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Questões de Concursos Interpretação de Textos

Resolva questões de Interpretação de Textos comentadas com gabarito, online ou em PDF, revisando rapidamente e fixando o conteúdo de forma prática.


2741Q858468 | Português, Interpretação de Textos, Agente de Combate às Endemias, FACET Concursos, 2020

Leia o texto abaixo e, em seguida, responda à questão pertinente:

Mila
(Carlos Heitor Cony)
    Era pouco mais do que minha mão: por isso eu precisei das duas para segurá-la, 13 anos atrás. E, como eu não tinha muito jeito, encostei-a ao peito para que ela não caísse, simples apoio nessa primeira vez. Gostei desse calor e acredito que ela também. Dias depois, quando abriu os olhinhos, olhou-me fundamente: escolheu-me para dono. Pior: me aceitou.
    Foram 13 anos de chamego e encanto. Dormimos muitas noites juntos, a patinha dela em cima do meu ombro. Tinha medo de vento. O que fazer contra o vento?
   Amá-la - foi a resposta, e acredito que ela entendeu isso. Formamos, ela e eu, uma dupla dinâmica contra as ciladas que se armam. E também contra aqueles que não aceitam os que se amam. Quando meu pai morreu, ela se chegou, solidária, encostou sua cabeça em meus joelhos, não exigiu a minha festa, não queria disputar espaço, ser maior do que a minha tristeza.
    Tendo-a ao meu lado, eu perdi o medo do mundo e do vento. E ela teve uma ninhada de nove filhotes, escolhi uma de suas filhinhas e nossa dupla ficou mais dupla porque passamos a ser três. E passeávamos pela Lagoa, com a idade ela adquiriu “fumos fidalgos”, como o Dom Casmurro, de Machado de Assis. Era uma lady, uma rainha de Sabá numa liteira inundada de sol e transportada por súditos imaginários.
    No sábado, olhando-me nos olhos, com seus olhinhos cor de mel, bonita como nunca, mais que amada de todas, deixou que eu a beijasse chorando. Talvez ela tenha compreendido. Bem maior do que minha mão, bem maior do que o meu peito, levei-a até o fim.
   Eu me considerava um profissional decente. Até semana passada, houvesse o que houvesse, procurava cumprir o dever dentro de minhas limitações. Não foi possível chegar ao gabinete onde, quietinha, deitada a meus pés, esperava que eu acabasse a crônica para ficar com ela.
    Até o último momento, olhou para mim, me acolhendo e me aceitando. Levei-a, em meus braços, apoiada em meu peito. Apertei-a com força, sabendo que ela seria maior do que a saudade.

As Cem Melhores Crônicas Brasileiras / Joaquim Ferreira dos Santos, organização e introdução. Rio de Janeiro: Objetiva, 2007. 356 p. 
Assinale a alternativa CORRETA, de acordo com o texto:
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2742Q683877 | Português, Interpretação de Textos, Procurador Jurídico, Prefeitura de Poá SP, VUNESP, 2019

Texto associado.
Ameaças globais
  A mudança climática continua sendo percebida como a maior ameaça global, diz o Pew Research Center. Realizado no ano passado com mais de 27 mil pessoas em 26 países, o estudo indicou um fortalecimento dessa percepção. Em 2013, 56% viam o aquecimento global como uma grande ameaça. Em 2017, eram 63%. No ano passado, o porcentual foi de 67%. No Brasil, 72% apontaram a mudança climática como uma relevante ameaça global.
  Confirma-se, assim, que o mundo está cada vez mais preocupado com a sustentabilidade do planeta, o que tem muitas consequências sociais, políticas e econômicas. Por exemplo, os governos que se mostrarem alheios ou contrários a essa preocupação estarão contrariando os sentimentos de sua própria população, além de se colocarem na contramão da história. Outro inegável efeito é que, com populações cada vez mais atentas a questões ambientais, ampliar o acesso a novos mercados exige o compromisso de melhorar as práticas ambientais. Ser indiferente ao meio ambiente é um meio de um país se isolar na esfera internacional.
  Além do aquecimento global, o terrorismo foi outra grande preocupação constatada na pesquisa. Em oito países, entre eles, Rússia, França, Indonésia e Nigéria, o Estado Islâmico foi visto como o maior risco global. Também cresceu a preocupação com os ataques cibernéticos. Em quatro países, incluindo Estados Unidos e Japão, o risco cibernético foi a preocupação internacional mais citada.
  No mundo inteiro, cresceu a preocupação com o poder e a influência dos Estados Unidos. Em dez países, metade ou mais das pessoas entrevistadas afirmou que o poder americano é uma grande ameaça ao seu país. Foi a maior mudança de sentimento entre as ameaças globais avaliadas. Na Alemanha, o crescimento foi de 30%; na França, de 29%; no Brasil e no México, de 26%.
  O estudo revelou um dado interessante a respeito da percepção sobre o risco envolvendo a situação da economia global. Embora seja citado em muitos lugares como uma ameaça significativa, tal perigo não é visto em nenhum país como a principal ameaça. O Pew Research Center destacou que isso ocorreu mesmo naqueles países em que as economias nacionais tiveram avaliações especialmente negativas, como a Grécia e o Brasil.
  Tem-se, assim, que a avaliação que a população de um país faz sobre as ameaças globais pode não ser muito objetiva. Às vezes, há perigos que as pessoas não querem ver. Tal fato mostra a importância de os governos atuarem de forma responsável, com base em dados empíricos e estudos consistentes. Nesta situação, ideologias não são um bom parâmetro para a análise de riscos. (O Estado de S. Paulo. 17.02.2019. Adaptado)
Assinale a alternativa que preserva o sentido original do texto e está redigida em conformidade com a norma-padrão da língua portuguesa.
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2743Q693099 | Português, Interpretação de Textos, Analista Judiciário Analista de Sistemas Desenvolvimento, TJ MA, FCC, 2019

