Questões de Concursos Colégio Naval

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81Q53006 | Português, Oficial da Marinha, Colégio Naval, MB, 2018

Correndo risco de vida

Em uma de suas histórias geniais, Monteiro Lobato nos apresenta o reformador da natureza, Américo PiscaPisca. Questionando o perfeito equilíbrio do mundo natural, Américo Pisca-Pisca apontava um desequilíbrio flagrante no fato de uma enorme árvore, como a jabuticabeira, sustentar frutos tão pequeninos, enquanto a colossal abóbora é sustentada pelo caule fino de uma planta rasteira. Satisfeito com sua grande descoberta, Américo deita-se sob a sombra de uma das jabuticabeiras e adormece. Lá peias tantas, uma frutinha lhe cai bem na ponta do seu nariz. Aturdido, o reformador se dá conta de sua lógica.
Se os reformadores da natureza, como Américo Pisca-Pisca, já caíram no ridículo, os reformadores da língua ainda gozam de muito prestígio. Durante muito tempo era possível usar a expressão “fulano não corre mais risco de vida”. Qualquer falante normal decodificava a expressão “risco de vida" como “ter a vida em risco”. E tudo ia muito bem, até que um desses reformadores da língua sentenciou, do alto da sua vã inteligência: “"não é risco de vida, é risco de morte”. Quer dizer que só ele teve essa brilhante percepção, todos os outros falantes da língua não passavam de obtusos irrecuperáveis, é o tipo de sujeito que acredita ter inventado a roda. E impressiona a fortuna crítica de tal asneira. Desde então, todos os jornais propalam “o grande líder sicrano ainda corre o risco de morte”. E me desculpem, mas risco de morte é muito pernóstico.
Assim como o reformador da natureza não entende nada da dinâmica do mundo natural, esses gramáticos que pretendem reformar o uso linguístico invocando sua pretensa racionalidade não percebem coisa alguma da lógica de funcionamento da língua. Como bem ensinou Saussure, fundador da linguística moderna, tudo na língua é convenção. A expressão “risco de vida", estava consagrada pelo uso e não se criava problemas na comunicação, porque nenhum falante, ao ouvir tal expressão, pensava que o sujeito corra risco de viver.
A relação entre as formas linguísticas e o seu conteúdo é arbitrária e convencionada socialmente. Em Japonês, por exemplo, o objeto precede o verbo. Diz-se "João o bolo comeu" em vez de “João comeu o bolo”, como em português. Se o nosso reformador da língua baixasse por lá, tentaria convencer os japoneses de que o verbo preceder o seu objeto é muito mais lógico!
Mas os ingênuos poderiam argumentar: o nosso oráculo gramatical não melhorou a língua tornando-a mais lógica? Não, meus caros, ele a empobreceu. Pois, ao lado da expressão mais trivial “correr o risco de cair do cavalo”, a língua tem uma expressão mais sofisticada: correr risco de vida. Tal construção dissonante amplia as possibilidades expressivas da língua, criando um veio que pode vir a ser explorado por poetas e demais criadores da língua. “Corrigir" risco de vida por risco de morte é substituir uma expressão mais sutil e sofisticada por sua versão mais imediata, trivial e óbvia. E um recurso expressivo passou a correr risco de vida pela ação nefanda dos fariseus no templo democrático da língua.

LUCCHESI, Dante. Correndo risco de vida. ATarde, 17 set.2006, p.3, Opinião - adaptado.

Assinale a opção que demonstra a reescrita do período “Como bem ensinou Saussure, fundador da linguística moderna, tudo na língua é convenção.” (§3°), sem que haja qualquer alteração de valor semântico.
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82Q702742 | História, Oficial, Colégio Naval, Marinha, 2019

Em 7 de setembro de 1822, o Príncipe D. Pedro declarava a Independência do Brasil. Segundo Bittencourt (2006), quais as províncias que atenderam de imediato à conclamação emanada das margens do lpiranga?
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83Q704752 | Português, Interpretação de Textos, Oficial, Colégio Naval, Marinha, 2019

Texto associado.
TEXTO 01 
O relógio 
O relógio de Nasrudin vivia marcando a hora errada. 
- Mas será que não dá para tomar uma providência? - alguém comentou. 
- Qual providência? - falou Mullá. 
- Bem, o relógio nunca marca a hora certa. Qualquer que seja a providência já será uma melhora. 
Nasrudin deu uma martelada no relógio. O relógio parou. 
- Você tem toda a razão - disse ele. 
- De fato, já dá para sentir uma melhora. 
- Eu não quis dizer "qualquer providência", assim literalmente. Como é que agora o relógio pode estar melhor do que antes? 
- Bem, antes ele nunca marcava a hora certa. Agora, pelo menos, duas vezes por dia ele vai estar certo. 
AL-DIN, K. N. O relógio. ln: Costa, F. M. de. (org.). Os 100 melhores contos de humor da literatura universal. Rio de Janeiro: Ediouro, 2001. 
Que ditado popular resume a moral do texto? 
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84Q702138 | Português, Interpretação de Textos, Oficial, Colégio Naval, Marinha, 2019

