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Questões de Concursos Interpretação de Textos

Resolva questões de Interpretação de Textos comentadas com gabarito, online ou em PDF, revisando rapidamente e fixando o conteúdo de forma prática.


2581Q932728 | Português, Interpretação de Textos, Vestibular UERJ, UERJ, UERJ, 2017

Texto associado.
Quem tem o direito de falar?
A política não é uma questão apenas de circulação de bens e riquezas. Na verdade, a política é
também uma questão de circulação de afetos, da maneira como eles irão criar vínculos sociais,
afetando os que fazem parte desses vínculos.
A maneira como somos afetados define o que somos e o que não somos capazes de ver, sentir e
perceber. Definido o que vejo, sinto e percebo, definem-se o campo das minhas ações, a maneira
como julgarei, o que faz parte e o que está excluído do meu mundo.
Percebam, por exemplo, como um dos maiores feitos políticos de 2015 foi a circulação de uma
mera foto, a foto do menino sírio morto em um naufrágio no Mar Mediterrâneo. Nesse sentido, foi
muito interessante pesquisar as reações de certos europeus que invadiram sites de notícias de seu
continente com posts e comentários. Uma quantidade impressionante deles reclamava daqueles
jornais que decidiram publicar a foto. Eles diziam basicamente a mesma coisa: “parem de nos
mostrar o que não queremos ver”.
Toda verdadeira luta política é baseada em uma mudança nos circuitos dominantes de afetos.
Prova disso foi o fato de tal foto produzir o que vários discursos até então não haviam conseguido:
a suspensão temporária da política criminosa de indiferença em relação à sorte dos refugiados.
De fato, sabemos que faz parte das dinâmicas do poder decidir qual sofrimento é visível e qual é
invisível. Mas, para tanto, devemos antes decidir sobre quem fala e quem não fala.
Há várias maneiras de silêncio. A mais comum é simplesmente calar quem não tem direito à voz.
Isso é o que nos lembram todos aqueles que se engajaram na luta por grupos sociais vulneráveis
e objetos de violência contínua (negros, homossexuais, mulheres, travestis, palestinos, entre
tantos outros).
Mas há ainda outra forma de silêncio. Ela consiste em limitar a fala. A princípio, isso pode parecer
um ato de dar voz aos excluídos e subalternos, fazendo com que negros falem sobre os problemas
dos negros, mulheres falem sobre os problemas das mulheres, e por aí vai. No entanto, essa
é apenas uma forma astuta de silêncio, e deveríamos estar mais atentos a tal estratégia de
silenciamento identitário. Ao final, ela quer nos levar a acreditar que negros devem apenas falar
dos problemas dos negros, que mulheres devem apenas falar dos problemas das mulheres.
Posso dar visibilidade a sofrimentos que antes não circulavam, mas, quando aceito limitar minha
fala pela identidade que supostamente represento, não mudarei a forma de circulação de afetos,
pois não conseguirei implicar quem não partilha minha identidade na narrativa do meu sofrimento.
Ser um sujeito político é conseguir enunciar proposições que podem implicar qualquer um, ou seja,
que se dirigem a essa dimensão do “qualquer um” que faz parte de cada um de nós. É quando nos
colocamos na posição de qualquer um que temos mais força de desestabilização. O verdadeiro
medo do poder é que você se coloque na posição de qualquer um.
VLADIMIR SAFATLE
Adaptado de Folha de S. Paulo, 25/09/2015.
A tragédia com o menino sírio no Mar Mediterrâneo foi divulgada pela imprensa, assim como as reações de leitores sobre a notícia.
De acordo com o texto, as reações contrárias à divulgação da foto do menino sírio representam uma postura de: 
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2582Q118908 | Português, Interpretação de Textos, Analista de Saneamento, EMBASA, CESPE CEBRASPE

Texto associado.

Imagem 001.jpg

Acerca dos aspectos linguísticos do texto acima e das ideias nele
desenvolvidas, julgue os itens a seguir.

O texto critica os resultados da pesquisa científica.

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2583Q700545 | Português, Interpretação de Textos, Fiscal de Tributos, Prefeitura de Goianira GO, CS UFG, 2019

Texto associado.
1    No pequeno pátio de cimento depunha a sua riqueza.
2    Misturava o barro à água, as pálpebras frementes de
3    atenção — concentrada, o corpo à escuta, ela podia ob-
4    ter uma porção exata de barro e de água numa sabedo-
5    ria que nascia naquele mesmo instante, fresca e progres-
6    sivamente criada. Conseguia uma matéria clara e tenra
7    de onde se poderia modelar um mundo. [...] Assim junta-
8    ra uma procissão de coisas miúdas. Quedavam-se quase
9    despercebidas no seu quarto. Eram bonecos magrinhos
10  e altos como ela mesma. Minuciosos, ligeiramente des-
11  proporcionados, alegres, um pouco perplexos — às ve-
12  zes, subitamente, pareciam um homem coxo rindo. Mes-
13  mo suas figurinhas mais suaves tinham uma imobilidade
14 atenta como a de um santo. E pareciam inclinar-se, para
15  quem as olhava, também como os santos. Virgínia podia
16  fitá-las uma manhã inteira, que seu amor e sua surpresa
17  não diminuiriam.
LISPECTOR, Clarice. O Lustre. 4. ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1976. p. 50-55.
A riqueza de Virgínia é a sua criatura e vem do barro, assim como a criatura divina. Esse tipo de sentido do texto é construído pelo processo de 
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2584Q710276 | Português, Interpretação de Textos, Administrador, UNIRIO, CESGRANRIO, 2019

