Questões de Concursos Figuras de Linguagem

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41Q118397 | Português, Figuras de Linguagem, Analista de Promotoria I, MPE SP, VUNESP

Leia o poema.

A Cascata
A água feminina canta e dança
com suas luas brancas, luas frias,
que se desfazem ao sol do meio-dia,
e derrama a nudez da claridade
e seu fulgor de espelhos e de espadas
nas pedras do horizonte.
Eu atravesso a ponte e sou o rio.
A canoa que passa. Sou os remos.
(Jamais deixei de ser a travessia.)
E o mundo com seus muros se espalha
entre as águas redondas e entre as sombras.
(Lêdo Ivo. O rumor da noite)
Assinale a alternativa que apresenta, entre parênteses, o nome correto da figura de linguagem empregada no verso citado.

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42Q132409 | Português, Figuras de Linguagem, Analista de Trânsito, DETRAN MT, UFMT

Texto associado.

 

INSTRUÇÃO: Leia o miniconto abaixo e responda às questões 04 e 05.

Sangrando espuma

Parou de chover e a baía de Angra está deserta. A superfície do mar é lâmina mesclada de verde e cinza onde a luz do sol, refletida, cria um céu cheio de estrelas. Ao fundo, ilhas e montanhas com suas escarpas cobertas, ainda, pela vegetação atlântica, formam um degradê que se esbate em direção ao infinito. Ouço o barulho de um motor. Surge no horizonte uma pequena lancha. Corta a superfície espelhada, que sangra espuma. A princípio aquilo me agride. Mas depois reconheço que há beleza nessa intervenção do homem. São os nossos rastros.

(SEIXAS, H. Contos mais que mínimos. Rio de Janeiro: Tinta Negra Bazar Editorial, 2010.)

 

O conto apresenta várias associações de sentido baseadas em semelhanças. Qual figura de estilo foi usada para a construção dessas associações?

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43Q160502 | Português, Figuras de Linguagem, Assistente Administrativo, Polícia Militar MG, CRSP

Texto associado.

Meio covarde

Ivan Ângelo

Eu devia ter dezesseis, dezoito anos no máximo. Teresa era uma vizinha

nova e falada. Não eram necessários muitos motivos para uma moça ficar falada

naqueles anos 50, mas Teresa conseguiu reunir quase todos: decote, vestido

justo, batom vermelho, sardas, tempo demais na janela, marido noturno e

bissexto, muito bolero no toca–discos e, motivo dos motivos, corpo em forma de

violão, como se dizia. Entre a minha casa e a dela havia um muro. Na época da

antiga vizinha, velha, feia, engraçada, amiga que eu visitava sempre, costumava

pular nosso muro para encurtar caminho. Ela não se importava e eu era quase

uma criança. Agora, olhando disfarçadamente a nova vizinha, eu ficava pensando

como seria bom pular o muro outra vez. Mas para essas coisas sou meio covarde.

O muro ficava na área do tanque de lavar roupa. Do lado de lá, ela

cantava com uma voz sensual, inquietante. Meu pai não gostava, sabe–se lá por

quê. Minha mãe também não, pode–se imaginar por quê. Talvez os motivos dele e

dela convergissem para o mesmo ponto, embora diferentes, ponto que era o meu

motivo para gostar tanto daquele canto. A voz ficava equilibrando–se em cima do

muro: "Meu bem, esse seu corpo parece, do jeito que ele me aquece, um

amendoim torradinho". Dava para ouvir minha mãe murmurar: "Sem–vergonha". O

"torradinho" era quase um gemido rouco, talvez ela cantasse de olhos fechados.

De vez em quando umas calcinhas de renda eram penduradas no varal. Minha

mãe não suportava aquilo. Eu tinha vontade de espiar por cima do muro para ver o

que ela estava fazendo, mas para essas coisas sou meio covarde.

Não era casada – a suspeita era geral. Mulher casada procura as

vizinhas, apresenta o marido, pede uma xícara de arroz emprestado. A

independência de Teresa insultava a comunidade solidária de mães, avós e filhas,

sempre se socorrendo com um molhozinho de couve, uma olhadinha no bebê, um

trocadinho para o ônibus. Os homens tinham pouco que fazer naquele quarteirão:

meninos jogando bola na rua, adolescentes trabalhando como office–boys ou

balconistas de dia e estudando à noite, maridos trabalhando de dia e relaxando à

noite com uma cervejinha — todos desejando Teresa. Quando eu voltava do

colégio, perto da meia–noite, via–a no alto do alpendre, esperando o marido, o

amante: o homem. Eu olhava, ela fumava, eu passava, ela ficava. Com a repetição

Teresa já me sorria, mas eu desconfiava do ar zombeteiro dela e nunca acreditei

no sorriso. Tinha vontade de enfrentá–la e perguntar, bem atrevido: está rindo de

mim ou pra mim? Em casa, na frente do espelho, ensaiava o tom, mãos na

cintura. Quando vinha no bonde, de volta do colégio, planejava: hoje eu falo. Mas

nunca consegui. Sou meio covarde para essas coisas.