Texto associado.
TEXTO 01 
O relógio 
O relógio de Nasrudin vivia marcando a hora errada. 
- Mas será que não dá para tomar uma providência? - alguém comentou. 
- Qual providência? - falou Mullá. 
- Bem, o relógio nunca marca a hora certa. Qualquer que seja a providência já será uma melhora. 
Nasrudin deu uma martelada no relógio. O relógio parou. 
- Você tem toda a razão - disse ele. - De fato, já dá para sentir uma melhora. 
- Eu não quis dizer "qualquer providência", assim literalmente. Como é que agora o relógio pode estar melhor do que antes? 
- Bem, antes ele nunca marcava a hora certa. Agora, pelo menos, duas vezes por dia ele vai estar certo. 
AL-DIN, K. N. O relógio. ln: Costa, F. M. de. (org.). Os 100 melhores contos de humor da literatura universal. Rio de Janeiro: Ediouro, 2001. 
No trecho "O relógio de Nasrudin vivia marcando a hora errada." (§1°), o verbo "viver' apresenta que valor semântico? 
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85Q157048 | História, Oficial da Marinha, COLÉGIO NAVAL, CN

Instaurado o regime republicano, existiam claramente três projetos de República para o Brasil de 1889. Sobre estes projetos políticos pode-se afirmar que

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86Q53000 | Português, Oficial da Marinha, Colégio Naval, MB, 2018

Correndo risco de vida

Em uma de suas histórias geniais, Monteiro Lobato nos apresenta o reformador da natureza, Américo PiscaPisca. Questionando o perfeito equilíbrio do mundo natural, Américo Pisca-Pisca apontava um desequilíbrio flagrante no fato de uma enorme árvore, como a jabuticabeira, sustentar frutos tão pequeninos, enquanto a colossal abóbora é sustentada pelo caule fino de uma planta rasteira. Satisfeito com sua grande descoberta, Américo deita-se sob a sombra de uma das jabuticabeiras e adormece. Lá peias tantas, uma frutinha lhe cai bem na ponta do seu nariz. Aturdido, o reformador se dá conta de sua lógica.
Se os reformadores da natureza, como Américo Pisca-Pisca, já caíram no ridículo, os reformadores da língua ainda gozam de muito prestígio. Durante muito tempo era possível usar a expressão “fulano não corre mais risco de vida”. Qualquer falante normal decodificava a expressão “risco de vida" como “ter a vida em risco”. E tudo ia muito bem, até que um desses reformadores da língua sentenciou, do alto da sua vã inteligência: “"não é risco de vida, é risco de morte”. Quer dizer que só ele teve essa brilhante percepção, todos os outros falantes da língua não passavam de obtusos irrecuperáveis, é o tipo de sujeito que acredita ter inventado a roda. E impressiona a fortuna crítica de tal asneira. Desde então, todos os jornais propalam “o grande líder sicrano ainda corre o risco de morte”. E me desculpem, mas risco de morte é muito pernóstico.
Assim como o reformador da natureza não entende nada da dinâmica do mundo natural, esses gramáticos que pretendem reformar o uso linguístico invocando sua pretensa racionalidade não percebem coisa alguma da lógica de funcionamento da língua. Como bem ensinou Saussure, fundador da linguística moderna, tudo na língua é convenção. A expressão “risco de vida", estava consagrada pelo uso e não se criava problemas na comunicação, porque nenhum falante, ao ouvir tal expressão, pensava que o sujeito corra risco de viver.
A relação entre as formas linguísticas e o seu conteúdo é arbitrária e convencionada socialmente. Em Japonês, por exemplo, o objeto precede o verbo. Diz-se "João o bolo comeu" em vez de “João comeu o bolo”, como em português. Se o nosso reformador da língua baixasse por lá, tentaria convencer os japoneses de que o verbo preceder o seu objeto é muito mais lógico!
Mas os ingênuos poderiam argumentar: o nosso oráculo gramatical não melhorou a língua tornando-a mais lógica? Não, meus caros, ele a empobreceu. Pois, ao lado da expressão mais trivial “correr o risco de cair do cavalo”, a língua tem uma expressão mais sofisticada: correr risco de vida. Tal construção dissonante amplia as possibilidades expressivas da língua, criando um veio que pode vir a ser explorado por poetas e demais criadores da língua. “Corrigir" risco de vida por risco de morte é substituir uma expressão mais sutil e sofisticada por sua versão mais imediata, trivial e óbvia. E um recurso expressivo passou a correr risco de vida pela ação nefanda dos fariseus no templo democrático da língua.

LUCCHESI, Dante. Correndo risco de vida. ATarde, 17 set.2006, p.3, Opinião - adaptado.

Analise os enunciados abaixo e assinale a opção correta.

