Texto associado.
Instruções: Caro candidato, a seguir, você encontrará sete textos. O primeiro, uma xilograf a, do artista Katsushika Hokusai; o segundo, uma charge de João Montanaro, jovem cartunista de 15 anos, publicada no jornal Folha de S.Paulo, que provocou grande repercussão, com opiniões favoráveis a ela e contra ela. O terceiro e o quarto, cartas de leitores sobre a charge de Montanaro. O quinto, um comentário crítico (texto adaptado) de Diogo Bercito, também publicado na Folha. O sexto, charge de Angeli, retirada do google, também impressa na Folha. O sétimo, publicação no site http://notapajos.globo.com/lernoticias. asp, sobre piadas desagradáveis relativamente ao tsunami vivido pelos japoneses. Leia os textos de I a VII com atenção. As questões de número 01 a 13 referem-se a eles; consulte-os sempre que necessário.









João Montanaro já tinha decidido qual seria o tema da charge de sábado quando acordou na sexta-feira. Então, viu na televisão imagens de prédios se desfazendo em meio ao mar que avançava.
Não dava para fazer um desenho sobre política!, diz.
Ao decidir retratar o tsunami, Montanaro lembrou-se da xilogravura de Katsushika Hokusai. Foi uma das opções que ele enviou à Folha para aprovação e publicação. Fiquei surpreso com as críticas, diz. Acho que não entenderam a charge.
Apesar da má recepção, inclusive na escola, o garoto diz estar seguro da escolha. Fiz o certo, minha intenção não era fazer uma piada.
O ilustrador Adão Iturrusgarai, que publica na Ilustrada, defende Montanaro. É um desenho superimparcial. É inocente como o ilustrador, que é um jovenzinho, diz. De mau gosto foi a tragédia em si. E completa: O humor funciona por conta dessa contraonda, desse mau humor e da burrice dos críticos.
Para o artista Allan Sieber, que também publica na Ilustrada, Montanaro fez o trabalho dele e a escolha da ilustração valeu a pena.
O pesquisador Gonçalo Junior, autor do livro A Guerra dos Gibis (Companhia das Letras), afirma que quem perdeu o bom senso, no caso da charge, foram os leitores que se manifestaram contra.
Vivemos na era da chatice e do politicamente correto. É uma reação paranoica, o desenho retrata as mesmas coisas que todos esses vídeos que estão no YouTube.
Exagerada ou não, a recepção da charge de Montanaro foi semelhante à vista na Malásia nesta semana.
O desenho de Mohamad Zohri Sukimi, publicado no jornal Berita Harian, mostrava o herói japonês Ultraman fugindo de uma onda . Uma petição on-line rodou o mundo. O jornal se retratou.
Apesar de o desenho de Montanaro não ter me incomodado, consigo entender por que alguns leitores se sentiram desconfortáveis, diz Sidney Gusman, editor- chefe do site Universo HQ. Fico imaginando como eu reagiria se tivesse perdido alguém nesse desastre.
Outra razão apontada para a má recepção é o desconhecimento do desenho original. Quando vi o rascunho, perguntei a ele se as pessoas não iriam se chocar, diz Mario Sergio Barbosa, pai de Montanaro. Mas eu não conhecia a referência dele.
Há também a possibilidade de o leitor não estar acostumado ao gênero da charge. As pessoas ligam a palavra charge a coisas alegres, mas a ideia é ser um convite ao pensamento, diz o quadrinista Mauricio de Sousa.
O jornalista e professor de letras da Unifesp (Universidade Federal de São Paulo) Paulo Ramos concorda. Quem está acostumado entende melhor desenhos como o de Montanaro. Outros veem as charges como necessariamente uma piada e, por isso, se incomodam.
Spacca, 46, que fez parte do rodízio de ilustradores da página A2 entre 1986 e 1995, diz: Os cartunistas constroem uma imagem de irreverentes, de livres criadores, que podem fazer qualquer coisa.... Mas todo comunicador tem de antecipar a reação do público e medir o que vai causar. Nem tudo é permitido.
Para Jal, presidente da Associação dos Cartunistas do Brasil, é nesses momentos de tragédia que temos de fazer críticas.
DIOGO BERCITO, de São Paulo (texto adaptado), 17/03/2011.
Observando os quatro textos em análise, SÓ se pode afirmar que:
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