Uma noite ela assoviou. Usava–se naqueles anos um assovio de

galanteio, de homem para mulher, um silvo curto logo emendado num mais longo,

fui–fuiiiu, que podia ser traduzido em palavras, e até era às vezes, quando a

pessoa queria ser mais discreta, ou quando estava contando que assoviaram para

ela, e nesse caso a garota falava: fulano fez um fui–fuiu pra mim. As mulheres às

vezes usavam o assovio para imitar com certa graça o jeito cafajeste dos homens,

e foi o que Teresa fez naquela noite. Tomei coragem, voltei, abri o portão, subi as

escadas, parei na sua frente no alpendre. Ela vestia um penhoar azul e sorria da

minha ousadia. Eu pretendia parecer desafiador, seguro, dono da situação, mas o

sorriso dela não indicava nada disso. Teresa disse com malícia que o marido

estava para chegar, não seria bom encontrar–me ali. Concentrei–me no papel

tantas vezes ensaiado, respondi que seria ótimo se ele chegasse, que assim eu

poderia explicar que ela havia assoviado, que eu havia subido para tomar

satisfações, que não sou palhaço... Não creio que a representação tenha sido

muito boa: ela continuava sorrindo. Recostou–se na amurada, usando a luz do

alpendre como uma atriz num palco, e sua voz quente convidou: "Ele não vem

hoje. Quer entrar um pouco?" Deveria ter sido mais prudente e recusado, mas

para essas coisas não sou covarde.

Entrei, conversamos sobre o meu futuro e o passado dela. Vem cá ver

minhas fotos, me disse, e eu a segui até um quarto pequeno onde havia uma

grande cama, um guarda–roupa, uma mesinha com um abajur. Senta, ela disse.

Apanhou no guarda–roupa uma caixa e mostrou–me fotografias de quando era

mocinha, cartas apaixonadas de antigos namorados, retratos deles ou de outros

com declarações de amor nas costas e uns versos dedicados a ela pelo namorado

atual. "Ele não é meu marido, não." Eram sonetos copiados de Camões, palavra

por palavra. Amor é ferida que dói e não se sente. Busque amor, novas artes, novo

engenho. Alma minha gentil que te partiste. "Eu não gosto muito dele, mas gosto

que ele me ame assim. Os meus namorados sempre me amaram muito." Tive

ciúmes deles e vontade de contar a ela que os sonetos eram de Camões, mas

para essas coisas sou meio covarde.

A roupa que Teresa vestia nem sempre estava onde deveria estar.

Conversar em cima de uma cama, recostar, mudar o braço de apoio, apanhar

coisas para mostrar, buscar conforto são movimentos que podem impedir um

penhoar azul de cumprir seu papel, mesmo que a pessoa não queira. Quando

chegou a hora de falarmos de nós, disse–lhe que seus olhares e sorrisos me

pareciam zombaria e me deixavam encabulado. Que tinha vontade de perguntar a

ela "o quê que há?", em tom de briga. Que tinha só dezessete (ou dezoito?) anos.

Ela falou que me achava muito sério para minha idade, muito bonitinho também,

que quando ouvia barulho de bonde depois das onze corna para o alpendre para

me ver e que às vezes me olhava por cima do muro. Tive vontade de contar que

sonhava muito com ela. Mas para essas coisas sou meio covarde.

Quase de manhã, pulei o muro que dava para minha casa. Ela me disse

que voltasse outras vezes. Era perigoso e eu deveria ter recusado. Mas para

essas coisas não sou covarde.

O texto acima foi extraído do livro "O ladrão de sonhos e outras histórias", Editora

Ática – São Paulo, 1994, pág. 46

Marque a alternativa CORRETA. No trecho, "Recostou–se na amurada, usando a luz do alpendre como uma atriz num palco, e sua voz quente convidou", o termo em negrito representa a seguinte figura de linguagem:

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44Q676558 | Português, Figuras de Linguagem, Oficial de Justiça, TJ RS, FGV, 2020

A frase que exemplifica um caso de linguagem figurada é:
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45Q673832 | Português, Figuras de Linguagem, Assistente Social 20H, Prefeitura de Recife PE, AOCP, 2020

Texto associado.

TEXTO II

O Ano Passado

Carlos Drummond de Andrade


O ano passado não passou,

continua incessantemente.

Em vão marco novos encontros.

Todos são encontros passados.


As ruas, sempre do ano passado,

e as pessoas, também as mesmas,

com iguais gestos e falas.

O céu tem exatamente

sabidos tons de amanhecer,

de sol pleno, de descambar

como no repetidíssimo ano passado.


Embora sepultos, os mortos do ano passado

sepultam-se todos os dias.

Escuto os medos, conto as libélulas,

mastigo o pão do ano passado.


E será sempre assim daqui por diante.

Não consigo evacuar

o ano passado.


Disponível em: https://www.escritas.org/pt/t/10938/o-ano-passado . Acesso em 14 jan. 2020.

Considerando as figuras de linguagem utilizadas nos versos apresentados, relacione as colunas e assinale a alternativa com a sequência correta.
A. Metáfora.
B. Paradoxo.
C. Sinestesia.
( ) “Escuto os medos [...]”.
( ) “O ano passado não passou”.
( ) “Não consigo evacuar / o ano passado.”
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46Q704800 | Português, Figuras de Linguagem, Procurador, prefeitura de Lucena PB, CONTEMAX, 2019

Texto associado.

 Você escolhe seu caminho, seus valores, suas ações, elas definem quem você é.

      Sorrir não significa necessariamente que você está feliz. Às vezes isto significa apenas que você é forte.

