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Questões de Concursos FUMARC

Resolva questões de FUMARC comentadas com gabarito, online ou em PDF, revisando rapidamente e fixando o conteúdo de forma prática.


1301Q29053 | Administração Geral, Assistente Administrativo, Prefeitura de Belo Horizonte MG, FUMARC

A descentralização é um processo, por meio do qual a autoridade é transferida ao subordinado e a responsabilidade é
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1302Q11205 | Português, Assistente Técnico, Prefeitura de Belo Horizonte MG, FUMARC

Texto associado.
ESCOLA IDEAL PARA ALUNOS NÃO IDEAIS

Cláudio de Moura Castro

Na segunda metade do século XIX, dom Pedro II transformou a primeira escola pública secundária do Brasil em um modelo inspirado no colégio Louis Le Grand, reputado como o melhor da França. Mantiveram-se na sua réplica brasileira as exigências acadêmicas do modelo original. O próprio dom Pedro selecionava os professores, costumava assistir a aulas e arguir os alunos. Sendo assim, o colégio que, mais adiante, ganhou o seu nome constituiu-se em um primoroso modelo para a educação das elites brasileiras. Dele descendem algumas excelentes escolas privadas.

Mais tarde do que seria desejável, o ensino brasileiro se expande, sobretudo no último meio século. Como é inevitável, passa a receber alunos de origem mais modesta e sem o ambiente educacional familiar que facilita o bom desempenho. Sendo mais tosca a matéria-prima que chega, em qualquer lugar do mundo não se podem esperar resultados equivalentes com o mesmo modelo elitista.

Os países de Primeiro Mundo perceberam isso e criaram alternativas, sobretudo no ensino médio. A melhor escola é aquela que toma alunos reais - e não imaginários - e faz com que atinjam o máximo do seu potencial. Se os alunos chegam a determinado nível escolar com pouco preparo, o pior cenário é tentar ensinar o que não conseguirão aprender. O conhecimento empaca e a frustração dispara.

Voltemos a 1917, às conferências de Whitehead em Harvard. Para ele, o que quer que seja ensinado, que o seja em profundidade. Segue daí que é preciso ensinar bem o que esteja ao alcance dos alunos, e não inundá-los com uma enxurrada de informações e conhecimentos. Ouvir falar de teorias não serve para nada. O que se aprende na escola tem de ser útil na vida real.

Se mesmo os melhores alunos das nossas melhores escolas são entulhados com mais do que conseguem digerir, e os demais, os alunos médios? Como suas escolas mimetizam as escolas de elite, a situação é grotesca. Ensina-se demais e eles aprendem de menos. Pelos números da Prova Brasil, pouco mais de 10% dos jovens que terminam o nível médio têm o conhecimento esperado em matemática! A escola está descalibrada do aluno real.

Aquela velha escola de elite deve permanecer, pois há quem possa se beneficiar dela. Mas, como fizeram os países educacionalmente maduros, respondendo a uma época de matrícula quase universal, é preciso criar escolas voltadas para o leque variado de alunos.

Nessa nova escola, os currículos e ementas precisam ser ajustados aos alunos, pois o contrário é uma quimera nociva. Na prática, devem-se podar conteúdos, sem dó nem piedade. É preciso mostrar para que serve o que está sendo aprendido. Ainda mais importante, é preciso aplicar o que foi aprendido, pois só aprendemos quando aplicamos. A escola deve confrontar seus alunos com problemas intrigantes e inspiradores. E deve apoiá-los e desafiá-los para que os enfrentem. No entanto, sem encolher a quantidade de matérias, não há tempo para mergulhar em profundidade no que quer que seja.

Atenção! Não se trata de uma escola aguada em que se exige menos e todos se esforçam menos. Sabemos que bons resultados estão associados a escolas que esperam muito de seus alunos, que acreditam neles. A diferença é que se vai exigir o que tem sentido na vida do estudante e está dentro do que realisticamente ele pode dominar. Precisamos redesenhar uma escola voltada para os nossos alunos, e não para miragens e sonhos. Quem fará essa escola? [...]

Revista Veja, 05 fev. 2014 (adaptado).
O objetivo do texto é demonstrar que
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1303Q19447 | Informática, Engenharia de Software, Analista de Sistemas, AL MG, FUMARC

Analise as seguintes afirmativas sobre a métrica de análise de pontos de função.

