Era um dos meus primeiros dias na sala de música. Afim de descobrirmos o que deveríamos estar fazendo ali, propus à classe um problema. Inocentemente perguntei: — O que é música?
Passamos dois dias inteiros tateando em busca de uma definição. Descobrimos que tínhamos de rejeitar todas as definições costumeiras porque elas não eram suficientemente abrangentes.
O simples fato é que, à medida que a crescente margem a que chamamos de vanguarda continua suas explorações pelas fronteiras do som, qualquer definição se torna difícil. Quando John Cage abre a porta da sala de concerto e encoraja os ruídos da rua a atravessar suas composições, ele ventila a arte da música com conceitos novos e aparentemente sem forma.
SCHAFER, R. M. O ouvido pensante . São Paulo: Unesp, 1991 (adaptado).
A frase “Quando John Cage abre a porta da sala de concerto e encoraja os ruídos da rua a atravessar suas composições”, na proposta de Schafer de formular uma nova conceituação de música, representa a
✂️ a) acessibilidade à sala de concerto como metáfora, num momento em que a arte deixou de ser elitizada. ✂️ b) abertura da sala de concerto, que permitiu que a música fosse ouvida do lado de fora do teatro. ✂️ c) postura inversa à música moderna, que desejava se enquadrar em uma concepção conformista ✂️ d) intenção do compositor de que os sons extramusicais sejam parte integrante da música. ✂️ e) necessidade do artista contemporâneo de atrair maior público para o teatro.