I- “Se os reformadores da natureza, como Américo Pisca - Pisca, já caíram no ridículo, os reformadores da língua ainda gozam de muito prestígio.” (§2°)
II- “Se o nosso reformador da língua baixasse por lá, tentaria convencer os japoneses de que o verbo preceder o seu objeto é muito mais lógico." (§4°)
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87Q53008 | Português, Oficial da Marinha, Colégio Naval, MB, 2018

Palavra

Peguei meu filho no colo (naquele tempo ainda dava), apertei-o com força e disse que só o soltaria se ele dissesse a palavra mágica.
E ele disse: - Mágica.
Foi solto em seguida.
Um adulto teria procurado outra palavra, uma encantação que o libertasse.
Ele não teve dúvida. Me entendeu mal, mas acertou. Disse o que eu pedi. (Não, não hoje ele não se dedica às ciências exatas. É cantor e compositor)
Nenhuma palavra era mais mágica do que a palavra “mágica”.
Quem tem o chamado dom da palavra cedo ou tarde se descobre um impostor. Ou se regenera, e passa a usar a palavra com economia e precisão, ou se refestela na impostura: Nabokov e seus borboleteios, Borges e seus labirintos.
Impostura no bom sentido, claro - nada mais fascinante do que ver um bom mágico em ação. Você está ali pelos truques, não pelo seu desmascaramento.
Mas quem quer usar a palavra não para fascinar, mas para transmitir um pensamento ou apenas contar uma história, tem um desafio maior, o de fazer mágica sem truques. Não transformar o lenço em pomba, mas usar o lenço para dar o recado, um “ lençocorreio”. Cuidando o tempo todo, para que as palavras não se tornem mais importante do que o recado e o artifício - a impostura - não apareça e não atrapalhe.
(...)

Noblat.oglobo.globo.com/crônicas/notícia/2017/02/palavra. html - adaptado.

Assinale a opção em que os termos destacados retomam o mesmo vocábulo.
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88Q688466 | Português, Interpretação de Textos, Aluno 2 Dia, Colégio Naval, Marinha, 2019

Texto associado.

Redes sociais: o reino encantado da intimidade de faz de conta


      Recebi, por e-mail, um convite para um evento literário. Aceitei, e logo a moça que me convidou pediu meu número de Whatsapp para agilizar algumas informações. No dia seguinte, nossa formalidade havia evoluído para emojis de coraçãozinho. No terceiro dia, eia iniciou a mensagem com um "bom dia, amiga". Quando eu fizer aniversário, acho que vou convidá-la pra festa.

      Postei no Instagram a foto de um cartaz de cinema, e uma leitora deixou um comentário no Direct. Disse que vem passando por um drama parecido como do filme; algo tão pessoal, que ela só quis contar para mim, em quem confia 100%. Como não chamá-la para a próxima ceia de Natal aqui em casa? Fotos de recém-nascidos me são enviadas por mulheres que eu nem sabia que estavam grávidas. Mando condolências pela morte do avô de alguém que mal cumprimento quando encontro num bar. Acompanho a dieta alimentar de estranhos. Fico sabendo que o amigo de uma conhecida troca, todos os dias, as fraldas de sua mãe velhinha, mas que não faria isso pelo pai, que sempre foi seco e frio com ele - e me comovo; sinto como se estivesse sentada a seu lado no sofá, enxugando suas lágrimas.

      Mas não estou sentada a seu lado no sofá e nem mesmo sei quem ele é; apenas li um comentário deixado numa postagem do Facebook, entre outras milhares de postagens diárias que não são pra mim, mas que estão ao alcance dos meus olhos. É o reino encantado das confidências instantâneas e das distâncias suprimidas: nunca fomos tão íntimos de todos.

      Pena que esse mundo fofo é de faz de conta, intimidade, pra valer, exige paciência e convivência, tudo o que, infelizmente, tornou-se sinônimo de perda de tempo. Mais vale a aproximação ilusória: as pessoas amam você, mesmo sem conhecê-la de verdade. É como disse, certa vez, o ator Daniel Dantas em entrevista à Marilia Gabriela: "Eu gostaria de ser a pessoa que meu cachorro pensa que eu sou".

      Genial. Um cachorro começa a seguir você na rua e, se você der atenção e o levar pra casa, ganha um amigo na hora. O cachorro vai achá-lo o máximo, pois a única coisa que ele quer é pertencer. Ele não está nem aí para suas fraquezas, para suas esquisitices, para a pessoa que você realmente é: basta que você o adote.

      A comparação é meio forçada, mas tem alguma relação com o que acontece nas redes. Farejamos uns aos outros, ofertamos um like e, de imediato, ganhamos um amigo que não sabe nada de profundo sobre nós, e provavelmente nunca saberá. A diferença - a favor do cachorro - é que este está realmente por perto, todos os dias, e é sensível aos nossos estados de ânimo, tornando-se íntimo a seu modo. Já alguns seres humanos seguem outros seres humanos sem que jamais venham a pertencer à vida um do outro, inaugurando uma nova intimidade: a que não existe de modo nenhum.