I. Entradas Externas se originam de um usuário ou são transmitidas de outra aplicação para fornecer dados distintos orientados à aplicação do software.
II. Saídas Externas são originadas de uma entrada on-line para geração de alguma resposta imediata do software sob a forma de uma saída on-line.
III. Arquivos lógicos internos são agrupamentos lógicos de dados que residem dentro das fronteiras da aplicação e são mantidos por Entradas Externas.

Estão CORRETAS as afirmativas:
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1304Q417815 | Direito Civil, Pessoas, Advogado, CEASA MG, FUMARC

Sobre a personalidade e capacidade, é CORRETO afirmar:

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1306Q524075 | Auditoria, Normas Profissionais de Auditor Independente, Auditor Fiscal, Prefeitura de Contagem MG, FUMARC

As diretrizes que estabelecem que o auditor deve emitir sua opinião baseado nos elementos objetivos dos exames realizados, não podendo deixar-se influenciar por fatores estranhos, por preconceitos ou quaisquer outros fatores materiais ou afetivos que resultem perda efetiva ou aparente de sua independência, fazem parte das normas relativas:

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1307Q254877 | Enfermagem, Doença Meningocócica, Técnico Judiciário, TJ MG, FUMARC

A Doença Meningocócica é uma entidade clínica que apresenta diversas formas e prognósticos.Com relação a esta doença, analise as afrmativas abaixo.

I. Pode apresentar-se sob a forma de uma doença benigna, caracterizada por febre e bacteremia.

II. Pode apresentar-se sob a forma de septicemia e sob a forma de meningite.

III. O principal transmissor é o homem doente.

IV. O modo de transmissão se dá por contato direto e indireto, através das secreções da nasofaringe.

Marque a opção que apresenta a seqüência CORRETA de cima para baixo:

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1308Q173575 | , Defensor Público, DPE MG, FUMARC

Nos procedimentos recursais afetos à Justiça da Infância da Juventude, restou adotado o sistema do Código Processo Civil em vigor, com as seguintes especificidades, EXCETO:

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1309Q105484 | Direito Constitucional, Ordem Econômica e Financeira, Analista da Polícia Civil Direito, Polícia Civil MG, FUMARC

Sobre a Ordem Econômica e Financeira tratada pela Constituição da República Federativa do Brasil de 1988, NÃO é correto afirmar:
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1310Q323350 | Pedagogia, Projeto Político Pedagógico, Gestor Governamental, SEPLAG MG, FUMARC

A estrutura básica da elaboração do Projeto Político Pedagógico na linha do Planejamento Participativo é composta de três grandes elementos, a saber:

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1311Q219424 | Redação Oficial, As Comunicações Oficiais, Perito Criminal, Polícia Civil MG, FUMARC

Sobre os princípios da Redação Oficial, é INCORRETO o que se afirma em
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1312Q225645 | Direito Ambiental, Recursos hídricos, Procurador Municipal, Prefeitura de Nova Lima MG, FUMARC

Leia as afirmativas abaixo:

I. Independem de outorga pelo Poder Público, conforme definido em regulamento: o uso de recursos hídricos para a satisfação das necessidades de pequenos núcleos populacionais, distribuídos no meio rural e as derivações, captações e lançamentos considerados insignificantes.

II. O regime de outorga de direitos de uso de recursos hídricos tem como objetivos assegurar o controle quantitativo e qualitativo dos usos da água e o efetivo exercício dos direitos de acesso à água. Por isso, os usos de recursos hídricos sujeitos à outorga, que deve preservar o uso múltiplo destes, serão cobrados pelo Poder Público.

III. Toda outorga estará condicionada às prioridades de uso estabelecidas nos Planos de Recursos Hídricos e deverá respeitar a classe em que o corpo de água estiver enquadrado e a manutenção de condições adequadas ao transporte aquaviário, quando for o caso. O Poder Executivo Federal poderá delegar aos Estados e ao Distrito Federal competência para conceder outorga de direito de uso de recurso hídrico de domínio da União.

IV. Toda outorga de direitos de uso de recursos hídricos far-se-á por prazo determinado, não podendo esta ser renovada. Contudo, a outorga de direito de uso de recursos hídricos poderá ser suspensa parcial ou totalmente, em definitivo ou por prazo determinado, por ausência de uso por três anos consecutivos.

