Questões de Concursos Variação Linguística

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31 Q679885 | Português, Variação Linguística, Prova 10, UEMG, UEMG, 2019

O intérprete dos perdedores

(Antônio Gonçalves Filho)

No mundo de João Antônio, os personagens são os marginalizados e andam de um lado para outro, sem rumo. Os diálogos são secos e a narrativa é circular. A exclusão desses marginais é total numa cidade dividida, fragmentada e avessa ao diálogo entre diferentesclasses sociais. Antonio Candido, num texto publicado no Estado por ocasião da morte do escritor João Antônio, ocorrida em outubro de 1996, evoca Lima Barreto para dizer que, assim como o ídolo do autor, João Antônio passou por cima das normas (também gramaticais) para criar um mundo de leis próprias, “transfigurando” a noite paulistana e fazendo da transgressão “um instrumento que nos humaniza”.

(http://goo.gl/BQVYD. Acesso: 14/03/2013. Adaptado.)

Com base na leitura do texto, qual a importância da variação linguística na obra do escritor João Antônio?

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32 Q944077 | Português, Variação Linguística, Português, UECE, UECE CEV, 2020

Texto associado.

O Poeta da Roça


Sou fio das mata, cantô da mão grosa
Trabaio na roça, de inverno e de estio
A minha chupana é tapada de barro
Só fumo cigarro de paia de mio

Sou poeta das brenha, não faço o papé
De argum menestrê, ou errante cantô
Que veve vagando, com sua viola
Cantando, pachola, à percura de amô

Não tenho sabença, pois nunca estudei
Apenas eu seio o meu nome assiná
Meu pai, coitadinho! vivia sem cobre
E o fio do pobre não pode estudá

Meu verso rastero, singelo e sem graça
Não entra na praça, no rico salão
Meu verso só entra no campo da roça e
[dos eito
E às vezes, recordando feliz mocidade
Canto uma sodade que mora em meu peito.
[...]
Eu canto o mendigo de sujo farrapo,
Coberto de trapo e mochila na mão,
Que chora pedindo o socorro dos home,
E tomba de fome, sem casa e sem pão.

E assim, sem cobiça dos cofre luzente,
Eu vivo contente e feliz com a sorte,
Morando no campo, sem vê a cidade,
Cantando as verdade das coisa do Norte.

Adaptada de ASSARÉ, Patativa do.
Cante lá que eu canto cá: Filosofia de um trovador
nordestino. 2. Ed. Petrópolis: Vozes, 1978.
Patativa do Assaré, apesar de ter inúmeros poemas publicados, não escrevia nenhum deles. Com habilidade inacreditável de memorização, o poeta decorava todos seus poemas. Todos os versos que hoje podemos ver são graças ao trabalho de outras pessoas que se empenharam em transcrever os poemas do poeta, seja ouvindo diretamente do poeta, seja através de gravações. Deste modo, sua poesia é fortemente marcada pela oralidade. No texto de Patativa do Assaré, aparecem expressões da fala popular como “Sou fio das mata, cantô da mão grosa” (linha 160), “Trabaio na roça, de inverno e de estio”, (linha 161) “Cantando, pachola, à percura de amô” (linha 167). Considerando este aspecto da poesia de Patativa do Assaré, atente para as seguintes afirmações:
I. Este tipo de linguagem revela, no texto, uma escrita de estilo coloquial marcada pelo uso consciente de palavras próprias da fala. II. As expressões coloquiais utilizadas no texto revelam o lugar de onde veio o poeta e sua história, deixando claro que a poesia que produz é sobre as coisas simples da vida. III. O emprego destes coloquialismos revela a cultura local em que o autor está inserido.
Está correto o que se afirma em
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33 Q938201 | Português, Variação Linguística, Primeiro e Segundo Dia, ENEM, INEP, 2017

Zé Araújo começou a cantar num tom triste, dizendo aos curiosos que começaram a chegar que uma mulher tinha se ajoelhado aos pés da santa cruz e jurado em nome de Jesus um grande amor, mas jurou e não cumpriu, fingiu e me enganou, pra mim você mentiu, pra Deus você pecou, o coração tem razões que a própria razão desconhece, faz promessas e juras, depois esquece.

