Início

Questões de Concursos Interpretação de Textos

Resolva questões de Interpretação de Textos comentadas com gabarito, online ou em PDF, revisando rapidamente e fixando o conteúdo de forma prática.


2281Q691457 | Português, Interpretação de Textos, Técnico Superior Especializado Estatística, DPE RJ, FGV, 2019

“Pensamos com o idioma; se é mal usado, pensaremos mal!” (Fernando Lázaro Carreter)
Para esse linguista, a função da língua escrita é:
  1. ✂️
  2. ✂️
  3. ✂️
  4. ✂️
  5. ✂️

2282Q932355 | Português, Interpretação de Textos, Vestibular UERJ, UERJ, UERJ, 2017

Texto associado.
Lucy caiu da árvore
Conta a lenda que, na noite de 24 de novembro de 1974, as estrelas brilhavam na beira do rio
Awash, no interior da Etiópia. Um gravador K7 repetia a música dos Beatles “Lucy in the Sky with
Diamonds”. Inspirados, os paleontólogos decidiram que a fêmea AL 288-1, cujo esqueleto havia
sido escavado naquela tarde, seria apelidada carinhosamente de Lucy.
Lucy tinha 1,10 m e pesava 30 kg. Altura e peso de um chimpanzé. Mas não se iluda, Lucy não
pertence à linhagem que deu origem aos macacos modernos. Ela já andava ereta sobre os
membros inferiores. Lucy pertence à linhagem que deu origem ao animal que escreve esta crônica
e ao animal que a está lendo, eu e você.
Os ossos foram datados. Lucy morreu 3,2 milhões de anos atrás. Ela viveu 2 milhões de anos antes do
aparecimento dos primeiros animais do nosso gênero, o Homo habilis. A enormidade de 3 milhões
de anos separa Lucy dos mais antigos esqueletos de nossa espécie, o Homo sapiens, que surgiu no
planeta faz meros 200 mil anos. Lucy, da espécie Australopithecus afarensis, é uma representante
das muitas espécies que existiram na época em que a linhagem que deu origem aos homens
modernos se separou da que deu origem aos macacos modernos. Lucy já foi chamada de elo
perdido, o ponto de bifurcação que nos separou dos nossos parentes mais próximos.
Uma das principais dúvidas sobre a vida de Lucy é a seguinte: ela já era um animal terrestre, como
nós, ou ainda subia em árvores?
Muitos ossos de Lucy foram encontrados quebrados, seus fragmentos espalhados pelo chão. Até
agora, se acreditava que isso se devia ao processo de fossilização e às diversas forças às quais
esses ossos haviam sido submetidos. Mas os cientistas resolveram estudar em detalhes as fraturas.
As fraturas, principalmente no braço, são de compressão, aquela que ocorre quando caímos de
um local alto e apoiamos os membros para amortecer a queda. Nesse caso, a força é exercida
ao longo do eixo maior do osso, causando um tipo de fratura que é exatamente o encontrado
em Lucy. Usando raciocínios como esse, os cientistas foram capazes de explicar todas as fraturas
a partir da hipótese de que Lucy caiu do alto de uma árvore de pé, se inclinou para frente e
amortizou a queda com o braço.
Uma queda de 20 a 30 metros e Lucy atingiria o solo a 60 km/h, o suficiente para matar uma
pessoa e causar esse tipo de fratura. Como existiam árvores dessa altura onde Lucy vivia e muitos
chimpanzés sobem até 150 metros para comer, uma queda como essa é fácil de imaginar.
A conclusão é que Lucy morreu ao cair da árvore. E se caiu era porque estava lá em cima. E se
estava lá em cima era porque sabia subir. Enfim, sugere que Lucy habitava árvores.
Mas na minha mente ficou uma dúvida. Quando criança, eu subia em árvores. E era por não
sermos grandes escaladores de árvores que eu e meus amigos vivíamos caindo, alguns quebrando
braços e pernas. Será que Lucy morreu exatamente por tentar fazer algo que já não era natural
para sua espécie?
Fernando Reinach
adaptado de O Estado de S. Paulo, 24/09/2016.
Um exemplo de metalinguagem, que é o uso de uma linguagem para descrever a si mesma, encontra-se em:
  1. ✂️
  2. ✂️
  3. ✂️
  4. ✂️

2283Q595463 | Português, Interpretação de Textos, Vestibular UERJ, UERJ, UERJ, 2017

