Naquela manhã de céu limpo e ar leve, devido à chuva
torrencial da noite anterior, saí a caminhar com o sol ainda
escondido para tomar tenência dos primeiros movimentos
da vida na roça. Num demorou nem um tiquinho e o cheiro
intenso do café passado por Dona Linda me invadiu as
narinas e fez a fome se acordar daquela rema letárgica
derivada da longa noite de sono. Levei as mãos até a água
que corria pela bica feita de bambu e o contato gelado foi
de arrepiar. Mas fui em frente e levei as mãos em concha
até o rosto. Com o impacto, recuei e me faltou o fôlego
por alguns instantes, mas o despertar foi imediato. Já
aceso, entrei na cozinha na buscação de derrubar a fome
e me acercar do aconchego do calor do fogão à lenha.
Foi quando dei reparo da figura esguia e discreta de
uma senhora acompanhada de um garoto aparentando
uns cinco anos de idade já aboletada na ponta da mesa
em proseio íntimo com a dona da casa. Depois de um
vigoroso “Bom dia!”, de um vaporoso aperto de mãos nas
apresentações de praxe, fiquei sabendo que Dona Flor de
Maio levava o filho Adão para tratamento das feridas que
pipocavam por seu corpo, provocando pequenas pústulas
de bordas avermelhadas.
GUIÃO, M. Disponível em: www.revistaecologico.com.br. Acesso em: 10 mar. 2014 (adaptado).
A variedade linguística da narrativa é adequada à
descrição dos fatos. Por isso, a escolha de determinadas
palavras e expressões usadas no texto está a serviço da
✂️ a) localização dos eventos de fala no tempo ficcional. ✂️ b) composição da verossimilhança do ambiente
retratado. ✂️ c) restrição do papel do narrador à observação das
cenas relatadas. ✂️ d) construção mística das personagens femininas pelo
autor do texto. ✂️ e) caracterização das preferências linguísticas da
personagem masculina.