O caboclo estava triste e inspirado. Depois dessa canção que arrepiou os cabelos da Neusa, emendou com uma valsa mais arretada ainda, cheia de palavras difíceis, mas bonita que só a gota serena. Era a história de uma boneca encantadora vista numa vitrine de cristal sobre o soberbo pedestal. Zé Araújo fechava os olhos e soltava a voz:

Seus cabelos tinham a cor/ Do sol a irradiar/ Fulvos raios de amor./ Seus olhos eram circúnvagos/ Do romantismo azul dos lagos/ Mãos liriais, uns braços divinais,/ Um corpo alvo sem par/ E os pés muito pequenos./ Enfím eu vi nesta boneca/ Uma perfeita Vênus.

CASTRO, N. L. As pelejas de Ojuara: o homem que desafiou o diabo. São Paulo: Arx, 2006 (adaptado).

O comentário do narrador do romance “[...] emendou com uma valsa mais arretada ainda, cheia de palavras difíceis, mas bonita que só a gota serena” relaciona-se ao fato de que essa valsa é representativa de uma variedade linguística

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34 Q675748 | Português, Variação Linguística, primeiro e segundo dia, ENEM, INEP, 2024

Dois países, três cidades, uma só comunidade

Cidades separadas por fronteira seca reúnem paranaenses, catarinenses e argentinos em uma integração. Essa irmandade entre os municípios é perceptível não apenas pela relação geográfica. Nas ruas ou no comércio, é fácil encontrar quem trabalhe em uma cidade e viva na outra. É comum perceber um sotaque quase indefinido, misturando português e espanhol, resultado da convivência entre brasileiros e argentinos. Palavras como camiáu (caminhão) não são encontradas nem no espanhol nem no português vernáculos, apenas no portunhol. Tal situação, de contato linguístico, é muito comum nas fronteiras de países ou até mesmo dentro de um país em que duas línguas coexistem, em regiões próximas a países fronteiriços ou em comunidades bilíngues.

Disponível em: www.gazetadopovo.com.br.

Acesso em: 12 dez. 2023 (adaptado).



De acordo com esse texto, a palavra “camiáu” é um exemplo de fenômeno que revela a



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35 Q871400 | Português, Variação Linguística, Agente de Saúde ACS, Prefeitura de Acreúna GO, Itame, 2024

O texto a seguir é parte da letra da música Qui nem jiló, cuja linguagem está marcada pela seguinte variação linguística:

Se a gente lembra só por lembrar O amor que a gente um dia perdeu Saudade inté que assim é bom Pro cabra se convencer Que é feliz sem saber Pois não sofreu

Porém se a gente vive a sonhar Com alguém que se deseja rever Saudade, entonce, aí é ruim Eu tiro isso por mim Que vivo doido a sofrer.
Compositores: Humberto Teixeira / Luis Gonzaga
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36 Q944070 | Português, Variação Linguística, Português, UECE, UECE CEV, 2020

Texto associado.

TEXTO 1
Pronominais
Dê-me um cigarro
Diz a gramática
Do professor e do aluno
E do mulato sabido
Mas o bom negro e o bom branco
Da Nação Brasileira
Dizem todos os dias
Deixa disso camarada
Me dá um cigarro.

ANDRADE, Oswald. Obras completas.
Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1972.