Texto associado.
COM O OUTRO NO CORPO, O ESPELHO PARTIDO
O que acontece com o sentimento de identidade de uma pessoa que se depara, diante do
espelho, com um rosto que não é seu? Como é possível manter a convicção razoavelmente estável
que nos acompanha pela vida, a respeito do nosso ser, no caso de sofrermos uma alteração radical
em nossa imagem? Perguntas como essas provocaram intenso debate a respeito da ética médica
5 depois do transplante de parte da face em uma mulher que teve o rosto desfigurado por seu
cachorro em Amiens, na França.
Nosso sentimento de permanência e unidade se estabelece diante do espelho, a despeito de
todas as mudanças que o corpo sofre ao longo da vida. A criança humana, em um determinado
estágio de maturação, identifica-se com sua imagem no espelho. Nesse caso, um transplante
10 (ainda que parcial) que altera tanto os traços fenotípicos quanto as marcas da história de vida
inscritas na face destruiria para sempre o sentimento de identidade do transplantado? Talvez não.
Ocorre que o poder do espelho – esse de vidro e aço pendurado na parede – não é tão absoluto:
o espelho que importa, para o humano, é o olhar de um outro humano. A cultura contemporânea
do narcisismo*, ao remeter as pessoas a buscar continuamente o testemunho do espelho, não
15 considera que o espelho do humano é, antes de mais nada, o olhar do semelhante.
É o reconhecimento do outro que nos confirma que existimos e que somos (mais ou menos) os
mesmos ao longo da vida, na medida em que as pessoas próximas continuam a nos devolver nossa
“identidade”. O rosto é a sede do olhar que reconhece e que também busca reconhecimento. É
que o rosto não se reduz à dimensão da imagem: ele é a própria presentificação de um ser humano,
20 em sua singularidade irrecusável. Além disso, dentre todas as partes do corpo, o rosto é a que faz
apelo ao outro. A parte que se comunica, expressa amor ou ódio e, sobretudo, demanda amor.
A literatura pode nos ajudar a amenizar o drama da paciente francesa. O personagem Robinson
Crusoé do livro Sexta-feira ou os limbos do Pacífico, de Michel Tournier, perde a noção de sua
identidade e enlouquece, na falta do olhar de um semelhante que lhe confirme que ele é um
25 ser humano. No início do romance, o náufrago solitário tenta fazer da natureza seu espelho. Faz
do estranho, familiar, trabalhando para “civilizar” a ilha e representando diante de si mesmo o
papel de senhor sem escravos, mestre sem discípulos. Mas depois de algum tempo o isolamento
degrada sua humanidade.
A paciente francesa, que agradeceu aos médicos a recomposição de uma face humana, ainda que
30 não seja a “sua”, vai agora depender de um esforço de tolerância e generosidade por parte dos
que lhe são próximos. Parentes e amigos terão de superar o desconforto de olhar para ela e não
encontrar a mesma de antes. Diante de um rosto outro, deverão ainda assim confirmar que ela
continua sendo ela. E amar a mulher estranha a si mesma que renasceu daquela operação.
MARIA RITA KEHL
Adaptado de folha.uol.com.br, 11/12/2005.
*narcisismo ? amor do indivíduo por sua própria imagem
O conto constrói uma alegoria, ou seja, uma metáfora ampliada que o organiza. Esse aspecto alegórico é reforçado pelo modo de identificação dos personagens, o que se faz por meio de:
  1. ✂️
  2. ✂️
  3. ✂️
  4. ✂️

2284Q699148 | Português, Interpretação de Textos, Assistente de Informática, Câmara de Tatuí SP, VUNESP, 2019

Por quê?
    “Correlação não é causa” é um mantra que todos aqueles que já entraram numa aula de estatística ou de metodologia científica ouviram. E de fato não é. O canto do galo e o nascer do sol estão fortemente correlacionados, mas ninguém deve achar que é o som emitido pelo galináceo que provoca o surgimento do astro todas as manhãs.
   O problema é que, durante muito tempo, estatísticos e cientistas se deixaram cegar pelo mantra e renunciaram a investigar melhor a causalidade e desenvolver ferramentas matemáticas para lidar com ela, o que é perfeitamente possível. Essa pelo menos é a visão do cientista da computação Judea Pearl, exposta em “The Book of Why” (O livro do porquê), obra que escreveu com o matemático e jornalista científico Dana Mackenzie. Os prejuízos foram grandes. Muitas vidas se perderam porque, por várias décadas, a ciência julgou não ter meios para estabelecer com segurança se o cigarro causava ou não câncer, incerteza que a indústria do tabaco foi hábil em explorar.
   Em “The Book of Why”, Pearl e Mackenzie explicam de forma razoavelmente didática quais são as novas técnicas que permitem responder a perguntas causais como “qual a probabilidade de esta onda de calor ter sido provocada pelo efeito estufa?” ou “foi a droga X que curou a doença Y?”. Mais até, os autores falam em usar a estatística para destrinchar o obscuro mundo dos contrafactuais1 . Uma advertência importante que os autores fazem a entusiastas do “big data”2 é que não podemos nos furtar a entender as questões estudadas e formular teorias. Não se chega a lugar nenhum só com dados e sem hipóteses.
   Minha sensação, pela retórica empregada (não tenho competência para avaliar tecnicamente), é que Pearl exagera um pouco. Ele faz um uso pouco comedido de termos como “revolução” e “milagre”. Mas é um cientista de primeira linha e, mesmo que ele esteja aumentando as coisas em até 30%, ainda sobram muitas ideias fascinantes no livro. (Hélio Schwartsman. 19.08.2018. www.folha.uol.com.br. Adaptado)
1contrafactual: simulação (sentido aproximado)
2big data: grande banco de dados

De acordo com as informações do texto, Pearl e Mackenzie
  1. ✂️
  2. ✂️
  3. ✂️
  4. ✂️
  5. ✂️

2285Q858915 | Português, Interpretação de Textos, Prefeitura de Barão de Cocais MG Fundamental Completo, Gestão de Concursos, 2020

INSTRUÇÃO: Leia o texto a seguir para responder à questão.

Bruxas não existem

Quando eu era garoto, acreditava em bruxas, mulheres malvadas que passavam o tempo todo maquinando coisas perversas. Os meus amigos também acreditavam nisso. A prova para nós era uma mulher muito velha, uma solteirona que morava numa casinha caindo aos pedaços no fim de nossa rua.

Seu nome era Ana Custódio, mas nós só a chamávamos de "bruxa".