Martha Medeiros <https://www, revistaversar.com. br/redes-sociais-inttmÍdade/> - (com adaptações)

A ideia central do texto é:
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89Q53002 | Português, Oficial da Marinha, Colégio Naval, MB, 2018

Correndo risco de vida

Em uma de suas histórias geniais, Monteiro Lobato nos apresenta o reformador da natureza, Américo PiscaPisca. Questionando o perfeito equilíbrio do mundo natural, Américo Pisca-Pisca apontava um desequilíbrio flagrante no fato de uma enorme árvore, como a jabuticabeira, sustentar frutos tão pequeninos, enquanto a colossal abóbora é sustentada pelo caule fino de uma planta rasteira. Satisfeito com sua grande descoberta, Américo deita-se sob a sombra de uma das jabuticabeiras e adormece. Lá peias tantas, uma frutinha lhe cai bem na ponta do seu nariz. Aturdido, o reformador se dá conta de sua lógica.
Se os reformadores da natureza, como Américo Pisca-Pisca, já caíram no ridículo, os reformadores da língua ainda gozam de muito prestígio. Durante muito tempo era possível usar a expressão “fulano não corre mais risco de vida”. Qualquer falante normal decodificava a expressão “risco de vida" como “ter a vida em risco”. E tudo ia muito bem, até que um desses reformadores da língua sentenciou, do alto da sua vã inteligência: “"não é risco de vida, é risco de morte”. Quer dizer que só ele teve essa brilhante percepção, todos os outros falantes da língua não passavam de obtusos irrecuperáveis, é o tipo de sujeito que acredita ter inventado a roda. E impressiona a fortuna crítica de tal asneira. Desde então, todos os jornais propalam “o grande líder sicrano ainda corre o risco de morte”. E me desculpem, mas risco de morte é muito pernóstico.
Assim como o reformador da natureza não entende nada da dinâmica do mundo natural, esses gramáticos que pretendem reformar o uso linguístico invocando sua pretensa racionalidade não percebem coisa alguma da lógica de funcionamento da língua. Como bem ensinou Saussure, fundador da linguística moderna, tudo na língua é convenção. A expressão “risco de vida", estava consagrada pelo uso e não se criava problemas na comunicação, porque nenhum falante, ao ouvir tal expressão, pensava que o sujeito corra risco de viver.
A relação entre as formas linguísticas e o seu conteúdo é arbitrária e convencionada socialmente. Em Japonês, por exemplo, o objeto precede o verbo. Diz-se "João o bolo comeu" em vez de “João comeu o bolo”, como em português. Se o nosso reformador da língua baixasse por lá, tentaria convencer os japoneses de que o verbo preceder o seu objeto é muito mais lógico!
Mas os ingênuos poderiam argumentar: o nosso oráculo gramatical não melhorou a língua tornando-a mais lógica? Não, meus caros, ele a empobreceu. Pois, ao lado da expressão mais trivial “correr o risco de cair do cavalo”, a língua tem uma expressão mais sofisticada: correr risco de vida. Tal construção dissonante amplia as possibilidades expressivas da língua, criando um veio que pode vir a ser explorado por poetas e demais criadores da língua. “Corrigir" risco de vida por risco de morte é substituir uma expressão mais sutil e sofisticada por sua versão mais imediata, trivial e óbvia. E um recurso expressivo passou a correr risco de vida pela ação nefanda dos fariseus no templo democrático da língua.

LUCCHESI, Dante. Correndo risco de vida. ATarde, 17 set.2006, p.3, Opinião - adaptado.

Na sentença “Lá pelas tantas, uma frutinha lhe cai bem na ponta do teu nariz,” (§1°), a sequência destacada significa:
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90Q53003 | Português, Oficial da Marinha, Colégio Naval, MB, 2018