TEXTO 2
Samba do Arnesto

O Arnesto nos convidô prum samba,
[ele mora no Brás
Nóis fumo e não encontremos ninguém
Nóis vortemo cuma baita duma reiva
Da outra veiz nóis num vai mais
Nóis não semos tatu!
Outro dia encontremo com o Arnesto
Que pidiu descurpa mais nóis não aceitemos
Isso não se faz, Arnesto, nóis não se importa
Mais você devia ter ponhado um recado na
[porta
Anssim: “Ói, turma, num deu prá esperá
A vez que isso num tem importância,
[num faz má
Depois que nóis vai, depois que nóis vorta
Assinado em cruz porque não sei escrever
Arnesto"


BARBOSA, Adoniran, Gravações Elétricas
Continental S/A, 1953.
A variação linguística pode revelar muitas informações acerca de quem a está utilizando. Valendo-se desse fenômeno, o autor do texto 2 apresenta o eu lírico como alguém que não domina a norma culta brasileira, por misturar traços da linguagem caipira com a fala de imigrantes italianos de conhecidos bairros paulistas para figurativizar o personagem. Atente para o que se diz a seguir sobre variação linguística:
I. As línguas têm formas variáveis e há usos de determinada variedade em uma sociedade formada por uma heterogeneidade de falantes advindos de lugares distintos, a exemplo de São Paulo.
II. Os aspectos mais perceptíveis da variação linguística são a pronúncia e o vocabulário, mas pode-se apontar, no texto 2, variações em todos os níveis da língua.
III. O fenômeno da variação é complexo e o princípio de adequação à identidade de quem utiliza, a situação comunicativa e outros fatores podem intervir.
É correto o que se afirma em
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37 Q935999 | Português, Variação Linguística, PPL, ENEM, INEP, 2019

Prezada senhorita, Tenho a honra de comunicar a V. S. que resolvi, de acordo com o que foi conversado com seu ilustre progenitor, o tabelião juramentado Francisco Guedes, estabelecido à Rua da Praia, número 632, dar por encerrados nossos entendimentos de noivado. Como passei a ser o contabilista-chefe dos Armazéns Penalva, conceituada firma desta praça, não me restará, em face dos novos e pesados encargos, tempo útil para os deveres conjugais. Outrossim, participo que vou continuar trabalhando no varejo da mancebia, como vinha fazendo desde que me formei em contabilidade em 17 de maio de 1932, em solenidade presidida pelo Exmo. Sr. Presidente do Estado e outras autoridades civis e militares, bem assim como representantes da Associação dos Varejistas e da Sociedade Cultural e Recreativa José de Alencar. Sem mais, creia-me de V. S. patrício e admirador, Sabugosa de Castro
CARVALHO, J. C. Amor de contabilista. In: Porque Lulu Bergatim não atravessou o Rubicon. Rio de Janeiro: José Olympio, 1971.
A exploração da variação linguística é um elemento que pode provocar situações cômicas. Nesse texto, o tom de humor decorre da incompatibilidade entre
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38 Q948054 | Português, Variação Linguística, Prova 1, EINSTEIN, VUNESP, 2018

Texto associado.

Aquele acreditava na lei. Funcionário do IAPC [Instituto de Aposentadorias e Pensões dos Comerciários], sabia de cor a Lei Orgânica da Previdência. Chegava mesmo a ser consultado pelos colegas sempre que surgia alguma dúvida quanto à aplicação desse ou daquele princípio. Eis que um dia nasce-lhe um filho e ele, cônscio de seus direitos, requer da Previdência o auxílio-natalidade. Prepara o requerimento, junta uma cópia da certidão de nascimento da criança e dá entrada no processo. Estava dentro da lei, mas já na entrada a coisa enguiçou.

– Não podemos receber o requerimento sem o atestado do médico que assistiu a parturiente.

– A lei não exige isso – replicou ele.

– Mas o chefe exige. Tem havido abusos.

Estava montado o angu. O rapaz foi até o chefe, que se negou a receber o requerimento.

– Vou aos jornais – disse-me o crédulo. – Eles têm de receber o requerimento, como manda a lei.