      "Foi mal" não é desculpa. "Valeu" não é obrigado. "Eu também" não é eu te amo!

      Você percebe que é forte, quando se vê obrigado a desistir de coisas que nunca imaginou ser capaz de deixar um dia, mas apesar de tudo, levanta e segue em frente.

      Encontre a pessoa que vai te dizer a verdade, mesmo que isso te deixe triste e que vá durar milhões de anos até você se recuperar. Esse é o seu verdadeiro amigo.

      Não viva em função da opinião de outras pessoas. Elas não sabem o que realmente se passa pela sua vida.

      O sorriso de quem ama é lindo. Mas o sorriso de quem sofre é ainda mais lindo, pois além de sofrer têm a capacidade de sorrir.

      Não leve a vida tão a sério, quebre regras, perdoe rápido, ame de verdade, ria descontroladamente e nunca lamente nada que tenha feito.

      Por fim, acredite em Deus, pois apesar das dificuldades, nada sem Deus é tudo.

Jô Soares – Disponível em https://www.pensador.com/textos_de_jo_soares/ - acesso em 01 de março de 2019 - adaptado

Assinale a alternativa CORRETA quanto a figura de linguagem predominante no trecho: “nada sem Deus é tudo.”:
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47Q692000 | Português, Figuras de Linguagem, Sargento da Aeronáutica Aeronavegantes e Não Aeronavegantes, EEAR, Aeronáutica, 2019

Texto associado.
Leia:
“Você me desama
E depois reclama
Quando os seus desejos
Já bem cansados
Desagradam os meus
Não posso mais alimentar
A esse amor tão louco
Que sufoco!
Eu sei que tenho mil razões
até para deixar
De lhe amar”
Há, nos versos acima, uma hipérbole
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48Q676892 | Português, Figuras de Linguagem, Enfermeiro, IAPEN AC, IBADE, 2020

Texto associado.
Texto 1

Partilhar
Rubel
Se for preciso, eu pego um barco, eu remo
Por seis meses, como peixe pra te ver
Tão pra inventar um mar grande o bastante
Que me assuste e que eu desista de você
Se for preciso, eu crio alguma máquina
Mais rápida que a dúvida, mais súbita que a lágrima
Viajo a toda força, e num instante de saudade e dor
Eu chego pra dizer que eu vim te ver
Eu quero partilhar
Eu quero partilhar
A vida boa com você
Eu quero partilhar
Eu quero partilhar
A vida boa com você
Que amor tão grande tem que ser vivido a todo instante
E a cada hora que eu tô longe, é um desperdício
Eu só tenho 80 anos pela frente
Por favor, me dá uma chance de viver
Que amor tão grande tem que ser vivido a todo instante
E a cada hora que eu tô longe, é um desperdício
Eu só tenho 80 anos pela frente
Por favor, me dá uma chance de viver
Eu quero partilhar
Eu quero partilhar
A vida boa com você
Eu quero partilhar
Eu quero partilhar
A vida boa com você
Se for preciso, eu pego um barco, eu remo
Por seis meses, como peixe pra te ver
Tão pra inventar um mar grande o bastante
Que me assuste, e que eu desista de você
Se for preciso, eu crio alguma máquina
Mais rápida que a dúvida, mais súbita que a lágrima
Viajo a toda força, e num instante de saudade e dor
Eu chego pra dizer que eu vim te ver
Eu quero partilhar
Eu quero partilhar
A vida boa com você
Eu quero partilhar
Eu quero partilhar
A vida boa com você
Eu quero partilhar
Eu quero partilhar
A vida boa com você
Eu quero partilhar
Eu quero partilhar
A vida boa com você
Não tem, pra trás, nada
Tudo que ficou tá aqui
Se for preciso, eu giro a Terra inteira
Até que o tempo se esqueça de ir pra frente e volte atrás
Milhões de anos, quando todos continentes se
encontravam
Pra que eu possa caminhar até você
Eu sei, mulher, não se vive só de peixe, nem se volta no
passado
As minhas palavras valem pouco e as juras não te dizem
nada
Mas se existe alguém que pode resgatar sua fé no mundo,
existe nós
Também perdi o meu rumo, até meu canto ficou mudo
E eu desconfio que esse mundo já não seja tudo aquilo
Mas não importa, a gente inventa a nossa vida
E a vida é boa, mas é muito melhor com você
Eu quero partilhar
Eu quero partilhar
A vida boa com você (até o final)
Como recurso de estilo, as figuras de linguagem são recorrentes em textos literários, assim sendo, avalie o fragmento destacado em: “Eu só tenho 80 anos pela frente. Por favor, me dá uma chance de viver” e assinale a alternativa que nomeie a figura de pensamento utilizada:
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49Q166788 | Português, Figuras de Linguagem, Auxiliar Administrativo, MPE SP, VUNESP

Texto associado.

Leia o texto para responder a questão.