    [A harmonia natural em Rousseau]
      A civilização foi vista por Jean-Jacques Rousseau (1713-1784) como responsável pela degeneração das exigências morais mais profundas da natureza humana e sua substituição pela cultura intelectual. A uniformidade artificial de comportamento, imposta pela sociedade às pessoas, leva-as a ignorar os deveres humanos e as necessidades naturais.
      A vida do homem primitivo, ao contrário, seria feliz porque ele sabe viver de acordo com suas necessidades inatas. Ele é amplamente autossuficiente porque constrói sua existência no isolamento das florestas, satisfaz as necessidades de alimentação e sexo sem maiores dificuldades e não é atingido pela angústia diante da doença e da morte. As necessidades impostas pelo sentimento de autopreservação – presente em todos os momentos da vida primitiva e que impele o homem selvagem a ações agressivas – são contrabalançadas pelo inato sentimento que o impede de fazer mal aos outros desnecessariamente.
      Desde suas origens, o homem natural, segundo Rousseau, é dotado de livre arbítrio e sentido de perfeição, mas o desenvolvimento pleno desses sentimentos só ocorre quando estabelecidas as primeiras comunidades locais, baseadas sobretudo no grupo familiar. Nesse período da evolução, o homem vive a idade do ouro, a meio caminho entre a brutalidade das etapas anteriores e a corrupção das sociedades civilizadas.
(Encarte, sem indicação de autoria, a Jean-Jacques Rousseau – Os Pensadores. Capítulo 34. São Paulo: Abril, 1973, p. 473) 
No segundo parágrafo, o homem primitivo é caracterizado de modo a constituir
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2744Q692332 | Português, Interpretação de Textos, Agente de Fomento Externo, AFAP, FCC, 2019

Está redigido com clareza e correção este livre comentário do texto:
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2745Q847728 | Português, Interpretação de Textos, Professor de Língua Portuguesa, CONTEMAX, 2020

TEXTO I
Poética


Estou farto do lirismo comedido Do lirismo bem comportado
Do lirismo funcionário público com livro de ponto expediente protocolo
                                                 [e manifestações de apreço ao sr. diretor
Estou farto do lirismo que para e vai averiguar no dicionário

                        [o cunho vernáculo de um vocábulo

Abaixo os puristas

Todas as palavras sobretudo os barbarismos universais
Todas as construções sobretudo as sintaxes de exceção
Todos os ritmos sobretudo os inumeráveis

Estou farto do lirismo namorador
Político
Raquítico
Sifilítico
De todo lirismo que capitula ao que quer que seja fora de si mesmo.

De resto não é lirismo
Será contabilidade tabela de cossenos
[secretário do amante exemplar com cem modelos de cartas
[e as diferentes maneiras de agradar às mulheres, etc. Quero antes o lirismo dos loucos O lirismo dos bêbados O lirismo difícil e pungente dos bêbados O lirismo dos clowns de Shakespeare

- Não quero mais saber do lirismo que não é libertação.

MANUEL, Bandeira. Estrela da vida inteira. 5ª ed. Livraria José Olympio: Rio de Janeiro, 1974. 

TEXTO II
Nova Poética


Vou lançar a teoria do poeta sórdido.
Poeta sórdido:
Aquele em cuja poesia há a marca suja da vida.
Vai um sujeito.
Sai um sujeito de casa com a roupa de brim branco muito
                [bem engomada, e na primeira esquina
                [passa um caminhão, salpica-lhe o paletó
                 [ou a calça de uma nódoa de lama:

É a vida.

O poema deve ser como a nódoa no brim:
Fazer o leitor satisfeito de si dar o desespero.
Sei que a poesia é também orvalho.
Mas este fica para as menininhas, as estrelas alfas,

[as virgens cem por cento e as amadas
[que envelheceram sem maldade.

MANUEL, Bandeira. Estrela da vida inteira. 5ª ed. Livraria José Olympio: Rio de Janeiro, 1974.
Analise atentamente as proposições abaixo feitas sobre os textos I e II e assinale o item em que há informação correta
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2746Q108411 | Português, Interpretação de Textos, Analista de Controle Interno, TCU, CESPE CEBRASPE

Texto associado.

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Tendo o texto apresentado como referência inicial e considerando
aspectos marcantes da realidade econômica e política mundial
contemporânea, julgue os itens que se seguem.

Surgida no pós-Segunda Guerra Mundial para agir no contexto da guerra fria, a Organização das Nações Unidas (ONU) parece estar, na atualidade, em situação de crise, não sendo raras as oportunidades em que suas sugestões e decisões são desconsideradas, tal como ocorreu na última invasão do Iraque.

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2747Q101245 | Português, Interpretação de Textos, Analista Administrativo, BACEN, FCC

Texto associado.

Atenção: As questões de números 1 a 20 referem-se ao texto apresentado abaixo.

