Carlos, um empresário de 65 anos, doou um apartamento
avaliado em R$ 1.500.000,00 ao seu sobrinho Lucas, com a
condição expressa de que este cuidasse pessoalmente dele na
velhice, prestando-lhe assistência moral e material sempre que
necessário. O contrato continha também cláusula de reversão
para a hipótese de descumprimento do encargo ou falecimento
do donatário.
Nos primeiros meses, Lucas demonstrou atenção e cuidado com
Carlos, mas, após herdar um valor substancial de outro parente,
mudou-se para o exterior e não mais procurou o tio. Carlos,
sentindo-se abandonado, notificou Lucas por meio de um
advogado, exigindo que ele cumprisse o encargo ou devolvesse o
imóvel. Lucas não respondeu, mas fez uma série de declarações
públicas depreciativas sobre o tio em redes sociais. Carlos ajuizou
ação para revogar a doação e, no curso da ação, descobriu que
Lucas já havia vendido o imóvel a um terceiro de boa-fé.
Diante desse cenário, assinale a afirmativa correta.
a) Carlos não pode revogar a doação, pois o encargo de "cuidar
pessoalmente do doador" não pode ser imposto como
condição válida, já que se trata de uma obrigação intuitu
personae e subjetiva, impossível de ser exigida judicialmente.
b) A revogação da doação por inexecução do encargo não pode
atingir o terceiro adquirente de boa-fé, mas Carlos pode
exigir de Lucas indenização pelo valor correspondente ao
imóvel, pois este lucrou indevidamente com a liberalidade
sem cumprir sua obrigação.
c) Como a doação foi feita por escritura pública e continha
cláusula de reversão, o imóvel automaticamente retorna ao
patrimônio de Carlos, tornando inválida a venda realizada por
Lucas, mesmo que o comprador tenha tido boa-fé.
d) A ingratidão de Lucas impede que ele alegue qualquer direito
sobre o imóvel, mas não justifica a revogação da doação, pois
essa hipótese só se aplicaria em casos de violência física ou
tentativa de homicídio contra Carlos.
e) Carlos perdeu o direito de revogar a doação, pois não ajuizou
a ação dentro do prazo decadencial de um ano a partir da
primeira omissão de Lucas no cumprimento do encargo.