Texto associado. Não há hoje no mundo, em qualquer domínio de atividade artística, um artista cuja arte contenha maior universalidade que a de Charles Chaplin. A razão vem de que o tipo de Carlito é uma dessas criações que, salvo idiossincrasias muito raras, interessam e agradam a toda a gente. Como os heróis das lendas populares ou as personagens das velhas farsas de mamulengos. Crônicas da província do Brasil . 2. ed. São Paulo, Cosac Naify, 2006, p. 219-20)
Ao refletir sobre a arte de Chaplin, Manuel Bandeira estabelece uma distinção entre o que é
✂️ a) popular num sentido superior, quando o artista sensível, a partir das reações do público, descobre em si mesmo o que é mais típico do ser humano, e o que é vulgar, quando o artista medíocre apenas transige com o gosto predominante. ✂️ b) próprio da arte cinematográfica, em que a produção artística tende à universalidade, e o que é típico da arte popular, em que o trabalho do artista acaba por limitar-se a um público mais restrito. ✂️ c) feito para levar ao riso, em que o êxito depende do conhecimento das expectativas do público pelo artista, e o que é mais sério e profundo, em que o sucesso do artista pode ocorrer mesmo que ele desconheça essas expectativas. ✂️ d) puramente casual, como ocorre com o artista popular, que trabalha por tentativa e erro, e o que é rigorosamente planejado, como se dá com o artista hermético, que desconsidera de todo o gosto do público. ✂️ e) caracterizado pelo pensamento, pela poesia e pelo lirismo, como é a arte feita pelo artista genial, e o que é obtido por mudanças de roupas e acessórios, como ocorre com todo artista vulgar.