Questões de Concursos Orações subordinadas adverbiais Causal

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21Q987528 | Português, Orações subordinadas adverbiais Causal, Auxiliar em Farmácia, CISDESTE MG, IBADE, 2024

Considere as orações subordinadas adverbiais abaixo:

1 - Já que Maria foi embora, vou também; 2 - Malgrado ela admitisse o erro, não o reparou; e 3 - Assim que ele resolveu estudar, sua nota melhorou.

Assinale a alternativa que indica a relação correta entre as orações de cada item:
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22Q1000329 | Português, Orações subordinadas adverbiais Causal, Carteiro, CORREIOS, IBFC, 2024

Texto associado.
Amor com cabeça de oito

Seu Manéu era o carroceiro da nossa rua e também o único carroceiro que eu conhecia. Quando eu tinha oito, não entendia que quando um pai de família é carroceiro isso quer dizer que ele não tem muita escolha de sustento. Na minha cabeça de oito, ser carroceiro era algo incrível, uma profissão de controle, um ser dono de uma carruagem própria, mas é claro que eu também não pensava na malvadeza que era pro coitado do jumento, que puxava no espinhaço um monte de tijolo, de mudança, de terra, de qualquer coisa empilhada que obrigassem o jumento a puxar.

Feito um pai de família sem opção de sustento, o jumento era condenado a sustentar um peso que não era seu. Mas eu, com minha cabeça de oito, achava a carroça maravilhosa, rangendo rua acima e rua abaixo, contando histórias de onde vinha. [...]

(ARRAES, Jarid.Redemoinho em dia quente.1ª ed. Rio de Janeiro: Alfaguara, 2019)
A oração “Quando eu tinha oito,” (1º§) é seguida por uma vírgula. Esse sinal de pontuação tem o emprego justificado por ______. Assinale a alternativa que preencha corretamente a lacuna.
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23Q882341 | Português, Orações subordinadas adverbiais Causal, Fiscal, CRMVPB, IBADE, 2024

Assinale a alternativa que indica a relação existente entre as orações subordinadas adverbiais “Ela prestou socorro, conforme manda a lei”.
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25Q989379 | Português, Orações subordinadas adverbiais Causal, Pregoeiros Agente de Contratação, Prefeitura de São Felipe DOeste RO, IBADE, 2024

Texto associado.
Você amou de verdade?


Lógico que não falo aqui do amor que circula pelas redes, volátil e preguiçoso, dançando uma coreografia pobre ao ritmo dos cliques e algoritmos. A questão é mais profunda.
Renato de Faria | 18/03/2024

De todas as questões humanas, essa é aquela nos pega, sem avisar, em um domingo qualquer, em uma segunda sem razão ou naquela quarta insossa. Repare que o ponto central não é, como parece, a capacidade filosófica de encontrar a verdade, mas a disposição para a nobreza de amar.

Sei que a filosofia, a sociologia e a ciência política tentam separar as coisas de uma forma conceitual: esquerda e direita, materialistas e espiritualistas, proletariado e burguesia. Porém, acredito que, no fim das contas, a separação mais fundamental é entre aqueles que amam e os outros que dispensaram o sopro divino do amor.

Cansamos da política, das análises científicas, das pesquisas acadêmicas. Mas nunca ouvi ninguém revestido da empáfia de “se cansar de amar”. Isso se dá pelo efeito renovador que esse sentimento é capaz de gerar nos sujeitos que decidem carregá-lo. O amor é aquele sentimento fundamental que nos autoriza a viver a vida com certa elegância existencial. Aqueles que amam são percebidos à distância, como ilhas de sabedoria diante do caos.

Do lado daqueles e daquelas capazes de amar, o mundo se abre diante de um convite à renovação diária, como salienta Hannah Arendt em sua tese sobre Santo Agostinho. Ao contrário de seu mestre, Heidegger, para quem o homem é um “ser-para-a-morte”, tendo a finitude diante de si, a filósofa destaca que somos destinados a “nascer”, o “amor mundi”, pois cada vida que surge traz consigo a possibilidade de uma mudança substancial na escrita da história.

Lógico que não falo aqui do amor que circula pelas redes, volátil e preguiçoso, dançando uma coreografia pobre ao ritmo dos cliques e algoritmos. A questão é mais profunda, pois se trata de uma busca que contorna a vida inteira, no fluxo incerto de uma realidade que está sempre disposta a nos mostrar a desvantagem na qual se encontram aqueles que decidem amar.

