Leia o texto a seguir para responder à questão:
Do inconsciente consciente
Bem! isso de não guardar nomes não sei se acontece a todo mundo... Aliás, só posso dar testemunho pessoal sobre mim mesmo. Qualquer confissão não passa de um testemunho pessoal sobre a natureza humana.
Convém no entanto citar o que li há tempos, num livro póstumo e hoje inencontrável de Antero de Quental, publicado com o título infeliz de Raios de extinta luz:
“Se queres conhecer o homem e o mundo,
Não desvias de ti o olhar profundo.
Mas foge de te ouvir e de te ver,
Se a ti mesmo tu queres conhecer.”
Mas o assunto desta crônica era sobre o esquecimento.
Na verdade nunca me esqueço de nenhum nome nem de nenhuma cara. Só que não sei distribuir os nomes pelas caras.
Quanto à observação inconsciente, não sei se com as mulheres é tão inconsciente assim... Porque (desculpe o leitor se cito a mim próprio depois de Antero) lembro agora um quarteto do meu Espelho mágico:
“Ah, quem me dera, ante o espetáculo do mundo
Sem mais hesitações e sem maior fadiga,
Esse instantâneo olhar, incisivo e profundo,
Com que julga a mulher as toilettes da amiga!”
(Mario Quintana, Da preguiça como método de trabalho)