Texto associado.
Texto II
                                Estojo escolar
    Noite dessas, ciscando num desses canais a
    cabo, vi uns caras oferecendo maravilhas eletrôni-
    cas, bastava telefonar e eu receberia um notebook
    capaz de me ajudar a fabricar um navio, uma estação
5  espacial.
    Minhas necessidades são mais modestas: tenho
    um PC mastodôntico, contemporâneo das cavernas
    da informática. E um laptop da mesma época que co-
    meça a me deixar na mão. Como pretendo viajar es-
10  ses dias, habilitei-me a comprar aquilo que os caras
    anunciavam como o top do top em matéria de com-
    putador portátil.
            No sábado, recebi um embrulho complicado que
    necessitava de um manual de instruções para ser
15 aberto. Depois de mil operações sofisticadas para
    minhas limitações, retirei das entranhas de isopor o
    novo notebook e coloquei-o em cima da mesa. De
    repente, como vem acontecendo nos últimos tempos,
    houve um corte na memória e vi diante de mim o meu
20  primeiro estojo escolar. Tinha 5 anos e ia para o jar-
    dim de infância.
    Era uma caixinha comprida, envernizada, com
    uma tampa que corria nas bordas do corpo principal.
    Dentro, arrumados em divisões, havia lápis coloridos,
25 um apontador, uma lapiseira cromada, uma régua de
    20 cm e uma borracha para apagar meus erros.
            Da caixinha vinha um cheiro gostoso, cheiro que
    nunca esqueci e que me tonteava de prazer. Fechei o
    estojo para proteger aquele cheiro, que ele ficasse ali
30 para sempre, prometi-me economizá-lo. Com avare-
    za, só o cheirava em momentos especiais.
    Na tampa que protegia estojo e cheiro havia
    gravado um ramo de rosas muito vermelhas que se
    destacavam do fundo creme. Amei aquele ramalhete
35 – olhava aquelas rosas e achava que nada podia ser
    mais bonito.
            O notebook que agora abro é negro, não tem ro-
    sas na tampa e, em matéria de cheiro, é abominável.
    Cheira vilmente a telefone celular, a cabine de avião,
40 ao aparelho de ultrassonografia onde outro dia uma
    moça veio ver como sou por dentro. Acho que piorei
    de estojo e de vida.
CONY, C. H. Crônicas para ler na escola. São Paulo: Objetiva,
2009. Disponível em:/fz12039806.htm>. Acesso em: 23 jul. 2019.

O termo mastodôntico, em “tenho um PC mastodôntico, contemporâneo das cavernas da informática” (?. 6-8), pode ser substituído, sem prejuízo do sentido do trecho, por 
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2585Q28550 | Português, Interpretação de Textos, Tecnólogo Executivo, Prefeitura de Barbacena MG, FCM

Texto associado.
Texto 1

Consumismo da linguagem: sobre o rebaixamento dos discursos
Márcia Tiburi

      [1º§] No processo de rebaixamento dos discursos, do debate e do diálogo que presenciamos em escala nacional, surgem maledicências e mal-entendidos que se entrelaçam, formando o processo que venho chamando de “consumismo da linguagem”. Meios de comunicação em geral, inclusas as redes sociais e grande parte da imprensa, onde ideologias e indivíduos podem se expressar livremente sem limites de responsabilidade ética e legal, estabelecem compreensões gerais sobre fatos que passam a circular como verdades apenas porque são repetidas. Quem sabe manipular o círculo vicioso e tortuoso da linguagem ganha em termos de poder.
      [2º§] O processo que venho chamando de “consumismo da linguagem” é a eliminação do elemento político da linguagem pelo incremento do seu potencial demagógico. O esvaziamento político é, muitas vezes, mascarado de expressão particular, de direito à livre expressão. A histeria, a gritaria, as falácias e falsos argumentos fazem muito sucesso, são livremente imitados e soam como absurdos apenas a quem se nega a comprar a lógica da distorção em alta no mercado da linguagem. 
      [3º§] A lógica da distorção é própria ao consumismo da linguagem. Como em todo consumismo, o consumismo da linguagem produz vítimas, mas produz também o aproveitador da vítima e o aproveitador da suposta vantagem de ser vítima. “Vantagem” que ele inventa a partir da lógica da distorção à qual serve. Vítimas estão aí. Uma reflexão sobre o tema talvez nos permita pensar em nossas posturas e imposturas quando atacamos e somos atacados ao nível da linguagem.
      [4º§] Penso em como as pessoas e as instituições se tornam ora vítimas, ora algozes de discursos criados com fins específicos de produzir violência e destruição. Não me refiro a nenhum tipo de violência essencial própria ao discurso enquanto contrário ao diálogo, nem à violência casual de falas esporádicas, mas aquela projetada e usada como estratégia em acusações gratuitas, campanhas difamatórias, xingamentos em geral e também na criação de um contexto violento que seja capaz de fomentar um imaginário destrutivo. O jogo de linguagem midiático inclui toda forma de violência, inclusive a propaganda que, mesmo sendo mais sutil que programas de sanguinolência e humilhação, tem sempre algo de enganoso. O processo das brigas entre partidários, candidatos, ou desafetos em geral, é inútil do ponto de vista de avanços políticos e sociais, mas não é inútil a quem deseja apenas o envenenamento e a destruição social. [...]
      [5º§] Os discursos podem fazer muita coisa por nós, mas podem também atuar contra nós. Ora, usamos discursos, mas também somos usados por eles (penso na subjetividade dos jornalistas e apresentadores de televisão que discursam pela mentira e pela maledicência). Aqueles que usam discursos sempre podem ocupar a posição de algozes: usam seu discurso contra o outro, mas também podem ser usados por discursos que julgam ser autenticamente seus. O que chamamos de discurso, diferente do diálogo, sempre tem algo de pronto. Na verdade, quem pensa que faz um discurso sempre é feito por ele.
      [6º§] Somos construídos pelo que dizemos. E pelo que pensamos que estamos dizendo. A diferença talvez esteja entre quem somos e quem pensamos que somos. Há sempre algum grau de objetividade nessas definições.
      [7º§] Uma pergunta que podemos nos colocar é: o que pode significar ser vítima de discursos na era do consumismo da linguagem? Por que aderimos, por que os repetimos? [...]
      [8º§] A violência verbal é distributiva e não estamos sabendo contê-la. Mas, de fato, gostaríamos de contê-la? Não há entre nós uma satisfação profunda com a violência fácil das palavras que os meios de comunicação sabem manipular tão bem? Não há quem, querendo brigar, goze com a disputa vazia assim como se satisfaz com as falas estúpidas dos agentes da televisão? Por que, afinal de contas, não contemos a violência da linguagem em nossas vidas? Grandes interesses estão sempre em jogo, mas o que os pequenos interesses de cidadãos têm a ver com eles? [...] Por que as pessoas são tão suscetíveis? [...] Se a linguagem foi o que nos tornou seres políticos, a sua destruição nos tornará o quê?