Era muito feia, ela; gorda, enorme, os cabelos pareciam palha, o nariz era comprido, ela tinha uma enorme verruga no queixo. E estava sempre falando sozinha. Nunca tínhamos entrado na casa, mas tínhamos a certeza de que, se fizéssemos isso, nós a encontraríamos preparando venenos num grande caldeirão.

Nossa diversão predileta era incomodá-la. Volta e meia invadíamos o pequeno pátio para dali roubar frutas e quando, por acaso, a velha saía à rua para fazer compras no pequeno armazém ali perto, corríamos atrás dela gritando "bruxa, bruxa!".

Um dia encontramos, no meio da rua, um bode morto. A quem pertencera esse animal nós não sabíamos, mas logo descobrimos o que fazer com ele: jogá-lo na casa da bruxa. O que seria fácil. Ao contrário do que sempre acontecia, naquela manhã, e talvez por esquecimento, ela deixara aberta a janela da frente. Sob comando do João Pedro, que era o nosso líder, levantamos o bicho, que era grande e pesava bastante, e com muito esforço nós o levamos até a janela. Tentamos empurrá-lo para dentro, mas aí os chifres ficaram presos na cortina.

— Vamos logo - gritava o João Pedro -, antes que a bruxa apareça. E ela apareceu. No momento exato em que, finalmente, conseguíamos introduzir o bode pela janela, a porta se abriu e ali estava ela, a bruxa, empunhando um cabo de vassoura. Rindo, saímos correndo. Eu, gordinho, era o último.

E então aconteceu. De repente, enfiei o pé num buraco e caí. De imediato senti uma dor terrível na perna e não tive dúvida: estava quebrada. Gemendo, tentei me levantar, mas não consegui. E a bruxa, caminhando com dificuldade, mas com o cabo de vassoura na mão, aproximava-se. Àquela altura a turma estava longe, ninguém poderia me ajudar. E a mulher sem dúvida descarregaria em mim sua fúria.

Em um momento, ela estava junto a mim, transtornada de raiva. Mas aí viu a minha perna, e instantaneamente mudou. Agachou-se junto a mim e começou a examiná-la com uma habilidade surpreendente.

— Está quebrada - disse por fim. — Mas podemos dar um jeito. Não se preocupe, sei fazer isso. Fui enfermeira muitos anos, trabalhei em hospital. Confie em mim.

Dividiu o cabo de vassoura em três pedaços e com eles, e com seu cinto de pano, improvisou uma tala, imobilizando-me a perna. A dor diminuiu muito e, amparado nela, fui até minha casa. “Chame uma ambulância”, disse a mulher à minha mãe. Sorriu.

Tudo ficou bem. Levaram-me para o hospital, o médico engessou minha perna e em poucas semanas eu estava recuperado. Desde então, deixei de acreditar em bruxas. E tornei-me grande amigo de uma senhora que morava em minha rua, uma senhora muito boa que se chamava Ana Custódio.

SCLIAR, M. Disponível em: <www.novaescola.org.br/conteudo/7562/bruxas-nao-existem>. Acesso em: 21 nov. 2019. 

Releia o seguinte trecho.

"[...] a porta se abriu e ali estava ela, a bruxa, empunhando um cabo de vassoura."

A palavra destacada tem, no trecho, o mesmo sentido de

  1. ✂️
  2. ✂️
  3. ✂️
  4. ✂️

2286Q114471 | Português, Interpretação de Textos, Analista de Procuradoria, PGE BA, FCC

Texto associado.

Atenção: As questões de números 1 a 5 referem-se ao texto abaixo.

Imagem 001.jpg

Assinale a nativa que contém afirmação inferida do último parágrafo do texto, considerado em seu contexto.

  1. ✂️
  2. ✂️
  3. ✂️
  4. ✂️
  5. ✂️

2287Q838185 | Português, Interpretação de Textos, Supervisor de Pesquisas, IBGE, IBFC, 2021

Para responder a questão, leia o fragmento do texto abaixo do romance A Metamorfose, de Franz Kafka.

   Aqueles foram bons tempos, mas que não se repetiram - ao menos, não com a mesma intensidade -, embora, de toda forma, Gregor ganhasse o suficiente para arcar sozinho com as necessidades domésticas. À medida que tudo isso foi se tornando costumeiro, a surpresa e a alegria inicial arrefeceram e, assim, Gregor entregava o dinheiro com prazer espontâneo e a família, de bom grado, recebia. Apenas a irmã permanecia mais próxima e afetuosa e, como ela, ao contrário de Gregor, era amante da música e sabia tocar violino com muita graça, ele tinha planos de enviá-la para o Conservatório no ano seguinte, sem importar-se com os gastos extras que isso acarretaria. Em conversas com a irmã, nos curtos períodos em que ficava sem viajar, sempre mencionava o projeto (que ela considerava lindo, mas impossível de se concretizar), enquanto os pais demonstravam não aprovar nem um pouco a ideia. Contudo, Gregor pensava muito seriamente nisso e pretendia anunciá-lo solenemente na noite de Natal.
   Todos esses pensamentos, agora inúteis, fervilhavam em sua cabeça, enquanto ele escutava as conversas, colado à porta. De vez em quando o cansaço obrigava-o a desligar-se, apoiando pesadamente a cabeça na porta, mas logo recuperava a prontidão, pois sabia que qualquer ruído era ouvido na sala e fazia com que todos se calassem. “Novamente aprontando alguma coisa”, dizia o pai instantes depois, certamente olhando para a porta. Passado algum tempo, eles continuavam a trocar palavras entre si. 
    Na conversa sobre as finanças da família, o pai redundava nas explicações - seja porque há tempos não se ocupava disso, seja porque a mãe tinha dificuldades para entender -, e Gregor, com satisfação, tomou conhecimento de que, a despeito da desgraça que haviam sofrido, restava-lhes algum capital, que, se não era muito, ao menos tinha crescido nos últimos anos por conta dos rendimentos de juros acumulados. Além disso, o dinheiro que Gregor entregava (retinha apenas uma pequeníssima parte) não era gasto integralmente, e pouco a pouco ampliava o montante economizado. De onde estava, ele aprovou, com a cabeça, o procedimento, contente com a inesperada provisão feita pelo pai. Era verdade que aquele dinheiro poderia ter paulatinamente saldado a dívida que o pai tinha com seu patrão, livrando-o daquele constrangimento. Não obstante, ele julgou que pai havia procedido corretamente.