Correndo risco de vida

Em uma de suas histórias geniais, Monteiro Lobato nos apresenta o reformador da natureza, Américo PiscaPisca. Questionando o perfeito equilíbrio do mundo natural, Américo Pisca-Pisca apontava um desequilíbrio flagrante no fato de uma enorme árvore, como a jabuticabeira, sustentar frutos tão pequeninos, enquanto a colossal abóbora é sustentada pelo caule fino de uma planta rasteira. Satisfeito com sua grande descoberta, Américo deita-se sob a sombra de uma das jabuticabeiras e adormece. Lá peias tantas, uma frutinha lhe cai bem na ponta do seu nariz. Aturdido, o reformador se dá conta de sua lógica.
Se os reformadores da natureza, como Américo Pisca-Pisca, já caíram no ridículo, os reformadores da língua ainda gozam de muito prestígio. Durante muito tempo era possível usar a expressão “fulano não corre mais risco de vida”. Qualquer falante normal decodificava a expressão “risco de vida" como “ter a vida em risco”. E tudo ia muito bem, até que um desses reformadores da língua sentenciou, do alto da sua vã inteligência: “"não é risco de vida, é risco de morte”. Quer dizer que só ele teve essa brilhante percepção, todos os outros falantes da língua não passavam de obtusos irrecuperáveis, é o tipo de sujeito que acredita ter inventado a roda. E impressiona a fortuna crítica de tal asneira. Desde então, todos os jornais propalam “o grande líder sicrano ainda corre o risco de morte”. E me desculpem, mas risco de morte é muito pernóstico.
Assim como o reformador da natureza não entende nada da dinâmica do mundo natural, esses gramáticos que pretendem reformar o uso linguístico invocando sua pretensa racionalidade não percebem coisa alguma da lógica de funcionamento da língua. Como bem ensinou Saussure, fundador da linguística moderna, tudo na língua é convenção. A expressão “risco de vida", estava consagrada pelo uso e não se criava problemas na comunicação, porque nenhum falante, ao ouvir tal expressão, pensava que o sujeito corra risco de viver.
A relação entre as formas linguísticas e o seu conteúdo é arbitrária e convencionada socialmente. Em Japonês, por exemplo, o objeto precede o verbo. Diz-se "João o bolo comeu" em vez de “João comeu o bolo”, como em português. Se o nosso reformador da língua baixasse por lá, tentaria convencer os japoneses de que o verbo preceder o seu objeto é muito mais lógico!
Mas os ingênuos poderiam argumentar: o nosso oráculo gramatical não melhorou a língua tornando-a mais lógica? Não, meus caros, ele a empobreceu. Pois, ao lado da expressão mais trivial “correr o risco de cair do cavalo”, a língua tem uma expressão mais sofisticada: correr risco de vida. Tal construção dissonante amplia as possibilidades expressivas da língua, criando um veio que pode vir a ser explorado por poetas e demais criadores da língua. “Corrigir" risco de vida por risco de morte é substituir uma expressão mais sutil e sofisticada por sua versão mais imediata, trivial e óbvia. E um recurso expressivo passou a correr risco de vida pela ação nefanda dos fariseus no templo democrático da língua.

LUCCHESI, Dante. Correndo risco de vida. ATarde, 17 set.2006, p.3, Opinião - adaptado.

Assinale a opção em que a concordância entre verbo e sujeito não está de acordo com as prescrições normativas da Língua Portuguesa.
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91Q700691 | Português, Praça de 2° Classe, Colégio Naval, Marinha, 2019

Nos versos: "Eu, Marília, não fui nenhum vaqueiro /
Fui honrado pastor da tua aldeia ... " (Gonzaga,
Tomás Antônio. Mar/lia de Dirceu.), o termo
sublinhado vem entre vírgulas por tratar-se de um
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92Q688313 | Não definido, Aluno 1 Dia, Colégio Naval, Marinha, 2019

Leia o texto a seguir.


"Os limites dos Estados nacionais parecem tão exatos nos mapas políticos que fica difícil duvidar que não estiveram sempre ali. Suas demarcações são estabelecidas com base em posições calculadas por coordenadas geográficas; assim, os limites tornam-se concretos. As bacias hidrográficas têm um papel decisivo no estabelecimento de áreas fronteiriças entre os territórios: rios e divisores de água estão entre os elementos da superfície terrestre mais utilizados no estabelecimento de limites territoriais". SANTOS,Douglas.

(Geografia das redes: o mundo e seus lugares). São Paulo: Editora do Brasil, 2016. Coleção Geografia das redes; v. 2, p. 136-140


Sobre o entorno geográfico da Bacia do Rio Paraná, com base no texto acima, analise as afirmativas abaixo.


I- A hidrovia do Rio Paraná possui um potencial quase esgotado em virtude do volume de carga transportada no comércio entre as economias brasileira, argentina e uruguaia.

II- A existência da hidrelétrica binacional de Itaipu, entre Brasil e Paraguai, reforça a dependência entre as duas economias que consomem igualitariamente a energia produzida.

III- O Sul do Brasil apresenta a maior quantidade de cidades gêmeas com grande dinâmica transfronteiriça e elevada integração econômica e cultural, exemplificada pelos fluxos comerciais entre Foz do Iguaçu e Ciudad Del Este.

IV- A porosidade das fronteiras entre Brasil, Argentina e Paraguai tem facilitado o contrabando de produtos eletrônicos, cigarros, drogas, entre outros, realizado pelos rios devido à dificuldade de fiscalização.

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93Q156933 | Português, Oficial da Marinha, COLÉGIO NAVAL, CN

Texto associado.

Texto para responder às questões de 1 a 18.