Fonte: Revista Cult, disponível em:  Acesso em 18 jan.2016 (fragmento de texto adaptado)


Texto 2

      O discurso não é a língua, embora seja com ela que se fabrique discurso e que este, num efeito de retorno, modifique-a. A língua é voltada para sua própria organização, em diversos sistemas que registram os tipos de relação que se instauram entre as formas (morfologia), suas combinações (sintaxe) e o sentido, mais ou menos estável e prototípico de que essas formas são portadoras segundo suas redes de relações (semântica). Descrever a língua é, de um modo ou de outro, descrever regras de conformidade, a serem repertoriadas em gramáticas e em dicionários.
      Já o discurso está sempre voltado para outra coisa além das regras de uso da língua. Resulta da combinação das circunstâncias em que se fala ou escreve (a identidade daquele que fala e daquele a quem este se dirige, a relação de intencionalidade que os liga e as condições físicas da troca) com a maneira pela qual se fala. É, pois, a imbricação das condições extradiscursivas e das realizações intradiscursivas que produzem sentido.

CHARAUDEAU, Patrick. “Informação como discurso”. _ Discurso das mídias. Tradução Ângela S. M. Corrêa. 2ed. São Paulo: Contexto, 2012 – p. 40 (fragmento de texto adaptado).
O fragmento do texto 1 que ilustra o conceito de discurso, presente no texto 2, é
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2586Q931982 | Português, Interpretação de Textos, Vestibular UFPR, UFPR, FUNPAR UFPR, 2018

Texto associado.
O Uraguai foi publicado pela primeira vez antes da independência do Brasil, em 1769, e narra as disputas entre espanhóis e portugueses pelos territórios do sul do continente, envolvendo os índios e os jesuítas. No fragmento abaixo, podemos conferir um trecho da fala do comandante português.
                  O nosso último rei e o rei de Espanha Determinaram por cortar de um golpe, Como sabeis, neste ângulo da terra, As desordens de povos confinantes, Que mais certos sinais nos dividissem. 
(GAMA, Basílio da. “Canto Primeiro”. O Uraguai. Porto Alegre: L&PM, 2009, p. 47.)

O talento de Basílio da Gama, que transforma o árido assunto em matéria literária, recebe, cem anos depois, o elogio de Machado de Assis. Ao compará-lo com seu contemporâneo, Tomás Antônio Gonzaga, o escritor afirma: “Não lhe falta, também a ele, nem sensibilidade, nem estilo, que em alto grau possui; a imaginação é grandemente superior à de Gonzaga, e quanto à versificação nenhum outro, em nossa língua, a possui mais harmoniosa e pura” (MACHADO DE ASSIS. A nova geração. In. Obras completas. Rio de Janeiro: José Aguilar Editora, 1973. p.815). 

Sobre o poema de Basílio da Gama, considere as seguintes afirmativas: 

1. O contexto histórico trabalhado no poema de Basílio da Gama é fundamental para o seu entendimento: a descentralização do poder colonial, protagonizada pelo Marquês de Pombal, e a disputa de territórios coloniais entre Espanha e Portugal, mediada e pacificada pelos jesuítas, na segunda metade do século XVIII.
 2. Ao longo dos cinco cantos de O Uraguai, compostos em decassílabos sem rima, podemos perceber a marca da epopeia, na narração da guerra e dos feitos dos heroicos portugueses, e a presença da sátira, na caricatura dos jesuítas, particularmente na figura do Padre Balda. 
3. O grande destaque dado aos índios e à defesa da sua terra, a exaltação lírica da natureza e a centralidade do par amor/morte, presente na relação de Lindoia e Cacambo, deram ao poema de Basílio da Gama o lugar de inaugurador do romantismo em todos os manuais de história da literatura brasileira.
 4. Para narrar acontecimentos reais da ação de portugueses e espanhóis na disputa dos territórios delimitados pelo rio Uruguai, que hoje correspondem ao noroeste do Rio Grande do Sul e ao norte da Argentina, Basílio da Gama toma o cuidado de inserir apenas personagens ficcionais no seu poema, para não se comprometer.

Assinale a alternativa correta. 
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2587Q197530 | Português, Interpretação de Textos, Ajudante, LIQUIGAS, CESGRANRIO

A palavra mais adequada para definir a relação entre o mundo de Paulo Freire e o mundo da escola de Eunice é

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2588Q691883 | Português, Interpretação de Textos, Soldado, Bombeiro Militar MG, FUNDEP, 2019

