Texto 1
“A reportagem documental permite (e talvez exija) maior
originalidade nas aberturas. É possível usar recursos factuais ou
de ação, roubados à fact-story ou à action-story. A de fatos
costuma limitar-se aos mesmos, mas sempre há maneiras
especiais de fazê-lo (...). Sair da convencional abertura
informativa, em busca de estilo mais literário, pode ser uma
alternativa para interessar o leitor.” (SODRÉ, Muniz e FERRARI,
Maria Helena. Técnica de reportagem. Notas sobre a narrativa
jornalística. São Paulo: Summus, 1986, p. 68)
Texto 2
“O ano era 1957. Morávamos no bairro de Pinheiros, em São
Paulo, em uma casa pequena, insuficiente para acomodar pai
com escritório, mãe, sete filhos de todas as idades e a Babá, que
passara a ocupar a função de cozinheira. Minha mãe durante a
metade daquele ano procurou outra moradia para sair da que se
viu obrigada a se instalar às pressas, havia dois anos, quando
chegamos da Itália. Certa noite ela anunciou que finalmente
encontrara uma casa que Papai teria condições de alugar, onde
caberíamos todos. Lembro-me bem da minha decepção quando,
no bairro do Pacaembu, dobramos a esquina e Mamãe, realizada,
disse para olharmos a casa nova. Vi uma casa velha de
arquitetura meio normanda, com aspecto de total abandono e,
do lado oposto da rua, outra novíssima de arquitetura estilo dos
anos 1950, que, por segundos, quis que fosse a nossa.
Não consigo imaginar, hoje, um cenário que não seja este, o da
rua Buri, 35, para a história da minha família. Papai e seu
escritório, seus alunos, amigos, pesquisadores, as paredes
forradas de livros, Mamãe, nós sete, a Babá, a Generosa, gatos,
agregados, frequentadores de todas as gerações, cantorias,
brincadeiras, jogos, festas com centenas de pessoas e as
constantes reuniões políticas.” (HOLLANDA, Ana de. Chico
Buarque aos olhos da irmã menor. Revista Piauí, edição 211, abril
de 2024)
No texto 2, a abertura informativa escolhida prima por: