Início

Questões de Concursos Marinha

Resolva questões de Marinha comentadas com gabarito, online ou em PDF, revisando rapidamente e fixando o conteúdo de forma prática.


141Q704317 | Legislação da Justiça Militar, Praça de 2° Classe, Colégio Naval, Marinha, 2019

Como se denominam os militares da ativa que, no desempenho voluntário e permanente do serviço militar, tenham vitaliciedade assegurada ou presumida?
  1. ✂️
  2. ✂️
  3. ✂️
  4. ✂️
  5. ✂️

142Q596250 | Direito Marítimo, Oficial de 2a Classe, Colégio Naval, Marinha

De acordo com as Normas da Autoridade Marítima para Embarcações Empregadas na Navegação em Mar Aberto, quanto à aplicação de Convenções e Códigos Internacionais, assinale a opção correta.
  1. ✂️
  2. ✂️
  3. ✂️
  4. ✂️
  5. ✂️

143Q686469 | Odontologia, Primeiro Tenente Radiologia, CSM, Marinha, 2019

Para a realização de exames radiográficos convencionais extrabucais, uma série de fatores é levada em consideração com a finalidade de se obter uma padronização e alcançar um resultado adequado para um estudo radiográfico completo da região craniofacial. Segundo Freitas et al (2004), assinale a opção na qual a média de variação, da Distância área-focal e objeto; a Miliamperagem (mA) e o Tempo de Exposição em segundos se encontram, respectivamente, dentro dos valores aceitáveis em que é possível se obter uma imagem de qualidade.
  1. ✂️
  2. ✂️
  3. ✂️
  4. ✂️
  5. ✂️

144Q691108 | Física, Marinheiro, EAM, Marinha, 2019

Considerando um objeto colocado sobre o eixo principal a uma distância de 10 cm do vértice de um espelho esférico côncavo de raio 10 cm, calcule a distância, em centímetros, da imagem formada pelo espelho em relação ao vértice do mesmo espelho, considerando que os raios incidentes no espelho esférico satisfazem as condições de nitidez de Gauss, e assinale a opção correta. 
  1. ✂️
  2. ✂️
  3. ✂️
  4. ✂️
  5. ✂️

145Q681671 | Probabilidade e Estatística, Estatística Descritiva, Primeiro Tenente Psicologia, Quadro Técnico, Marinha, 2019

Urbina (2007) aponta que uma das primeiras coisas a saber ao se inspecionar um conjunto de dados é onde a maior quantidade deles pode ser localizada, bem como seu valor mais representativo ou central. Segundo a autora, qual é a medida de tendência central mais influenciada pelos escores extremos e mais amplamente usada para variáveis quantitativas?
  1. ✂️
  2. ✂️
  3. ✂️
  4. ✂️
  5. ✂️

146Q685311 | Raciocínio Lógico, Marinheiro, EAM, Marinha, 2019

Sejam os conjuntos A = {x ? R; 1 ? x ? 4 }, , B = {y ? R; 3 ? y ? 7}. Considerando o conjunto A X B , (A cartesiano B) pode-se afirmar que a diagonal do polígono formado por esse conjunto é representada numericamente por: 
  1. ✂️
  2. ✂️
  3. ✂️
  4. ✂️
  5. ✂️

147Q597030 | Português, Sintaxe, Oficial de 2a Classe, Colégio Naval, Marinha

Assinale a opção em que a concordância verbal está correta, tendo em vista a norma padrão.
  1. ✂️
  2. ✂️
  3. ✂️
  4. ✂️
  5. ✂️

148Q686939 | Comunicação Social, Primeiro Tenente Comunicação Social, Quadro Técnico, Marinha, 2019

De acordo com Torquato (2015), a comunicação organizacional abarca uma abordagem disciplinar que envolve três grandes dimensões: a comportamental, a social e a cibernética. Com base nessas informações, assinale a opção correta.
  1. ✂️
  2. ✂️
  3. ✂️
  4. ✂️
  5. ✂️

149Q706152 | Português, Praça de 2° Classe, Colégio Naval, Marinha, 2019

Quanto à ortografia e à adequação vocabular, assinale a
opção em que a palavra sublinhada está empregada
corretamente.
  1. ✂️
  2. ✂️
  3. ✂️
  4. ✂️
  5. ✂️

150Q699663 | Português, Sintaxe, Oficial da Marinha Mercante Primeiro Dia, EFOMM, Marinha, 2019

Como Dizia Meu Pai


      Já se tornou hábito meu, em meio a uma conversa, preceder algum comentário por uma introdução:

      — Como dizia meu pai...