TEXTO I

Campeonato do desperdício

No campeonato do desperdício, somos campeões em várias modalidades. Algumas de que nos orgulhamos e outras de que nem tanto. Meu amigo Adamastor, antropólogo das horas vagas, não me deu as causas primeiras de nossa primazia, mas forneceu-me uma lista em que somos imbatíveis. Claro, das modalidades que "nem tanto". Vocês já ouviram falar em lixo rico? Somos os campeões. Nosso lixo faria a fartura de um Haiti. Com o que jogamos fora e que poderia ser aproveitado, poder-se-ia alimentar muito mais do que a população do Haiti. Há pesquisas do assunto e cálculos exatos que "nem tanto". Somos um país pobre com mania de rico. E nosso lixo é mais rico do que o lixo dos países ricos. Meu falecido pai costumava dizer: rico raspa o queijo com as costas da faca; remediado corta uma casca bem fininha; pobre, contudo, arranca uma lasca imensa do queijo. Meu pai dizia, e tenho a impressão que meu pai era um homem preconceituoso, mas em termos de manuseio dos alimentos nacionais, arrancamos uma lasca imensa do queijo, ah, sim, arrancamos. Outra modalidade em que somos campeões absolutos, o desperdício do transporte. Ninguém no mundo consegue, tanto quanto nós, jogar grãos nas estradas. Não viajo pouco e me considero testemunha ocular. A Anhanguera, por exemplo, tem verdadeiras plantações de soja em suas margens. Quando pego uma traseira de caminhão e aquela chuva de grãos me assusta, penso rápido e fico calmo: faz parte da competição e temos de ser campeões. Na construção civil o desperdício chega a ser escandaloso. Um dia o Adamastor, antropólogo das horas vagas, me veio com uma folha de jornal onde se liam estatísticas indecentes. Com o que se joga fora de material (do mais bruto ao mais sofisticado) , o Brasil poderia construir todos os estádios que a FIFA exige e ainda poderia exportar cidades para o mundo. Antigamente, este que vos atormenta, levava um litro lavado para trocar por outro cheio de leite. Você, caro leitor, talvez nem tenha notícia disso. Mas era assim. Agora, compra-se o leite e sua embalagem internamente aluminizada para jogá-la no lixo. Quanto de nosso petróleo vai para o lixo em forma de sacos plásticos? Vocês já ouviram falar que o petróleo é um recurso inesgotável? Claro que não! Mas sente algum remorso ao jogar os sacos trazidos do supermercado no lixo? Claro que não. Nossa cultura de mosaico nos tirou a capacidade de ligar os fenômenos entre si. E o que desperdiçamos de talentos, de esforço educacional? São advogados atendendo em balcão de banco, engenheiros vendendo cachorroquente nas avenidas de São Paulo, são gênios que se desperdiçam diariamente como se fossem recursos, eles também, inesgotáveis. No dia em que a gente precisar, vai lá e pega. No dia em que a genteprecisar, pode não existir mais. Não importa, vivemos no melhor dos mundos, segundo a opinião do Adamastor, o gigante, plagiando um tal de Dr. Pangloss, que ironizava um tal de Leibniz.
BRAFF, Menalton.

Em www.cartacapital.com.br - Acesso em 14 jan., 2013 - adaptado. Dr.Pangloss - personagem de Cândido, de Voltaire. Caracteriza-se pelo extremo otimismo. Leibniz - Autor da teoria de que nada acontece ao acaso. Estamos no melhor dos mundos possíveis, o ser só é, só existe, porque é o melhor possível. Adamastor, o- gigante - personificação do Cabo das Tormentas, em Os Lusíadas, do escritor português Luiz Vaz de Camões,

Em seu processo argumentativo, o texto

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94Q685377 | Português, Interpretação de Textos, Aluno 2 Dia, Colégio Naval, Marinha, 2019

Texto associado.

Redes sociais: o reino encantado da intimidade de faz de conta


      Recebi, por e-mail, um convite para um evento literário. Aceitei, e logo a moça que me convidou pediu meu número de Whatsapp para agilizar algumas informações. No dia seguinte, nossa formalidade havia evoluído para emojis de coraçãozinho. No terceiro dia, eia iniciou a mensagem com um "bom dia, amiga". Quando eu fizer aniversário, acho que vou convidá-la pra festa.

      Postei no Instagram a foto de um cartaz de cinema, e uma leitora deixou um comentário no Direct. Disse que vem passando por um drama parecido como do filme; algo tão pessoal, que ela só quis contar para mim, em quem confia 100%. Como não chamá-la para a próxima ceia de Natal aqui em casa? Fotos de recém-nascidos me são enviadas por mulheres que eu nem sabia que estavam grávidas. Mando condolências pela morte do avô de alguém que mal cumprimento quando encontro num bar. Acompanho a dieta alimentar de estranhos. Fico sabendo que o amigo de uma conhecida troca, todos os dias, as fraldas de sua mãe velhinha, mas que não faria isso pelo pai, que sempre foi seco e frio com ele - e me comovo; sinto como se estivesse sentada a seu lado no sofá, enxugando suas lágrimas.

      Mas não estou sentada a seu lado no sofá e nem mesmo sei quem ele é; apenas li um comentário deixado numa postagem do Facebook, entre outras milhares de postagens diárias que não são pra mim, mas que estão ao alcance dos meus olhos. É o reino encantado das confidências instantâneas e das distâncias suprimidas: nunca fomos tão íntimos de todos.

      Pena que esse mundo fofo é de faz de conta, intimidade, pra valer, exige paciência e convivência, tudo o que, infelizmente, tornou-se sinônimo de perda de tempo. Mais vale a aproximação ilusória: as pessoas amam você, mesmo sem conhecê-la de verdade. É como disse, certa vez, o ator Daniel Dantas em entrevista à Marilia Gabriela: "Eu gostaria de ser a pessoa que meu cachorro pensa que eu sou".

