O lobo que não é mau
A primeira coisa a saber é que o guará não é, na
verdade, um lobo. Embora seja o maior canídeo silvestre da
América do Sul, sua espécie (Chrysocyon brachyurus ) é de
difícil classificação. Alguns cientistas dizem que é parente
das raposas, outros, que é parente do cachorro-vinagre
sul-americano. Mas, de lobo mesmo, ele não tem nada. Além
disso, é um animal onívoro. Porém, em algumas regiões,
a sua dieta chega a quase 70% de frutas, especialmente
da lobeira, uma árvore típica das savanas brasileiras, que
contribui para a saúde do animal, prevenindo um tipo de
verminose que ataca os rins do guará.
O lobo-guará não é um animal perigoso ao homem.
Não existe nenhum registro, em toda a história, de um guará
que tenha atacado uma pessoa, mas, ainda assim, são
vistos como “maléficos”. Por quê? Porque, em ambientes
degradados, o lobo, para sobreviver, acaba atacando
galinheiros ou comendo aves que são criadas soltas. Com
a desculpa de “proteger sua criação”, pessoas com baixo
nível de consciência ecológica acabam matando os animais.
Se não bastassem a matança e a destruição de
ambientes naturais, o lobo-guará ainda apresenta grande
índice de morte por atropelamento em estradas.
O fato é que o lobo-guará precisa de nós mais do que
nunca na história. FERRAREZI JR., C. Revista QShow , n. 20, nov. 2015 (adaptado).
Esse texto de divulgação científica utiliza como principal
estratégia argumentativa a
✂️ a) sedução, mostrando o lado delicado e afetuoso do
animal por meio da negação de seu nome popular. ✂️ b) comoção, relatando a perseguição que o animal
sofre constantemente pelos fazendeiros com baixo
grau de instrução. ✂️ c) intertextualidade, buscando contraponto numa
famosa história infantil, confrontada com dados
concretos e fatos históricos. ✂️ d) chantagem, modificando a verdadeira índole do
lobo-guará para proteger as criações de animais
domésticos em áreas degradadas. ✂️ e) intimidação, explorando os efeitos de sentido
desencadeados pelo uso de palavras como
“matança”, “perigoso”, “degradados” e “atacando”.