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A afirmação de que As condições para que o capitalismo invente sua versão neoliberal são subjetivas tem sua coerência respaldada no desenvolvimento do texto, já que o autor

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2748Q43908 | Português, Interpretação de Textos, Técnico Judiciário, TRF DF, FCC

Texto associado.
            Os governos sempre se preocuparam com o fluxo e o controle da informação, hoje bastante afetada pelas espetaculares mudanças no campo da tecnologia. A imprensa tipográfica de Gutenberg foi importante para a Reforma Protestante e para as guerras que se seguiram na Europa. Mas, atualmente, um segmento muito maior da população tem acesso ao poder que deriva da informação, seja dentro ou entre países. 
            A atual revolução global tem por alicerce os rápidos avanços tecnológicos que diminuíram enormemente o custo de criar, buscar e transmitir informação. A capacidade de computação duplicou a cada 18 meses nos últimos 20 anos e seu custo é, hoje, um milésimo do que era nos anos 70. Na década de 80, as chamadas telefônicas por fio de cobre transmitiam apenas uma página de informação por segundo; hoje, por meio de cabos de fibra ótica, é possível transmitir 90 mil volumes nesse mesmo tempo. Em 1980, um gigabyte de dados armazenados ocupava uma sala; atualmente, 200 gigabytes cabem no bolso de uma camisa. Mais crucial ainda foi a diminuição do custo da transmissão da informação, que reduz as barreiras ao acesso. À medida que essa capacidade de computação se torna mais barata e os computadores encolhem para o tamanho de smartphones e de outros aparelhos portáteis, os efeitos descentralizadores têm sido imensos. O controle da informação está muito mais distribuído hoje do que há poucas décadas. 
            Como resultado, a política mundial não é mais esfera exclusiva dos governos. Indivíduos e organizações privadas, incluindo o WikiLeaks, empresas multinacionais, ONGs, terroristas ou movimentos sociais espontâneos, têm poder e capacidade para assumir um papel mais direto no cenário global. Com a difusão da informação, as redes informais estão debilitando o monopólio da burocracia tradicional e todos os governos veem-se menos capazes de controlar suas agendas. Hoje, os líderes políticos têm menos liberdade para responder a uma situação de momento e, dessa maneira, precisam se comunicar não apenas com outros governos, mas também com a sociedade civil. 

(Adaptado de: NYE, Joseph. O Estado de S. Paulo, A11, 15 de fevereiro de 2013)
Em 1980, um gigabyte de dados armazenados ocupava uma sala ... 

O verbo que exige complemento tal como o sublinhado acima está em:
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2749Q597143 | Português, Interpretação de Textos, Vestibular UERJ, UERJ, UERJ, 2018

Texto associado.
Violência e psiquiatria
O tipo de violência que aqui considerarei pouco tem a ver com pessoas que utilizam martelos para
golpear a cabeça de outras, nem se aproximará muito do que se supõe façam os doentes mentais.
Se se quer falar de violência em psiquiatria, a violência que brada, que se proclama em tão alta
voz que raramente é ouvida, é a sutil, tortuosa violência perpetrada pelos outros, pelos “sadios”,
contra os rotulados de “loucos”. Na medida em que a psiquiatria representa os interesses ou
pretensos interesses dos sadios, podemos descobrir que, de fato, a violência em psiquiatria é
sobretudo a violência da psiquiatria.
Quem são porém as pessoas sadias? Como se definem a si próprias? As definições de saúde mental
propostas pelos especialistas ou estabelecem a necessidade do conformismo a um conjunto de
normas sociais arbitrariamente pressupostas, ou são tão convenientemente gerais – como, por
exemplo, “a capacidade de tolerar conflitos” – que deixam de fazer sentido. Fica-se com a
lamentável reflexão de que os sadios serão, talvez, todos aqueles que não seriam admitidos na
enfermaria de observação psiquiátrica. Ou seja, eles se definem pela ausência de certa experiência.
Sabe-se, porém, que os nazistas asfixiaram com gás dezenas de milhares de doentes mentais,
assim como dezenas de milhares de outros tiveram seus cérebros mutilados ou danificados
por sucessivas séries de choques elétricos: suas personalidades foram deformadas, de modo
sistemático, pela institucionalização psiquiátrica. Como podem fatos tão concretos emergir na
base de uma ausência, de uma negatividade – a compulsiva não loucura dos sadios? De fato,
toda a área de definição de sanidade mental e loucura é tão confusa, e os que se arriscam
dentro dela são tão aterrorizados pela ideia do que possam encontrar, não só nos “outros”
como também em si mesmos, que se deve considerar seriamente a renúncia ao projeto.
                                                                                                                                   DAVID COOPER
                                  Adaptado de Psiquiatria e antipsiquiatria. São Paulo: Perspectiva, 1967.
Além de se opor ao cientificismo dogmático do século XIX, “O alienista” também põe em xeque
práticas de outros grupos da sociedade da época.
A narração da revolta dos Canjicas e da postura de seu líder, o barbeiro Porfírio, tem como alvo
o grupo dos:
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2750Q690593 | Português, Interpretação de Textos, Tenente Cirurgia Pediátrica, Polícia Militar MG, PM MG, 2019

Leia, atentamente, os textos I e II e, em seguida, responda as questões propostas.