      Genial. Um cachorro começa a seguir você na rua e, se você der atenção e o levar pra casa, ganha um amigo na hora. O cachorro vai achá-lo o máximo, pois a única coisa que ele quer é pertencer. Ele não está nem aí para suas fraquezas, para suas esquisitices, para a pessoa que você realmente é: basta que você o adote.

      A comparação é meio forçada, mas tem alguma relação com o que acontece nas redes. Farejamos uns aos outros, ofertamos um like e, de imediato, ganhamos um amigo que não sabe nada de profundo sobre nós, e provavelmente nunca saberá. A diferença - a favor do cachorro - é que este está realmente por perto, todos os dias, e é sensível aos nossos estados de ânimo, tornando-se íntimo a seu modo. Já alguns seres humanos seguem outros seres humanos sem que jamais venham a pertencer à vida um do outro, inaugurando uma nova intimidade: a que não existe de modo nenhum.

Martha Medeiros <https://www, revistaversar.com. br/redes-sociais-inttmÍdade/> - (com adaptações)

Em “Farejamos uns aos outros, ofertamos um like e, de imediato, ganhamos um amigo que não sabe nada de profundo sobre nós, e provavelmente nunca saberá.” (7°§), infere-se que:
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95Q156998 | Português, Oficial da Marinha, COLÉGIO NAVAL, CN

Texto associado.

Texto para responder às questões de 1 a 18.

TEXTO I

Campeonato do desperdício

No campeonato do desperdício, somos campeões em várias modalidades. Algumas de que nos orgulhamos e outras de que nem tanto. Meu amigo Adamastor, antropólogo das horas vagas, não me deu as causas primeiras de nossa primazia, mas forneceu-me uma lista em que somos imbatíveis. Claro, das modalidades que "nem tanto". Vocês já ouviram falar em lixo rico? Somos os campeões. Nosso lixo faria a fartura de um Haiti. Com o que jogamos fora e que poderia ser aproveitado, poder-se-ia alimentar muito mais do que a população do Haiti. Há pesquisas do assunto e cálculos exatos que "nem tanto". Somos um país pobre com mania de rico. E nosso lixo é mais rico do que o lixo dos países ricos. Meu falecido pai costumava dizer: rico raspa o queijo com as costas da faca; remediado corta uma casca bem fininha; pobre, contudo, arranca uma lasca imensa do queijo. Meu pai dizia, e tenho a impressão que meu pai era um homem preconceituoso, mas em termos de manuseio dos alimentos nacionais, arrancamos uma lasca imensa do queijo, ah, sim, arrancamos. Outra modalidade em que somos campeões absolutos, o desperdício do transporte. Ninguém no mundo consegue, tanto quanto nós, jogar grãos nas estradas. Não viajo pouco e me considero testemunha ocular. A Anhanguera, por exemplo, tem verdadeiras plantações de soja em suas margens. Quando pego uma traseira de caminhão e aquela chuva de grãos me assusta, penso rápido e fico calmo: faz parte da competição e temos de ser campeões. Na construção civil o desperdício chega a ser escandaloso. Um dia o Adamastor, antropólogo das horas vagas, me veio com uma folha de jornal onde se liam estatísticas indecentes. Com o que se joga fora de material (do mais bruto ao mais sofisticado) , o Brasil poderia construir todos os estádios que a FIFA exige e ainda poderia exportar cidades para o mundo. Antigamente, este que vos atormenta, levava um litro lavado para trocar por outro cheio de leite. Você, caro leitor, talvez nem tenha notícia disso. Mas era assim. Agora, compra-se o leite e sua embalagem internamente aluminizada para jogá-la no lixo. Quanto de nosso petróleo vai para o lixo em forma de sacos plásticos? Vocês já ouviram falar que o petróleo é um recurso inesgotável? Claro que não! Mas sente algum remorso ao jogar os sacos trazidos do supermercado no lixo? Claro que não. Nossa cultura de mosaico nos tirou a capacidade de ligar os fenômenos entre si. E o que desperdiçamos de talentos, de esforço educacional? São advogados atendendo em balcão de banco, engenheiros vendendo cachorroquente nas avenidas de São Paulo, são gênios que se desperdiçam diariamente como se fossem recursos, eles também, inesgotáveis. No dia em que a gente precisar, vai lá e pega. No dia em que a genteprecisar, pode não existir mais. Não importa, vivemos no melhor dos mundos, segundo a opinião do Adamastor, o gigante, plagiando um tal de Dr. Pangloss, que ironizava um tal de Leibniz.
BRAFF, Menalton.