      Nem sempre me reporto a algo que ele realmente dizia, sendo apenas uma maneira coloquial de dar ênfase a alguma opinião.

      De uns tempos para cá, porém, comecei a perceber que a opinião, sem ser de caso pensado, parece de fato corresponder a alguma coisa que Seu Domingos costumava dizer. Isso significará talvez — Deus queira — que insensivelmente vou me tomando com o correr dos anos cada vez mais parecido com ele. Ou, pelo menos, me identificando com a herança espiritual que dele recebi.

      Não raro me surpreendo, antes de agir, tentando descobrir como ele agiria em semelhantes circunstâncias, repetindo uma atitude sua, até mesmo esboçando um gesto seu. Ao formular uma ideia, percebo que estou concebendo, para nortear meu pensamento, um princípio que, se não foi enunciado por ele, só pode ter sido inspirado por sua presença dentro de mim.

      — No fim tudo dá certo...

      Ainda ontem eu tranquilizava um de meus filhos com esta frase, sem reparar que repetia literalmente o que ele costumava dizer, sempre concluindo com olhar travesso:

      — Se não deu certo, é porque ainda não chegou no fim.

      Gosto de evocar a figura mansa de Seu Domingos, a quem chamávamos paizinho, a subir pausadamente a escada da varanda de nossa casa, todos os dias, ao cair da tarde, egresso do escritório situado no porão. Ou depois do jantar, sentado com minha mãe no sofá de palhinha da varanda, como namorados, trocando notícias do dia. Os filhos guardavam zelosa distância, até que ela ia aos seus afazeres e ele se punha à disposição de cada um, para ouvir nossos problemas e ajudar a resolvê-los. Finda a última audiência, passava a mão no chapéu e na bengala e saía para uma volta, um encontro eventual com algum amigo. Regressava religiosamente uma hora depois, e tendo descido a pé até o centro, subia sempre de bonde. Se acaso ainda estávamos acordados, podíamos contar com o saquinho de balas que o paizinho nunca deixava de trazer.

      Costumava se distrair realizando pequenos consertos domésticos: uma boia de descarga, a bucha de uma torneira, um fusível queimado. Dispunha para isso da necessária habilidade e de uma preciosa caixa de ferramentas em que ninguém mais podia tocar. Aprendi com ele como é indispensável, para a boa ordem da casa, ter à mão pelo menos um alicate e uma chave de fenda. Durante algum tempo andou às voltas com o velho relógio de parede que fora de seu pai, hoje me pertence e amanhã será de meu filho: estava atrasando. Depois de remexer durante vários dias em suas entranhas, deu por findo o trabalho, embora ao remontá-lo houvessem sobrado umas pecinhas, que alegou não fazerem falta. O relógio passou a funcionar sem atrasos, e as batidas a soar em horas desencontradas. Como, aliás, acontece até hoje.

      Tinha por hábito emitir um pequeno sopro de assovio, que tanto podia ser indício de paz de espírito como do esforço para controlar a perturbação diante de algum aborrecimento.

      — As coisas são como são e não como deviam ser. Ou como gostaríamos que fossem.

      Este pronunciamento se fazia ouvir em geral quando diante de uma fatalidade a que não se poderia fugir. Queria dizer que devemos nos conformar com o fato de nossa vontade não poder prevalecer sobre a vontade de Deus - embora jamais fosse assim eloquente em suas conclusões. Estas quase sempre eram, mesmo, eivadas de certo ceticismo preventivo ante as esperanças vãs:

      — O que não tem solução, solucionado está.

      E tudo que acontece é bom — talvez não chegasse ao cúmulo do otimismo de afirmar isso, como seu filho Gerson, mas não vacilava em sustentar que toda mudança é para melhor: se mudou, é porque não estava dando certo. E se quiser que mude, não podendo fazer nada para isso, espere, que mudará por si.

      [...] 