Com base nas afirmações acima, é CORRETO afirmar:

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1313Q332400 | Matemática, Cálculo Aritmético Aproximado, Auxiliar de Serviços Gerais, Câmara Municipal de Nova Lima MG, FUMARC

Dois rolos de fios medem 210 e 225 metros e serão cortados em pedaços do mesmo tamanho, sendo esse tamanho o maior possível. Quantos pedaços serão cortados e qual o tamanho de cada pedaço?

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1314Q335501 | Matemática, Progressões Sequências, Advogado, Companhia Energética de Minas Gerais MG, FUMARC, 2018

A sequência numérica representada por (x+1, 2x, x2 -5) é uma Progressão Aritmé-tica e seus termos expressam as medidas dos lados de um triângulo. Nessas con-dições, é CORRETO afirmar que o perímetro desse triângulo, em unidades de comprimento, é igual a
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1315Q379022 | Biologia, Parasitologia, Farmácia, Prefeitura de Belo Horizonte MG, FUMARC

O método mais indicado para exame de Schistosoma e Fasciola nas fezes é:

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1316Q635284 | Informática, Criptografia, Administrador de Redes de Computadores, TJ MG, FUMARC

Um certificado digital para servidor web é uma credencial que identifica uma entidade e pretende criar um canal criptográfico seguro entre o navegador do usuário e o servidor da entidade. São características de um certificado digital para servidor web, EXCETO:

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1317Q374683 | Português, Texto, Advogado, Companhia Energética de Minas Gerais MG, FUMARC, 2018

“A globalização tem sombras e luzes. Se de um lado aproxima povos e quebra barreiras de comunicação, de outro ela assume, nas esferas econômica e cultural, o caráter de globocolonização.”

O item lexical destacado:

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1318Q49819 | Português, Agente de Saneamento, COPASA, FUMARC, 2017

Texto associado.
Não "temos de"
Lia Luft


      Vivemos sob o império do "ter de". Portanto, vivemos num mundo de bastante mentira. Democracia? Meia mentira. Pois a desigualdade é enorme, não temos os mesmos direitos, temos quase uma ditadura da ilusão dos que ainda acreditam. Liberdade de escolha profissional? Temos de ter um trabalho bom, que dê prazer, que pague dignamente (a maioria quer salário de chefe no primeiro dia), que permita grandes realizações e muitos sonhos concretizados? "Teríamos". No máximo, temos de conseguir algo decente, que nos permita uma vida mais ou menos digna.
      Temos de ter uma vida sexual de novela? Não temos nem podemos. Primeiro, a maior parte é fantasia, pois a vida cotidiana requer, com o tempo, muito mais carinho e cuidados do que paixão selvagem. Além disso, somos uma geração altamente medicada, e atenção: muitos remédios botam a libido de castigo.

       Temos de ter diploma superior, depois mestrado, possivelmente doutorado e no Exterior? Não temos de... Pois muitas vezes um bom técnico ganha mais, e trabalha com mais gosto, do que um doutor com méritos e louvações. Temos de nos casar? Nem sempre: parece que o casamento à moda antiga, embora digam que está retornando, cumpre seu papel uma vez, depois com bastante facilidade vivemos juntos, às vezes até bem felizes, sem mais do que um contrato de união estável se temos juízo. E a questão de gênero está muito mais humanizada.
      Temos de ter filho: por favor, só tenham filhos os que de verdade querem filhos, crianças, adolescentes, jovens, adultos, e mesmo adultos barbados, para amar, cuidar, estimular, prover e ajudar a crescer, e depois deixar voar sem abandonar nem se lamentar. Mais mulheres começam a não querer ter filho – e não devem. Maternidade não pode mais ser obrigação do tempo em que, sem pílula, as mulheres muitas vezes pariam a cada dois anos, regularmente, e aos cinquenta, velhas e exaustas, tinham doze filhos. Bonito, sim. Sempre desejei muitos irmãos e um bando de filhos (consegui ter três), mas ter um que seja requer uma disposição emocional, afetiva, que não é sempre inata. Então, protejam-se as mulheres e os filhos não nascidos de uma relação que poderia ser mais complicada do que a maternidade já pode ser.
      Temos de ser chiques, e, como sempre escrevo, estar em todas as festas, restaurantes, resorts, teatros, exposições, conhecer os vinhos, curtir a vida? Não temos, pois isso exige tempo, dinheiro, gosto e disposição. Teríamos de ler bons livros, sim, observar o mundo, aprender com ele, ser boa gente também.
      Temos, sobretudo, de ser deixados em paz. Temos de ser amorosos, leais no amor e na amizade, honrados na vida e no trabalho, e, por mais simples que ele seja, sentir orgulho dele. Basta imaginar o que seriam a rua, a cidade, o mundo, sem garis, por exemplo. Sem técnicos em eletricidade, sem encanadores (também os chamam bombeiros), sem os próprios bombeiros, policiais, agricultores, motoristas, caminhoneiros, domésticas, enfermeiras e o resto. Empresários incluídos, pois, sem eles, cadê trabalho?
      Então, quem sabe a gente se protege um pouco dessa pressão do "temos de" e procura fazer da melhor forma possível o que é possível. Antes de tudo, um lembrete: cada um do seu jeito, neste mundo complicado e vida-dura, temos de tentar ser felizes. Isso não é inato: se tenta, se conquista, quando dá. Boa sorte!

Disponível em http://zh.clicrbs.com.br/rs/opiniao/colunistas/lya-luft/noticia/2017/06/nao-temos-de-9807278.html Acesso em 11 jul. 2017
Ao usar “Temos de”, ao longo do texto, a locutora tem a intenção de, EXCETO: 
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1319Q861106 | Português, Interpretação de Textos, Especialista em Educação Básica, SEE MG, FUMARC, 2018

Texto associado.

Texto I

Direito à fantasia

Frei Betto 05/08/2017 - 06h00

A fantasia é a matéria-prima da realidade. Tudo que é real, do computador ao jornal no qual você lê este texto, nasceu da fantasia de quem criou o artigo, concebeu o computador e editou a publicação.

A cadeira na qual me sento teve seu desenho concebido previamente na mente de quem a criou. Daí a força da ficção. Ela molda a realidade.

A infância é, por excelência, a idade da fantasia. A puberdade, o choque de realidade. Privar uma criança de sonhos é forçá-la a, precocemente, antecipar seu ingresso na idade adulta. E esse débito exige compensação. O risco é ele ser pago com as drogas, a via química ao universo onírico.

As novas tecnologias tendem a coibir a fantasia em crianças que preferem a companhia do celular à dos amigos. O celular isola; a amizade entrosa. O celular estabelece uma relação monológica com o real; a amizade, dialógica. O risco é a tecnologia, tão rica em atrativos, "roubar" da criança o direito de sonhar.

Agora, sonham por ela o filme, o desenho animado, os joguinhos, as imagens. A criança se torna mera espectadora da fantasia que lhe é oferecida nas redes sociais, sem que ela crie ou interaja.

Na infância, eu escutava histórias contadas por meus pais, de dona Baratinha à Branca de Neve e os sete anões. Eu interferia nos enredos, com liberdade para recriá-los. Isso fez de mim, por toda a vida, um contador de histórias, reais e fictícias.

Hoje, a indústria do entretenimento sonha pelas crianças. Não para diverti-las ou ativar nelas o potencial onírico, e sim para transformá-las em consumistas precoces. Porque toda a programação está ancorada na publicidade voltada ao segmento mais vulnerável do público consumidor.

Embora a criança não disponha de dinheiro, ela tem o poder de seduzir os adultos que compram para agradá-la ou se livrar de tanta insistência. E ela não tem idade para discernir ou valorar os produtos, nem distinguir entre o necessário e o supérfluo.

Fui criança logo após a Segunda Grande Guerra. O cinema e as revistas em quadrinhos, em geral originados nos EUA, exaltavam os feitos bélicos, do faroeste aos combates aéreos. No quintal de casa eu e meus amigos brincávamos de bandido e mocinho. Nossos cavalos eram cabos de vassoura.

Um dia, o Celsinho ganhou do pai um cavalinho de madeira apoiado em uma tábua com quatro rodinhas. Ficamos todos fascinados diante daquela maravilha adquirida em uma loja de brinquedos.

Durou pouco. Dois ou três dias depois voltamos aos nossos cabos de vassoura. Por quê? A resposta agora me parece óbvia: o cabo de vassoura "dialogava" com a nossa imaginação. Assim como o trapo que o bebê não larga nem na hora de dormir.

