Respeitar a linha no caderno: é realmente uma coisa séria?
Há várias regras em uma escola, especialmente dentro da sala, onde a relação entre o professor e o aluno se torna mais próxima. Respeitar a linha no caderno: é realmente uma coisa séria?
Há várias regras em uma escola, especialmente dentro da sala, onde a relação entre o professor e o aluno se torna mais próxima. Para que haja um bom andamento do processo de ensino-aprendizagem, as regras precisam ser cumpridas.
No entanto, nem sempre estas regras são bem aceitas, ou mesmo entendidas pelos alunos. Estão nas normas de bom uso do caderno escolar de várias escolas a indicação de “escrever com letra bonita e em cima da linha, respeitar a margem da folha”.
Pode parecer uma solicitação simples para aqueles que já dominam a escrita, mas para as crianças, que estão em fase de alfabetização, esta nem sempre é uma tarefa das mais fáceis de serem cumpridas.
O momento da vida escolar em que as crianças começam a usar novos materiais (caneta, lapiseira, tintas) é muito importante e esperado, e com o caderno não é diferente.
A escrita no caderno possibilita a expansão da imaginação e criatividade da criança, apresenta a condição de registrar tudo aquilo que é de valor em um papel.
No entanto, a escrita em um caderno também tem suas regras, seus limites, os quais são marcados pelo tamanho das linhas (largura), pela extensão destas linhas (até a margem) e também pelo tamanho da folha.
Muitas crianças que estão aprendendo ainda a escrever, não conseguem ficar dentro destes limites, e acabam fazendo letras maiores do que a largura da linha, terminando as frases antes da margem, usando apenas metade da folha e passando para a próxima.
O uso correto de uma folha de caderno é um bom exercício sobre limites. A criança tem contato com a necessidade de seguir as regras, de usar com consciência o espaço que lhe está disponível.
Geralmente, os professores pedagogos fazem um trabalho sobre isso, porém sem a necessidade de relacionar os limites do caderno com a vida das crianças, mas simplesmente exigindo que estes padrões de escrita sejam seguidos.
Com isso, e talvez muitas vezes sem perceber, os professores possibilitam que as crianças manifestem seu posicionamento diante da questão, às vezes com desdém quanto às normas, às vezes questionando dos motivos pelos quais seguir aquela norma, e muitas vezes irritando-se porque não conseguem deixar as letras dentro da largura das linhas.
Com isso, as crianças vão moldando sua própria personalidade, entendendo os limites e respeitando-os.
Escrever dentro dos padrões em uma folha de caderno é uma analogia com os limites que eles enfrentarão durante toda sua vida, pois mesmo que eles não entendam porque algumas regras existem na sociedade, eles terão que cumpri-las.
Quando a questão dos limites diante das regras escolares é bem trabalhada pela escola e pelas famílias junto da criança, o amadurecimento vai fazendo com que o estudante compreenda a importância de seguir as regras, de ficar dentro dos limites. Todo tipo de ação, produz uma consequência.
Com o caderno, eles aprendem que quando ultrapassam a largura da linha, as letras ficam sobrepostas e a escrita pode se tornar ilegível.
Quando escrevem apenas até a metade da linha, o texto não fica alinhado esteticamente. Quando usam só a metade da folha do caderno, logo este material acaba, e terão que investir dinheiro em um novo.
Desta forma, por mais que pareça sem sentido uma cobrança tão grande quanto ao respeito pelas linhas do caderno por parte de alguns professores, este é um exercício muito importante.
Ele apresenta aos alunos as regras e os limites do espaço da escrita.
E, da mesma forma que estas crianças enfrentam na alfabetização um desafio com seu caderno, terão que enfrentar muitos outros desafios por toda sua vida acadêmica e social, onde serão em muitos momentos defrontados com regras e limites.
Talvez eles nunca se recordem, quando adultos, dos ensinos da época da escola sobre respeitar os limites das linhas do caderno, mas a sementinha foi plantada por algum professor que entendeu a importância desta ação.
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Muito obrigada pelo material postado, muito interessante, me fez pensar!
Sou licenciada em Química e Pedagoga. Atualmente trabalho com uma criança autista de 7 anod a um ano. Ao longo desse um ano, consegui alfabetiza-lo, mas a letra dele é grande (ultrapassa um pouco a linha de cima ou de baixo). Você teria algumas dicas para crianças autistas?