Chuvas com lembranças

      Começam a cair uns pingos de chuva. Tão leves e raros que
nem as borboletas ainda perceberam, e continuam a pousar, às
tontas, de jasmim em jasmim. As pedras estão muito quentes, e
cada gota que cai logo se evapora. Os meninos olham para o céu
cinzento, estendem a mão – vão fazer outra coisa. (Como deseja-
riam pular em poças d’água! – Mas a chuva não vem...)
      Nas terras secas, tanta gente a esta hora está procurando, também,
no céu um sinal de chuva! E nas terras inundadas, quanta
gente estará suspirando por um raio de sol!
      Penso em chuvas de outrora: chuvas matinais, que molham
cabelos soltos, que despencam as flores das cercas, que entram
pelos cadernos escolares e vão apagar a caprichosa caligrafia dos
exercícios!
      Chuvas de viagens: tempestade na Mantiqueira, quando nem
os ponteiros do para-brisa dão vencimento à água; quando
apenas se vê, na noite, a paisagem súbita e fosfórea mostrada pelos
relâmpagos.
      Chuvas antigas, nesta cidade nossa, de eternas enchentes:
a de 1811, que com o desabamento de uma parte do Morro do
Castelo soterrou várias pessoas, arrastou pontes, destruiu
caminhos e causou tal pânico em toda a cidade que durante sete dias
as igrejas e capelas estiveram abertas, acesas, com os sacerdotes
e o povo a pedirem a misericórdia divina.
      Chuvas modernas, sem igrejas em prece, mas com as ruas
igualmente transformadas em rios, os barracos a escorregarem
pelos morros; barreiras, pedras, telheiros a soterrarem pobre gente!
      Por enquanto, caem apenas algumas gotas aqui e ali, que
nem as borboletas percebem. Os meninos esperam em vão pelas
poças d’água onde pulariam contentes. Tudo é apenas calor e
céu cinzento, um céu de pedra onde os sábios e avisados tantas
coisas liam, outrora...
      “São Jerônimo, Santa Bárbara Virgem, lá no céu está escrito,
entre a cruz e a água benta: Livrai-nos, Senhor, desta tormenta!”

(Cecília Meireles, Escolha o seu sonho. Adaptado)

A expressão “um céu de pedra”, no penúltimo parágrafo do texto, está empregada em sentido

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50Q704530 | Português, Figuras de Linguagem, Analista Administrativo, Prefeitura de Jaru RO, IBADE, 2019

Texto associado.

BRASIL NO PROJETO EHT

        A primeira imagem de um buraco negro está circulando pelo mundo já faz uma semana. Esse feito só foi possível a partir de uma combinação de sinais capturados por oito radiotelescópios e montada com a ajuda de um "telescópio virtual" criado por algoritmos. Mais de 200 cientistas de diferentes nacionalidades, que participaram do avanço científico, fazem parte do projeto Event Horizont Telescope (EHT).

        Entre eles, está o nome da brasileira Lia Medeiros, de 28 anos, que se mudou na infância para os Estados Unidos, onde acaba de defender sua tese de doutorado (conhecida lá fora como PhD) pela Universidade do Arizona. Filha de um professor de Aeronáutica da Universidade de São Paulo (USP), afirmou, em entrevista ao G1, que cresceu perto de pesquisas científicas. Ela também precisou usar inglês e português nos vários lugares em que morou e, por isso, viu na matemática uma linguagem que não mudava. 

        Especializada em testar as teorias da física nas condições extremas do espaço, Lia encontrou no EHT o projeto ideal para o seu trabalho. Ela atuou tanto na equipe que realizou as simulações teóricas quanto em um dos quatro times do grupo de imagens. Os pesquisadores usaram diferentes algoritmos para ter os pedaços da imagem do buraco negro captados pelos sinais dos radiotelescópios e preencher os espaços vazios para completar a "fotografia". 

        O feito de Lia recebeu destaque no site da Universidade do Arizona, que listou o trabalho no projeto de mais de 20 estudantes da instituição, começando pela brasileira. Segundo a pesquisadora, embora os resultados do projeto EHT tenham sido obtidos graças ao trabalho de mais de tantas pessoas, o foco que as mulheres participantes do projeto receberam é positivo para mudar o estereótipo de quem pode e deve ser cientista.


Como você se envolveu com ciência e, mais especificamente, com a astronomia?


        Meu pai é professor universitário e cresci perto da pesquisa científica. Decidi que queria fazer um PhD desde cedo, mesmo antes de saber o que queria estudar. Mudei muito durante a minha vida e troquei de línguas entre português e inglês três vezes até os 10 anos. Quando era criança, percebi que, mesmo que a leitura e a escrita fossem completamente diferentes em países diferentes, a matemática era sempre a mesma. Ela parecia ser uma verdade mais profunda, como se fosse de alguma forma mais universal que as outras matérias. Mergulhei na matemática e amei.

         No ensino médio, estudei física, cálculo e astronomia ao mesmo tempo e, finalmente, entendi o real significado da matemática. Fiquei maravilhada e atônita que nós, seres humanos, conseguimos criar uma linguagem, a matemática, que não é só capaz de descrever o universo, mas pode inclusive ser usada para fazer previsões.

        Fiquei especialmente maravilhada pelos buracos negros e a teoria da relatividade geral. Decidi então que queria entender os buracos negros, que precisava entender os buracos negros. Lembro que perguntei a um professor qual curso eu precisava estudar na faculdade para trabalhar com buracos negros. Ele disse que provavelmente daria certo com física ou astronomia. Então eu fiz as duas. 


E como você se envolveu com o projeto do EHT?


