Leia os trechos a seguir.
I. “O Brasil é um país sem povo.” A famosa frase feita na década
de 1880, já foi tomada como ponto de partida para a elaboração
de um paradigma interpretativo da história do Brasil. Logo ligouse à visão do escravo como um ser coisificado, incapaz de
pensamentos e ações próprios: a escravidão teria aniquilado as
pessoas e sua cultura, restando a fragmentação e o vazio
produzidos por uma dominação.
Adaptado de: CHALHOUB , Sidney; Fernando Teixeira da Silva. “Sujeitos no
Imaginário do Acadêmico: Escravos e trabalhadores na historiografia brasileira
desde os anos 1980”. Cad. AEL, v.14, n.26, 2009, pp. 15-16.
II. Talvez a característica mais marcante dos trabalhos acadêmicos
sobre a escravidão nas últimas décadas tenha sido a forma pela
qual romperam com a associação entre subordinação e paralisia
ou passividade. Os estudiosos vêm encontrando numerosas
maneiras de examinar as iniciativas dos escravos sem
desconsiderar a opressão, de explorar a criação de sistemas
alternativos de crenças e valores no contexto da tentativa de
dominação ideológica, de aprender a reconhecer a comunidade
escrava mesmo constatando o esforço contínuo de repressão a
algumas de suas características essenciais.
Adaptado de: SCOTT , R. “Exploring the meaning of freedom: post-emancipation
societies in comparative perspective”. Hispanic American Historic Review , v. 68, n. 3,
p. 407-428, ago. 1988.
Assinale a opção que descreve corretamente a interpretação dos
dois trechos.
✂️ a) O texto I afirma que alguns historiadores acreditavam que os
escravizados viviam sob repressão, enquanto o texto II afirma
que outros historiadores entendem que eles tinham o direito
de viver conforme seus próprios desejos. ✂️ b) O texto I afirma que alguns historiadores acreditavam que a
violência impedia os escravizados de agir, enquanto o texto II
afirma que outros historiadores entendem que, mesmo
sofrendo violência, eles eram indivíduos ativos. ✂️ c) O texto I afirma que alguns historiadores acreditavam que
deveriam dar protagonismo aos escravizados como sujeitos
históricos, enquanto o texto II afirma que outros historiadores
entendem que eles eram coisas. ✂️ d) O texto I afirma que alguns historiadores acreditavam que a
violência da escravidão uniu os escravizados, que criaram a
cultura brasileira, enquanto o texto II afirma que outros
historiadores entendem que eles eram sujeitos passivos. ✂️ e) O texto I afirma que alguns historiadores acreditavam que os
escravizados não tinham pensamentos, enquanto o texto II
afirma que outros historiadores entendem que a violência não
foi tão severa e que poderiam pensar se quisessem.