Mary Wollstonecraft abre sua obra, Reivindicações dos direitos
da mulhe r (1792), com uma carta ao Sr. Talleyrand-Périgord,
antigo bispo de Autun e político ativo durante a Revolução
Francesa. O bispo propõe nova Constituição, o que foi apresentado e discutido na Assembleia revolucionária. Nessa carta,
Wollstonecraft afirma:
“Mas, se as mulheres devem ser excluídas, sem voz, da participação dos direitos naturais da humanidade, prove antes, para
afastar a acusação de injustiça e inconsistência, que elas são
desprovidas de razão; de outro modo, essa falha em sua NOVA
CONSTITUIÇÃO sempre mostrará que o homem deve de alguma forma agir como um tirano, e a tirania, quando mostra sua
face despudorada em qualquer parte da sociedade, sempre solapa a moralidade”.
(WOLLSTONECRAFT, M. Reivindicações dos direitos da mulher. São Paulo: Boitempo Editorial, p. 20, 2016.)
Assinale a opção que melhor sintetiza a crítica de Wollstonecraft apresentada no excerto.
a) Ao abordar tanto a possibilidade de uma nova constituição
quanto a tirania masculina, Wollstonecraft faz uma crítica
ao absolutismo, finalmente derrubado, através da instauração da República e da Declaração dos Direitos do Homem,
no contexto da Revolução Francesa.
b) A crítica de Wollstonecraft recai sobre os homens que, ao
serem tiranos com as mulheres, destroem a moral da sociedade. Ela defende a necessidade de uma nova constituição:
que não seja injusta com o sexo feminino e conceda direitos
às mulheres, ainda que não sejam racionais como os homens.
c) A nova Constituição, defendida pelo Sr. Talleyrand-Périgord,
é injusta porque retira das mulheres direitos conquistados
em decorrência da Revolução Francesa, quando as mulheres
passaram a ser reconhecidas como seres racionais e participantes da humanidade.
d) A menos que seja provado que a racionalidade das mulheres é deficiente, se comparada à dos homens, excluí-las da
Constituição é ato injusto, ainda que coerente com uma cultura que aceita a tirania masculina.