        Meus interesses de pesquisa estão focados no uso de objetos e fenômenos astronômicos para testar os fundamentos das teorias da física. Eu vejo a astronomia como um laboratório onde podemos testar teorias nos cenários mais extremos que você possa imaginar. O EHT era o projeto perfeito para isso, porque as observações dele sondam a física gravitacional no regime dos campos de força em maneiras que ainda não tinham sido feitas antes. (...) 

        Tenho dedicado uma porcentagem significativa do meu tempo, durante meus estudos, em tentar expandir a representação das mulheres na ciência, especificamente focando em dar às meninas jovens exemplos positivos nos modelos femininos na STEM [sigla em inglês para ciências, tecnologia, engenharia e matemática]. Por exemplo, frequentemente visito escolas de ensino médio e outros locais para dar palestras públicas.

        Na minha opinião, reconhecer que muitas mulheres estão envolvidas nesse resultado pode ser muito benéfico para mudar o estereótipo de quem pode e deve ser cientista. É importante que garotas e jovens mulheres saibam que essa é uma opção para elas, e que não estarão sozinhas se optarem por uma carreira científica.

https://gazetaweb.globo.com/

Em “Os participantes do projeto EHT morriam de medo de que ele não fosse bem-sucedido.”, a figura de linguagem presente é:
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51Q863704 | Português, Figuras de Linguagem, 2024

A frase “O silêncio gritava em meus ouvidos” contém qual figura de linguagem?
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52Q676511 | Português, Figuras de Linguagem, Engenheiro Civil, Prefeitura de Formiga MG, Prefeitura de Formiga MG, 2020

Texto associado.
Socorro, meu site parou de funcionar! E a culpa é do mito.
Vejam a confusão que se avizinha. O WordPress é a
principal plataforma de gestão de conteúdo de sites no
mundo. É um sistema livre e aberto e uma das ferramentas
mais utilizadas por sua funcionalidade de uso e versatilidade.
Para os numerólogos, o WP detém 60% de participação do
mercado global; 17 posts são publicados a cada segundo em
sites do WP em todo mundo; empresas como o New York
Observer, o New York Post, o TED, o Thought Catalog,
Williams, o USA Today, a CNN, a Fortune.com, a TIME.com, a
National Post, a Spotify, a TechCrunch, a CBS Local e a NBC
usam o WP. Para encerrar, cerca de 19.500.000 sites em toda
a web usam o WordPress. Se quiser mais informações, acesse
http://bit.ly/2VE09Pj.
Acontece que, para o seu bom funcionamento, é
necessário a instalação de plugins. Muitos plugins. O plugins ou
extensões (também conhecidos por plug-in, add-in, add-on) são
programas de computador usados para adicionar funções a
outros programas maiores, promovendo alguma funcionalidade
especial ou específica. Ou seja, ele é uma espécie de “caixa de
marcha” do site.
Assim sendo, os pluginssão indispensáveis na construção
da arquitetura de todos os sites. E a maioria deles é gratuita. A
novidade, agora, é que eles estão se tornando pagos. Por isso,
sem mais nem menos, não consegui, ontem, trabalhar o meu
site mondolivro.com.br. Vou explicar.
Do nada, a criação e edição do site parou de funcionar. Só
isso, imagina... você tecla “Adicionar novo” ele te manda para
o Nirvana, ou seja, depois de três séculos de minutos pensando,
abre uma página com um “Erro 504” do “Guru Meditation”.
Não é piada, eu printei. Foi quando meu verdadeiro guru, o
Anderson Clayton, me alertou: o plugin Toolset Types parou de
ter atualizações, ou seja, ele não existe mais. Pior: esta crise
shekespeareana é a coisa mais comum na plataforma de WP,
hoje. Eles tem uma crise de identidade, somem e reaparecem
comum aviso, convidando para ingressar na versão paga. É isso
ou reconstruir todo o site com um novo plugin.
Mas tudo bem, afinal, ninguém vai reclamar de pagar
pelo que é indispensável ao funcionamento do site. Mas aí o
pior: o plugin mira a Pessoa Jurídica. O preço flutua entre
U$ 159 e U$ 300!! Mas estamos falando de UM plugin.
Normalmente, um site médio utiliza entre 10 e 30. Mais
informações aqui: http://bit.ly/2VFjWOx.
Será uma espécie de retorno em versão cibernética ao
mito do Cavalo de Troia? Um presente lindo que, por dentro,
reserva uma surpresa desagradável? Estaremos, portanto,
caminhando para outra cadeia de serviços, ainda não
sistematizada do ponto de vista tecnológico? Estaremos 
subordinados, em breve, a uma casta de programadores,
desenvolvedores e afins? Sem dúvida. É uma questão de
tempo. Pouco tempo, podem ter certeza.
(Por Afonso Borges. Disponível em: https://blogs.oglobo.globo.
com/afonso-borges/post/socorro-meu-site-parou-de-funcionar-e-culpae-do-mito.html. Acesso em: 23/06/2019.)
Releia os seguintes trechos do texto:
“(...) ele é uma espécie de ‘caixa de marca do seu site’.” (2º§); e,
“(...) depois de três séculos de minutos pensando (...)” (4º§).
Nesses dois trechos, o autor utilizou recursos expressivos
próprios da linguagem conotativa para explicar, de forma
inusitada, o funcionamento dos plugins. Assinale a alternativa
que identifica, correta e respectivamente, os dois recursos
expressivos utilizados pelo autor.
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53Q932017 | Português, Figuras de Linguagem, Vestibular UnB, UnB, CESPE CEBRASPE, 2017