      Tudo isso que de uns tempos para cá me vem ocorrendo, às vezes inconscientemente, como legado de meu pai, teve seu coroamento há poucos dias, quando eu ia caminhando distraído pela praia. Revirava na cabeça, não sei a que propósito, uma frase ouvida desde a infância e que fazia parte de sua filosofia: não se deve aumentar a aflição dos aflitos. Esta máxima me conduziu a outra, enunciada por Carlos Drummond de Andrade no filme que fiz sobre ele, a qual certamente Seu Domingos perfilharia: não devemos exigir das pessoas mais do que elas podem dar. De repente fui fulminado por uma verdade tão absoluta que tive de parar, completamente zonzo, fechando os olhos para entender melhor. No entanto era uma verdade evangélica, de clareza cintilante como um raio de sol, cheguei a fazer uma vênia de gratidão a Seu Domingos por me havê-la enviado:

      — Só há um meio de resolver qualquer problema nosso: é resolver primeiro o do outro.

      Com o tempo, a cidade foi tomando conhecimento do seu bom senso, da experiência adquirida ao longo de uma vida sem maiores ambições: Seu Domingos, além de representante de umas firmas inglesas, era procurador de partes — solene designação para uma atividade que hoje talvez fosse referida como a de um despachante. A princípio os amigos, conhecidos, e depois até desconhecidos passaram a procurá-lo para ouvir um conselho ou receber dele uma orientação. Era de se ver a romaria no seu escritório todas as manhãs: um funcionário que dera desfalque, uma mulher abandonada pelo marido, um pai agoniado com problemas do filho — era gente assim que vinha buscar com ele alívio para a sua dúvida, o seu medo, a sua aflição. O próprio Governador, que não o conhecia pessoalmente, certa vez o consultou através de um secretário, sobre questão administrativa que o atormentava. Não se falando nos filhos: mesmo depois de ter saído de casa, mais de uma vez tomei trem ou avião e fui colher uma palavra sua que hoje tanta falta me faz.

      Resta apenas evocá-la, como faço agora, para me servir de consolo nas horas más. No momento, ele próprio está aqui a meu lado, com o seu sorriso bom.

SABINO, Fernando. A volta por cimaIn: Obra Reunida v. III. Rio de Janeiro: Ed. Nova Aguilar, 1996. (Texto adaptado)

Assinale a opção em que a oração sublinhada se classifica como interferente.
  1. ✂️
  2. ✂️
  3. ✂️
  4. ✂️
  5. ✂️

151Q596268 | Segurança e Saúde no Trabalho, Oficial de 2a Classe, Colégio Naval, Marinha

De acordo com os requisitos para materiais de segurança para embarcações empregadas na navegação de mar aberto, é correto afirmar que
  1. ✂️
  2. ✂️
  3. ✂️
  4. ✂️
  5. ✂️

153Q694446 | Radiologia, Primeiro Tenente Radiologia, CSM, Marinha, 2019

Texto associado.

Analise as afirmativas abaixo.

De acordo com a Portaria SVS/MS número 453, de 1° de junho de 1998, as exposições ocupacionais normais de cada indivíduo, decorrentes de todas as práticas, devem ser controladas de modo que os valores dos limites estabelecidos na Resolução - CNEN número 12/88 não sejam excedidos. Nas práticas abrangidas por esse Regulamento, o controle deve ser realizado da seguinte forma:


I- a dose efetiva média anual não deve exceder 20mSV em qualquer período de 5 anos consecutivos, não podendo exceder 50mSV em nenhum ano.

II- a dose equivalente anual não deve exceder 500mSV para extremidades e 200mSV para o cristalino.

III- para mulheres grávidas, as condições de trabalho devem ser revistas para garantir que a dose na superfície do abdômen não exceda 2mSV durante todo o período restante da gravidez, sendo pouco provável que a dose adicional no embrião ou feto exceda cerca de 1mSV nesse período.

IV- menores de 18 anos não podem trabalhar com Raios X diagnósticos, exceto em treinamento.

V- é permitida a exposição ocupacional de menores de 16 anos.