Como nos lembra o próprio Agostinho, retomando João, o Apóstolo, não podemos pensar no amor como o fim da existência, pois ele é, ao contrário, o princípio de tudo: “Se calares, calarás com amor; se gritares, gritarás com amor; se corrigires, corrigirás com amor; se perdoares, perdoarás com amor. Se tiveres o amor enraizado em ti, nenhuma coisa senão o amor serão os teus frutos”.

Acredito que, quando a aventura terrena terminar, se alguma divindade estiver realmente nos esperando do lado de lá, talvez a única pergunta relevante seja - você amou de verdade? E ela não se importará em qual templo você fez isso, a partir de qual ideologia ou para quem você direcionou essa força criadora, pois o amor nada mais é que a transgressão divina diante de um mundo caduco, acelerado e perdido.

No fim das contas, o importante mesmo será o fato de ter experimentado, em vida, o único sentimento reservado aos deuses, que sabiamente conseguimos roubar do Olimpo. Só assim seremos capazes de entender a linguagem da eternidade.


Fonte: FARIA, Renato de. Você amou de verdade? Estado de Minas, 18 de março de 2024. Disponível em: https://www.em.com.br/colunistas/filosofiaexplicadinha/2024/03/6820298-voce-amou-de-verdade.html. Acesso em: 10 abr. 2024. Adaptado.
No trecho “Do lado daqueles e daquelas capazes de amar, o mundo se abre diante de um convite à renovação diária, como salienta Hannah Arendt em sua tese sobre Santo Agostinho.” (4º parágrafo), a palavra sublinhada confere ao enunciado um sentido de:
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26Q1000915 | Português, Orações subordinadas adverbiais Causal, Grupo Técnico em Segurança do Trabalho, EBSERH, FGV, 2024

Texto associado.

Atenção: use o texto a seguir para responder a questão.


Texto 2


Economizar água


Apesar de parecer muita, devido ao aumento excessivo da população mundial e à poluição que o homem produz, diariamente, a água potável do mundo está cada vez mais escassa. E a falta de água para consumo, principalmente em regiões mais pobres, populosas e áridas do mundo, já é uma realidade preocupante. Segundo a Organização das Nações Unidas (ONU), o Brasil é um país de sorte e vai contra essa tendência mundial.

E a falta de água para consumo, principalmente em regiões mais pobres, populosas e áridas do mundo, já é uma realidade preocupante. Segundo a Organização das Nações Unidas (ONU), o Brasil é um país de sorte e vai contra essa tendência mundial.
Acima estão sublinhados cinco conectivos do texto.
Assinale aquele conectivo que tem seu valor semântico corretamente indicado.
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27Q916447 | Português, Orações subordinadas adverbiais Causal, Auxiliar de Serviços Gerais, Prefeitura de Padre Bernardo GO, IV UFG, 2024

Texto associado.

A um ausente


Tenho razão de sentir saudade,

tenho razão de te acusar.

Houve um pacto implícito que rompeste

e sem te despedires foste embora.

Detonaste o pacto.

Detonaste a vida geral, a comum aquiescência

de viver e explorar os rumos de obscuridade

sem prazo sem consulta sem provocação

até o limite das folhas caídas na hora de cair.


Antecipaste a hora.

Teu ponteiro enlouqueceu, enlouquecendo nossas horas.

Que poderias ter feito de mais grave

do que o ato sem continuação, o ato em si,

o ato que não ousamos nem sabemos ousar,

porque depois dele não há nada?


Tenho razão para sentir saudade de ti,

de nossa convivência em falas camaradas,

simples apertar de mãos, nem isso, voz

modulando sílabas conhecidas e banais

que eram sempre certeza e segurança.


Sim, tenho saudades.

Sim, acuso-te porque fizeste

o não previsto nas leis da amizade e da natureza,

nem nos deixaste sequer o direito de indagar

por que o fizeste, por que te foste.


ANDRADE, Carlos Drummond. Farewell. 6ª Ed. Rio de Janeiro: Record, 1998.