Texto associado.
Bons dias!
1 Eu pertenço a uma família de profetas après coup,
post factum, depois do gato morto, ou como melhor nome
tenha em holandês. Por isso digo, e juro se necessário for, que
4 toda a história desta lei de 13 de maio estava por mim prevista,
tanto que na segunda-feira, antes mesmo dos debates, tratei de
alforriar um molecote que tinha, pessoa de seus dezoito anos,
7 mais ou menos. Alforriá-lo era nada; entendi que, perdido por
mil, perdido por mil e quinhentos, e dei um jantar.
(...)
10 No golpe do meio (coup du milieu, mas eu prefiro
falar a minha língua), levantei-me eu com a taça de champanha
e declarei que acompanhando as ideias pregadas por Cristo, há
13 dezoito séculos, restituía a liberdade ao meu escravo Pancrácio;
que entendia que a nação inteira devia acompanhar as mesmas
ideias e imitar o meu exemplo; finalmente, que a liberdade era
16 um dom de Deus, que os homens não podiam roubar sem pecado.
Pancrácio, que estava à espreita, entrou na sala, como
um furacão, e veio abraçar-me os pés.
19 (...)
No dia seguinte, chamei o Pancrácio e disse-lhe com
rara franqueza:
22 — Tu és livre, podes ir para onde quiseres. Aqui tens
casa amiga, já conhecida, e tens mais um ordenado, um
ordenado que...
25 — Oh! Meu senhô! Fico.
— ...Um ordenado pequeno, mas que há de crescer.
Tudo cresce neste mundo; tu cresceste imensamente. Quando
28 nasceste, eras um pirralho deste tamanho; hoje estás mais alto
que eu. Deixa ver; olha, és mais alto quatro dedos...
— Artura não qué dizê nada, não, senhô...
31 — Pequeno ordenado, repito, uns seis mil-réis; mas é
de grão em grão que a galinha enche o seu papo. Tu vales
muito mais que uma galinha.
34 — Justamente. Pois seis mil-réis. No fim de um ano,
se andares bem, conta com oito. Oito ou sete.
Pancrácio aceitou tudo; aceitou até um peteleco que
37 lhe dei no dia seguinte, por me não escovar bem as botas;
efeitos da liberdade. Mas eu expliquei-lhe que o peteleco,
sendo um impulso natural, não podia anular o direito civil
40 adquirido por um título que lhe dei. Ele continuava livre, eu de
mau humor; eram dois estados naturais, quase divinos.
Boas noites.
Machado de Assis. Obra completa. Vol. III. 3.ª ed.
Rio de Janeiro: José Aguilar, 1973, p. 489-91.
Tendo como referência o fragmento acima, da crônica Bons dias!,de Machado de Assis, julgue o item.
O uso da ironia, figura de linguagem característica da prosa de Machado de Assis, é predominante no primeiro parágrafo da crônica Bons dias! e ampara o resto da narrativa. No primeiro parágrafo, a ironia manifesta-se quando o narrador
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54Q699512 | Português, Figuras de Linguagem, Procurador, Prefeitura da Estância Turística de Guaratinguetá, VUNESP, 2019

Texto associado.
Urbanismo à deriva

    A França se destacou durante muito tempo por sua gestão do setor da construção e do planejamento, resultado do forte compromisso do Estado e das coletividades locais, ao mesmo tempo reguladoras, construtoras, financiadoras, administradoras... Ora, há alguns anos esse sistema passou a correr riscos por causa de diversos dispositivos que, frequentemente testados sob pretexto de circunstâncias excepcionais, foram pouco a pouco banalizados, concedendo mais poder aos atores privados.
    É o caso, por exemplo, da “venda no estado de consecução futura” (Vente en l’État du Futur Achèvement, Vefa). Inexistente, depois marginal no setor de moradia social, a Vefa – comumente chamada de “venda na planta” – instalou-se na esteira da crise de 2008. Em resposta à crise imobiliária, o presidente Nicolas Sarkozy solicitou aos financiadores que comprassem cerca de 30 mil imóveis construídos, mas ainda não comercializados pelos incorporadores. Dez anos depois, esse modo de construção “chave na mão” tornou-se moeda corrente no setor de habitação de aluguel moderado, até passar a representar, a cada ano, mais da metade das moradias sociais construídas na Île-de-France.
    Esse processo permite aumentar, a curto prazo e em tempo recorde, o estoque de moradias disponíveis, mas, a longo prazo, gera problemas. Com a Vefa, os financiadores se veem privados de seu papel de construtores. Perdem a cultura da construção, passando a ser meros gestores de bens. Esse sistema repousa, além do mais, em uma contradição fundamental. Enquanto os financiadores devem manter suas construções, estando, portanto, muito interessados na qualidade e robustez dos materiais utilizados, os incorporadores constroem e vendem moradias pelas quais não assumem nenhuma responsabilidade. Os ganhos imediatos, em tempo e dinheiro, podem se transformar em custos adiados.