O direito à fantasia deveria constar da Declaração Universal dos Direitos Humanos.

Disponível em: http://hojeemdia.com.br/opini%C3%A3o/colunas/frei-betto-1.334186/direito-%C3%A0-fantasia-1.550900. Adaptado. Acesso em: 18 jan. 2018.

Atente para os sinônimos apresentados para vocábulos do texto. Assinale a opção em que a substituição do(s) vocábulo(s) destacado(s) esteja INCORRETA:

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ESCOLA IDEAL PARA ALUNOS NÃO IDEAIS

Cláudio de Moura Castro

Na segunda metade do século XIX, dom Pedro II transformou a primeira escola pública secundária do Brasil em um modelo inspirado no colégio Louis Le Grand, reputado como o melhor da França. Mantiveram-se na sua réplica brasileira as exigências acadêmicas do modelo original. O próprio dom Pedro selecionava os professores, costumava assistir a aulas e arguir os alunos. Sendo assim, o colégio que, mais adiante, ganhou o seu nome constituiu-se em um primoroso modelo para a educação das elites brasileiras. Dele descendem algumas excelentes escolas privadas.

Mais tarde do que seria desejável, o ensino brasileiro se expande, sobretudo no último meio século. Como é inevitável, passa a receber alunos de origem mais modesta e sem o ambiente educacional familiar que facilita o bom desempenho. Sendo mais tosca a matéria-prima que chega, em qualquer lugar do mundo não se podem esperar resultados equivalentes com o mesmo modelo elitista.

Os países de Primeiro Mundo perceberam isso e criaram alternativas, sobretudo no ensino médio. A melhor escola é aquela que toma alunos reais - e não imaginários - e faz com que atinjam o máximo do seu potencial. Se os alunos chegam a determinado nível escolar com pouco preparo, o pior cenário é tentar ensinar o que não conseguirão aprender. O conhecimento empaca e a frustração dispara.

Voltemos a 1917, às conferências de Whitehead em Harvard. Para ele, o que quer que seja ensinado, que o seja em profundidade. Segue daí que é preciso ensinar bem o que esteja ao alcance dos alunos, e não inundá-los com uma enxurrada de informações e conhecimentos. Ouvir falar de teorias não serve para nada. O que se aprende na escola tem de ser útil na vida real.

Se mesmo os melhores alunos das nossas melhores escolas são entulhados com mais do que conseguem digerir, e os demais, os alunos médios? Como suas escolas mimetizam as escolas de elite, a situação é grotesca. Ensina-se demais e eles aprendem de menos. Pelos números da Prova Brasil, pouco mais de 10% dos jovens que terminam o nível médio têm o conhecimento esperado em matemática! A escola está descalibrada do aluno real.

Aquela velha escola de elite deve permanecer, pois há quem possa se beneficiar dela. Mas, como fizeram os países educacionalmente maduros, respondendo a uma época de matrícula quase universal, é preciso criar escolas voltadas para o leque variado de alunos.

Nessa nova escola, os currículos e ementas precisam ser ajustados aos alunos, pois o contrário é uma quimera nociva. Na prática, devem-se podar conteúdos, sem dó nem piedade. É preciso mostrar para que serve o que está sendo aprendido. Ainda mais importante, é preciso aplicar o que foi aprendido, pois só aprendemos quando aplicamos. A escola deve confrontar seus alunos com problemas intrigantes e inspiradores. E deve apoiá-los e desafiá-los para que os enfrentem. No entanto, sem encolher a quantidade de matérias, não há tempo para mergulhar em profundidade no que quer que seja.

Atenção! Não se trata de uma escola aguada em que se exige menos e todos se esforçam menos. Sabemos que bons resultados estão associados a escolas que esperam muito de seus alunos, que acreditam neles. A diferença é que se vai exigir o que tem sentido na vida do estudante e está dentro do que realisticamente ele pode dominar. Precisamos redesenhar uma escola voltada para os nossos alunos, e não para miragens e sonhos. Quem fará essa escola? [...]

Revista Veja, 05 fev. 2014 (adaptado).
Em “Voltemos a 1917, às conferências de Whitehead em Harvard.”, voltemos está flexionado no
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