(KAFKA, Franz. A Metamorfose. Trad. Lourival Holt Albuquerque. São Paulo: Abril, 2010, p.40-41)
No segundo parágrafo, a construção “agora inúteis” intercala a oração em que está inserida apresentando ao leitor, de forma abrupta, uma informação. A escolha dessa construção por parte do autor enfatiza a:
  1. ✂️
  2. ✂️
  3. ✂️
  4. ✂️
  5. ✂️

2288Q239150 | Português, Interpretação de Textos, Soldado da Polícia Militar, Polícia Militar BA, FCC

Texto associado.

       “Se os cachorros correm livremente, por que eu não posso fazer isso também?”, pergunta Bob Dylan em “New Morning” . Bob Dylan verbaliza um anseio sentido por todos nós, humanos supersocializados: o anseio de nos livrarmos de todos os constrangimentos artificiais decorrentes do fato de vivermos em uma sociedade civilizada em que às vezes nos sentimos presos a uma correia. Um conjunto cultural de regras tácitas e inibições está sempre governando as nossas interações coti­dianas com os outros.
       Uma das razões pelas quais os cachorros nos atraem é o fato de eles serem tão desinibidos e livres. Parece que eles jogam com as suas próprias regras, com a sua própria lógica interna. Eles vivem em um universo paralelo e diferente do nosso - um universo que lhes concede liberdade de espírito e paixão pela vida enormemente atraentes para nós. Um cachorro latindo ao vento ou uivando durante a noite faz agitar-se dentro de nós alguma coisa que também quer se expressar.
       Os cachorros são uma constante fonte de diversão para nós porque não prestam atenção as nossas convenções so­ ciais. Metem o nariz onde não são convidados, pulam para cima do sofá, devoram alegremente a comida que cai da mesa. Os cachorros raramente se refreiam quando querem fazer alguma coisa. Eles não compartilham conosco as nossas inibições. Suas emoções estão ã flor da pele e eles as manifestam sempre que as sentem,


                     (Adaptado de Matt Weistein e Luke Barber. Cão que late não morde. Trad. de Cristina Cupertino. S.Paulo: Francis, 2005. p 250)

Um conjunto cultural de regras tácitas e inibições está sempre governando as nossas interações cotidianas com os outros.

A expressão que sintetiza o sentido da frase acima transcrita é:

  1. ✂️
  2. ✂️
  3. ✂️
  4. ✂️
  5. ✂️

2289Q203848 | Português, Interpretação de Textos, Escriturário, Banco do Brasil, CESPE CEBRASPE

Texto associado.

Texto para os itens de 1 a 14

1 Os bancos médios alcançaram um de seus
melhores anos em 2006. A rigor, essas instituições não
optaram por nenhuma profunda ou surpreendente mudança
4 de foco estratégico. Bem ao contrário, elas apenas voltaram
a atuar essencialmente como bancos: no ano passado a
carteira de crédito dessas casas bancárias cresceu 39,2%,
7 enquanto a carteira dos dez maiores bancos do país
aumentou 26,2%, ambos com referência a 2005.
É apressado asseverar que essa expansão do
10 segmento possa gerar maior concorrência no setor. Vale
lembrar, apenas como comparação, que a chegada dos
bancos estrangeiros (nos anos 90) não surtiu o efeito
13 esperado quanto à concorrência bancária. Os bancos
estrangeiros cobram o preço mais alto em 21 tarifas. E os
bancos privados nacionais, médios e grandes, têm os preços
16 mais altos em outras 21. O tamanho do banco não determina
oempenho na cobrança de tarifas. O principal motivo da
fraca aceleração da concorrência do sistema bancário é a
19 permanência dos altos spreads, a diferença entre o que o
banco paga ao captar e o que cobra ao emprestar, que não se
altera muito, entre instituições grandes ou médias.
22 Vale notar, também, que os bons resultados dos
bancos médios brasileiros atraíram grandes instituições do
setor bancário internacional interessadas em participação
25 segmentada em forma de parceria. O Sistema Financeiro
Nacional só tem a ganhar com esse tipo de integração. Dessa
forma, o cenário, no médio prazo, é de acelerado movimento
28 de fusões entre bancos médios, processo que já começou.
Será um novo capítulo da história bancária do país.


Gazeta Mercantil, Editorial, 28/3/2007.

Considere que a carteira de crédito de determinado banco de tamanho médio seja formada exclusivamente de créditos imobiliários e que os contratos efetuados durante o ano de 2005 tenham somado R$ 75 milhões. Nessa situação, de acordo com o texto, é possível que durante o ano de 2006 essa casa bancária tenha contratado mais de R$ 100 milhões de empréstimos para o setor imobiliário.

