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Pesquisadores explicam por que é tão difícil imitar os sons de outra língua
Por Rennan A. Julio
- Cérebro adapta todo e qualquer som estranho para o seu idioma original.
- Estudos tentam entender a origem do sotaque. Em busca de justificativas para a nossa
- dificuldade de reproduzir sons de línguas diferentes, pesquisadores fizeram testes com
- bebês e adolescentes de todo o mundo.
- Há mais de duas décadas, uma equipe da Universidade de Washington tenta entender
- como o cérebro humano compreende a linguagem humana. Para isso, analisou bebês do
- mundo inteiro durante esse período.
- Em um dos testes, a equipe fez com que, aos seis meses de idade, bebês japoneses e
- ingleses escutassem sons de ambas as culturas. Até então, as crianças conseguiam
- reproduzir os “barulhos” característicos às duas nações; só que quando atingiram os dez
- meses de idade, os mesmos bebês falharam na percepção de sons que não faziam parte de
- sua cultura. Os japoneses deixaram de reconhecer “r” e “l”, cuja distinção não existe no
- Japão, mas existe na língua inglesa.
- Realizado por outra equipe de pesquisadores, um segundo estudo sugere diferente: as
- pessoas não perdem tão abruptamente essa capacidade de aprender línguas, mas o
- processo acontece durante a puberdade. Depois de uma série de testes, esses cientistas
- perceberam uma forte relação entre o aprendizado de uma segunda língua e a época em
- que isso acontece.
- Para o especialista Eric Bakovic, existe um movimento para processar esse tipo de
- informação: “Você aprende uma língua pegando sons e imitando seus pais. Depois, seu
- cérebro começa a fazer outras coisas, assumindo que já tinha aprendido todos os sons
- necessários para manter uma relação comunicativa com as pessoas ao seu redor”. Essa
- biblioteca de sons nos permite fluência com a língua que falamos, mas quando tratamos de
- sons “externos” ficamos “surdos”, afirma o linguista da Universidade de San Diego.
- “Quando você escuta um sotaque ou uma língua totalmente diferente, seu cérebro mapeia
- precisão, as pessoas acabam juntando as partes “próximas” do que os seus cérebros sabem
- e reproduzindo dessa maneira.Mas para Joel Goldes, especialista nessa área e atuante em
- Hollywood, isso pode ser treinado. “Nosso cérebro realmente nos bloqueia de ouvir o que
- estamos ouvindo. Até que alguém nos ensine a produzir novos sons, nós não os escutamos.
- É por isso que uma pessoa pode ficar 40 anos em um país diferente sem perder o sotaque”.