Assinale a opção correta.
  1. ✂️
  2. ✂️
  3. ✂️
  4. ✂️
  5. ✂️

154Q703227 | Física, Aspirante 2a Dia, Escola Naval, Marinha, 2019

Suponha que certa esfera de superfície impermeável possui volume variando inversamente com a pressão hidrostática do local onde se encontra imersa, ou seja, V(p)=k/p metros cúbicos, com k=105N.m e a pressão p em pascal. Mergulhada na água do mar, a esfera submerge até lentamente entrar em equilíbrio numa profundidade onde a densidade da água do mar é de 1,05 g/cm3 e a pressão hidrostática igual a 52,5MPa. Sendo assim, qual a massa da esfera, em kg?
  1. ✂️
  2. ✂️
  3. ✂️
  4. ✂️
  5. ✂️

155Q684814 | Pedagogia, Primeiro Tenente Pedagogia, Quadro Técnico, Marinha, 2019

Menegolla e Sant’Anna (2012) afirmam que o objetivo é um propósito ou alvo que se pretende atingir; é tudo aquilo que se quer alcançar através de uma ação clara e explícita. Logo, para os autores, uma boa definição dos objetivos para uma disciplina ou conteúdos deve apresentaras seguintes características:
  1. ✂️
  2. ✂️
  3. ✂️
  4. ✂️
  5. ✂️

156Q688767 | Marketing, Primeiro Tenente Comunicação Social, Quadro Técnico, Marinha, 2019

De acordo com Kotler (2015), assinale a opção correta sobre o papel, o impacto e as principais ferramentas das relações públicas dentro da elaboração de uma estratégia e de um mix voltados para o cliente,
  1. ✂️
  2. ✂️
  3. ✂️
  4. ✂️
  5. ✂️

157Q690927 | Probabilidade e Estatística, Conhecimentos Específicos de Estatística, Primeiro Tenente Estatística, Quadro Técnico, Marinha, 2019

Texto associado.
Considerando os modelos de Suavização Exponenciai, analise as afirmativas abaixo.
I- Um dos métodos adequados a séries localmente constantes é o Média Móveis Simples, que é aplicável quando se tem um número pequeno de observações e deve ser utilizado somente para prever séries estacionárias. II- A Suavização Exponenciai de Holt-Winters é um método adequado para séries que apresentam tendência. Suaviza apenas o nível e a tendência da série. III- A Suavização Exponenciai de Holt é um método adequado para séries sazonais.
Assinale a opção correta.
  1. ✂️
  2. ✂️
  3. ✂️
  4. ✂️
  5. ✂️

158Q700323 | Português, Interpretação de Textos, Aspirante 2a Dia, Escola Naval, Marinha, 2019

