
O que foi a Operação Condor?
A partir da década de 1960 ocorreu a propagação de ditaduras militares sul americanas, com a justificativa de conter o comunismo nos respectivos países.
Imagem mostra a ave símbolo da operação Condor capturando a sua “presa” e aplicando a tortura.
E assim, organizaram a operação condor que foi a troca de informações das forças de repressão para perseguir os considerados “inimigos” de Estado por Brasil, Argentina, Chile, Uruguai, Paraguai e Bolívia resultando na tortura e mortes.
A Operação Condor foi estruturada em 1975 pelo coronel Manuel Contrereas, chefe da DINA (inteligência nacional chilena), operou de diferentes formas como:
- Cursos para formação de oficiais,
- Conferências entre os exércitos,
- Circulação de material impresso como dicionários e manuais sobre elementos classificado como “subversivo”,
- e troca de prisioneiros.
A operação era divida em três fases.
- A primeira fase foi caracterizada pela formação de um banco de dados sobre a “subversão”, através da criação de códigos que impossibilitasse a compreensão da mensagem.
- A segunda foi utilizada em ação paralela nos territórios dos países membros possibilitando a troca de prisioneiros sem precisar registrar oficialmente, como também o envio de agentes de investigação.
- E a terceira fase tinha a finalidade de criar equipes que atuasse em qualquer parte do mundo, para combater os denominados “inimigos”.
Qual a participação dos EUA no processo?
No contexto de Guerra Fria, o anticomunismo se alastrou na América do Sul, pois os Estados Unidos considerava estratégico manter sobre o seu domínio os países latinos americanos na disputa de influência política.
Desta forma, a partir de 1951 os Estados Unidos assinou diversos acordos bilaterais com os países sul–americanos (a ideia de Doutrina Segurança Nacional), comprometendo o fornecimento de armas e financiamento, como também a presença de assessores militares e treinamento de oficiais latinos americanos nos Estados Unidos e na Escola das Américas, na zona norte-americana do Panamá.
Aproximadamente 60.000 militares latinos americanos foram enviados para a Escola militar das Américas.
Além deste treinamento os Estados Unidos também exerceram o treinamento de policiais militares em seu próprio território e enviou para países como Brasil e Uruguai, especialistas para treinar a corporação local o que contribuiu para surgimento das ditaduras militares na América Latina.
Métodos utilizados pela Operação Condor
As denúncias sobre essas ações conjuntas repressivas nos períodos ditatoriais foram realizadas através dos testemunhos de pessoas sequestradas ou detidas e soltas no Estádio Nacional do Chile.
A exemplo tem o caso Lílian Celiberti que foi sequestrada junto do seu marido e seus dois filhos na cidade de Porto Alegre em novembro de 1979.
A ação foi planejada por agentes da repressão uruguaios e brasileiros, porém foi divulgado na época pela imprensa brasileira o que impediu que a matassem devido a não ter mais sigilo, no entanto ela foi presa no Uruguai por cinco anos.
Um sequestro seguido de morte foi o caso de Carlos Alberto Maguid que vivia em Lima (Peru) . Maguid foi sequestrado em 1977 por oficiais peruanos que o entregaram a militares argentinos.
De acordo com depoimentos de sobreviventes da Escuela Mecánica de la Armada ( ESMA-Argentina) ele foi visto lá pela última vez em 1977.
É importante ressaltar que essas operações tiveram a contribuição de setores da sociedade civil para que fossem finalizadas com “sucesso” como: companhias áreas como a Lan Chile e Aerolíneas Argentinas, médicos, funcionários de cemitérios e Institutos Médicos Legais.
Isso mostra que a sociedade também teve sua parcela de culpa na consolidação das ditaduras na América Latina.
Avião utilizado na Argentina para arremessar prisioneiros no rio da Prata.
Comprovação da Operação Condor e os seus crimes cometidos
A comprovação da Operação Condor e os seus crimes cometidos foram possíveis através das descobertas de documentos secretos do ditador paraguaio Alfredo Stroesser em 1992, como também de documentos do governo norte-americano.
Desde então, há uma luta das vítimas e de defensores dos direitos humanos contra a impunidade recorrendo aos tribunais internacionais para que os países envolvidos obriguem os órgãos militares a liberarem os documentos para investigar o passado.
No Brasil, um dos maiores empecilhos é a Lei da Anistia (1979) que não foi alterada mesmo após a Comissão da Verdade (2014).