O texto a seguir é referência para as questões 10 a 12.
Até fazia sentido, uma década atrás, concentrar em português e matemática os esforços para estancar a perda de qualidade
nas redes públicas de educação no Brasil. São pré-requisitos básicos, inclusive para o aprendizado de ciências – o que não implica
dizer que estas sejam menos fundamentais.
Não são. A complexidade crescente na esfera da produção, mesmo no setor agrícola, exige hoje de cada trabalhador uma
familiaridade com a verificação de dados e com o método hipotético-dedutivo que só um bom ensino de ciências pode prover.
Um primeiro passo para pôr a educação científica no radar foi dado na semana passada. Como informou o jornal "O Globo",
quase 85 mil alunos dos níveis fundamental e médio realizaram um exame de ciências como parte da Prova Brasil e da Avaliação
Nacional da Educação Básica, além da tradicional avaliação nas áreas de matemática e leitura. [...]
Toda a dificuldade enfrentada para melhorar a educação pública no Brasil, nas duas últimas décadas, tornou evidente que
avaliações são condição necessária para elevar seu nível, mas insuficiente. Sem medidas estruturais, como a requalificação dos
professores e a valorização da carreira docente (aliando ganhos salariais, bônus e cobrança de desempenho), o país nunca dará o
salto necessário.
É na formação de professores de ciências, de resto, que desponta a crise mais grave. Só de física e química a educação
básica tem déficit de 100 mil docentes com formação específica (quase 90% dão aulas nessas disciplinas sem diploma na área).
A avaliação em ciências vai revelar com maior clareza as fraquezas dos estudantes brasileiros nessas matérias. O passo
seguinte, e necessário, será eliminá-las.
(Editorial: Ciência Básica. Folha de S. Paulo. 25 nov. 2013.)