
Pieter Brueghel
O período da história conhecido como Idade Média ou período medieval, ou ainda Idade das Trevas, tem como balizas históricas o Império Romano.
O inicio desse período é marcado pela queda do Império Romano do Ocidente em 476 d.C. e tem seu fim com a invasão e a queda da capital do Império Romano do Oriente (Império Bizantino), Constantinopla, pelos turco em 1453.
Porque a idade média é também chamada de idade das trevas?
O (pré) conceito sobre a Idade Média
O historiador Hilário Franco Junior aponta que esse conceito de Idade Média foi criado a posteriori, mais precisamente pelos intelectuais e artistas do século XVI, após o fim da Idade Média.
O termo desde sua construção tinha como desígnio expressar um desprezo aos anos anteriores, da Antiguidade Clássica ao século XVI, esse tempo seria um intervalo, um vazio, para o que estava por vir, o período renascentista.
A ideia deste conceito emergiu no século XVI quando Giorgio Vasari, ao escrever uma obra sore grandes artistas do seu tempo, irá utilizar o termo Renascentista e por oposição será popularizado as expressões negativas em relação ao tempo anterior como media aetas, media tempora, tenebrae.
A oposição se referia a arte medieval, que por não se enquadrar nos moldes clássicos, era vista como grosseira, grotesca, o que depois será chamado de arte gótica, na literatura ao invés do latim clássico tínhamos o uso do latim bárbaro.
O sentido da Idade Média, portanto, seria uma obra teorizada a partir do renascimento: vista como um momento de suspensão no progresso humano, um tempo de atraso tecnológico, de ignorância, superstição e barbárie.
Obra: O "Triunfo da Morte", de Pieter Brueghel.
Era um período que prevalecia o conhecimento e as ideias advindas da Igreja católica e esse saber regia as relações sociais, culturais, econômicas e politicas, um saber sem comprovação cientifica algo que irá surgir somente no Renascimento e no Iluminismo.
Era uma época caracterizada pela fé exacerbada, pela tradição e pela autoridade, através da figura dos reis.
Compreender a Idade Média sem (pré) conceitos
Esse modo de compreender a Idade Média não passava de uma ideia pré-concebida criada por aqueles que não experienciaram o período, isto é, era uma ideia criada por um ponto de vista exterior.
Será somente a partir do século XX que a historiografia se empenhará em entender a Idade Média pelos olhos dela mesma, sem a pretensão de julgar o passado, mas compreende-lo a partir do seu referencial.
A partir desse objetivo, novas técnicas, metodologias e conceitos serão criados para pensar o medievalismo.
A escrita da história deslocando seu olhar de uma história das elites para uma historia da cultura, dos costumes e da vida cotidiana contribuiu para conceber a Idade Média como um tempo de descobertas e um tempo embrionário para o surgimento da Idade Moderna.
O historiador Jacques Le Goff atribui a esse período a formação das estruturas da modernidade como a cidade, a nação e o Estado, assim como as universidades e a marcação do tempo com o relógio.
As divisões cronológicas da Idade Média
O período da Idade Média é comumente divida em dois períodos: a Alta Idade Média e a Baixa Idade Média.
- A Alta Idade Média abarca o século V ao século X d.C., de 476 aos anos 1000, e se refere a um momento de estruturação das sistema feudal e também dos ataques bárbaros ao Império Romano.
- A Baixa Idade Média, que vai do século XI ao XV, é um período de fragilidade e decadência do sistema feudal que dominava as relações na Idade Média.
Essa fragilidade se deu, sobretudo devido às inovações tecnológicas na agricultura, como a criação do moinho hidráulico e também o desenvolvimento do comércio, ocasionando a migração da população do campo para as cidades.