  1. ✂️
  2. ✂️

2290Q120398 | Português, Interpretação de Textos, Analista de Tecnologia da Informação, UNIFESP, INSTITUTO CIDADES

Texto associado.

Imagem 003.jpg

O terceiro quadrinho apresenta falas da personagem da televisão. Sobre esse quadrinho, é CORRETO afirmar:

  1. ✂️
  2. ✂️
  3. ✂️
  4. ✂️

2291Q30050 | Português, Interpretação de Textos, Auxiliar Técnico Administrativo, Copergás PE, FCC

Texto associado.
O cacto

Aquele cacto lembrava os gestos desesperados da estatuária:
Laocoonte constrangido pelas serpentes
Ugolino e os filhos esfaimados.
Evocava também o seco nordeste, carnaubais, caatingas...
Era enorme, mesmo para esta terra de feracidades excepcionais.

Um dia um tufão furibundo abateu-o pela raiz.
O cacto tombou atravessado na rua,
Quebrou os beirais do casario fronteiro,
Impediu o trânsito de bondes, automóveis, carroças,
Arrebentou os cabos elétricos e durante vinte e quatro horas privou a cidade de iluminação e energia:
– Era belo, áspero, intratável.

(Manuel Bandeira. Estrela da vida inteira. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 20. ed. 1993. p.127) 
Era enorme, mesmo para esta terra de feracidades excepcionais.

O segmento grifado acima é corretamente traduzido por: 
  1. ✂️
  2. ✂️
  3. ✂️
  4. ✂️
  5. ✂️

2292Q704877 | Português, Interpretação de Textos, Policial Legislativo, AL GO, IADES, 2019

Texto associado.
1         Em algum lugar do Oriente, um rei resolveu criar um
   lago diferente para as pessoas do seu país. Ele decidiu criar
   um lago de leite!
4        Ele então providenciou a escavação do grande
   buraco, e pediu para que cada morador contribuísse com
   apenas um copo de leite, já que, com a cooperação de todos,
7 o lago seria facilmente preenchido.
           Na manhã seguinte, entusiasmado, o rei caminhou
     até o lago para admirar o resultado, mas qual não foi a sua
10 surpresa, quando viu o lago cheio de água e não de leite.
           Intrigado, ao consultar o seu conselheiro, este
     comentou que o problema ocorrera porque todos os
13 moradores tiveram o mesmo pensamento: “No meio de tanta
     gente, se apenas o meu copo de leite estiver cheio de água,
15 não vai fazer muita diferença, e ninguém vai notar”.
                                         Disponível: <www.linkedin.com>.
                           Acesso em: 5 jan. 2019, com adaptações.
Com relação à ideia principal do texto, assinale a alternativa correta.
  1. ✂️
  2. ✂️
  3. ✂️
  4. ✂️
  5. ✂️

2293Q932468 | Português, Interpretação de Textos, Vestibular CEDERJ, CEDERJ, CECIERJ, 2018

BOOM MACHADIANO?

Críticos estrangeiros apontam Machado como autor livre de clichês latino-americanos e distante da exuberância tropical e da crítica social.

Ruan de Sousa Gabriel
“Machado de Assis já não pertence apenas à literatura
brasileira. Suas obras passaram a interessar a
outras culturas, sucedendo-se as traduções em várias línguas”,
escreveu o crítico literário Eugenio Gomes no jornal
5 carioca Correio da Manhã em 8 de dezembro de 1951.
Gomes enumerou entusiasmado as novas traduções de
Machado mundo afora: uma edição alemã de Memórias
póstumas de Brás Cubas e “outra deste mesmo romance
em castelhano”, e a publicação, nos Estados Unidos, de
10 mais uma tradução, assinada por William L. Grossman.
Dedicou boa parte de seu texto a comentários elogiosos
(apesar “de alguns lapsos”) às Memórias póstumas de
Grossman para indicar o “interesse excepcional que o escritor
brasileiro está despertando naquele país”.
15 Quase 70 anos mais tarde, esse “interesse excepcional”
citado por Gomes poderia ser incluído no famoso
capítulo “Das negativas”, de Memórias póstumas, que lista
o que não aconteceu. Um ensaio de Benjamin Moser, biógrafo
de Clarice Lispector, publicado no mês passado na
20 revista americana The New Yorker, perguntava por que Machado
ainda era tão pouco lido nos EUA. Além do ensaio
de Moser, outros textos sobre Machado apareceram na
imprensa americana nas últimas semanas por ocasião da
publicação de The collected stories of Machado de Assis,
25 uma reunião de 76 contos traduzidos para o inglês pelos
britânicos Margaret Jull Costa e Robin Patterson. A editora
W. W. Norton & Company, responsável pela publicação
das Collected stories, não divulgou a tiragem do livro, mas
informou que os editores “estão muito contentes — mais do
30 que contentes, na verdade — com a recepção do livro nos
EUA”.
O aplauso da imprensa americana reavivou o desejo
expresso por Gomes nos anos 50: será que agora os
estrangeiros acordam para o talento de Machado? “Há poucos
35 dias, vi uma coisa insólita na London Review of Books:
um retrato de página inteira de Machado e capas de livros
dele, inclusive das Collected stories”, disse o britânico John
Gledson, tradutor do estudo Dom Casmurro e autor do estudo
Machado de Assis: impostura e realismo. Em agosto,
40 Machado foi eleito o autor do mês pela prestigiosa revista
literária britânica. “Trabalho com a obra de Machado desde
os anos 80 e ele nunca teve esse tipo de destaque na Inglaterra,
onde se publicam traduções dele esporadicamente. A
tradutora das Collected stories tem uma ótima reputação,
45 o que me dá esperança de que ela ajude a reputação de
Machado em inglês.” (...)
Texto adaptado. GABRIEL, Ruan de Sousa. Boom machadiano?
Um novo despertar estrangeiro para a obra de Machado. Revista
Época, nº 1054. Editora Globo, 10 set. 2018, p. 78-81.
A pergunta-título “Boom machadiano?” refere-se à seguinte informação da reportagem:
  1. ✂️
  2. ✂️
  3. ✂️
  4. ✂️

