Diz-se, em termos gerais, que é preciso "falar a
mesma língua": o português, por exemplo, que é a língua
que utilizamos. Mas trata-se de uma língua portuguesa
ou de várias línguas portuguesas? O português da
Bahia é o mesmo português do Rio Grande do Sul?
Não está cada um deles sujeito a influências diferentes
— linguísticas, climáticas, ambientais? O português do
médico é igual ao do seu cliente? O ambiente social e o
cultural não determinam a língua? Estas questões levam
à constatação de que existem níveis de linguagem. O
vocabulário, a sintaxe e mesmo a pronúncia variam
segundo esses níveis.
VANOYE, F. Usos da linguagem . São Paulo: Martins Fontes, 1981 (fragmento).
Na fala e na escrita, são observadas variações de uso,
motivadas pela classe social do indivíduo, por sua
região, por seu grau de escolaridade, pelo gênero, pela
intencionalidade do ato comunicativo, ou seja, pelas
situações linguísticas e sociais em que a linguagem é
empregada. A variedade linguística adequada à situação
específica de uso social está expressa
✂️ a) na fala de um professor ao iniciar a aula no ensino
superior: "Fala galerinha do mal! Hoje vamos estudar
um negócio muito importante". ✂️ b) na leitura de um discurso de uma autoridade
pública na inauguração de um estabelecimento
educacional: “Senhores cidadões do Brasil, com
alegria, inauguramos mais uma escola para a melhor
educação de nosso país". ✂️ c) no memorando da diretora da escola ao responsável
por um aluno: "Responsável pelo aluno Henrique, dê
uma chegadinha na diretoria da escola para saber o
que o seu filhinho anda fazendo de besteira”. ✂️ d) na fala de uma criança, na tentativa de convencer a
mãe a entregar-lhe a mesada: "Mãe, assim não dá
para ser feliz! Dá pra liberar minha mesada? Prometo
que só vou tirar notão nas próximas provas". ✂️ e) na fala de uma mãe em resposta ao filho que solicitou
a mesada: "Caro descendente, por obséquio,
antecipe a prestação de suas contas, a fim de fazer
jus ao solicitado".