Apesar de todos os avanços na medicina, a ciência ainda não conseguiu descobrir nenhum método para eliminar de nossas vidas a temida velhice ? definida como um processo fisiológico complexo, muito além daquelas rugas indesejáveis. Essas sim, bastante simples de serem eliminadas. Nenhuma das técnicas de rejuvenescimento conseguiu reverter, desacelerar e muito menos eliminar de vez o processo fisiológico do envelhecimento.
Mesmo se pudéssemos acabar com todas as doenças relacionadas à velhice, a probabilidade de que nossa expectativa de vida ao nascer ? a média de anos que uma determinada população espera alcançar ? ultrapasse os 90 anos ainda neste século é praticamente nula. Segundo os pesquisadores, dificilmente conseguiremos repetir o aumento na expectativa de vida experimentado pela humanidade nos últimos 100 anos ? contando com as novas tecnologias, poderemos acrescentar mais 15 anos, com muito otimismo.
A explicação para essa perspectiva tão pouco animadora é a de que o ser humano simplesmente não foi ?projetado? para viver muito além desse limite. Em 1900, com muita sorte um recém?nascido no Brasil chegaria aos 33 anos, menos da metade dos atuais 68 contabilizados pelo IBGE no último censo, em 2000. Nos Estados Unidos, a expectativa média pulou de 47 para 75 anos, no mesmo período. Uma estimativa feita pela Organização Mundial de Saúde mostrou que em 2025 haverá 1,2 bilhão de pessoas acima de 60 em todo o mundo ? um aumento de 380% em relação a 1970
Os principais responsáveis pela conquista desses anos extras, de acordo com os especialistas, foram as melhorias no sistema de saúde e no saneamento básico, que ajudaram a reduzir o número de mortes por doenças infecciosas, principalmente nos primeiros anos de vida ? e não porque a maneira como envelhecemos ficou mais lenta ou diferente. Prolongamos nosso tempo de vida graças ao ambiente, que se tornou mais favorável no último século.
(Fernanda Colavitti, Galileu, nov. 2002, p. 15?6)