A ferida cutânea pode ser compreendida como qualquer interrupção na continuidade da pele, envolvendo alterações nas
funções normais dos tecidos afetados. Diversos fatores podem estar envolvidos na origem dessas lesões, sendo os mais
frequentes: a pressão prolongada sobre determinadas áreas corporais, limitações na mobilidade, temporárias ou
permanentes, disfunções no sistema vascular, traumas físicos e complicações decorrentes de neuropatias, como as
associadas ao diabetes. Entre os diferentes tipos de feridas, aquelas classificadas como crônicas demandam maior
atenção da equipe de enfermagem, uma vez que apresentam dificuldades de cicatrização. Isso se deve ao fato de que o
processo de reparo não ocorre de maneira contínua, coordenada e eficaz, o que compromete a restauração da integridade
tecidual e prolonga o tempo de tratamento (Conselho Regional de Enfermagem de Minas Gerais (Coren MG), 2023,
adaptado).
Para a avaliação de uma ferida cutânea, existem quatro componentes na observação do leito da ferida e cada um deles
enfoca uma diferente anomalia fisiopatológica que compromete a cicatrização e eles formam um esquema que oferece
aos enfermeiros uma abordagem global do tratamento das lesões, amparada nos termos do acrônimo TIME – T: tissue
(tecido inviável); I: infection (infecção/inflamação); M: moisture (manutenção do meio úmido); E: edge (não avanço das
bordas da ferida).
Caso: Durante avaliação de rotina em unidade de internação, o enfermeiro identifica em um paciente, restrito ao leito, uma
lesão por pressão em região trocantérica direita, com presença de esfacelos, bordas irregulares sem sinais de epitelização,
exsudato purulento em grande quantidade, acompanhado de odor fétido e áreas de fibrina por ressecamento. O curativo
havia sido trocado, entretanto, não havia registro de avaliação prévia ou prescrição profissional.
Considerando a Resolução Cofen n.º 567/2018 e os princípios do modelo TIME para avaliação sistemática de feridas,
assinale a alternativa que apresenta a conduta tecnicamente CORRETA e legalmente respaldada, para o caso:
✂️ a) A aplicação do modelo TIME pelo técnico de enfermagem é permitida apenas em feridas complexas, desde que haja
prescrição registrada pelo enfermeiro, visto que os componentes tissue, infection, moisture e edge são critérios clínicos
objetivos. ✂️ b) A aplicação do modelo de avaliação TIME pelo enfermeiro deve ser feita exclusivamente em feridas agudas, uma vez
que o modelo não contempla cronicidade associada ao tecido desvitalizado e à borda em epíbole, cuja abordagem é
via cirurgia plástica. ✂️ c) A abordagem TIME deve ser aplicada pelo enfermeiro para avaliar os parâmetros da ferida, elaborar o diagnóstico de
enfermagem e prescrever cuidados apropriados, assegurando que a necrose, a infecção, a área desidratada e as
bordas comprometidas sejam devidamente tratadas. ✂️ d) O modelo TIME, quando aplicado pelo técnico de enfermagem, deve focar apenas no controle da umidade, cabendo
ao enfermeiro a gestão dos componentes tecido, infecção e bordas da lesão, desde que autorizado por protocolo
institucional. ✂️ e) O técnico de enfermagem pode aplicar parcialmente o modelo TIME em feridas necróticas, desde que sejam
identificados apenas os componentes tissue, moisture e edge , encaminhando ao enfermeiro apenas quando houver
infecção evidente.