Menino de cidade — Papai, você deixa eu ter um
cachorro no meu sítio? — Deixo. — E um porquinho-da-índia? E ariranha? E macaco e quatro cabritos?
E duzentos e vinte pombas? E um boi? E vaca?
E rinoceronte? — Rinoceronte não pode. — Tá bem, mas
cavalo pode, não pode? O sítio é apenas um terreno no
estado do Rio sem maiores perspectivas imediatas. Mas
o garoto precisa acreditar no sítio como outras pessoas
precisam acreditar no céu. O céu dele é exatamente o
da festa folclórica, a bicharada toda e ele, que nasceu
no Rio e vive nesta cidade sem animais.
CAMPOS, P. M. Balé do pato e outras crônicas .
São Paulo: Ática, 1988.
Nessa crônica, a repetição de estruturas sintáticas,
além de fazer o texto progredir, ainda contribui para a
construção de seu sentido,
✂️ a) demarcando o diálogo desenvolvido entre o pai e o
menino criado na cidade. ✂️ b) opondo a cidade sem animais a um sítio habitado
por várias espécies diferentes. ✂️ c) revelando a ansiedade do menino em relação aos
bichos que poderia ter em seu sítio. ✂️ d) pondo em foco os animais como temática central da
história narrada nessa prosa ficcional. ✂️ e) indicando a falta de ânimo do pai, sem maiores
perspectivas futuras em relação ao terreno.