TEXTO I

A regreção da redassão
Carlos Eduardo Novaes
            Semana passada recebi um telefonema de uma senhora que me deixou surpreso. Pedia encarecidamente que ensinasse seu filho a escrever.
            - Mas, minha senhora, - desculpei-me -, eu não sou professor.
            - Eu sei. Por isso mesmo. Os professores não têm conseguido muito.
            - A culpa não é deles. A falha é do ensino.
            - Pode ser, mas gostaria que o senhor ensinasse o menino. O senhor escreve muito bem.
            - Obrigado - agradeci -, mas não acredite muito nisso. Não coloco vírgulas e nunca sei onde botar os acentos. A senhora precisa ver o trabalho que dou ao revisor.
            - Não faz mal – insistiu -, o senhor vem e traz um revisor.
            - Não dá, minha senhora – tornei a me desculpar -, eu não tenho o menor jeito com crianças.
            - E quem falou em crianças? Meu filho tem 17 anos.
            Comentei o fato com um professor, meu amigo, que me respondeu: “Você não deve se assustar, o estudante brasileiro não sabe escrever”. No dia seguinte, ouvi de outro educador: “O estudante brasileiro não sabe escrever”. Depois li no jornal as declarações de um diretor de faculdade: “O estudante brasileiro escreve muito mal”. Impressionado, saí à procura de outros educadores. Todos disseram: “acredite, o estudante brasileiro não sabe escrever”. Passei a observar e notei que já não se escreve mais como antigamente. Ninguém faz mais diário, ninguém escreve em portas de banheiros, em muros, em paredes. Não tenho visto nem aquelas inscrições, geralmente acompanhadas de um coração, feitas em casca de árvore. Bem, é verdade que não tenho visto nem árvore.
            - Quer dizer – disse a um amigo enquanto íamos pela rua – que o estudante brasileiro não sabe escrever? Isto é ótimo para mim. Pelo menos diminui a concorrência e me garante o emprego por mais dez anos.
            - Engano seu – disse ele. – A continuar assim, dentro de cinco anos você terá que mudar de profissão.
            - Por quê? – espantei-me. – Quanto menos gente sabendo escrever, mais chance eu tenho de sobreviver.
            - E você sabe por que essa geração não sabe escrever?
            - Sei lá – dei com os ombros –, vai ver que é porque não pega direito no lápis.
            - Não senhor. Não sabe escrever porque está perdendo o hábito de leitura. E quando perder completamente, você vai escrever para quem?
            Taí um dado novo que eu não havia considerado. Imediatamente pensei quais as utilidades que teria um jornal no futuro: embrulhar carne? Então vou trabalhar em açougue. Serviria para fazer barquinhos, para fazer fogueira nas arquibancadas do Maracanã, para forrar sapato furado ou para quebrar um galho em banheiro de estrada? Imaginei-me com uns textos na mão, correndo pelas ruas para oferecer às pessoas, assim como quem oferece um bilhete de loteria:
            - Por favor amigo, leia – disse, puxando um cidadão pelo paletó.
            - Não, obrigado. Não estou interessado. Nos últimos cinco anos a única coisa que leio é a bula de remédio.
            - E a senhorita não quer ler? - perguntei, acompanhando os passos de uma universitária. – A senhorita vai gostar. É um texto muito curioso.
            - O senhor só tem escrito? Então não quero. Por que o senhor não grava o texto? Fica mais fácil ouvi-lo no meu gravador.
            - E o senhor, não está interessado nuns textos?
            - É sobre o quê? Ensina como ganhar dinheiro?
            - E o senhor, vai? Leva três e paga um.
            - Deixa eu ver o tamanho – pediu ele.
            Assustou-se com o tamanho do texto:
            - O quê? Tudo isso? O senhor está pensando que sou vagabundo? Que tenho tempo para ler tudo isso? Não dá para resumir tudo isso em cinco linhas?
NOVAES, Carlos Eduardo. In: A cadeira do dentista & outras crônicas. São Paulo: Ática, 1999.
Para gostar de ler, vol. 15.

TEXTO II

O fragmento de texto reproduzido a seguir faz parte da crônica “A menina que falava em internetês, escrito por Rosana Hermann. Na crônica, Wanda, uma mãe que gostava de acreditar-se moderna, compra um computador e, navegando, pela internet, inicia uma conversa “on-line” com a filha adolescente. Quase ao final do diálogo, mãe e filha escrevem:
“[...]
            _ Antes de ir para casa eu vou passar no supermercado. O que você quer que compre para... para... para vc? É assim que se diz em internetês.
            _ refri e bisc8
            _ Refrigerante e biscoito? Biscoito? Filha, francamente, que linguagem é essa? Você estuda no melhor colégio, seu pai paga uma mensalidade altíssima, e você escreve assim na internet? Sem vogais, sem acentos, sem completar as palavras, sem usar maiúsculas no início de uma frase, com orações sem nexo e ainda por cima usando números no lugar de sílabas? Isso é inadmissível, Maria Eugênia!
            “_ xau mãe, c ta xata.”
            _ Maria Eugênia! Chata é com ch.
            _
            _ Maria Eugênia?
            _
            _ Desligou. [...]’’
HERMANN, Rosana. Lições de Gramática para que gosta de literatura. São Paulo: Panda Books, 2007.
Em relação ao texto II, é CORRETO afirmar que:
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2751Q203448 | Português, Interpretação de Textos, Escrevente Técnico Judiciário, TJ SP, VUNESP

Texto associado.

