
ideologia socialista na URSS
A Revolução Russa em 1917 foi um processo histórico que culminou com o fim do czarismo e elaboração de um Estado socialista sobre a liderança principal de Lênin e Stalin.
No entanto, a construção do socialismo na União Soviética experimentou uma dura vivência na guerra civil de 1918 a 1920, causando a miséria e a fome a milhares de pessoas, influenciada por uma economia atrasada e ruralizada.
Por exemplo, cerca de 22 milhões de pessoas haviam morrido por doença (pessoas congelavam , adoeciam e morriam por falta de combustível para o aquecimento), gerando ao final da guerra civil a perda de cerca de 44,5% da população de Moscou.
Desta forma, para romper com esse cenário os bolcheviques edificaram a sociedade soviética sobre o pilar principal: uma concepção de Estado burocratizada e centralizada no Partido com o objetivo de criar uma sociedade mais igualitária diferente da democracia burguesa capitalista.
População sofrendo a miséria e a morte nos anos de Guerra Civil.
A burocracia no Estado Soviético por Lênin
Por mas que Lênin tenha escrito antes da Revolução (obra O Estado e Revolução escrita em agosto de 1917 e deixada inacabada porque segundo o autor seria melhor viver a experiência da Revolução) que deveria eliminar a burocracia de Estado, na prática o sistema político de partido único utilizou a burocracia para fornecer trabalho a centenas de milhares de pessoas desempregadas.
E assim, para Lênin a causa da burocracia se devia ao atraso econômico (pobreza, miséria) e a privação de cultura dos comunistas ( exemplo analfabetismo).
Portanto, foram utilizados os chamados técnicos da burguesia nas fábricas (para que os operários adquirissem esse conhecimento).
Essa camada social representada pelos técnicos, cientistas e os administrados era denominado por Lênin de intelligentsia (nome do saber, conhecimento e da cultura).
Caberia então, essa intelligentsia revolucionária introduzir nos trabalhadores a chamada consciência de classe, para possibilitar o aumento da produção e da produtividade, destruindo a ordem capitalista pautada na luta de classes.
Para consolidar, essa ideia foi posto a denominada ditadura do proletariado (conceito cunhado por Marx como etapa para uma sociedade sem classes na transição para o comunismo ) que significou a imposição da vanguarda de classe representada pelo partido.
“O Estado é a classe operária, é a parte mais avançada dos trabalhadores, é a vanguarda. Nós somos o Estado” (“Sobre o programa do partido-informe ao VIII Congresso do PC” 1919).
Lênin conduzindo a Revolução Russa, através do discurso que convocava os revolucionários a derrubada do governo.
Críticas ao modelo soviético de socialismo
A discussão teórica que reunia os intelectuais de maior expressão do movimento socialista (Segunda Internacional) foi motivada pela ruptura entre os chamados leninistas e os outros adeptos do “socialismo democrático”.
Um dos representantes da ideia de “socialismo democrático” foi Karl Kautsky (filósofo tcheco-austríaco, jornalista e teórico marxista e um dos fundadores da ideologia social- democrata).
Ele considerava que a democracia era necessária para possibilitar a derrubada do capitalismo mas também, como a estruturação do modo de produção socialista.
E assim, ele compreendia que a ausência de democracia geraria a propriedade coletiva dos meios de produção sobre o poder da burocracia do Estado, entendida como uma exploradora coletiva do proletariado e do campesinato.
Sendo sua tese principal abreviada pela frase “O socialismo está indissoluvelmente ligado a democracia. Não há socialismo sem democracia”.
Karl Kautsky (1854-1938).