Texto associado.
TEXTO
Leia o texto abaixo e responda à questão.
Felicidade clandestina
    Ela era gorda, baixa, sardenta e de cabelos excessivamente crespos, meio arruivados. Tinha um busto enorme; enquanto nós todas ainda
éramos achatadas. Como se não bastasse, enchia os dois bolsos da blusa, por cima do busto, com balas. Mas possuía o que qualquer criança
devoradora de histórias gostaria de ter: um pai dono de livraria.
    Pouco aproveitava. E nós menos ainda: até para aniversário, em vez de pelo menos um livrinho barato, ela nos entregava em mãos um
cartão-postal da loja do pai. Ainda por cima era de paisagem do Recife mesmo, onde morávamos, com suas pontes mais do que vistas. Atrás
escrevia com letra bordadíssima palavras como "data natalícia" e "saudade".
    Mas que talento tinha para a crueldade. Ela toda era pura vingança, chupando balas com barulho. Como essa menina devia nos odiar, nós
que éramos imperdoavelmente bonitinhas, esguias, altinhas, de cabelos livres. Comigo exerceu com calma ferocidade o seu sadismo. Na
minha ânsia de ler, eu nem notava as humilhações a que ela me submetia: continuava a implorar-lhe emprestados os livros que ela não lia.
    Até que veio para ela o magno dia de começar a exercer sobre mim uma tortura chinesa. Como casualmente, informou-me que possuía
“As reinações de Narizinho’’, de Monteiro Lobato.
    Era um livro grosso, meu Deus, era um livro para se ficar vivendo com ele, comendo-o, dormindo-o. E completamente acima de minhas
posses. Disse-me que eu passasse peia sua casa no dia seguinte e que ela o emprestaria.
    Até o dia seguinte eu me transformei na própria esperança da alegria: eu não vivia, eu nadava devagar num mar suave, as ondas me
levavam e me traziam.
    No dia seguinte fui à sua casa, literalmente correndo. Ela não morava num sobrado como eu, e sim numa casa. Não me mandou entrar.
Olhando bem para meus olhos, disse-me que havia emprestado o livro a outra menina, e que eu voltasse no dia seguinte para buscá-lo.
Boquiaberta, saí devagar, mas em breve a esperança de novo me tomava toda e eu recomeçava na rua a andar pulando, que era o meu
modo estranho de andar pelas ruas de Recife. Dessa vez nem caí: guiava-me a promessa do livro, o dia seguinte viria, os dias seguintes
seriam mais tarde a minha vida inteira, o amor pelo mundo me esperava, andei pulando pelas ruas como sempre e não caí nenhuma vez.
    Mas não ficou simplesmente nisso. O plano secreto da filha do dono de livraria era tranquilo e diabólico. No dia seguinte lá estava eu à
porta de sua casa, com um sorriso e o coração batendo. Para ouvir a resposta calma: o livro ainda não estava em seu poder, que eu voltasse
no dia seguinte. Mal sabia eu como mais tarde, no decorrer da vida, o drama do "dia seguinte" com ela ia se repetir com meu coração
batendo.
    E assim continuou. Quanto tempo? Não sei. Ela sabia que era tempo indefinido, enquanto o fel não escorresse todo de seu corpo grosso.
Eu já começara a adivinhar que ela me escolhera para eu sofrer, às vezes adivinho. Mas, adivinhando mesmo, às vezes aceito: como se
quem quer me fazer sofrer esteja precisando danadamente que eu sofra.
    Quanto tempo? Eu ia diariamente à sua casa, sem faltar um dia sequer. Às vezes ela dizia: pois o livro esteve comigo ontem de tarde,
mas você só veio de manhã, de modo que o emprestei a outra menina. E eu, que não era dada a olheiras, sentia as olheiras se cavando sob
os meus olhos espantados.
    Até que um dia, quando eu estava à porta de sua casa, ouvindo humilde e silenciosa a sua recusa, apareceu sua mãe. Ela devia estar
estranhando a aparição muda e diária daquela menina à porta de sua casa. Pediu explicações a nós duas. Houve uma confusão silenciosa,
entrecortada de palavras pouco elucidativas. A senhora achava cada vez mais estranho o fato de não estar entendendo. Até que essa mãe
boa entendeu. Voltou-se para a filha e com enorme surpresa exclamou: mas este livro nunca saiu daqui de casa e você nem quis ler!
    E o pior para essa mulher não era a descoberta do que acontecia. Devia ser a descoberta horrorizada da filha que tinha. Ela nos espiava
em silêncio: a potência de perversidade de sua filha desconhecida e a menina loura em pé à porta, exausta, ao vento das ruas de Recife. Foi
então que, finalmente se refazendo, disse firme e calma para a filha: você vai emprestar o livro agora mesmo. E para mim: "E você fica com
o livro por quanto tempo quiser." Entendem? Valia mais do que me dar o livro: "peio tempo que eu quisesse" é tudo o que uma pessoa,
grande ou pequena, pode ter a ousadia de querer.
    Como contar o que se seguiu? Eu estava estonteada, e assim recebi o livro na mão. Acho que eu não disse nada. Peguei o livro. Não, não
saí pulando como sempre. Saí andando bem devagar. Sei que segurava o livro grosso com as duas mãos, comprimindo-o contra o peito.
Quanto tempo levei até chegar em casa, também pouco importa. Meu peito estava quente, meu coração pensativo.
    Chegando em casa, não comecei a ler. Fingia que não o tinha, só para depois ter o susto de o ter. Horas depois abri-o, li algumas linhas
maravilhosas, fechei-o de novo, fui passear pela casa, adiei ainda mais indo comer pão com manteiga, fingi que não sabia onde guardara o
livro, achava-o, abria-o por alguns instantes. Criava as mais falsas dificuldades para aquela coisa clandestina que era a felicidade. A
felicidade sempre iria ser clandestina para mim. Parece que eu já pressentia. Como demorei! Eu vivia no ar... Havia orgulho e pudor em
mim. Eu era uma rainha delicada.
    Às vezes sentava-me na rede, balançando-me com o livro aberto no colo, sem tocá-lo, em êxtase puríssimo.
    Não era mais uma menina com um livro: era uma mulher com o seu amante.
LISPECTOR, Clarice. O Primeiro Beijo. São Paulo: Ed. Ática, 1996
Leia a frase abaixo.
“Tinha um busto enorme, enquanto nós todas ainda éramos achatadas.” (1°§)
Assinale a opção em que o conectivo apresentado substitui a conjunção sublinhada na frase acima, mantendo o mesmo valor semântico e a mesma relação sintática.
  1. ✂️
  2. ✂️
  3. ✂️
  4. ✂️
  5. ✂️

