33ª poética estou farta da materialidade embrulhada do signo da metalinguagem narcísica dos poetas do texto de espelho em punho revirando os óculos modernos estou farta dessa falta enxuta dessa ausência de objetos rotundos e contundentes do conluio entre cifras e cifrantes da feminil hora quieta da palavra da lista (política raquítica sifilítica) de supersignos cabais: “duro ofício”, “espaço em branco”, “vocábulo delirante”, “traço infinito” quero antes a página atravancada de abajures o zoológico inteiro caindo pelas tabelas a sedução os maxilares o plágio atroz ratas devorando ninhadas úmidas multidões mostrando as dentinas multidões desejantes diluvianas bandos ilícitos fartos excessivos pesados e bastardos a pecar e por cima os cortinados do pudor vedando tudo com goma de mascar
CESAR, A. C. Poética . São Paulo: Cia. das Letras, 2008.
Recorrendo à intertextualidade e à metalinguagem, esse
poema expande os referentes da poética de Manuel
Bandeira ao
✂️ a) reiterar a importância da tradição inaugurada pela
primeira geração modernista. ✂️ b) optar por uma linguagem de sentido impreciso,
marcando o afastamento do leitor. ✂️ c) propor novos níveis de possibilidades semânticas,
por meio de neologismos. ✂️ d) configurar uma poesia identitária, demarcada pela
manifestação de gênero. ✂️ e) introduzir, no espaço do repertório tradicional, imagens
de efeito desconcertante.