Uma senhora de 65 anos, após anos de acompanhamento na
clínica médica por diabetes e hipertensão, retornou com queixa
de distensão abdominal e parada de eliminação de gases e fezes
há uma semana. Há histórico de constipação crônica por volta
dos 30 anos, incluindo atendimentos de emergência para clister
glicerinado e extração manual das fezes. Só consegue evacuar
com medicações laxativas como polietilenoglicol e laxativos
salinos de uso regular. O exame físico e ultrassom à beira leito
evidenciaram muita distensão abdominal e dor à palpação
profunda. Ao toque retal, há hemorroidas, dor e espasmo da
ampola retal – apesar de toque gentil – e sangramento discreto
em luva devido ao uso de clister glicerinado nos últimos 3 dias.
Optou-se por internação para manuseio do quadro de obstipação
intestinal. Com a tomografia de abdômen, pode-se perceber
grande impactação fecal em reto e extensão para sigmoide baixo,
com fezes em todo o cólon.
Sem outras alterações clínicas, laboratoriais e radiológicas, a
equipe médica optou corretamente por:
✂️ a) iniciar neostigmina, pois trata-se de pseudobstrução
intestinal crônica; ✂️ b) manter os laxativos, incluindo lactulose, enemas glicerinados
e clister em gravidade, com perspectiva de colectomia distal,
caso não haja melhora em 3 dias; ✂️ c) suspender os laxativos e iniciar terapia com supositórios de
glicerina seguidos de extração manual 3 vezes ao dia, pois,
sem a retirada do fecaloma, não haverá trânsito intestinal
normal; ✂️ d) extração por retossigmoidoscopia rígida com infusão local de
óleo mineral e associação de neostigmina mitigando dores
abdominais após a liberação do fecaloma endurecido; ✂️ e) suspender lactulose pela distensão, manter laxativos
estimulantes como bisacodil (incluindo na forma de
supositórios), estimular medidas comportamentais e associar
prucaloprida, acompanhando o quadro clínico da paciente.