159Q685735 | Probabilidade e Estatística, Censo e Amostragem, Primeiro Tenente Estatística, Quadro Técnico, Marinha, 2019

Suponha que uma amostragem aleatória simples com reposição (AASC) de tamanho n=10 da variável renda familiar apresente os seguintes valores: 20, 15, 20, 15, 15,27, 20, 20, 15, 27. Para essa amostra tem-se que a média amostral (y) = = 19,4 e a variância amostrai (s2)= 21,6. Com base nos dados apresentados, para haver uma amostra que tenha uma estimativa para a média populacional com erro máximo B = ?2 e nível de confiança 1 - alfa (a) =0,9544, é necessário que o tamanho da amostra seja igual a:
  1. ✂️
  2. ✂️
  3. ✂️
  4. ✂️
  5. ✂️

160Q699737 | Português, Interpretação de Textos, Oficial da Marinha Mercante Primeiro Dia, EFOMM, Marinha, 2019

 Como Dizia Meu Pai


      Já se tornou hábito meu, em meio a uma conversa, preceder algum comentário por uma introdução:

      — Como dizia meu pai...

      Nem sempre me reporto a algo que ele realmente dizia, sendo apenas uma maneira coloquial de dar ênfase a alguma opinião.

      De uns tempos para cá, porém, comecei a perceber que a opinião, sem ser de caso pensado, parece de fato corresponder a alguma coisa que Seu Domingos costumava dizer. Isso significará talvez — Deus queira — que insensivelmente vou me tomando com o correr dos anos cada vez mais parecido com ele. Ou, pelo menos, me identificando com a herança espiritual que dele recebi.

      Não raro me surpreendo, antes de agir, tentando descobrir como ele agiria em semelhantes circunstâncias, repetindo uma atitude sua, até mesmo esboçando um gesto seu. Ao formular uma ideia, percebo que estou concebendo, para nortear meu pensamento, um princípio que, se não foi enunciado por ele, só pode ter sido inspirado por sua presença dentro de mim.

      — No fim tudo dá certo...

      Ainda ontem eu tranquilizava um de meus filhos com esta frase, sem reparar que repetia literalmente o que ele costumava dizer, sempre concluindo com olhar travesso:

      — Se não deu certo, é porque ainda não chegou no fim.

      Gosto de evocar a figura mansa de Seu Domingos, a quem chamávamos paizinho, a subir pausadamente a escada da varanda de nossa casa, todos os dias, ao cair da tarde, egresso do escritório situado no porão. Ou depois do jantar, sentado com minha mãe no sofá de palhinha da varanda, como namorados, trocando notícias do dia. Os filhos guardavam zelosa distância, até que ela ia aos seus afazeres e ele se punha à disposição de cada um, para ouvir nossos problemas e ajudar a resolvê-los. Finda a última audiência, passava a mão no chapéu e na bengala e saía para uma volta, um encontro eventual com algum amigo. Regressava religiosamente uma hora depois, e tendo descido a pé até o centro, subia sempre de bonde. Se acaso ainda estávamos acordados, podíamos contar com o saquinho de balas que o paizinho nunca deixava de trazer.

      Costumava se distrair realizando pequenos consertos domésticos: uma boia de descarga, a bucha de uma torneira, um fusível queimado. Dispunha para isso da necessária habilidade e de uma preciosa caixa de ferramentas em que ninguém mais podia tocar. Aprendi com ele como é indispensável, para a boa ordem da casa, ter à mão pelo menos um alicate e uma chave de fenda. Durante algum tempo andou às voltas com o velho relógio de parede que fora de seu pai, hoje me pertence e amanhã será de meu filho: estava atrasando. Depois de remexer durante vários dias em suas entranhas, deu por findo o trabalho, embora ao remontá-lo houvessem sobrado umas pecinhas, que alegou não fazerem falta. O relógio passou a funcionar sem atrasos, e as batidas a soar em horas desencontradas. Como, aliás, acontece até hoje.