A conjunção utilizada para introduzir uma explicação ou justificativa é
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28Q884477 | Português, Orações subordinadas adverbiais Causal, Auxiliar Administrativo, CISDESTE MG, IBADE, 2024

Considere as orações subordinadas adverbiais abaixo:

1 - Como estava quente, retirei o casaco; 2 - Caso você melhore, volte logo para o trabalho; e 3 - Mesmo que ele venha, não resolverá a situação.

Assinale a alternativa que indica a relação correta entre as orações de cada item:
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29Q994049 | Português, Orações subordinadas adverbiais Causal, Agente de Pesquisas, IBGE, SELECON, 2023

Texto associado.

Leia o Texto 2:

Nasa quer ampliar parceria com Brasil no monitoramento da Amazônia


A agência espacial americana (Nasa) quer ampliar a parceria com o Brasil no monitoramento do desmatamento da floresta amazônica e em ações de preservação. O administrador da Nasa, Bill Nelson, se reuniu com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, nesta segunda-feira (24), no Palácio do Planalto, em Brasília, para tratar da cooperação aeroespacial entre Brasil e Estados Unidos.

A embaixadora dos Estados Unidos no Brasil, Elizabeth Frawley Bagley, também presente na reunião, disse que, em breve, Lula deve conversar com o presidente Joe Biden sobre os assuntos tratados no encontro de hoje. A assessoria da Presidência confirmou que o telefonema entre os dois presidentes deve ocorrer, provavelmente, esta semana.

"Os nossos satélites já mandam muitas imagens e informações aos cientistas aqui no Brasil para localizar a destruição da floresta e nós lançaremos, futuramente, três novos satélites que vão aumentar, e muito, a habilidade de poder identificar e impedir o desmatamento", disse Bill Nelson à imprensa após o encontro.

O administrador da Nasa lembrou que, há 37 anos, fez um sobrevoo no espaço e conseguiu observar a destruição da floresta e a sedimentação na foz do Rio Amazonas, resultado do desmatamento.

Em outro exemplo de possível parceria, Nelson explicou que a agência espacial tem instrumentos que podem ajudar a aumentar a produtividade no campo, que identificam a umidade do terreno e do ar e detectam pragas.

Amanhã (25), Bill Nelson visitará as instalações do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) e da Embraer, em São Paulo. A visita do americano ao Brasil será seguida de reuniões de acompanhamento entre os cientistas dos dois países.

A ministra da Ciência, Tecnologia e Inovação, Luciana Santos, explicou que qualquer tipo de parceria no monitoramento das florestas depende do aval das autoridades científicas que acompanham a política aeroespacial brasileira, que podem apontar a real necessidade de utilização desses equipamentos e sistemas e a viabilidade de cruzamento de informações.

Ela lembrou que, em breve, deve entrar em operação um novo radar sintético que possibilitará a captação de imagens através das nuvens e que o Inpe "continua firme e forte fazendo o dever de casa" na qualificação de informações para o combate ao desmatamento na Amazônia. "Mas, a princípio, nós temos total simpatia, tudo que tiver de avanço tecnológico para poder garantir o melhor monitoramento da nossa floresta, nós estamos à disposição", disse.

O interesse do Brasil é que as autoridades americanas observam as potencialidades da indústria brasileira na área espacial. "Nós temos empresas com capacidade de produção para fornecer para a Nasa, também equipamentos na indústria aeroespacial, então é um pouco essa troca que nós queremos estabelecer na visita do presidente da Nasa ao Inpe", explicou a ministra Luciana Santos.


Fonte: https://www.jb.com.br/ciencia-e-tecnologia/2023/07/1045014-nasa-querampliar-parceria-com-brasil-no-monitoramento-da-amazonia.html. Acesso em 06/09/2023

Em “Mas, a princípio, nós temos total simpatia, tudo que tiver de avanço tecnológico para poder garantir o melhor monitoramento da nossa floresta, nós estamos à disposição” (8º período), o conector destacado veicula o sentido de:
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30Q913710 | Português, Orações subordinadas adverbiais Causal, Inspetor Escolar, SEE MG, FGV, 2023

Assinale a frase em que a comparação aparece explicada.
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31Q994530 | Português, Orações subordinadas adverbiais Causal, Professor PEB AI, Prefeitura de Ibatiba ES, IBADE, 2023

Como se classifica sintaticamente a oração grifada no trecho abaixo, tendo em vista sua relação com a oração indicada entre os colchetes?

