Ao respeitável público
Chegou meu dia.Todo cronista tem seu dia em que não tendo nada a escrever, fala da falta
de assunto. Chegou meu dia. Que bela tarde para não escrever!
Esse calor que arrasa tudo; esse carnaval que está perto, que aí vem no fim da semana;
esses jornais lidos e relidos na minha mesa, sem nada interessante; esse cigarro que fumo
sem prazer; essas cartas na gaveta onde ninguém me conta nada que possa me fazer mal
ou bem; essa perspectiva morna do dia de amanhã; essa lembrança aborrecida do dia de
ontem; e outra vez, e sempre, esse calor, esse calor, esse calor...
Portanto, meu distinto leitor, portanto, minha encantadora leitora, queiram ter a fineza de
retirar os olhos dessa coluna. Não leiam mais. Fiquem sabendo que eu secretamente os
odeio a todos; que vocês todos são pessoas aborrecidas e irritantes; que eu desejosinceramente que todos tenham péssimo carnaval, uma horrível quaresma, um infelicíssimo
ano de 1934, uma vida toda atrapalhada, uma morte estúpida!.
(BRAGA, Rubem 1980 Literatura Comentada. São Paulo: Abril Educação, 1980, p.13)
Todas as afirmativas se referem ao titulo do texto, exceto:
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