      Tinha por hábito emitir um pequeno sopro de assovio, que tanto podia ser indício de paz de espírito como do esforço para controlar a perturbação diante de algum aborrecimento.

      — As coisas são como são e não como deviam ser. Ou como gostaríamos que fossem.

      Este pronunciamento se fazia ouvir em geral quando diante de uma fatalidade a que não se poderia fugir. Queria dizer que devemos nos conformar com o fato de nossa vontade não poder prevalecer sobre a vontade de Deus - embora jamais fosse assim eloquente em suas conclusões. Estas quase sempre eram, mesmo, eivadas de certo ceticismo preventivo ante as esperanças vãs:

      — O que não tem solução, solucionado está.

      E tudo que acontece é bom — talvez não chegasse ao cúmulo do otimismo de afirmar isso, como seu filho Gerson, mas não vacilava em sustentar que toda mudança é para melhor: se mudou, é porque não estava dando certo. E se quiser que mude, não podendo fazer nada para isso, espere, que mudará por si.

      [...] 

      Tudo isso que de uns tempos para cá me vem ocorrendo, às vezes inconscientemente, como legado de meu pai, teve seu coroamento há poucos dias, quando eu ia caminhando distraído pela praia. Revirava na cabeça, não sei a que propósito, uma frase ouvida desde a infância e que fazia parte de sua filosofia: não se deve aumentar a aflição dos aflitos. Esta máxima me conduziu a outra, enunciada por Carlos Drummond de Andrade no filme que fiz sobre ele, a qual certamente Seu Domingos perfilharia: não devemos exigir das pessoas mais do que elas podem dar. De repente fui fulminado por uma verdade tão absoluta que tive de parar, completamente zonzo, fechando os olhos para entender melhor. No entanto era uma verdade evangélica, de clareza cintilante como um raio de sol, cheguei a fazer uma vênia de gratidão a Seu Domingos por me havê-la enviado:

      — Só há um meio de resolver qualquer problema nosso: é resolver primeiro o do outro.

      Com o tempo, a cidade foi tomando conhecimento do seu bom senso, da experiência adquirida ao longo de uma vida sem maiores ambições: Seu Domingos, além de representante de umas firmas inglesas, era procurador de partes — solene designação para uma atividade que hoje talvez fosse referida como a de um despachante. A princípio os amigos, conhecidos, e depois até desconhecidos passaram a procurá-lo para ouvir um conselho ou receber dele uma orientação. Era de se ver a romaria no seu escritório todas as manhãs: um funcionário que dera desfalque, uma mulher abandonada pelo marido, um pai agoniado com problemas do filho — era gente assim que vinha buscar com ele alívio para a sua dúvida, o seu medo, a sua aflição. O próprio Governador, que não o conhecia pessoalmente, certa vez o consultou através de um secretário, sobre questão administrativa que o atormentava. Não se falando nos filhos: mesmo depois de ter saído de casa, mais de uma vez tomei trem ou avião e fui colher uma palavra sua que hoje tanta falta me faz.

      Resta apenas evocá-la, como faço agora, para me servir de consolo nas horas más. No momento, ele próprio está aqui a meu lado, com o seu sorriso bom.

SABINO, Fernando. A volta por cimaIn: Obra Reunida v. III. Rio de Janeiro: Ed. Nova Aguilar, 1996. (Texto adaptado)

“De uns tempos para cá, porém, comecei a perceber que a opinião, sem ser de caso pensado, parece de fato corresponder a alguma coisa que Seu Domingos costumava dizer.” (4°§)


Esse trecho, considerando a correção, a clareza e a fidelidade ao sentido original, recebe nova redação na seguinte alternativa:

  1. ✂️
  2. ✂️
  3. ✂️
  4. ✂️
  5. ✂️
Utilizamos cookies e tecnologias semelhantes para aprimorar sua experiência de navegação. Política de Privacidade.