2294Q595835 | Português, Interpretação de Textos, Vestibular UnB, UnB, CESPE CEBRASPE, 2018

Texto associado.
O termo biopic é utilizado para denominar um filme que
dramatiza, em graus variados de exatidão histórica, a vida de
alguma personalidade real importante. Na história do cinema,
sobejam exemplos de biopics de músicos famosos, de contextos dos
mais variados. Exemplos de cinebiografias de músicos clássicos
incluem Amadeus (1984), que relata aspectos da vida do
compositor austríaco Wolfgang Amadeus Mozart, supostamente
contada por seu contemporâneo Antonio Salieri; Immortal Beloved
(Minha amada imortal, 1994), um retrato bem elaborado da
personalidade de Ludwig van Beethoven, a partir de uma carta de
amor escrita pelo compositor e encontrada após sua morte; e Coco
Chanel e Igor Stravinsky (2010), que conta a relação entre a
famosa estilista francesa e o consagrado compositor russo. No
cinema brasileiro, várias produções se baseiam na vida de músicos
populares, como Os dois filhos de Francisco (2005), sobre a
trajetória da dupla sertaneja Zezé Di Camargo e Luciano; Gonzaga:
de pai para filho (2012), uma cinebiografia do rei do baião, Luís
Gonzaga, que destaca o relacionamento conturbado do cantor com
seu filho, o cantor e compositor Gonzaguinha; e Elis (2016), que
retrata a carreira artística de Elis Regina, uma das maiores vozes da
música brasileira.
Com relação às personalidades da música mencionadas no texto
precedente, bem como aos diversos aspectos relacionados às
informações nele contidas, julgue os itens seguintes.
Assim como Luis Gonzaga, a cantora Elis Regina foi uma das principais representantes do baião no Brasil.
  1. ✂️
  2. ✂️

2295Q259462 | Português, Interpretação de Textos, Técnico Judiciário, TRE SP, FCC

Texto associado.

Durante os períodos eleitorais, muito se fala do voto
como expressão do exercício de cidadania. No entanto, o conceito
de cidadania não se esgota no direito de eleger e de ser
eleito para compor os órgãos estatais incumbidos de elaborar,
executar ou fazer cumprir as leis. Ao contrário, o conceito de
cidadania, como um dos fundamentos da República, é mais que
o mero exercício do direito do voto.
A cidadania compreende, além disso, o direito de
apresentar projetos de lei diretamente às casas legislativas, de
peticionar ou de representar aos poderes públicos. Em verdade,
a cidadania exige, no Estado Democrático de Direito, que os
cidadãos participem nos negócios públicos - elegendo ou sendo
eleitos como representantes do povo -, principalmente intervindo
no processo de elaboração e na fiscalização das leis, não
apenas em defesa de interesses próprios, mas dos de toda a
sociedade.

Vê-se, pois, como é conveniente que os cidadãos
tenham pelo menos boasnoções de processo legislativo, para
saber como e quando devem nele intervir, em defesa do
interesse comum. A educação, por exemplo, é assunto de
interesse público, porque sempre foi não apenas a ferramenta
essencial da construção da cultura e da civilização, mas o
instrumento supremo da sobrevivência humana e de sua
evolução. Foi ela que permitiu aos homens, cada vez mais, uma
elaborada adaptação ao meio ambiente, ao longo de incontáveis
eras. Foi e continua sendo o grande diferencial na história
evolutiva da humanidade.
Por sua reconhecida importância estratégica para a vida
das pessoas e do País, a educação é apresentada como
prioridade nos diferentes programas de candidatos a cargos
executivos e legislativos.

(Adaptado de Cláudio Fonseca, Jornal dos Professores, CPP,
p. 7, julho de 2006)

A idéia central do texto consiste na discussão de

  1. ✂️
  2. ✂️
  3. ✂️
  4. ✂️
  5. ✂️

2296Q30348 | Português, Interpretação de Textos, Tecnólogo em Eletrotécnica, CPOS, NOROESTE

Texto associado.
Leia o texto para responder as questões de 5 a 12.

As impressões digitais são realmente únicas? (...) “não há, no mundo, duas pessoas com relevos idênticos, nem mesmo gêmeos. Por isso as impressões digitais são um sinal infalível de identidade.”
(...) como se pode afirmar isso se não há um banco de dados com digitais de todas as pessoas do mundo?