“E dá-me vontade de dizer-lhe: — A senhora, D. Camila, [amou tanto a mocidade e a beleza], que atrasou o seu relógio, a fim de ver se podia fixar esses dois minutos de cristal.”

MACHADO DE ASSIS, Joaquim Maria. Uma senhora. In: Histórias sem data.
Disponível em: http://machado.mec.gov.br/obra-completalista/itemlist/category/24-conto.
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32Q944871 | Português, Orações subordinadas adverbiais Causal, Vestibular Estadual 2024, UERJ, UERJ, 2023

Texto associado.

A QUESTÃO REFERE-SE AO ROMANCE O MEU AMIGO PINTOR, DE LYGIA BOJUNGA (Rio de Janeiro: Casa Lygia Bojunga, 2015).

De repente, comecei a me sentir todo escuro por dentro. Tão escuro que não dava pra enxergar mais nada dentro de mim. (p. 13)
O trecho em destaque assume, no contexto, valor de:
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33Q1006645 | Português, Orações subordinadas adverbiais Causal, Clínica Médica, EBSERH, IBFC, 2022

Texto associado.
Texto I
A menina que criava peixes na barriga
(fragmento)

A menina lavava a louça no jirau estendido para o fundo da casa de madeira. No quintal havia um lago de águas represadas que no tempo invernoso transbordava, formando um córrego, que por sua vez desaguava no rio.
Barrigudinha, como quase todas as crianças ribeirinhas amazônicas, ela ajudava a mãe depois do almoço e guardava no armário de madeira branca os parcos talheres e vasilhas usados nas refeições familiares.
Quando seus parentes dormiam à tarde, Kelly do Socorro – esse era o nome dela – se dirigia ao pequeno porto da frente da casa para olhar os navios transportadores de minérios, parados ao longo do rio, à espera de carregamento. Ali ela se imaginava viajando num daqueles monstros de ferros que povoavam a paisagem e alimentavam seus sonhos. Acenava, também, para os pescadores passantes em seus barquinhos motorizados movidos à gasolina, pois as velhas montarias a remo agora davam lugar às rabetas. Mas até o barulho delas lhe encantava.
A mãe quebrava o encanto, chamando-a. Era hora de preparar o jantar, antes que os carapanãs que costumavam aparecer subitamente em nuvens ao anoitecer enchessem a casa. O pai chegaria logo com cachos de açaí para serem debulhados e preparados no acompanhamento da refeição do dia seguinte.
Kelly chorava. – Dói muito minha barriga, mãe. Não aguento mais isso todo dia.
A mãe retrucava. – Tu tens que fazer isso, criatura. É da tua natureza. E fazia massagem na barriga, no peito e na boca da menina com azeite de copaíba.
Talvez por causa do amargor desse óleo vegetal ela não resistia e expelia pela boca dezenas de peixes sobre o jirau. A mãe escolhia os maiores, descamava-os com rapidez e os fritava para o jantar. Os restantes eram jogados ainda vivos no pequeno igarapé atrás da casa. Eram de várias espécies e se reproduziam e cresciam rapidamente, formando enormes cardumes, para a satisfação dos pescadores da área. [...]

(Fernando Canto)
A palavra “barrigudinha”, que introduz o segundo parágrafo, refere-se não só a personagem, mas a tantas outras crianças da região. Essa interpretação é possível, no texto, em função do emprego de uma estrutura:
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34Q951432 | Português, Orações subordinadas adverbiais Causal, Vestibular, UNIFESP, VUNESP, 2018

Texto associado.

Leia o trecho inicial do conto “A doida”, de Carlos Drummond de Andrade, para responder à questão.


A doida habitava um chalé no centro do jardim maltratado. E a rua descia para o córrego, onde os meninos costumavam banhar-se. Era só aquele chalezinho, à esquerda, entre o barranco e um chão abandonado; à direita, o muro de um grande quintal. E na rua, tornada maior pelo silêncio, o burro que pastava. Rua cheia de capim, pedras soltas, num declive áspero. Onde estava o fiscal, que não mandava capiná-la?