WikiLeaks contra o Império


A diplomacia americana levará tempo para se recuperar
da pancada que levou da WikiLeaks. Tudo indica que 250 mil
documentos secretos foram copiados por um jovem soldado em
um CD enquanto fingia ouvir Lady Gaga. Um vexame para um
país que gasta US$ 75 bilhões anuais com sistema de segurança
que agrupa repartições e emprega mais de 1 milhão de pessoas,
das quais 854 mil têm acesso a informações sigilosas.
A WikiLeaks não obteve documentos que circulam nas
camadas mais secretas da máquina, mas produziu aquilo que
o historiador e jornalista Timothy Garton Ash considerou
"sonho dos pesquisadores, pesadelo para os diplomatas". As
mensagens mostram que mesmo coisas conhecidas têm aspectos
escandalosos.
A conexão corrupta e narcotraficante do governo do Afeganistão
já é antiga, mas ninguém imaginaria que o presidente
Karzai chegasse a Washington com um assessor carregando
US$ 52 milhões na bagagem. A falta de modos dos homens da
Casa de Windsor é proverbial, mas o príncipe Edward dizendo
bobagens para estranhos no Quirguistão incomodou a embaixadora
americana.
O trabalho da WikiLeaks teve virtudes. Expôs a dimensão
do perigo representado pelos estoques de urânio enriquecido
nas mãos de governos e governantes instáveis. Se aos 68 anos o
líbio Muammar Gaddafi faz-se escoltar por uma "voluptuosa"
ucraniana, parabéns. O perigo está na quantidade de material
nuclear que ele guarda consigo. Os telegramas relacionados com
o Brasil revelaram a boa qualidade dos relatórios dos diplomatas
americanos. O embaixador Clifford Sobel narrou a inconfidência
do ministro Nelson Jobim a respeito de um tumor na cabeça do
presidente boliviano Evo Morales. Seu papel era comunicar. O
de Jobim era não contar.
A vergonha americana pede que se relembre o trabalho de
10 mil ingleses, entre eles alguns dos maiores matemáticos do
século, que trabalharam em Bletchley Park durante a Segunda
Guerra, quebrando os códigos alemães. O serviço dessa turma
influenciou a ocasião do desembarque na Normandia e permitiu
o êxito dos soviéticos na batalha de Kursk.
Terminada a guerra, Winston Churchill mandou apagar
todos os vestígios da operação, mantendo o episódio sob um
manto de segredo. Ele só foi quebrado, oficialmente, nos anos
70. Com a palavra Catherine Caughey, que tinha 20 anos quando
trabalhou em Bletchley Park: "Minha grande tristeza foi ver
que meu amado marido morreu em 1975 sem saber o que eu fiz
durante a guerra". Alan Turing, um dos matemáticos do parque,
matou-se em 1954. Mesmo condenado pela Justiça por conta de
sua homossexualidade, nunca falou do caso. (Ele comeu uma
maçã envenenada. Conta a lenda que, em sua homenagem, esse
é o símbolo da Apple.)


(Elio Gaspari, WikiLeaks contra o Império. Folha de S.Paulo. Adaptado)

O termo omitido na parte destacada do fragmento - O embaixador Clifford Sobel narrou a inconfidência do ministro Nelson Jobim a respeito de um tumor na cabeça do presidente boliviano Evo Morales. Seu papel era comunicar. O de Jobim era não contar. (4.º parágrafo) - pode ser suprido, sem alteração de sentido, pela palavra
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2752Q595647 | Português, Interpretação de Textos, Vestibular USP, USP, FUVEST, 2017

Texto associado.
    O rumor crescia, condensandose; o zunzum de todos os
dias acentuavase; já se não destacavam vozes dispersas, mas
um só ruído compacto que enchia todo o cortiço. Começavam a
fazer compras na venda; ensarilhavamse* discussões e
rezingas**; ouviamse gargalhadas e pragas; já se não falava,
gritavase. Sentiase naquela fermentação sanguínea, naquela
gula viçosa de plantas rasteiras que mergulham os pés
vigorosos na lama preta e nutriente da vida, o prazer animal de
existir, a triunfante satisfação de respirar sobre a terra.
    Da porta da venda que dava para o cortiço iam e vinham
como formigas; fazendo compras.
    Duas janelas do Miranda abriramse. Apareceu numa a
Isaura, que se dispunha a começar a limpeza da casa.
     Nhá Dunga! gritou ela para baixo, a sacudir um pano
de mesa; se você tem cuscuz de milho hoje, bata na porta,
ouviu?
Aluísio Azevedo, O cortiço.
Constitui marca do registro informal da língua o trecho
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2753Q171739 | Português, Interpretação de Textos, Auxiliar Judiciário Serviços Gerais, TRT 16a REGIÃO, CESPE CEBRASPE

Texto associado.

Água demais faz mal

1 Um estudo feito por pesquisadores da Universidade
de Harvard, nos Estados Unidos da América, deu, na
semana passada, o aval científico
4 que faltava para que médicos e treinadores de todo
o mundo revejam seus conceitos sobre a quantidade
de água a ser ingerida durante as
7 atividades esportivas. Por muito tempo, a recomendação
do Colégio Americano de Medicina Esportiva era que os atletas deveriam tomar o
10 máximo possível de líquidos durante o exercício físico,
para evitar a desidratação. Chegava-se a
sugerir o consumo de até 250 mililitros de água a
13 cada quinze minutos de atividade. Agora, o que se
sabe é que a água em excesso faz mal e pode levar à hiponatremia.
Caracterizada pela falta de sódio no
16 sangue, essa síndrome atinge principalmente mulheres
jovens e pode levar suas vítimas à morte.
A pesquisa de Harvard analisou amostras de sangue
19 de 488 corredores, antes e depois da Maratona de Boston de 2002.
Embora a maioria estivesse bem hidratada, 13% dos atletas beberamtanta água que
22 apresentavam quadro de hiponatremia, com inchaço no estômago, vômito, fadiga extrema e perda de coordenação motora. Esses corredores
25 tomaram, em média, 3 litros de água.

