
No contexto da 2ª Revolução industrial, os mercados europeus estavam saturados necessitando se expandir (devido ao excedente de produção) como também buscavam explorar matérias primas e recursos naturais para suprir as suas necessidades.
Desta forma, o continente africano se consolida como estratégia primordial de diversos países europeus com este objetivo claro.
Este período denominado de imperialismo ou neocolonialismo resultou em um domínio das potências europeias sem uma ocupação concreta militar sendo utilizado o conceito de círculo de influência redefinindo as fronteiras na Conferência de Berlin (1885).
Mapa que representa o imperialismo na África após a redefinição de fronteiras na Conferência de Berlim.
Como foi o imperialismo belga no Congo?
O rei belga Leopoldo II conquistou um território 76 vezes maior que seu país, sendo reconhecido pelas grandes potências sem nunca ter estado no Congo.
Ele utilizou a justificativa de levar o progresso para o Congo, baseados em “razões científicas” (teorias raciais que apontavam uma superioridade da raça branca) e humanitárias.
A tática aplicada foi de convencer líderes tribais a concederem sua soberania em troca de proteção colonial (protetorado), comprando o seu apoio através de “presentes” como artefatos militares em troca de sua terra.
O Estado belga também investiu em exploradores no território africano, no entanto o papel fundamental foi do jornalista britânico Henry Stanley que através da sua viagem na Bacia do Congo, mapeou toda sua extensão contribuindo para conquista do território congolês.
Associação Internacional do Congo
Na Conferência de Berlin, o Estado Independente do Congo foi reconhecido após criar a Associação Internacional do Congo que na realidade era uma fachada para que os outros países respeitassem a livre navegação pelo Rio Congo e também a livre exploração do marfim e das riquezas naturais.
Com o objetivo estritamente econômico a administração do império belga conseguiu enriquecimento através da colheita, minérios e organização do território que declarava que tudo que estava nesse território era propriedade do Estado da Bélgica o que significava que os colonos deveriam pagar imposto.
E assim, o sistema implantado foi de eliminar as empresas privadas em favor do Estado, o confisco de terras das populações indígenas e o monopólio do Estado sobre os produtos.
Escravização de toda a população
O discurso civilizador empregado como legitimidade, era na realidade uma forma de escravizar toda a população em um sistema extremamente desumano ao fazer mulheres e crianças como reféns para que os homens das famílias fossem obrigados a colher o látex, sendo aldeias incendiadas e massacres recorrentes.
A tortura foi outra forma utilizada, ocorrendo mutilações ao descobrir uma indisciplina ou o não cumprimento das metas de colheita era pedido para trazer a mão direita do cadáver ou também cortavam as mãos dos vivos.
Imagem mostra a crueldade belga ao escravizar e mutilar a população.
Esse trabalho escravo com uso de violência começou a gerar desconfiança externamente. A medida aplicada foi impedir a entrada de visitantes no Congo, consentindo apenas a entrada de missionários belgas, pois estes se manteriam em silêncio.
Porém mesmo com todas as prudências tomadas, funcionários das maiores empresas navais de Londres suspeitavam do objetivo civilizador belga, pois os barcos traziam cargas de borracha e retornavam com armas e munição ao contrário de suprimentos e equipamentos.
Regime escravocrata genocida
O reconhecimento que por mais de 15 anos o rei Leopoldo liderava um regime escravocrata genocida, só foi possível através da apuração do cônsul inglês Roger Casement (1903) que após receber denúncias passou a averiguar e relatar todos os abusos praticados, produzindo relatórios com depoimentos das vítimas e fotografias.
A partir disso, a pressão internacional fez com que se revisasse o domínio belga para que ele fosse desfeito. Contudo, não houve qualquer ponderação em devolver as terras para os verdadeiros donos (congoleses).
O imperador Leopoldo mesmo praticando todas as atrocidades recebeu 2 milhões de libras pelos “esforços” , deixando de governar em 1908 , após 4 anos do relatório.
Estado Independente do Congo
O período de 1908 a 1960 foi caracterizado pela mudança de estatuto e de nome, onde o Estado Independente do Congo passou a se chamar Congo Belga.
Sendo que na prática a administração continuou sob domínio belga assim caracterizada por ser a mais cruel e mais brutal da África.