidos: quando a conclusão é uma consequência lógica obrigatória das premissas.
- Argumentos inválidos: quando as premissas não garantem a verdade da conclusão.
Analisando os exemplos:
- No Exemplo 1, o argumento é válido, pois se todos os paulistas cantam rap e todos os cantores de rap gostam de música, então necessariamente todos os paulistas gostam de música.
- No Exemplo 2, o argumento é inválido, pois o fato de João estar sujo não implica necessariamente que ele seja mecânico — outras pessoas também podem estar sujas por diversos motivos.
- No Exemplo 3, o argumento é válido, pois a conclusão decorre diretamente das premissas.
Tipos de argumentos
Argumentos dedutivos
São aqueles em que as premissas fornecem informações suficientes para garantir que a conclusão seja verdadeira. Ou seja, se as premissas forem verdadeiras, a conclusão não pode ser falsa.
Exemplo prático:
- Todo ser humano é racional.
- Todos os homens são humanos.
- Logo, todos os homens são racionais.
Outro exemplo:
- Todos os mamíferos têm coração.
- O cachorro é um mamífero.
- Logo, o cachorro tem coração.
Argumentos indutivos
São aqueles em que as premissas não fornecem garantia total da verdade da conclusão, mas indicam uma probabilidade ou tendência.
Exemplo prático:
- O avô de João foi um ótimo boxeador.
- O pai de João foi um ótimo boxeador.
- João é um ótimo boxeador.
- Logo, o filho de João será um ótimo boxeador.
Note que, apesar da tendência, não há certeza absoluta de que o filho de João será um ótimo boxeador, pois outros fatores podem influenciar.
Outro exemplo:
- O sol nasceu todos os dias até hoje.
- Logo, o sol nascerá amanhã.
Embora seja muito provável, não é uma certeza absoluta.
Analogias
Analogias são comparações entre duas situações ou objetos que possuem características semelhantes, usadas para inferir que o que é verdadeiro para um pode ser verdadeiro para o outro.
Exemplo prático:
- Assim como um motor precisa de combustível para funcionar, o corpo humano precisa de alimentos para obter energia.
- Assim como um computador precisa de software para operar, o cérebro humano precisa de conhecimento para agir.
- Assim como uma planta precisa de água para crescer, uma amizade precisa de confiança para se fortalecer.
Inferências, deduções e conclusões
Inferência é o processo mental de derivar uma conclusão a partir de premissas ou evidências.
Dedução é um tipo de inferência em que a conclusão decorre necessariamente das premissas.
Conclusão é a proposição final que resulta do argumento.
Para facilitar o entendimento, veja a tabela abaixo:
| Termo | Definição | Exemplo |
|---|---|---|
| Argumento | Conjunto de premissas que sustentam uma conclusão | Todos os homens são mortais; Sócrates é homem; Logo, Sócrates é mortal. |
| Premissa | Proposição que serve de base para o argumento | Todos os mamíferos têm coração. |
| Conclusão | Proposição que decorre das premissas | O cachorro tem coração. |
| Inferência | Processo de derivar uma conclusão | Se chove, a rua fica molhada; Está chovendo; Logo, a rua está molhada. |
| Dedução | Inferência com conclusão necessariamente verdadeira | Todos os homens são mortais; Sócrates é homem; Logo, Sócrates é mortal. |
| Indução | Inferência com conclusão provável, não garantida | O sol nasceu todos os dias; Logo, nascerá amanhã. |
Exercícios práticos com resolução
- Exercício 1: Analise o argumento: "Todos os gatos são mamíferos; Todos os mamíferos têm sangue quente; Logo, todos os gatos têm sangue quente." O argumento é válido? Por quê?
Resolução: Sim, é válido porque a conclusão decorre necessariamente das premissas. - Exercício 2: "Alguns pássaros voam; O pinguim é um pássaro; Logo, o pinguim voa." O argumento é válido?
Resolução: Não, é inválido, pois nem todos os pássaros voam, logo a conclusão não é garantida. - Exercício 3: "Maria estudou muito para a prova; Maria passou na prova; Logo, estudar muito garante passar na prova." O argumento é dedutivo ou indutivo?
Resolução: É indutivo, pois a conclusão não é garantida, apenas provável. - Exercício 4: Dê um exemplo de analogia e explique sua validade.
Resolução: "Assim como o coração bombeia sangue pelo corpo, a bomba envia água pelo cano." A analogia é válida porque ambos realizam a função de transportar fluidos. - Exercício 5: Identifique a conclusão e as premissas: "Se chove, a rua fica molhada. Está chovendo. Logo, a rua está molhada."
Resolução: Premissas: "Se chove, a rua fica molhada" e "Está chovendo"; Conclusão: "A rua está molhada." É um argumento dedutivo.
Bizus e observações para memorização
- Bizu 1: Para saber se um argumento é válido, pergunte-se: "Se as premissas forem verdadeiras, a conclusão pode ser falsa?" Se não, é válido.
- Bizu 2: Argumentos dedutivos garantem a verdade da conclusão; indutivos apenas sugerem probabilidade.
- Bizu 3: Analogias são úteis para explicar conceitos complexos usando situações familiares.