Os três garotos desceram manhã cedo, para o banho e a pega de passarinho. Só com essa intenção. Mas era bom passar pela casa da doida e provocá-la. As mães diziam o contrário: que era horroroso, poucos pecados seriam maiores. Dos doidos devemos ter piedade, porque eles não gozam dos benefícios com que nós, os sãos, fomos aquinhoa dos. Não explicavam bem quais fossem esses benefícios, ou explicavam demais, e restava a impressão de que eram todos privilégios de gente adulta, como fazer visitas, receber cartas, entrar para irmandades. E isso não comovia ninguém. A loucura parecia antes erro do que miséria. E os três sentiam-se inclinados a lapidar1 a doida, isolada e agreste no seu jardim.

Como era mesmo a cara da doida, poucos poderiam dizê-lo. Não aparecia de frente e de corpo inteiro, como as outras pessoas, conversando na calma. Só o busto, recortado numa das janelas da frente, as mãos magras, ameaçando. Os cabelos, brancos e desgrenhados. E a boca inflamada, soltando xingamentos, pragas, numa voz rouca. Eram palavras da Bíblia misturadas a termos populares, dos quais alguns pareciam escabrosos, e todos fortíssimos na sua cólera.

Sabia-se confusamente que a doida tinha sido moça igual às outras no seu tempo remoto (contava mais de sessenta anos, e loucura e idade, juntas, lhe lavraram o corpo). Corria, com variantes, a história de que fora noiva de um fazendeiro, e o casamento uma festa estrondosa; mas na própria noite de núpcias o homem a repudiara, Deus sabe por que razão. O marido ergueu-se terrível e empurrou-a, no calor do bate-boca; ela rolou escada abaixo, foi quebrando ossos, arrebentando-se. Os dois nunca mais se veriam. Já outros contavam que o pai, não o marido, a expulsara, e esclareciam que certa manhã o velho sentira um amargo diferente no café, ele que tinha dinheiro grosso e estava custando a morrer – mas nos racontos2 antigos abusava-se de veneno. De qualquer modo, as pessoas grandes não contavam a história direito, e os meninos deformavam o conto. Repudiada por todos, ela se fechou naquele chalé do caminho do córrego, e acabou perdendo o juízo. Perdera antes todas as relações. Ninguém tinha ânimo de visitá-la. O padeiro mal jogava o pão na caixa de madeira, à entrada, e eclipsava-se. Diziam que nessa caixa uns primos generosos mandavam pôr, à noite, provisões e roupas, embora oficialmente a ruptura com a família
se mantivesse inalterável. Às vezes uma preta velha arriscava-se a entrar, com seu cachimbo e sua paciência educada no cativeiro, e lá ficava dois ou três meses, cozinhando. Por fim a doida enxotava-a. E, afinal, empregada nenhuma queria servi-la. Ir viver com a doida, pedir a bênção à doida, jantar em casa da doida, passaram a ser, na cidade, expressões de castigo e símbolos de irrisão3.

Vinte anos de uma tal existência, e a legenda está feita. Quarenta, e não há mudá-la. O sentimento de que a doida carregava uma culpa, que sua própria doidice era uma falta grave, uma coisa aberrante, instalou-se no espírito das crianças. E assim, gerações sucessivas de moleques passavam pela porta, fixavam cuidadosamente a vidraça e lascavam uma pedra. A princípio, como justa penalidade. Depois, por prazer. Finalmente, e já havia muito tempo, por hábito. Como a doida respondesse sempre furiosa, criara-se na mente infantil a ideia de um equilíbrio por compensação, que afogava o remorso.

Em vão os pais censuravam tal procedimento. Quando meninos, os pais daqueles três tinham feito o mesmo, com relação à mesma doida, ou a outras. Pessoas sensíveis l amentavam o fato, sugeriam que se desse um jeito para internar a doida. Mas como? O hospício era longe, os parentes não se interessavam. E daí – explicava-se ao forasteiro que porventura estranhasse a situação – toda cidade tem seus doidos; quase que toda família os tem. Quando se tornam ferozes, são trancados no sótão; fora disto, circulam pacificamente pelas ruas, se querem fazê-lo, ou não, se preferem ficar em casa. E doido é quem Deus quis que ficasse doido... Respeitemos sua vontade. Não há remédio para loucura; nunca nenhum doido se curou, que a cidade soubesse; e a cidade sabe bastante, ao passo que livros mentem.

(Contos de aprendiz, 2012.)

1 lapidar: apedrejar.

2 raconto: relato, narrativa.

3 irrisão: zombaria.