Não há duas impressões digitais iguais porque a estatística e a biologia nos garantem isso. Como não há duas pessoas absolutamente iguais, não há como ter uma com a mesma impressão digital da outra. Quando há casos de digitais muito parecidas, os papilocopistas - possivelmente o nome de profissão mais legal que existe - analisam mais linhas das mãos até encontrar as diferenças, por menores que elas sejam.
A impressão digital é composta de inúmeras particularidades. Cada pessoa possui um desenho específico, composto pelas elevações da pele. A formação da digital é resultado da influência genética e também dos movimentos do feto na barriga da mãe. Isso aí, os primeiros rolezinhos do bebê produzem marcas características nos dedos.
Além dos movimentos na barriga, os sentimentos da mãe e o que ela come interferem na formação das impressões digitais. Nem as digitais de gêmeos univitelinos, que têm o DNA idêntico, são iguais. Elas são muito parecidas, mas os efeitos externos fazem com que apresentem diferenças.
A papiloscopia, ciência que estuda as linhas das mãos e dos pés, separa pontos de referência em cada impressão digital que vão ser usados para a comparação computadorizada entre duas pessoas. Antônio Maciel Aguiar Filho, presidente da Federação Nacional de Papiloscopia, afirma que atualmente as análises são muito precisas.
“Mesmo que a impressão fosse extremamente parecida, eu ainda poderia verificar a posição dos poros, orifícios por onde saem o suor”, explica.
Em todo caso, sinta-se livre para fazer esse banco de dados com as impressões digitais de 7 bilhões de pessoas.

Superinteressante, 08/05/2014
Na oração: “A formação da digital é resultado da influência genética”, o predicado é
  1. ✂️
  2. ✂️
  3. ✂️
  4. ✂️

2297Q51852 | Português, Interpretação de Textos, Auxiliar de Serviços Gerais, Prefeitura de Catolé do Rocha PB, CPCON

Texto associado.
Texto I
Médico só pode piscar os olhos e, ainda assim, dá aulas na UFJF (Universidade Federal de Juiz de fora).

O médico e professor Vanderlei Corradini Lima, 53 anos, é portador da , com sintomas Esclerose Lateral Amiotrófica (ELA) diagnosticados em 2010. Mesmo tendo que conviver com as extremas limitações físicas impostas pela enfermidade, ele reencontrou a felicidade de continuar na profissão ao ser convidado para ministrar aulas na UFJF (Universidade Federal de Juiz de Fora), localizada na cidade de Juiz de Fora a 278 km de Belo Horizonte.
Nos últimos meses, pessoas famosas passaram a encarar o como maneira de atrair atenção para a "desafio do balde de gelo" enfermidade. Há também o mote de o desafiado fazer uma doação em dinheiro a uma instituição que trata pacientes com a ELA. "A doença me tirou muita coisa, não falo, não ando, não como, não saio de cima de uma cama, mas não tirou minha capacidade de servir e enfim ser feliz", descreveu Lima ao UOL em entrevista concedida por e-mail. Ele afirmou ter conseguido trabalhar até julho de 2011. Atualmente, ele vive com a mulher e dois filhos na cidade de São Sebastião do Paraíso, cidade no sul de Minas Gerais e distante 400 km da capital mineira.
Há três semestres, o profissional atua como professor convidado, no curso de medicina da universidade, e no qual interage a distância com alunos do 2º período na disciplina Fisiologia Médica, que aborda tópicos de neurofisiologia.
Ele dispõe de computador munido de um programa e um leitor infravermelho que captam os movimentos dos globos oculares, que não foram afetados pela doença. Por meio de um mouse e um teclado virtual ele consegue interagir com a máquina e utilizá-la normalmente. "Há uma página específica no site da universidade com uma plataforma virtual de ensino a distância. Cada semana um novo caso clínico é discutido entre professores, monitores e alunos", disse referindo-se à plataforma utilizada para ensino a distância (Moodle). Segundo ele, o retorno dado pelos alunos foi considerado positivo.
"Meu intuito sempre foi de agregar à disciplina uma visão prática e humanista, gerando um ensino mais próximo da realidade que irão enfrentar. O retorno positivo foi confirmado pela participação dos alunos. Especificamente em relação ao caso clínico da ELA podemos aproveitar ao máximo, já que eles tinham a visão de um paciente e um médico na discussão", disse.
(...)
Recentemente, ele escreveu um livro, no qual aborda a doença, e se prepara para a confecção de outro. "Na verdade, o que deu origem ao livro EU E ELAS, foram as várias conversas pelas redes sociais, onde percebi que esperavam de mim um médico de almas. Assim pude servir e ser útil, minha verdadeira vocação, escrevendo crônicas", avaliou. O título faz referência a sua experiência com a medicina, a música e a doença. O próximo livro, segundo ele, terá o título de "O Médico de Pijamas e suas Estórias".

Disponível em:> http://educacao.uol.com.br/noticias/2014/09/11/medico-com-doenca-do-desafio-balde-de-gelo-ele-so-pode-piscar-os-olhos-e-ainda-assim-da-aulas-na fjf.htm11/09/201408h00 >Atualizada 11/09/201415h22.<. Data da consulta: 11/09/2011. (Com adaptações).
Sobre a vida do médico pode-se afirmar que ele:
  1. ✂️
  2. ✂️
  3. ✂️
  4. ✂️
  5. ✂️

2298Q49550 | Português, Interpretação de Textos, Atendente, SABESP, FCC

Texto associado.
Sobre a dificuldade de ler 

Gostaria de lhes falar não da leitura e dos riscos que ela comporta, mas de um risco ainda maior, ou seja, da dificuldade ou da impossibilidade de ler; gostaria de tentar lhes falar não da leitura, mas da ilegibilidade. 