                                                                            (Pierre Pastoral, “Urbanismo à deriva”. Le Monde Diplomatique Brasil, junho de 2019. Adaptado)
Há termo empregado em sentido figurado na passagem:
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55Q699308 | Português, Figuras de Linguagem, Administrador Administração de Empresas, ARISB MG, Gestão de Concursos, 2019

Leia o texto a seguir. 
Onde queres o livre, decassílabo 
E onde buscas o anjo, sou mulher 
Onde queres prazer, sou o que dói 
E onde queres tortura, mansidão 
Onde queres um lar, revolução 
E onde queres bandido, sou herói” 
                                                                    (O quereres – Caetano Veloso) 
A figura de linguagem que justifica o uso da vírgula nos trechos destacados denomina-se
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56Q689906 | Português, Figuras de Linguagem, Tenente Cirurgia Pediátrica, Polícia Militar MG, PM MG, 2019

Marque a alternativa em que a figura de linguagem está, CORRETAMENTE, identificada, nas frases transcritas do texto I.
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57Q931695 | Português, Figuras de Linguagem, Vestibular Segundo Semestre IF PE, IF PE, IF PE, 2017

TEXTO 6
Piaimã
A inteligência do herói estava muito perturbada. Acordou com os berros da bicharia lá em baixo nas ruas, disparando entre as malocas temíveis. E aquele diacho de sagui-açu (...) não era saguim não, chamava elevador e era uma máquina. De-manhãzinha ensinaram que todos aqueles piados berros cuquiadas sopros roncos esturros não eram nada disso não, eram mas cláxons campainhas apitos buzinas e tudo era máquina. As onças pardas não eram onças pardas, se chamavam fordes hupmobiles chevrolés dodges mármons e eram máquinas.
O herói aprendendo calado. De vez em quando estremecia. Voltava a ficar imóvel escutando assuntando maquinando numa cisma assombrada. Tomou-o um respeito cheio de inveja por essa deusa de deveras forçuda, Tupã famanado que os filhos da mandioca chamavam de Máquina, mais cantadeira que a Mãe-d’água, em bulhas de sarapantar. Então resolveu ir brincar com a Máquina pra ser também imperador dos filhos da mandioca. Mas as três cunhãs deram muitas risadas e falaram que isso de deuses 
era gorda mentira antiga, que não tinha deus não e que com a máquina ninguém não brinca porque ela mata. A máquina não era deus não, nem possuía os distintivos femininos de que o herói gostava tanto. Era feita pelos homens. Se mexia com eletricidade com fogo com água com vento com fumo, os homens aproveitando as forças da natureza. Porém jacaré acreditou? nem o herói! 
[... ]
Estava nostálgico assim. Até que uma noite, suspenso no terraço dum arranhacéu com os manos, Macunaíma concluiu: — Os filhos da mandioca não ganham da máquina nem ela ganha deles nesta luta. Há empate.
ANDRADE, Mário. Macunaíma, o herói sem nenhum caráter. Belo Horizonte: Itatiaia, 1986. p. 110.

O livro Macunaíma, de Mário de Andrade, é um marco do Modernismo brasileiro. A passagem transcrita é significativa do estranhamento provocado pela cidade grande e por suas máquinas no protagonista da obra. Além disso, o trecho é bastante representativo da grande variedade de figuras de linguagem utilizadas pelo autor para construção da narrativa. As máquinas, muitas passam, então, à condição de antagonistas dos homens brancos, os “filhos da mandioca”. Como se pode ver no trecho: “Os filhos da mandioca não ganham da máquina nem ela ganha deles nesta luta. Há empate”, embora em muitos trechos Macunaíma divinize a máquina, em outros, ele a humaniza, através da figura de linguagem classificada como
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58Q932995 | Português, Figuras de Linguagem, Vestibular UnB, UnB, CESPE CEBRASPE, 2017

Texto associado.
Bons dias!
1 Eu pertenço a uma família de profetas après coup,
post factum, depois do gato morto, ou como melhor nome
tenha em holandês. Por isso digo, e juro se necessário for, que
4 toda a história desta lei de 13 de maio estava por mim prevista,
tanto que na segunda-feira, antes mesmo dos debates, tratei de
alforriar um molecote que tinha, pessoa de seus dezoito anos,
7 mais ou menos. Alforriá-lo era nada; entendi que, perdido por
mil, perdido por mil e quinhentos, e dei um jantar.
(...)
10 No golpe do meio (coup du milieu, mas eu prefiro
falar a minha língua), levantei-me eu com a taça de champanha
e declarei que acompanhando as ideias pregadas por Cristo, há
13 dezoito séculos, restituía a liberdade ao meu escravo Pancrácio;
que entendia que a nação inteira devia acompanhar as mesmas
ideias e imitar o meu exemplo; finalmente, que a liberdade era
16 um dom de Deus, que os homens não podiam roubar sem pecado.
Pancrácio, que estava à espreita, entrou na sala, como
um furacão, e veio abraçar-me os pés.
19 (...)
No dia seguinte, chamei o Pancrácio e disse-lhe com
rara franqueza:
22 — Tu és livre, podes ir para onde quiseres. Aqui tens
casa amiga, já conhecida, e tens mais um ordenado, um
ordenado que...
25 — Oh! Meu senhô! Fico.
— ...Um ordenado pequeno, mas que há de crescer.
Tudo cresce neste mundo; tu cresceste imensamente. Quando
28 nasceste, eras um pirralho deste tamanho; hoje estás mais alto
que eu. Deixa ver; olha, és mais alto quatro dedos...
— Artura não qué dizê nada, não, senhô...
31 — Pequeno ordenado, repito, uns seis mil-réis; mas é
de grão em grão que a galinha enche o seu papo. Tu vales
muito mais que uma galinha.
34 — Justamente. Pois seis mil-réis. No fim de um ano,
se andares bem, conta com oito. Oito ou sete.
Pancrácio aceitou tudo; aceitou até um peteleco que
37 lhe dei no dia seguinte, por me não escovar bem as botas;
efeitos da liberdade. Mas eu expliquei-lhe que o peteleco,
sendo um impulso natural, não podia anular o direito civil
40 adquirido por um título que lhe dei. Ele continuava livre, eu de
mau humor; eram dois estados naturais, quase divinos.
Boas noites.
Machado de Assis. Obra completa. Vol. III. 3.ª ed.
Rio de Janeiro: José Aguilar, 1973, p. 489-91.
Tendo como referência o fragmento acima, da crônica Bons dias!,
de Machado de Assis, julgue o item.
O uso da ironia, figura de linguagem característica da prosa de Machado de Assis, é predominante no primeiro parágrafo da crônica Bons dias! e ampara o resto da narrativa. No primeiro parágrafo, a ironia manifesta-se quando o narrador.
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59Q930876 | Português, Figuras de Linguagem, Vestibular ENEM, ENEM, INEP

