Uma mulher de 39 anos foi internada na clínica médica, a pedido
da dermatologia, apresentando lesões ulceradas e infectadas em
glúteos e região interna das coxas. Há 10 anos, a paciente,
previamente hígida, infundira substância oleosa de uso
veterinário em glúteos e coxas. Segundo relato, com o passar dos
anos, diversas infecções foram acontecendo, motivando
internações e uso de antibióticos sistêmicos. Na primeira
internação, meses após a infusão do óleo, foi submetida a
debridamento do material da coxa, mas isso não evitou a reação
com surgimentos de úlceras infectadas e fístulas. Ainda segundo
a descrição da paciente, a pele apresentava escurecimento e
endurecimento estendendo-se além dos locais de infiltração. Três
anos antes da internação, foi feito diagnóstico de doença
reumatológica devido a fator reumatoide positivo e artrite de
mãos, punhos, tornozelos e pés – artrite reumatoide (sic) –
iniciando uso de corticoide oral. Na ocasião descrevem síndrome
de fadiga crônica, poliartralgias com rigidez matinal, mialgia,
transtornos do sono, depressão, ressecamento de mucosas, febre
e linfonodomegalia inguinal. Na investigação hospitalar atual,
além de bom estado geral e aparência lenhosa da pele ao redor
das úlceras, confirma-se fator reumatoide em altos títulos,
velocidade de hemossedimentação de 60 mm, proteína C reativa
43 mg/L (normal: até 10 mg/L), leucocitose com desvio à
esquerda e anemia normocítica e normocrômica (Hb 10,2 g/dl).
Sobre a investigação e propedêutica do caso descrito, é correto
afirmar que:
✂️ a) a tomografia sugerindo extensão de material oleoso
infundido há 10 anos em pele e subcutâneo e linfonodos
aumentados em cadeias inguinais e ilíacas com conteúdo
hipodenso sugerindo óleo reforça o diagnóstico de síndrome
de autoimunidade e inflamação por adjuvantes; ✂️ b) o uso de antibióticos de amplo espectro com meropeném e
vancomicina, por 14 dias, é necessário, pois trata-se de
celulite em paciente imunossuprimida; ✂️ c) a paciente tem síndrome de sobreposição de artrite
reumatoide e síndrome de Sjögren, devendo realizar pesquisa
de autoanticorpos como FAN, anti-SSa, anti-SSb, bem como,
iniciar corticoide sistêmico 1 mg/kg em conjunto com
tratamento antimicrobiano das lesões ulceradas; ✂️ d) a história de fístulas, aspecto endurecido e hipercromia da
pele necessita de investigação com biópsia da pele e do
tecido subcutâneo. O diagnóstico de microbactéria – pela
exposição cirúrgica anos antes – seria confirmado pela
descrição de inflamação granulomatosa crônica com
histiócitos espumosos na biópsia; ✂️ e) a tetraciclina com corticoide oral por 14 dias prescinde do uso
em longo prazo da colchicina ou outro imunossupressor.