• “loucura e idade, juntas, lhe lavraram o corpo” (4° parágrafo)

• “Ninguém tinha ânimo de visitá-la” (4° parágrafo)

•  “a ideia de um equilíbrio por compensação, que afogava o remorso” (5o parágrafo)

Os termos sublinhados foram empregados, respectivamente, em sentido

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35Q950121 | Português, Orações subordinadas adverbiais Causal, Medicina, UNC, ACAFE, 2017

Sobre concordância verbal e concordância nominal, assinale a afirmativa correta.
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36Q216694 | Português, Orações subordinadas adverbiais Causal, Oficial de Produção, LIQUIGAS, CESGRANRIO

A oração que está destacada exprime uma circunstância de tempo em:

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37Q263140 | Português, Orações subordinadas adverbiais Causal, Técnico Legislativo, Câmara dos Deputados, CESPE CEBRASPE

Texto associado.

Julgue os itens subsequentes, relativos ao diálogo entre os personagens Calvin e sua professora, Dona Doroteia, apresentado na tirinha acima.

No segundo quadrinho, a fala de Calvin é introduzida por uma oração condicional, ponto de partida para o raciocínio de Calvin, que pode ser assim esquematizado: Se A, então B.

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38Q238268 | Português, Orações subordinadas adverbiais Causal, Promotor de Justiça, MPE MS, MPE MS

Correlacione as orações subordinadas adverbiais abaixo com suas respectivas classificações:

I - Tantos problemas havia, que ela desistiu do projeto.

II - Quanto mais alto é o cargo, maior é a responsabilidade.

III - Conquanto houvesse barulho, ouvia-se bem a sua voz.

IV - Os portões abriram-se para que todos entrassem. 


V - Quando acabou o debate, houve a votação. 

( ) Concessiva.
( ) Consecutiva.
( ) Final.
( ) Temporal.
( ) Proporcional.

A sequência correta é:
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39Q141749 | Português, Orações subordinadas adverbiais Causal, Analista Judiciário Fisioterapia, TJ PE, FCC

As ideias estão articuladas de modo claro e correto na seguinte frase:

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40Q201851 | Português, Orações subordinadas adverbiais Causal, Especialista Administrativo e Financeiro, ABDI, IBFC

Texto associado.

Despedida
Rubem Braga

E no meio dessa confusão alguém partiu sem se
despedir; foi triste. Se houvesse uma despedida talvez
fosse mais triste, talvez tenha sido melhor assim, uma
separação como às vezes acontece em um baile de
carnaval - uma pessoa se perde da outra, procura-a por
um instante e depois adere a qualquer cordão. É melhor
para os amantes pensar que a última vez que se
encontraram se amaram muito - depois apenas aconteceu
que não se encontraram mais. Eles não se despediram, a
vida é que os despediu, cada um para seu lado - sem
glória nem humilhação.
Creio que será permitido guardar uma leve tristeza, e
também uma lembrança boa; que não será proibido
confessar que às vezes se tem saudades; nem será odioso
dizer que a separação ao mesmo tempo nos traz um
inexplicável sentimento de alívio, e de sossego; e um
indefinível remorso; e um recôndito despeito.
E que houve momentos perfeitos que passaram, mas
não se perderam,porque ficaram em nossa vida; que a
lembrança deles nos faz sentir maior a nossa solidão; mas
que essa solidão ficou menos infeliz: que importa que uma
estrela já esteja morta se ela ainda brilha no fundo de nossa
noite e de nosso confuso sonho?
Talvez não mereçamos imaginar que haverá outros
verões; se eles vierem, nós os receberemos obedientes
como as cigarras e as paineiras - com flores e cantos. O
inverno - te lembras - nos maltratou; não havia flores,
não havia mar, e fomos sacudidos de um lado para outro
como dois bonecos na mão de um titeriteiro inábil.
Ah, talvez valesse a pena dizer que houve um
telefonema que não pôde haver; entretanto, é possível que
não adiantasse nada. Para que explicações? Esqueçamos
as pequenas coisas mortificantes; o silêncio torna tudo
menos penoso; lembremos apenas as coisas douradas e
digamos apenas a pequena palavra: adeus.
A pequena palavra que se alonga como um canto de
cigarra perdido numa tarde de domingo.

Considere o período:

"Se houvesse uma despedida talvez fosse mais triste (...)"

A oração destacada é classificada como:

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