Texto associado.
                                        Medo do futuro   
A temporada dos furacões começou com estardalhaço, causando danos devastadores pelo mundo. No Japão, três tufões em seguida deixaram uma trilha de morte e destruição. Na Indonésia, a situação é absolutamente trágica.
Mesmo assim, muitos ainda se recusam a associar o aumento da intensidade dos furacões e tempestades ao aquecimento global, ignorando dados e pesquisas científicas de alta qualidade. Obviamente, líderes como Trump, que são apoiados pela indústria de combustíveis fósseis, são os primeiros a ignorar a ciência como um mero incômodo. Lembra-me a imagem do imperador romano Nero, enlouquecido, tocando harpa enquanto Roma queimava. Tenho perguntado a amigos e colegas a razão da relutância de tantos em aceitar o óbvio. Por que pessoas com alto nível de educação, bem-informadas, quando se deparam com a correlação clara do aquecimento global e da poluição, recusam-se a mudar? [...]
Mesmo que não haja apenas uma resposta para isso, podemos dizer algumas coisas sobre essa apatia que afeta os que manipulam o poder e muitos outros. As pessoas só mudam sob pressão, seja ela real ou imaginária. Quanto maior a pressão, mais rápida a mudança. Historicamente, a mobilização social de larga escala só ocorre quando uma nação ou um grupo luta contra um inimigo comum. Quando líderes políticos invocam o patriotismo, fazem isso com a intenção clara de unificar a população, que lutaria, assim, contra uma ameaça à nação, seja ela real ou inventada. Os EUA só começaram a participar da Segunda Guerra Mundial após os japoneses terem bombardeado o porto de Pearl Harbor, no Havaí, em 1941, ainda que a guerra já estivesse devastando a Europa desde 1939.
No caso da mudança climática e da correlata falta de mobilização social, o que falta é essa pressão que provoca mudanças. Muitas pessoas, incluindo as que entendem os princípios do aquecimento global como sendo provocado pelo excesso de poluição, encolhem os ombros, afirmando que isso é coisa para muito tempo no futuro. Por que fazer algo agora, certo? Para que proteger o uso e a qualidade da água, proteger o ambiente e as áreas litorâneas de baixo relevo, ou usar fontes de energia alternativas ou mais limpas? Para que essa pressa toda em mudar nosso estilo de vida?
Existem algumas cidades que estão tomando providências, e uma exemplar é Miami, nos EUA, cuja orla vem, já, sofrendo com o aumento do nível do mar. Obras estão elevando as ruas e avenidas, muralhas protetoras estão sendo construídas em áreas críticas, bombas e sistemas de drenagem estão sendo instalados. Por que em Miami? Porque na cidade já ocorreram diversos incidentes ligados a furacões e tempestades que são consequência do aquecimento global.
Quanto mais se espera, maiores serão os custos e maior será o número de mortos e feridos. O que Miami está fazendo deveria ser imitado por todas as cidades costeiras ameaçadas. O Rio de Janeiro é uma delas, e também Salvador, Recife, Fortaleza, Porto Alegre, etc.
O aquecimento global é obviamente muito diferente das invasões nazistas durante a Segunda Guerra, mas a ameaça de uma grande catástrofe social é real. O problema, ao contrário de um inimigo bem definido durante uma guerra, é que, no aquecimento global, somos nossos próprios inimigos, e cada um de nós tem um papel na crise. A poluição global não enxerga fronteiras entre países ou diferenças culturais. A atmosfera, os oceanos, os rios, todos nós dividimos a culpa e arcamos com as consequências, mesmo que, obviamente, alguns tenham muito mais culpa do que outros.
O ponto é que o indivíduo raramente pensa no efeito cumulativo da ação de muitas pessoas: se eu jogo esse saco plástico no mar, é só um, não muda nada. E quando milhões de pessoas pensam do mesmo jeito e jogam sacos de plástico no mar? Veja o exemplo do Chile, proibindo sacos de plástico no país inteiro!
Se milhões devem escapar das regiões costeiras, para onde irão? E se 4 milhões de cariocas invadirem São Paulo? Quais seriam as perdas econômicas e ambientais? Quanto maior o envolvimento da mídia, mais cientistas participarão da iniciativa de educar a população sobre os riscos sociais do aquecimento global. E, com isso, espero, a pressão para uma mudança geral de perspectiva aumentará.
A questão é quanta pressão, quanta evidência, será necessária para promover uma mudança global da forma que precisamos sabendo que, para muitos, essas mudanças serão incômodas?
GLEISER, Marcelo. Folha de S.Paulo, São Paulo, 7 out. 2018. Disponível em:. Acesso em 7: out. 2018. [Fragmento].
Figuras de linguagem, conforme define o gramático Domingos Cegalla, “são recursos especiais de que se vale quem fala e escreve para comunicar à expressão mais força e colorido, intensidade e beleza”.
Uma das figuras de linguagem empregadas no texto “Medo do futuro” é a personificação.
Essa figura de linguagem não está presente no seguinte fragmento desse texto:
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2589Q202175 | Português, Interpretação de Textos, Escriturário, Banco do Brasil, CESPE CEBRASPE

Texto associado.

O mundo caminha perigosamente em direção ao
protecionismo, alertou o diretor-geral da Organização Mundial
do Comércio (OMC), Pascal Lamy. Se for mantida, essa
tendência sufocará o comércio global e tornará mais difícil a
saída da crise.

Em um relatório enviado aos membros da OMC, Lamy
diz que, desde a última avaliação, há três meses, o livre
comércio sofreu um deslize significativo. Ele ressaltou ainda a
importância de um acordo na Rodada Doha, que serviria como
seguro contra o protecionismo.

O pacote de acesso aos mercados de bens agrícolas e
industriais que está sobre a mesa é equivalente a um novo plano
de estímulo para consumidores, de quase US$ 150 bilhões,
disse Lamy.

OMC vê onda protecionista. In: Folha
de S.Paulo, 27/3/2009 (com adaptações).

Considerando o texto acima como referência inicial, julgue os
itens a seguir.

A OMC, que dispõe de até US$ 150 bilhões para fazer empréstimos aos países importadores de produtos agrícolas e industriais, é um órgão financeiro vinculado à ONU.

