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Leia o texto a seguir.
O bem que Chica Xavier fez ao Brasil
Ernesto Xavier
Eu tinha 8 anos de idade quando
Renascer estreou, no dia
8 de março de 1993. Talvez uma novela não fosse a coisa mais
atrativa do mundo para uma criança, mas eu sou neto da atriz
Chica Xavier, que fazia o papel de Inácia, fiel escudeira do
protagonista José Inocêncio, durante a segunda parte da trama.
Lembro de ter ficado perturbado com a cena em que Inocêncio
– interpretado na primeira fase por Leonardo Vieira – é
pendurado de ponta-cabeça em uma árvore, com o corpo
ensanguentado depois de ter sido esfolado por jagunços do
coronel Belarmino Ferreira (José Wilker). É claro que uma cena
como essa não era adequada para um menino da minha idade.
Mas era uma novela da Vovó Chica, como eu a chamava.
[...]
A nova versão de
Renascer estreou em 22 de janeiro de
2024, dia em que vovó completaria 92 anos. Não acho que seja
uma coincidência. Essa novela foi um marco para essa baiana
que nasceu em uma vila de 39 casas, com apenas um banheiro,
onde a maioria das mulheres eram lavadeiras – entre elas
Dionísia, sua mãe. Uma infância muito pobre com uma mãe
solo na periferia de Salvador nos anos 1930. Essa mulher virou
uma das atrizes mais conhecidas e respeitadas do Brasil, país
que escravizou pessoas negras por mais de trezentos anos.
Quando
Renascer chegou ao fim e minha avó recebeu a
notícia de que seria contratada por tempo indeterminado, ela foi
até o quintal e bradou bem alto: “Eparrey Oyá!” É a saudação
que se faz a Iansã. Sua segurança financeira estava garantida,
mesmo que de forma modesta. Chica nunca protagonizou uma
novela. Mas seus personagens ficaram marcados na memória
de milhões. “Eu sou sempre Chica nos papéis que faço, não
tem jeito. Porque deixam eu fazer gente. Eu sou gente, e aí
nessa gente eu me encontro”, ela explicou, em sua biografia.
Fosse Inácia, Bá ou Magé Bassã, Chica Xavier era o Brasil, e o
Brasil ama Chica por isso.
Disponível em: <https://piaui.folha.uol.com.br/bem-chica-xavier-brasil-atrizrenascer-inacia/>. Acesso em: 29 fev. 2024.
No trecho “Chica Xavier era o Brasil, e o Brasil ama Chica por isso.”, a vírgula, após o vocábulo “e” foi colocada de forma