Anna Paula Buchalla. Veja, 20/4/2005, p. 69 (com adaptações). Com referência às idéias e a aspectos gramaticais do texto acima, julgue os seguintes itens.

Os resultados do estudo de Harvard confirmam a recomendação que o Colégio Americano de Medicina Esportiva dava aos atletas.

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2754Q681198 | Português, Interpretação de Textos, Médico Cirurgia Geral, UFF, COSEAC, 2019

Texto associado.
                                       A DISCIPLINA DO AMOR
                                                                     Lygia Fagundes Telles
                    Foi   na   França,   durante    a    Segunda   Grande
             Guerra:   um   jovem tinha um cachorro que todos os
             dias,  pontualmente,  ia  esperá-lo  voltar do trabalho.
             Postava-se  na  esquina,  um  pouco antes das seis da
5           tarde.  Assim   que  via  o  dono,  ia  correndo  ao  seu
             encontro e na maior alegria acompanhava-o com seu
             passinho   saltitante  de  volta  à  casa. A vila inteira já
             conhecia   o   cachorro  e  as  pessoas  que  passavam
             faziam-lhe   festinhas   e   ele   correspondia,  chegava
10         até   a   correr   todo animado atrás dos mais íntimos.
             Para   logo   voltar   atento   ao   seu   posto  e ali ficar
             sentado  até  o momento em que seu dono apontava
             lá longe.
                    Mas   eu   avisei   que  o  tempo  era  de  guerra, o
15         jovem   foi   convocado. Pensa que o cachorro deixou
             de   esperá-lo?  Continuou   a   ir   diariamente   até   a
             esquina,  fixo  o  olhar  naquele  único ponto, a orelha
             em  pé,  atenta ao menor ruído que pudesse indicar a
             presença      do     dono     bem - amado.    Assim   que
20         anoitecia,   ele   voltava  para  casa  e  levava  sua vida
             normal  de cachorro, até chegar o dia seguinte. Então,
             disciplinadamente,  como se tivesse um relógio preso
             à pata,  voltava  ao  posto de espera. O jovem morreu
             num          bombardeio,        mas         no         pequeno
25         coração   do   cachorro,  não   morreu    a   esperança.
             Quiseram prendê-lo, distraí-lo. Tudo em vão. Quando
              ia    chegando   aquela   hora,  ele   disparava  para  o
              compromisso    assumido,   todos  os  dias.
                    Todos    os    dias,    com   o   passar   dos   anos (a
30         memória    dos    homens!),   as    pessoas   foram   se
              esquecendo    do    jovem   soldado   que  não voltou.
              Casou-se    a   noiva   com   um  primo.  Os familiares
              voltaram-se   para outros familiares. Os amigos para
              outros    amigos.   Só  o  cachorro  já  velhíssimo  (era
35          jovem quando o jovem partiu) continuou a esperá-lo
              na sua esquina.
                     As    pessoas   estranhavam,    mas    quem   esse
              cachorro   está  esperando?  Uma tarde (era inverno),
              ele   lá   ficou,  o focinho voltado para aquela direção.
        TELLES, Lygia Fagundes. A disciplina do amor. Disponível em:
< http://claricemenezes.com.br/2018/02/05/a-disciplina-doamor/>.
Acesso em jan. 2019.
A passagem “Uma tarde (era inverno), ele lá ficou, o focinho voltado para aquela direção.” (linhas 38-39) revela que o cachorro
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2755Q103921 | Português, Interpretação de Textos, Analista Redes, SERPRO, CESPE CEBRASPE

Texto associado.

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Tomando por base o texto acima, julgue os itens de 9 a 15.

A inserção da preposição a no complemento de "Sucedendo" (L.12), escrevendo-se ao movimento, preserva a coerência da argumentação e atende às regras da norma culta da língua portuguesa.

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2756Q27638 | Português, Interpretação de Textos, Secretário Executivo, Câmara de Guairaçá PR, FAFIPA

Texto associado.
Manifestações no Brasil: quais as razões?