Texto associado.
O exercício da crônica
Escrever prosa é uma arte ingrata. Eu digo prosa como se faz um cronista; não a prosa de um ficcionista, na qual este é levado meio a tapas pelas personagens e situações que, azar dele, criou porque quis. Com um prosador do cotidiano, a coisa fia mais fino. Senta-se ele diante de sua máquina, olha através da janela e busca fundo em sua imaginação um fato qualquer, de preferência colhido no noticiário matutino, ou da véspera, em que, com as suas artimanhas peculiares, possa injetar um sangue novo. Se nada houver, resta-lhe o recurso de olhar em torno e esperar que, através de um processo associativo, surja-lhe de repente a crônica, provinda dos fatos e feitos de sua vida emocionalmente despertados pela concentração. Ou então, em última instância, recorrer ao assunto da falta de assunto, já bastante gasto, mas do qual, no ato de escrever, pode surgir o inesperado.
MORAES, V. Para viver um grande amor: crônicas e poemas. São Paulo: Cia. das Letras, 1991.
Predomina nesse texto a função da linguagem que se constitui
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60Q669723 | Português, Figuras de Linguagem, Técnico de Informática, Prefeitura de Novo Hamburgo RS, AOCP, 2020

Texto associado.
“O último baobá”, conheça a lenda africana
sobre o renascimento da esperança



          Ninguém acreditava mais nas antigas lendas. Os narradores que se sentavam embaixo do baobá a desemaranhar longas histórias, protegidos pelas estrelas, já tinham partido quando a areia chegou.
             As palavras estavam caladas.
           Ninguém mais acreditava em um céu protetor. África era um enorme lençol amarelo. A areia, grão a grão, tinha construído um grande deserto. Interminável. Ninguém percebeu, ou ninguém quis se dar conta.
        A desolação chegou em silêncio. Aconteceu quando os glaciais se esvaneceram em uma queixa interminável, quando os ursos e as baleias se converteram em recordação, quando as águias perderam o rumo.
        O céu, cansado da torpeza da humanidade, se refugiou em outro céu, mais distante. Fugiu. Não podia mais proteger a terra.
         O velho tinha visto as pessoas partirem, os mais jovens em direção ao norte, os mais fracos em direção à escuridão.
        Sentiu uma nostalgia distante o invadir lentamente. O velho narrador, embaixo do último baobá, contou uma lenda antiga.
       Nela, falava do nascimento das estrelas, da luz, do mundo… Mas não havia ninguém mais disposto a escutar um velho prosador. Olhou em torno, procurando algum ouvido. África, rio amarelo, estava rodeada de silêncio. Buscou uma estrela perdida, no céu só havia escuridão.
       O velho apoiou as costas cansadas no tronco dolorido do baobá. Casca com casca. Pele rachada, alma dolorida.
        A árvore da vida estremeceu. O vento dava rajadas contra a areia carbonizada. Tinha que partir. Sabia que tudo se acabava. O último baobá e a última voz da África iriam embora juntos. Abriu o punho. Trêmulo, contemplou a semente diminuta que havia guardado tanto tempo. A semente da esperança.
         Olhou a árvore. Era o momento. Não se pode atrasar a retirada.
      Separou a areia até chegar à terra. Virou a mão e, pela linha da vida, girou a semente até encontrar um sulco.
       O baobá havia aberto a casca e do oculto coração brotou a água milagrosa. A árvore era a vida. 
      O velho voltou a fazer crescer baobás grandiosos como gigantes que beijavam as nuvens. Agora, sobre os escritórios, nos telhados, sobre as avenidas e os trens; nos beirais, sobre comércios, bancos e ministérios crescem trepadeiras coloridas. Embaixo delas, está escondida a destruição como uma lembrança dolorosa.


Adaptado de https://www.revistapazes.com/o-ultimo-baobaconheca-a-lenda-africana-sobre-o-renascimento-da-esperanca/
Em relação à figura de linguagem, em “As palavras estavam caladas.”, assinale a alternativa correta.
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