“quando o estudante chega à escola com seis ou sete anos,
domina uma certa quantidade das possibilidades da língua, isto é,
ele sabe muito, mas ainda não domina (muitos?) recursos, seja
porque não são muito utilizados no ambiente social no qual ele
vive e aprendeu o que conhece da língua, seja porque são
recursos que não mais ocorrem na língua falada.”
Sírio Possenti. Por que (não) ensinar gramática na escola , p. 87-88.
Partindo do que diz Possenti, diante do uso da variante não
padrão da concordância nominal (do tipo “os menino”) na
redação de um estudante do Fundamental I, é coerente fazer o
seguinte raciocínio:
✂️ a) O estudante já dispõe de uma gramática internalizada, mas
ainda está aprendendo uma variante nova. ✂️ b) A proposição de exercícios do tipo “preencher lacunas”
constitui uma prática efetiva para consolidar o conhecimento
da concordância nominal. ✂️ c) Deve-se explicitar ao estudante que a variedade linguística
empregada por ele é menos prestigiada e, por isso,
inadequada no ambiente da escola. ✂️ d) Considerando que a linguagem tem, dentre outras, uma
função representativa, é preciso explicar a esse estudante
que o erro de concordância causa falta de clareza na tradução
de seu pensamento. ✂️ e) O estudante não deve ser corrigido, uma vez que a linguagem
é um sistema para a comunicação interpessoal e ele é capaz
de transmitir uma mensagem coerente.