Em www.cartacapital.com.br - Acesso em 14 jan., 2013 - adaptado. Dr.Pangloss - personagem de Cândido, de Voltaire. Caracteriza-se pelo extremo otimismo. Leibniz - Autor da teoria de que nada acontece ao acaso. Estamos no melhor dos mundos possíveis, o ser só é, só existe, porque é o melhor possível. Adamastor, o- gigante - personificação do Cabo das Tormentas, em Os Lusíadas, do escritor português Luiz Vaz de Camões,

Em "Meu pai dizia, e tenho a impressão de que meu pai era um homem preconceituoso [ . . . ] " (2° § ) , a forma verbal destacada expressa

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96Q595628 | Português, Interpretação de Textos, Oficial de 2a Classe, Colégio Naval, Marinha

Leia o texto a seguir. "Cresci; e nisso é que a família não interveio; cresci naturalmente, como crescem as magnólias e os gatos. Talvez os gatos são menos matreiros, e, com certeza, as magnólias são menos inquietas do que eu era na minha infância. Um poeta dizia que o menino é o pai do homem» Se isso é verdade, vejamos alguns lineamentos do menino." (Machado de Assis) Em que opção a ideia referida pelo termo destacado, no texto acima, está corretamente indicada?
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97Q157046 | História, Oficial da Marinha, COLÉGIO NAVAL, CN

Na década de 1950, o governo brasileiro começou a tomar algumas medidas para integrar a Amazônia ao restante do país e, assim, impedir sua internacionalização, isto é, a exploração econômica estrangeira. Inúmeras foram as dificuldades para tal empreitada, no entanto, as ações públicas foram imprescindíveis nesse sentido. Sobre as ações públicas, que contribuíram na ocupação da Amazônia, assinale a opção correta.

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98Q706305 | Legislação Federal, Oficial, Colégio Naval, Marinha, 2019

Como se denomina a ordenação da autoridade, em níveis diferentes, dentro da estrutura das Forças Armadas? 
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99Q691150 | Português, Sintaxe, Aluno 2 Dia, Colégio Naval, Marinha, 2019

Texto associado.

Redes sociais: o reino encantado da intimidade de faz de conta


      Recebi, por e-mail, um convite para um evento literário. Aceitei, e logo a moça que me convidou pediu meu número de Whatsapp para agilizar algumas informações. No dia seguinte, nossa formalidade havia evoluído para emojis de coraçãozinho. No terceiro dia, eia iniciou a mensagem com um "bom dia, amiga". Quando eu fizer aniversário, acho que vou convidá-la pra festa.

      Postei no Instagram a foto de um cartaz de cinema, e uma leitora deixou um comentário no Direct. Disse que vem passando por um drama parecido como do filme; algo tão pessoal, que ela só quis contar para mim, em quem confia 100%. Como não chamá-la para a próxima ceia de Natal aqui em casa? Fotos de recém-nascidos me são enviadas por mulheres que eu nem sabia que estavam grávidas. Mando condolências pela morte do avô de alguém que mal cumprimento quando encontro num bar. Acompanho a dieta alimentar de estranhos. Fico sabendo que o amigo de uma conhecida troca, todos os dias, as fraldas de sua mãe velhinha, mas que não faria isso pelo pai, que sempre foi seco e frio com ele - e me comovo; sinto como se estivesse sentada a seu lado no sofá, enxugando suas lágrimas.

      Mas não estou sentada a seu lado no sofá e nem mesmo sei quem ele é; apenas li um comentário deixado numa postagem do Facebook, entre outras milhares de postagens diárias que não são pra mim, mas que estão ao alcance dos meus olhos. É o reino encantado das confidências instantâneas e das distâncias suprimidas: nunca fomos tão íntimos de todos.

      Pena que esse mundo fofo é de faz de conta, intimidade, pra valer, exige paciência e convivência, tudo o que, infelizmente, tornou-se sinônimo de perda de tempo. Mais vale a aproximação ilusória: as pessoas amam você, mesmo sem conhecê-la de verdade. É como disse, certa vez, o ator Daniel Dantas em entrevista à Marilia Gabriela: "Eu gostaria de ser a pessoa que meu cachorro pensa que eu sou".

      Genial. Um cachorro começa a seguir você na rua e, se você der atenção e o levar pra casa, ganha um amigo na hora. O cachorro vai achá-lo o máximo, pois a única coisa que ele quer é pertencer. Ele não está nem aí para suas fraquezas, para suas esquisitices, para a pessoa que você realmente é: basta que você o adote.

      A comparação é meio forçada, mas tem alguma relação com o que acontece nas redes. Farejamos uns aos outros, ofertamos um like e, de imediato, ganhamos um amigo que não sabe nada de profundo sobre nós, e provavelmente nunca saberá. A diferença - a favor do cachorro - é que este está realmente por perto, todos os dias, e é sensível aos nossos estados de ânimo, tornando-se íntimo a seu modo. Já alguns seres humanos seguem outros seres humanos sem que jamais venham a pertencer à vida um do outro, inaugurando uma nova intimidade: a que não existe de modo nenhum.

Martha Medeiros <https://www, revistaversar.com. br/redes-sociais-inttmÍdade/> - (com adaptações)

Em relação aos aspectos morfossintáticos do texto, assinale a opção correta.
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100Q698884 | Português, Praça de 2° Classe, Colégio Naval, Marinha, 2019

As palavras "acento" e "assento" apresentam uma relação de:
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