     O início das manifestações populares no Brasil, desde o meio de junho, deixou perplexas as autoridades da União, estados e municípios. De um protesto contra o aumento da passagem dos ônibus, a população incorporou temas pouco discutidos. Em que cenário surgiram os questionamentos por parte da população? São vários, mas alguns desses assuntos refletem diretamente na vida das pessoas.
     O cenário econômico internacional revela que nossos problemas internos não são causados por fatores vindos de fora; o cenário interno revela aumento da inflação, baixo crescimento da economia sem perspectivas de melhora no curto e médio prazo, perda de poder aquisitivo face a reajustes automáticos de serviços públicos privatizados (pedágio, transporte coletivo, telecomunicações, energia) e serviços prestados ao povo sem o padrão Fifa; para a Copa de 2014, houve gastos questionáveis para construir estádios particulares sem a transparência adequada e necessária. A Fifa, uma entidade privada internacional, impõe (e o governo aceita) exigências que ignoram nossa soberania.
     Além disso, há uma sensação de que os condenados pelo mensalão não irão ficar atrás das grades. Aumenta a corrupção porque a impunidade assegura meios de os políticos corruptos escaparem da prisão. A PEC 37, já derrubada, defendia que o Ministério Público não tivesse mais o poder investigativo (contra corrupção, desvio de recursos, obras superfaturadas etc.), e pergunta-se: quem se beneficiaria com a exclusão do MP das investigações?
     Há um silêncio sepulcral por parte dos governantes (nas três esferas) quando a população questiona algum gasto público não esclarecido quanto ao seu objetivo ou necessidade. Nenhuma discussão sobre a adoção de medidas econômicas que podem afetar a política fiscal, em que mais gastos são autorizados sem contrapartida de receita. Não se propõe uma reforma tributária com menos impostos, gastos com maior retorno econômico e social, com um substancial corte de despesas da União, estados e municípios.
     No dia 21, a presidente da República falou para a nação em cadeia nacional de rádio e televisão, buscando dar respostas aos anseios da população. Atitude louvável, mas o que o povo questiona já não deveria ser de conhecimento de todas as autoridades? A presidente pode dar as respostas junto com os demais poderes. Que cada poder assuma suas atribuições de fato, cortando os próprios privilégios. Hoje, o político cassado volta para sua casa legislativa, o condenado pelo Supremo não está na cadeia e à população cabe somente a tarefa de pagar impostos.
     O Brasil precisa mudar, e muito. E que comece pelo poder político, que é a reforma mais urgente de que a nação precisa. A reforma política de verdade deve contemplar fidelidade partidária, voto distrital, mandato do partido e não do político, fim da reeleição para todos os níveis, vereador como trabalho voluntário e não remunerado, cargos comissionados representando no máximo 2% do total de servidores, e fim do aparelhamento do Estado com indicações políticas. O que é necessário para mudar o país de agora e do futuro não são medidas pontuais para baixar o preço da passagem, mas medidas profundas, estruturais, de curto, médio e longo prazo.

Moisés Farah Jr., economista, é professor do mestrado profissional de Planejamento e Governança Pública da

Cargo: SECRETÁRIO EXECUTIVO
UTFPR. Disponível
em:
http://www.gazetadopovo.com.br/opiniao
Releia: "Há um silêncio sepulcral por parte dos governantes (nas três esferas) quando a população questiona algum gasto público não esclarecido quanto ao seu objetivo ou necessidade" (4º parágrafo).

A expressão "silêncio sepulcral", neste contexto, significa:
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2757Q26103 | Português, Interpretação de Textos, Arquivologista, CNMP, FCC

Texto associado.
Falsificações na internet

    Quem frequenta páginas da internet, sobretudo nas redes sociais, volta e meia se depara com textos atribuídos a grandes escritores. Qualquer leitor dos mestres da literatura logo perceberá a fraude: a citação está longe de honrar a alegada autoria. Drummond, Clarice Lispector, Guimarães Rosa e Fernando Pessoa, por exemplo, jamais escreveriam banalidades recheadas de lugares comuns, em linguagem capenga e estilo indefinido. Mas fica a pergunta: o que motiva essas falsificações grosseiras de artistas da palavra e da imaginação?

    São muitas as justificativas prováveis. Atrás de todas está a vaidade simplória de quem gostaria de ser tomado por um grande escritor e usa o nome deste para promover um texto tolo, ingênuo, piegas, carregado de chavões. Os leitores incautos mordem a isca e parabenizam o fraudulento, expandindo a falsificação e o mau gosto. Mas há também o ressentimento malicioso de quem conhece seus bem estreitos limites literários e, não se conformando com eles, dispõe-se a iludir o público com a assinatura falsa, esperando ser confundido com o grande escritor. Como há de fato quem confunda a gritante aberração com a alta criação, o falsário dá-se por recompensado enquanto recebe os parabéns de quem o “curtiu".

    Tais casos são lamentáveis por todas as razões, e constituem transgressões éticas, morais, estéticas e legais. Mas fiquemos apenas com a grave questão da identidade própria que foi rejeitada em nome de outra, inteiramente postiça. Enganar-se a si mesmo, quando não se trata de uma psicopatia grave, é uma forma dolorosa de trair a consciência de si. Os grandes atores, apoiando-se no talento que lhes é próprio, enobrecem esse desejo tão humano de desdobramento da personalidade e o legitimam artisticamente no palco ou nas telas; os escritores criam personagens com luz própria, que se tornam por vezes mais famosos que seus criadores (caso de Cervantes e seu Dom Quixote, por exemplo); mas os falsários da internet, ao não assinarem seu texto medíocre, querem que o tomemos como um grande momento de Shakespeare. Provavelmente jamais leram Shakespeare ou qualquer outro gênio citado: conhecem apenas a fama do nome, e a usam como moeda corrente no mercado virtual da fama.

    Tais fraudes devem deixar um gosto amargo em quem as pratica, sobretudo quando ganham o ingênuo acolhimento de quem, enganado, as aplaude. É próprio dos vícios misturar prazer e corrosão em quem os sustenta. Disfarçar a mediocridade pessoal envergando a máscara de um autêntico criador só pode aprofundar a rejeição da identidade própria. É um passo certo para alargar os ressentimentos e a infelicidade de quem não se aceita e não se estima.