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2590Q39376 | Português, Interpretação de Textos, Analista Técnico de Controle Externo, TCE AM, FCC

Texto associado.
Memórias de um avestruz literário

        Modéstia à parte, fui um menino bem esquisitinho. Depois, há quem diga, piorei. Não é verdade. Não daria conta de superar em bizarria - em chatice, vá lá - o frangote que fui na puberdade. O turbilhão de hormônios não explica tudo. Não me lembro de ter conhecido um ser que desfiasse o meu vocabulário de então. Talvez o Antônio Houaiss. Não era por acaso que lá no bairro volta e meia alguém me interpelava:
        - Ei, irmão do Rodrigo, vem falar difícil pra gente!       Não cheguei a topar provocações, mas certa vez deixei de queixo caído um tio que veio xeretar o que havia no meu prato.
      - O que temos aí? 
      - Lipídios, glicídios e protídeos. 
      Foi o que bastou para ganhar do tio Samuel o apelido, infelizmente efêmero, de Zé Lipídio.
     Ouvia entoar a ave galiforme da família dos fasianídeos - ou, se você prefere, ouvia o galo cantar - e tratava logo de utilizar o vocábulo recém-aprendido, sem o cuidado de saber o que estava dizendo. Arranquei gargalhadas de meu pai com um “diabo aquático” em vez de “diabo a quatro”. Escaldado, tratei de me tornar freguês do dicionário, que até então, como os outros garotos, folheava apenas para garimpar palavrões, com especial atenção aos que designassem acidentes geográficos da anatomia humana.
    Ao contrário dos companheiros, porém, mantive o hábito mesmo depois que pudemos encarar ao vivo o que conhecíamos apenas do dicionário. Só que agora os palavrões, digamos, eram outros: na minha insuportável chatice adolescente, o que eu buscava eram palavras estranhas - abstrusas, diria eu na época - que, jogadas na roda como granada verbal, tivessem o poder de silenciar a audiência ignara. Meu amigo Jaime e eu chegamos a inventar umas tantas, nenhuma delas mais impactante que “cripteriótico”, cujo significado, se é que tinha algum, variava conforme a circunstância em que era disparada. Devo ao Laudelino uma coleção de excentricidades vocabulares que tive o bom senso de jamais utilizar. Mas ainda sei o que é almadraque. Não, não vou traduzir. Vá catar no dicionário, seu alóbrogo.

(Humberto Werneck. Esse inferno vai acabar. Porto Alegre: Arquipélago Editorial, 2011, pp. 123/124)
Atente para as seguintes afirmações:

I. No primeiro parágrafo, a afirmação o turbilhão de hormônios não explica tudo leva à dedução de que a entrada na puberdade nada tinha a ver com a obsessão do jovem pelas palavras difíceis.
II. Por vezes, o fato de usar um vocabulário nem sempre bem apreendido custava ao autor, quando jovem, algum constrangimento - razão pela qual se aplicou na consulta a dicionários.
III. Quando adolescente, o autor tirava proveito de seu vasto vocabulário para impressionar os amigos, empregando palavras obscuras toda vez que se referia às partes recônditas da anatomia humana.

Em relação ao texto, está correto APENAS o que se afirma em
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2591Q835052 | Português, Interpretação de Textos, Prefeitura de São José do Cedro SC Assistente Social, AMEOSC, 2021

TEXTO 
O texto abaixo servirá de base para responder a questão.

A LEITURA E SUAS INCRÍVEIS POSSIBILIDADES

(1º§) O hábito da leitura cria infinitas possibilidades, não apenas para o mundo perceptível, como também para o deleite. Já se sabe das múltiplas vantagens que têm os bons leitores, quando selecionam seus bons títulos bibliográficos. Desta forma, é possível conhecer tudo o que se deseja por meio da leitura com seus implícitos, pressupostos e subentendidos, além das analogias que ela propicia.

(2º§) Não se deve esquecer de que muitos seres humanos iniciaram uma nova era na sua vida a partir da leitura de um livro. Isto tem enorme valor sempre, servindo de exemplo para muitas pessoas. Todos sabemos disto!

(3º§) Mas, ressalta-se que, no momento da leitura, a palavra se configura e se dispersa, rompe a linearidade, produz resultados indeterminados, imperceptíveis, muitas vezes. Na leitura, a atividade mental de um "EU", como trabalho simbólico é fundamental de pura dialoga, além de polifonia.

Ideias extraídas de: (Bahktin,1981.p. 28); (Henry Thoreau) e (Valéria Thomazini) - (Texto adaptado)
Julgue as enunciações com V(Verdadeiro) ou F(Falso).
(__)Contexto é a relação entre o texto e a situação em que ele ocorre dentro do texto.
(__)Texto é uma manifestação da linguagem, uma mensagem usada para transmitir informação de um autor para um leitor, representando uma tessitura, entendendo-se que tudo que se pode interpretar com sentido completo constitui um texto.
(__)Discurso é toda situação que envolve a comunicação dentro de um determinado contexto e diz respeito a quem fala, para quem se fala e sobre o que se fala, podendo-se identificar três tipos de discurso: direto; indireto e indireto livre.
(__)Polifonia tem como principal propriedade a diversidade de vozes controversas no interior de um texto.
(__)Vícios de linguagem são alterações defeituosas das normas da língua padrão, provocadas por ignorância, descuido ou descaso por parte do falante; como exemplo de vícios de linguagem temos: barbarismo, arcaísmo, neologismo, solecismo, ambiguidade, cacófato, eco e pleonasmo vicioso (do tipo: subir pra cima; descer pra baixo).
Após análise, marque a alternativa que contém a sequência CORRETA dos itens acima:
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2592Q118017 | Português, Interpretação de Textos, Analista de redes e comunicação de dados, DPE RJ, FGV

Texto associado.