Tentei aconselhá-lo: a justiça é cega e tarda, juntasse o tal atestado médico, era mais simples.

– Não junto. A lei não me obriga a isso. Vou aos jornais.

Foi aos jornais. Aliás, foi a um só, que deu a notícia num canto de página, minúscula. Ninguém leu, mas ele fez a notícia chegar até o chefe que, enfurecido, resolveu processá-lo: a lei proíbe que os funcionários levem para os jornais assuntos internos da repartição.

– Agora a lei está contra você, não?

– Não. A lei está comigo.

Estava ou não estava, o certo é que o processo foi até a Procuradoria e saiu dali com o seguinte despacho: suspenda- -se o indisciplinado.

Era de ver-se a cara de meu amigo em face dessa decisão. Estava pálido e abatido, comentando a sua perplexidade. Mas não desistiu:

– Vou recorrer.

Deve ter recorrido. Ainda o vi várias vezes contando aos colegas o andamento do processo, meses depois. Parece que já nem se lembra do auxílio-natalidade – a origem de tudo – e brigará até o fim da vida, alheio a um aforismo que, por ser brasileiro, inventei: “Quem acredita na lei, esta lhe cai em cima.”


(O melhor da crônica brasileira, 2013.)

Em relação à Justiça, a posição do narrador é de
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39 Q953432 | Português, Variação Linguística, Técnico Judiciário, TJ RO, Instituto Consulplan, 2025

Texto associado.

Leia o texto a seguir para responder à questão.


Com licença poética

Quando nasci um anjo esbelto,

desses que tocam trombeta, anunciou:

vai carregar bandeira.

Cargo muito pesado pra mulher,

esta espécie ainda envergonhada.

Aceito os subterfúgios que me cabem,

sem precisar mentir.

Não sou feia que não possa casar,

acho o Rio de Janeiro uma beleza e

ora sim, ora não, creio em parto sem dor.

Mas, o que sinto escrevo. Cumpro a sina.

Inauguro linhagens, fundo reinos

– dor não é amargura.

Minha tristeza não tem pedigree,

já a minha vontade de alegria,

sua raiz vai ao meu mil avô.

Vai ser coxo na vida, é maldição pra homem.

Mulher é desdobrável. Eu sou.


(PRADO, Adélia. Poesia reunida. São Paulo: Siciliano, 1995, p.11.)
No verso “Aceito os subterfúgios que me cabem,” (L6), a palavra “que” foi empregada como:
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40 Q944497 | Português, Variação Linguística, Primeiro Dia, UEMA, UEMA, 2021

Leia o trecho a seguir para responder à questão.
[...] — Mãe, quem que leva nossa casa pra outra banda do rio no banhado, quem que leva? Pergunta assim! A velha fez. Macunaíma pediu pra ela ficar com os olhos fechados e carregou todos os carregos, tudo, pro lugar em que estavam de já-hoje no mondongo imundado. Quando a velha abriu os olhos tudo estava no lugar de dantes, vizinhando com os tejupares de mano Maanape e de mano Jiguê com a linda Iriqui. E todos ficaram roncando de fome outra vez. Então a velha teve uma raiva malvada. Carregou o herói na cintura e partiu. Atravessou o mato e chegou no capoeirão chamado Cafundó do Judas. Andou légua e meia nele, nem se enxergava mato mais, era um coberto plano apenas movimentado com o pulinho dos cajueiros. Nem guaxe animava a solidão. A velha botou o curumim no campo onde ele podia crescer mais não e falou: — Agora vossa mãe vai embora. Tu ficas perdido no coberto e podes crescer mais não.
Andrade, M. Macunaíma. Porto Alegre: L&PM, 2018.

Em Macunaíma, Mário de Andrade inova nos padrões linguísticos, nos níveis lexical, morfológico e sintático, ao empregar a linguagem coloquial popular falada como marca de identidade nacional. No trecho acima, essa brasilidade está presente no(a)
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