Cada um de vocês terá feito a experiência daqueles momentos nos quais gostaríamos de ler, mas não conseguimos, nos quais nos obstinamos a folhear as páginas de um livro, mas ele nos cai literalmente das mãos. 

Gostaria de lhes sugerir que prestassem atenção aos seus momentos de não leitura, quando o livro do mundo cai das suas mãos, porque a impossibilidade de ler lhes diz respeito tanto quanto a leitura e é, talvez, tanto ou mais instrutiva do que esta.

Há também uma outra e mais radical impossibilidade de ler, que até poucos anos atrás era, antes de tudo, comum. Refiro-me aos analfabetos, que, há apenas um século, eram a maioria. Um grande poeta espanhol do século 20 dedicou um livro de poesia seu “ao analfabeto para/por quem eu escrevo”. É importante compreender o sentido desse “para/por”.

Gostaria que vocês refletissem sobre o estatuto especial desse livro que, na sua essência, é destinado aos olhos que não podem lê-lo e foi escrito com uma mão que, em um certo sentido, não sabe escrever. O poeta ou escritor que escreve pelo/para o analfabeto tenta escrever o que não pode ser lido, põe no papel o ilegível. Mas precisamente isso torna a sua escrita mais interessante do que a que foi escrita somente por/para quem sabe ler.

Há, finalmente, um outro caso de não leitura do qual gostaria de lhes falar. Refiro-me aos livros que foram escritos e publicados, mas estão - talvez para sempre - à espera de serem lidos. Eu conheço - e cada um de vocês, eu acredito, poderia citar - livros que mereciam ser lidos e não foram lidos, ou foram lidos por pouquíssimos leitores. Eu penso que, se esses livros eram verdadeiramente bons, não se deveria falar de uma espera, mas de uma exigência. Esses livros não esperam, mas exigem ser lidos, mesmo que não o tenham sido ou não o serão jamais.

Mas agora gostaria de dar um conselho aos editores e àqueles que se ocupam de livros: parem de olhar para as infames, sim, infames classificações de livros mais vendidos e - presume-se - mais lidos e tentem construir em vez disso na mente de vocês uma classificação dos livros que exigem ser lidos. Só uma editora fundada nessa classificação mental poderia fazer o livro sair da crise que - pelo que ouço ser dito e repetido - está atravessando. 

(Adaptado de: AGAMBEN, Giorgio. Sobre a dificuldade de ler. Trad. de Cláudio Oliveira. Revista Cult, ano 16, n. 180. São Paulo: Bregantini, junho de 2013. p. 46 e 47)
O texto menciona um poeta espanhol que dedicou seu livro ao “analfabeto para/por quem” escrevia, destacando os diferentes significados que as duas preposições assumem na frase. Neste caso, a preposição “por” tem o sentido de
  1. ✂️
  2. ✂️
  3. ✂️
  4. ✂️
  5. ✂️

2299Q49574 | Português, Interpretação de Textos, Técnico Judiciário, TJ AL, FGV, 2018

Texto associado.
TEXTO - Ressentimento e Covardia
 
Tenho comentado aqui na Folha em diversas crônicas, os usos da internet, que se ressente ainda da falta de uma legislação específica que coíba não somente os usos mas os abusos deste importante e eficaz veículo de comunicação. A maioria dos abusos, se praticados em outros meios, seriam crimes já especificados em lei, como a da imprensa, que pune injúrias, difamações e calúnias, bem como a violação dos direitos autorais, os plágios e outros recursos de apropriação indébita.
No fundo, é um problema técnico que os avanços da informática mais cedo ou mais tarde colocarão à disposição dos usuários e das autoridades. Como digo repetidas vezes, me valendo do óbvio, a comunicação virtual está em sua pré-história.
Atualmente, apesar dos abusos e crimes cometidos na internet, no que diz respeito aos cronistas, articulistas e escritores em geral, os mais comuns são os textos atribuídos ou deformados que circulam por aí e que não podem ser desmentidos ou esclarecidos caso por caso. Um jornal ou revista é processado se publicar sem autorização do autor um texto qualquer, ainda que em citação longa e sem aspas. Em caso de injúria, calúnia ou difamação, também. E em caso de falsear a verdade propositadamente, é obrigado pela justiça a desmentir e dar espaço ao contraditório.
Nada disso, por ora, acontece na internet. Prevalece a lei do cão em nome da liberdade de expressão, que é mais expressão de ressentidos e covardes do que de liberdade, da verdadeira liberdade. (Carlos Heitor Cony, Folha de São Paulo, 16/05/2006 – adaptado)
O segmento do texto que mostra um problema de coerência é:
  1. ✂️
  2. ✂️
  3. ✂️
  4. ✂️
  5. ✂️

2300Q101052 | Português, Interpretação de Textos, Analista Administrativo, MPE RJ, NCE

Texto associado.

Imagem 001.jpg
Imagem 002.jpg

"Além de adiar a saída de casa, mesmo depois de terminar a faculdade e arrumar trabalho, esses moços e moças não conseguem ajudar nas despesas da casa, nem tampouco pagar as próprias contas" (l. 12).

Nesse mesmo trecho, a inversão da ordem das palavras poderia modificar seu conteúdo. É o que ocorre em:

  1. ✂️
  2. ✂️
  3. ✂️
  4. ✂️
  5. ✂️
Utilizamos cookies e tecnologias semelhantes para aprimorar sua experiência de navegação. Política de Privacidade.