                                                         XÓPIS

        Não foram os americanos que inventaram o shopping center. Seus antecedentes diretos são as galerias de comércio de Leeds, na Inglaterra, e as passagens de Paris pelas quais flanava, encantado, o W Benjamin. Ou, se você quiser ir mais longe, os bazares do Oriente. Mas foram os americanos que aperfeiçoaram a ideia de cidades fechadas e controladas, à prova de poluição, pedintes, automóveis, variações climáticas e todos os outros inconvenientes da rua. Cidades só de calçadas, onde nunca chove, neva ou venta, dedicadas exclusivamente às compras e ao lazer - enfim, pequenos (ou enormes) templos de consumo e conforto. Os xópis são civilizações à parte, cuja existência e o sucesso dependem, acima de tudo, de não serem invadidas pelos males da rua.

        Dentro dos xópis você pode lamentar a padronização de lojas e grifes, que são as mesmas em todos, e a sensação de estar num ambiente artificial, longe do mundo real, mas não pode deixar de reconhecer que, se a americanização do planeta teve seu lado bom, foi a criação desses bazares modernos, estes centros de conveniência com que o Primeiro Mundo - ou pelo menos uma ilusão de Primeiro Mundo - se espraia pelo mundo todo. Os xópis não são exclusivos, qualquer um pode entrar num xópi nem que seja só para fugir do calor ou flanar entre as suas vitrines, mas a apreensão causada por essas manifestações de massa nas suas calçadas protegidas, os rolezinhos, soa como privilégio ameaçado. De um jeito ou de outro, a invasão planejada de xópis tem algo de dessacralização. É a rua se infiltrando no falso Primeiro Mundo. A perigosa rua, que vai acabar estragando a ilusão.

        As invasões podem ser passageiras ou podem descambar para violência e saques. Você pode considerar que elas são contra tudo que os templos de consumo representam ou pode vê-las como o ataque de outra civilização à parte, a da irmandade da internet, à civilização dos xópis. No caso seria o choque de duas potências parecidas, na medida em que as duas pertencem a um primeiro mundo de mentira que não tem muito a ver com a nossa realidade. O difícil seria escolher para qual das duas torcer. Eu ficaria com a mentira dos xópis.

                                                                                                          (Veríssimo, O Globo, 26-01-2014.) 

A nativa em que o conectivo destacado tem seu valor semântico corretamente indicado é :

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2593Q682266 | Português, Interpretação de Textos, Analista Judiciário, TRF 4a, FCC, 2019

Texto associado.
Hoje, o Rio Grande do Sul parece ser, artisticamente, uma ilha cercada de silêncio por todos os lados. Mas não foi sempre assim. Por incrível que pareça, a comunicação era muito mais fácil nos anos anteriores à década de 1960 e havia maiores possibilidades de intercâmbio, não só com os outros estados, como também com os países vizinhos, a Argentina e o Uruguai. Tal fato, evidentemente, não é isolado. Que sabemos nós do que está se passando em matéria de arte no Ceará, no Pará? E isso em plena era das comunicações via satélite... Seria o caso de se examinar o fenômeno por outro ângulo: a morte da arte como fator de comunicação. 
(Adaptado de: BITTENCOURT, Francisco. “Arte Brasil Hoje: Rio Grande do Sul” [1970], In: Arte-dinamite. Rio de Janeiro: Tamanduá, 2016, p. 59) 
Considere as afirmações abaixo.
 I. O autor assinala que, paradoxalmente, apesar de se observarem avanços significativos na tecnologia da comunicação, as possibilidades de trocas no meio artístico foram reduzidas.
 II. Depreende-se do texto que alguns estados brasileiros, como o Rio Grande do Sul, possuem maior trânsito artístico com países vizinhos, como Argentina e Uruguai, do que com os da própria nação.
 III. A arte perdeu a função de elemento propulsor da comunicação, embora tenham se ampliado as possibilidades de intercâmbio cultural internacional.
 Está correto o que consta APENAS de 
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2594Q595746 | Português, Interpretação de Textos, Vestibular UERJ, UERJ, UERJ, 2019

Texto associado.
Soneto da hora final
Será assim, amiga: um certo dia
Estando nós a contemplar o poente
3 Sentiremos no rosto, de repente
O beijo leve de uma aragem fria.
Tu me olharás silenciosamente
E eu te olharei também, com nostalgia
6 E partiremos, tontos de poesia
Para a porta de treva aberta em frente.
Ao transpor as fronteiras do Segredo
Eu, calmo, te direi: – Não tenhas medo
9 E tu, tranquila, me dirás: – Sê forte.
E como dois antigos namorados
Noturnamente tristes e enlaçados
12 Nós entraremos nos jardins da morte.
No poema, há diversas referências metafóricas à morte, como exemplifica o seguinte verso:
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2595Q687140 | Português, Interpretação de Textos, Programa de Aprendizagem de Assistente Administrativo, SABESP, FCC, 2019

Texto associado.
Atenção: Leia a crônica a seguir para responder a questão. 
O substituto da vida 

        Quando meu instrumento de trabalho era a máquina de escrever, eu me sentava a ela, punha uma folha de papel no rolo, escrevia o que tinha de escrever, tirava o papel, lia o que escrevera, fazia eventuais emendas e, se fosse o caso, batia o texto a limpo. Relia-o para ver se era aquilo mesmo, fechava a máquina, entregava a matéria e ia à vida. Se trabalhasse num jornal, isso incluiria discutir futebol com o pessoal da editoria de esporte, paquerar a diagramadora do caderno de turismo, ir à esquina comer um pastel. 
        Se estivesse numa das fases de trabalhar em casa, ao terminar de escrever eu fechava a máquina e abria um livro, escutava um disco, dava um pulo rapidinho à praia. Só reabria a máquina no dia seguinte. 
Hoje, diante do computador, termino de produzir um texto, vou à lista de mensagens para saber quem me escreveu, deleto mensagens inúteis, respondo às que precisam de resposta, eu próprio mando mensagens inúteis, entro em jornais e revistas on-line. Quando me dou conta, já é noite lá fora e não saí da frente da tela. 
        Com o smartphone seria pior ainda. Ele substituiu a caneta, o bloco, a agenda, o telefone, a banca de jornais, a máquina fotográfica, o álbum de fotos, a câmera de cinema, o DVD, o correio, a secretária eletrônica, o relógio de pulso, o despertador, o gravador, o rádio, a TV, o CD, a bússola, os mapas, a vida. É por isto que nem chego perto dele – temo que me substitua também. 

