Com o propósito de integrar a macroeconomia à teoria do desenvolvimento econômico, desde o início dos anos 2000,
o professor Luiz Carlos Bresser-Pereira e outros autores têm formulado um conjunto de proposições teóricas, acompanhadas de evidências empíricas, com o objetivo de explicar por que muitos países em desenvolvimento, como o Brasil,
após percorrerem uma trajetória inicialmente exitosa de crescimento econômico e alcançarem níveis de renda per capita
em torno da média mundial, recaem em processos crônicos e persistentes de estagnação econômica. O conjunto dessas
proposições forma o chamado novo-desenvolvimentismo.
De acordo com o novo-desenvolvimentismo, o principal obstáculo à superação da estagnação em países em desenvolvimento de renda média, como o Brasil, está relacionado à
✂️ a) insuficiência crônica de demanda efetiva, interna ou externa, por causa da forte pressão competitiva com países asiáticos, que pagam baixos salários. ✂️ b) insuficiência da oferta, decorrente da baixa capacidade de inovações, da precária infraestrutura física e do reduzido
estoque de capital humano, que, ao manter baixa e estagnada a produtividade, faz com que essas economias caiam
na chamada “armadilha da renda média”. ✂️ c) ausência de política industrial cujo objetivo esteja centrado na promoção de inovações, no avanço da produtividade e
no fomento da competitividade de bens e serviços transacionados no mercado global. ✂️ d) persecução de uma estratégia de crescimento financiado com poupança externa que, em contexto de livre mobilidade de capitais, faz com que, nos ciclos de expansão e elevada liquidez internacional, o excessivo influxo de capitais
externos provoque sobrevalorização real das moedas domésticas em relação ao Dólar, por longos períodos de tempo
e, consequentemente, aumento dos salários reais em ritmo superior ao da produtividade, redução da taxa de lucro
esperada e queda da taxa de investimento. ✂️ e) escassez de poupança doméstica, que, ao tornar insuficientes os recursos financeiros requeridos para o incremento
da taxa de investimento, impede, consequentemente, a sustentação de taxas mais expressivas de crescimento nesses
países.