Leia o trecho a seguir.
Um grande manto de florestas e charnecas cortado por clareiras
cultivadas, mais ou menos férteis, tal é o aspecto da Cristandade –
algo diferente do Oriente muçulmano, mundo de oásis em meio a
desertos. Num local a madeira é rara e as árvores indicam a
civilização, noutro a madeira é abundante e sinaliza a barbárie. A
religião, que no Oriente nasceu ao abrigo das palmeiras, cresceu
no Ocidente em detrimento das árvores, refúgio dos gênios pagãos
que monges, santos e missionários abatem impiedosamente. Aqui,
o progresso liga-se ao arroteamento, à luta e vitória sobre a mata
cerrada, sobre os arbustos ou, quando necessário e o equipamento
técnico e a coragem o permitem, sobre os bosques, sobre a floresta
virgem. Mas a realidade palpitante é marcada por um conjunto de
clareiras mais ou menos vastas, que correspondem a células
econômicas, sociais e culturais. Por muito tempo o Ocidente
medieval foi um aglomerado, uma justaposição de domínios, de
castelos e de cidades surgidos no meio de extensões incultas e
desertas. O deserto, aliás, era então a floresta. La se refugiavam os
adeptos voluntários ou involuntários da fuga mundi. Eremitas,
amantes, cavaleiros errantes, malfeitores, foras da lei.
Adaptado de LE GOFF, Jacques. A civilização do Ocidente Medieval. Caxias
do Sul: Edusc, 2005 pp. 123-124.
Com base na leitura do trecho, é correto afirmar que o imaginário
medieval ocidental entendia as florestas como espaços de
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