(Terêncio Cristobal, inédito)
Por apresentar falha estrutural de construção, deve-se reelaborar a redação da seguinte frase:
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2758Q36600 | Português, Interpretação de Textos, Bombeiro Militar, Bombeiro Militar PE, IPAD

Texto associado.
TEXTO 1 -  QUESTÕES 1, 2 e 3

Três idades

A primeira vez que te vi,
Eu era menino e tu menina.
Sorrias tanto... Havia em ti
Graça de instinto, airosa e fina.
Eras pequena, eras franzina...
(...)
Quando te vi segunda vez,
Já eras moça, e com que encanto
A adolescência em ti se fez!
Flor e botão... Sorrias tanto...
E o teu sorriso foi meu pranto...
(...)
Vejo-te agora. Oito anos faz,
Oito anos faz que não te via...
Quanta mudança o tempo traz
Em sua atroz monotonia!
Que é do teu riso de alegria?

Foi bem cruel o teu desgosto.
Essa tristeza é que mo diz...
Ele marcou sobre o teu rosto
A imperecível cicatriz:
És triste até quando sorris...

BANDEIRA, Manuel. Estrela da vida inteira. 20ª ed. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1993. pp. 62-63.


TEXTO 2 - QUESTÕES 4, 5, 6 e 7

Um jogo de palavras

    Nunca a língua portuguesa esteve tão representada numa Copa do Mundo quanto nesta 18ª edição, na Alemanha. As presenças de Brasil, Angola e Portugal mobilizaram boa parte dos 205 milhões de falantes desses países.
    No Brasil, a influência do futebol é sentida na linguagem. Não só porque nosso vocabulário ficou elástico com as expressões do esporte que incorporamos no dia-a-dia. Nem pela movimentação inversa, com termos que tomam outro significado devido ao uso boleiro. O futebol está no léxico, mas também em nossa retórica, no espírito que sustenta a cultura, na música, na literatura, no cinema, enfim, na abordagem que fazemos do mundo.
    A relação criativa com as palavras é um dos diferenciais do nosso futebol. A começar pela idéia de que, quando o assunto é de fato importante para o brasileiro, como é a bola, nenhum estrangeirismo nos domina ̛ nós o dominamos. (...) Parte do inventário sociológico e cultural do país, o futebol imprime várias marcas na vida brasileira. A da linguagem não é menos notável.

Revista Língua Portuguesa Especial, Carta ao Leitor, abril 2006.
Em apenas um item abaixo, a alteração da frase implicará fusão do artigo “a” com preposição “a”, portanto crase obrigatória. Identifique-o.
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2759Q858885 | Português, Interpretação de Textos, Técnico em Segurança no Trabalho, FURB, 2020

A questão se refere ao texto a seguir:

Os jardins do Palácio Cruz e Sousa, sede do Museu Histórico de Santa Catarina, receberão em breve uma muda da Rosa de Anita, uma flor híbrida criada na Itália em homenagem ___ catarinense Anita Garibaldi. O plantio será realizado na próxima segunda-feira, 17, ___ 17h, e contará com ___ presença de Annita Garibaldi, bisneta de Anita e Giuseppe Garibaldi.
Ela estará em Santa Catarina a partir do dia 13 de fevereiro, quando participará também do plantio de rosas nos municípios de Anita Garibaldi, Lages, Curitibanos e Garopaba.
A ação integra o calendário comemorativo dos 200 anos de nascimento de Anita Garibaldi, que se estenderá até 2021. No ano passado, foi criada em Santa Catarina a Comissão Estadual Comemorativa ao Bicentenário de Anita Garibaldi, para promover e difundir a história da heroína catarinense.
Disponível em: https://www.sc.gov.br/noticias/temas/cultura/ rosa-de-anita-sera-plantada-nos-jardins-do-palacio-cruz-e-sousa. Acesso em: 10/fev/2020. [adaptado]
Analise os períodos do texto:
I- ... quando participará também do plantio de rosas nos municípios de Anita Garibaldi, Lages, Curitibanos e Garopaba. II- ... para promover e difundir a história da heroína catarinense.
As palavras em destaque nos períodos indicam, correta e respectivamente, uma relação semântica de:
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2760Q700936 | Português, Interpretação de Textos, Analista Judiciário Área Judiciária, TRF 3a, FCC, 2019

Texto associado.
 [Gravado na pele]
    Dizem que a tatuagem data do paleolítico, quando era usada por povos nativos da Ásia. Além da beleza das formas e cores, há algo de simbólico nessas inscrições corporais. Os índios pintam o corpo em cerimônias, festas e rituais de guerra. Os marinheiros, cujas pátrias são os portos e os oceanos, ostentam em sua pele símbolos que evocam a breve permanência em terra firme e a longa travessia marítima: âncoras, ilhas, mapas, peixes, pássaros, bússolas. 
    Antes de ser uma febre no Brasil, a tatuagem inspirou uma música de Chico Buarque e Ruy Guerra. Quero ficar no teu corpo feito tatuagem, diz a letra dessa belíssima canção. 
    Para um observador parado à beira-mar, um observador que teme o sol forte e protege a cabeça com um chapéu, cada tatuagem é uma descoberta, uma viagem do olhar. Jovens e velhos exibem tatuagens; uso o verbo exibir porque talvez haja uma ponta de exibicionismo nessa arte antiga de fazer da pele uma pintura para toda a vida. 
    Numa única manhã ensolarada, sob meu chapéu, vi tatuagens de vários tipos e tamanhos, li nomes próprios, adjetivos, bilhetes, e até mesmo uma mensagem cifrada, cuja revelação será sempre adiada: Amanhã saberás o segredo... 
(Adaptado de: HATOUM, Milton. Um solitário à espreita. São Paulo: Companhia das Letras, 2013, p. 122)
Ao desenvolver suas impressões sobre a tatuagem, o autor acredita que ela,
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