?(Adaptado de: CASTRO, Ruy. A arte de querer bem. Rio de Janeiro, Estação Brasil, 2018, p. 67-68)
O autor estabelece uma oposição entre “ir à vida” e
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2596Q238888 | Português, Interpretação de Textos, Sargento, Bombeiro Militar RJ, BIO RIO

Texto associado.

Texto 3

Os incêndios florestais se desenvolvem quando as condições são favorecidas para o seu advento, tais como a estiagem prolongada e aumento significativo da temperatura média das florestas. Alguns fatores são muito favoráveis para o desenvolvimento de um incêndio, não apenas porque o elemento florestal é o principal fator de alimentação das chamas, mas porque a própria vegetação possui álcool como um dos elementos químicos da composição da grama, da relva, servindo portanto de elemento combustível para as chamas tanto quanto a celulose das árvores.
A maior parte dos incêndios florestais de grande dimensão, ocorridos nos EUA, na Austrália, na China, no Brasil, em Portugal, entre outros, sempre teve como um dos fatores a ausência de chuvas no período que antecedeu à tragédia climática.

Segundo o texto, a estiagem e o aumento significativo da temperatura média das florestas NÃO devem ser vistos como:

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2597Q931645 | Português, Interpretação de Textos, Vestibular UFPR, UFPR, FUNPAR UFPR, 2018

Texto associado.
‘Ferrugem’: um ótimo nacional encara o cyberbullying
         
        Um celular perdido, um vídeo viralizado, e Tati, de 16 anos, se vê no meio de um furacão que abalaria qualquer um – e muito mais uma menina a quem ainda falta o equipamento emocional para lidar com uma situação tão drástica de exposição da intimidade e de ostracismo social. Os amigos e amigas vão caindo fora; com os pais, ela não consegue falar. Renet, o garoto com quem ela começava a engatar um flerte quando tudo começou, dá as costas a ela. E Tati, interpretada pela ótima novata Tiffanny Dopke, de fisionomia suave e jeitinho cativante, sucumbe à pressão. 
       ‘Ferrugem’, do diretor Aly Muritiba, é um dos pontos altos de uma safra surpreendentemente boa do cinema nacional nos últimos meses (completada ainda por ‘Aos Teus Olhos’, ‘As Boas Maneiras’, ‘O Animal Cordial’ e ‘Benzinho’). Da agitação e cacofonia dessa primeira parte do filme, Muritiba vai, na segunda metade, para um estilo oposto: com atenção e reflexão, acompanha o sofrimento de Renet (o também muito bom Giovanni de Lorenzi) com as consequências do episódio que afetou Tati. Aqui, duas visões morais muito distintas se opõem: a do pai (Enrique Diaz), que quer poupar Renet, e a da mãe (a calorosa Clarissa Kiste), que quer obrigá-lo a enfrentar os fatos.
       Maduro, lúcido, muito bem escrito e filmado, ‘Ferrugem’ está na comissão de frente dos possíveis indicados do Brasil ao Oscar do ano que vem.
         

           Com base no texto, identifique como verdadeiras (V) ou falsas (F) as seguintes afirmativas: 
 
 ( ) O filme “Ferrugem”, segundo a reportagem apura, concorrerá ao Oscar de melhor filme estrangeiro no ano que vem.
  ( ) O filme “Ferrugem” narra a história de uma menina, Tati, que tem sua intimidade exposta publicamente depois de perder o celular. 
  ( ) O filme apresenta duas linhas narrativas: uma agitada e dissonante, e outra, psicológica e reflexiva. 
  ( ) O filme “Ferrugem” critica a exposição descuidada dos adolescentes em redes sociais.
Assinale a alternativa que apresenta a sequência correta, de cima para baixo.
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2598Q203088 | Português, Interpretação de Textos, Escrivão de Polícia Civil, Polícia Civil SP, VUNESP

Texto associado.

Leia o texto para responder às questões de números 18 a 30.

Sob ordens da chefia


Ah, os chefes! Chefões, chefinhos, mestres, gerentes, diretores, quantos ao longo da vida, não? Muitos passam em brancas nuvens, perdem-se em suas próprias e pequenas histórias. Mas há outros cujas marcas acabam ficando bem nítidas na memória: são aqueles donos de qualidades incomuns. Por exemplo, o meu primeiro chefe, lá no finalzinho dos anos 50: cinco para as oito da noite, e eu começava a ficar aflito, pois o locutor do horário ainda não havia aparecido. A rádio da pequena cidade do interior, que funcionava em três horários, precisava abrir às oito e como fazer? Bem, o fato é que eu era o técnico de som do horário, precisava "passar" a transmissão lá para a câmara, e o locutor não chegava para os textos de abertura, publicidade, chamadas. Meu chefe, de lá, tomou a iniciativa: – Ei rapaz, deixe ligado o microfone, largue isso aí, vá pro estúdio e ponha a rádio no ar. Vamos lá, firme, coragem! – foi a minha primeira experiência: fiz tudo como mandava e ele pôde, assim, transmitir tudo sem problemas. No dia seguinte, muita apreensão logo de manhã, aguardando o homem. Será que tinha alguma crítica? Mas eis que ele chega, simpático e sorridente como sempre, e me abraça. – Muito bem! Você está aprovado. Quer começar amanhã na locução? Alguns meses antes do seu falecimento, reencontrei-o num lançamento de livro: era o mesmo de cinquenta e tantos anos atrás: magrinho, calva luzidia, falante, sempre cheio de planos para o futuro. E o chefe das pestanas brancas, anos depois: estremecíamos quando ele nos chamava para qualquer coisa, fazendo-nos entrar na sua sala imensa, já suando frio e atentos às suas finas e cortantes palavras. Olhar frio, imperturbável, postura ereta, ágil, sempre trajando ternos impecáveis. Suas atitudes? Dinâmicas, surpreendentes. Uma vez, precisando de algumas instruções, perguntei a sua secretária se poderia "entrar". – Não vai dar. – Respondeu-me ela. – Está ocupadíssimo, em reunião. Mas volte aqui um pouco mais tarde. Vamos ver! Voltei uns cinquenta minutos depois, cauteloso, e quase não acreditei no que ouvi: – Sinto muito, o chefe está viajando para a Alemanha. Era bem diferente daquele outro da mesma empresa, descontraído, amigão de todos: não era somente um chefe, era um líder, bem conhecido entre os revendedores. Todos sentíamos prazer em trabalhar com ele, e para ele. Até quando o serviço resultava numa sonora bronca – sempre justificada, é claro. Jeitão simples, de fino humor, tratava tudo com o tempero da sua criatividade nata. "Punha para frente" até quem precisava demitir: intercedia lá fora em seu favor, o que víamos com nossos próprios olhos. Não chamava ninguém do seu pessoal a toda hora, a não ser que o assunto fosse sério mesmo: se tinha algo a tratar no dia a dia, chegava pessoalmente, numa boa, às vezes até sentava numa de nossas mesas para expor o assunto. Aliás, era o único chefe que se lembrava de me dar um abraço e dizer "parabéns" no dia do meu aniversário.

(Gustavo Mazzola, Correio Popular, 04.09.2013, http://zip.net/brl0k3. Adaptado)

A respeito do segundo chefe, o autor conta: "... estremecíamos quando ele nos chamava para qualquer coisa, fazendo- -nos entrar na sua sala imensa, já suando frio e atentos às suas finas e cortantes palavras". Com isso, percebe-se que esse chefe

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2599Q853846 | Português, Interpretação de Textos, Auxiliar de Consultório Dentário, FAUEL, 2020

Considere o texto a seguir, extraído de um dos discursos do orador brasileiro Rui Barbosa, para responder à próxima questão.

“As formas políticas são vãs, sem o homem que as anima. É o vigor individual que faz as nações robustas. Mas o indivíduo não pode ter essa fibra, esse equilíbrio, essa energia, que compõem os fortes, senão pela consciência do seu destino moral, associada ao respeito desse destino nos seus semelhantes. Ora, eu não conheço nada capaz de produzir na criatura humana em geral esse estado interior, senão o influxo religioso. Nem o ateísmo reflexivo dos filósofos, nem o inconsciente ateísmo dos indiferentes são compatíveis com as qualidades de ação, resistência e disciplina essenciais aos povos livres”. 
Na segunda frase do texto selecionado, o seu autor afirma que “é o vigor individual que faz as nações robustas”. Em relação ao termo “robustas”, marque a alternativa que indica um de seus significados possíveis.
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2600Q37750 | Português, Interpretação de Textos, Técnico Judiciário, TRT MT, FCC

Texto associado.
                            O biorregionalismo como alternativa ecológica

      O modelo ainda dominante nas discussões ecológicas privilegia, em escala, o Estado e o mundo; em economia, a exploração predatória da natureza e a competição; em política, a centralização e a hierarquização; na cultura, o quantitativo sobre o qualitativo, a uniformização dos costumes, o consumismo e o individualismo.
      Esse paradigma subjaz, em grande parte, à atual crise da Terra, pois considera esta como um todo uniforme, sem valorizar a singularidade de seus muitos ecossistemas e a diversidade das culturas.
      Hoje está se impondo uma outra vertente, mais amiga da natureza e com possibilidades de nos tirar da crise atual: o “biorregionalismo". A biorregião se circunscreve numa área, normalmente, definida pelos rios e pelo maciço de montanhas. Possui certo tipo de vegetação, geografia do terreno, de fauna e de flora e mostra uma cultura local própria, com seus hábitos e tradições.
      A tarefa básica do biorregionalismo é fazer os habitantes valorizarem o lugar onde vivem. Importa fazê-los conhecer o tipo de solos, de florestas, de animais, as fontes de água, o rumo dos ventos, os climas e microclimas, os ciclos das estações, o que a natureza pode oferecer em termos de paisagens, alimentação, bens e serviços para nós e para toda a comunidade de vida.
      É na biorregião que a sustentabilidade se faz real e não retórica a serviço do marketing; pode se transformar num processo dinâmico, que aproveita racionalmente as capacidades oferecidas pelo ecossistema local, criando mais igualdade e diminuindo em níveis razoáveis a pobreza.
      Mesmo sendo a comunidade local a unidade básica, isso não invalida a importância das unidades sistêmicas maiores (inter-regionais, nacionais e internacionais) que afetam a todos (por exemplo, o aquecimento global). A ideia do “glocal" nos ajuda a articular essas diferentes dimensões. Sempre é necessário informar-se sobre as experiências de outras regiões e sobre como está o estado geral do planeta Terra.
      O biorregionalismo possibilita que as mercadorias circulem no local, evitando as grandes distâncias; favorece o surgimento de cooperativas comunitárias; nele, persiste a economia de mercado, mas composta primariamente, embora não exclusivamente, de empresas familiares.
      O biorregionalismo permite, assim, deixar para trás o objetivo de “viver melhor", de acordo com a ética da acumulação ilimitada, para dar lugar ao “bem viver e conviver", segundo a ética da suficiência, que implica o bem-estar para toda a comunidade. (Adaptado de: BOFF, Leonardo,

Disponível em: www.folhadoestado.com.br/opiniao/id305952/o_bioregionalismo_como_alternativa_ecologica. Acesso em: 07.12.2015)
O modelo ainda dominante nas discussões ecológicas privilegia, em escala, o Estado e o mundo...

Transpondo-se a frase acima para a voz passiva, a forma verbal resultante será:
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