Questões de Concursos UERJ

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1Q669276 | Química, Vestibular UERJ, UERJ, UERJ

O rompimento da barragem de contenção de uma mineradora em Mariana (MG) acarretou o derramamento de lama contendo resíduos poluentes no rio Doce. Esses resíduos foram gerados na obtenção de um minério composto pelo metal de menor raio atômico do grupo 8 da tabela de classificação periódica. A lama levou 16 dias para atingir o mar, situado a 600 km do local do acidente, deixando um rastro de destruição nesse percurso. Caso alcance o arquipélago de Abrolhos, os recifes de coral dessa região ficarão ameaçados. 
O metal que apresenta as características químicas descritas no texto é denominado:
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2Q931557 | Geografia, Vestibular UERJ, UERJ, UERJ

Um dos fatores que impulsionaram a tecnologia da informação foi o sucesso dos profissionais indianos nos Estados Unidos, principalmente no Vale do Silício. A saída de estudantes indianos gerou um intenso debate dentro da Índia: emigrantes eram acusados de usarem a excelente educação recebida gratuitamente do governo para impulsionar suas carreiras sem dar nada de volta ao país. O grosso da emigração indiana hoje vai para os E.U.A., Austrália, Canadá e Nova Zelândia.
                Adaptado de COSTA, F. Os indianos. São Paulo: Contexto, 2015.
Apesar da crítica relatada no texto, a economia indiana também se beneficiou com a emigração de profissionais indianos qualificados.
Para a Índia, uma consequência positiva desse processo demográfico tem sido:
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3Q595192 | Português, Interpretação de Textos, Vestibular UERJ, UERJ, UERJ

O uso de palavras que se referem a termos já enunciados, sem que seja necessário repeti-los, faz parte dos processos de coesão da linguagem.
Na pergunta feita no segundo quadrinho, uma palavra empregada com esse objetivo é:
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4Q595237 | Português, Interpretação de Textos, Vestibular UERJ, UERJ, UERJ

Nosso pensamento, como toda entidade viva, nasce para se vestir de fronteiras. Essa invenção
é uma espécie de vício de arquitetura, pois não há infinito sem linha do horizonte. A verdade é
que a vida tem fome de fronteiras. Porque essas fronteiras da natureza não servem apenas para
fechar. Todas as membranas orgânicas são entidades vivas e permeáveis. São fronteiras feitas
5   para, ao mesmo tempo, delimitar e negociar: o “dentro” e o “fora” trocam-se por turnos.
Um dos casos mais notáveis na construção de fronteiras acontece no mundo das aves. É o caso
do nosso tucano, o tucano africano, que fabrica o ninho a partir do oco de uma árvore. Nesse
vão, a fêmea se empareda literalmente, erguendo, ela e o macho, um tapume de barro. Essa
parede tem apenas um pequeno orifício, ele é a única janela aberta sobre o mundo. Naquele
10   cárcere escuro, a fêmea arranca as próprias penas para preparar o ninho das futuras crias. Se
quisesse desistir da empreitada, ela morreria, sem possibilidade de voar. Mesmo neste caso de
consentida clausura, a divisória foi inventada para ser negada.
Mas o que aqueles pássaros construíram não foi uma parede: foi um buraco. Erguemos paredes
inteiras como se fôssemos tucanos cegos. De um e do outro lado há sempre algo que morre,
15   truncado do seu lado gêmeo. Aprendemos a demarcarmo-nos do Outro e do Estranho como
se fossem ameaças à nossa integridade. Temos medo da mudança, medo da desordem,
medo da complexidade. Precisamos de modelos para entender o universo (que é, afinal, um
pluriverso ou um multiverso), que foi construído em permanente mudança, no meio do caos e
do imprevisível.
20   A própria palavra “fronteira” nasceu como um conceito militar, era o modo como se designava a
frente de batalha. Nesse mesmo berço aconteceu um fato curioso: um oficial do exército francês
inventou um código de gravação de mensagens em alto-relevo. Esse código servia para que,
nas noites de combate, os soldados pudessem se comunicar em silêncio e no escuro. Foi a partir
desse código que se inventou o sistema de leitura Braille. No mesmo lugar em que nasceu a
25   palavra “fronteira” sucedeu um episódio que negava o sentido limitador da palavra.
A fronteira concebida como vedação estanque tem a ver com o modo como pensamos e vivemos
a nossa própria identidade. Somos um pouco como a tucana que se despluma dentro do escuro:
temos a ilusão de que a nossa proteção vem da espessura da parede. Mas seriam as asas e a
capacidade de voar que nos devolveriam a segurança de ter o mundo inteiro como a nossa casa.
MIA COUTO
Adaptado de fronteiras.com, 10/08/2014.
A exposição do autor confere um caratér universal ao tema das fronteiras.
No primeiro parágrafo, a marca linguística que melhor evidencia esse caráter conferido ao tema é:
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5Q931506 | Biologia, Vestibular UERJ, UERJ, UERJ

A água do mar em Abrolhos se tornaria turva, se a lama atingisse o arquipélago. A turbidez da água interfere diretamente no seguinte processo biológico realizado nos recifes de coral: 
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6Q595586 | Português, Interpretação de Textos, Vestibular UERJ, UERJ, UERJ, 2017

Texto associado.
COM O OUTRO NO CORPO, O ESPELHO PARTIDO
O que acontece com o sentimento de identidade de uma pessoa que se depara, diante do
espelho, com um rosto que não é seu? Como é possível manter a convicção razoavelmente estável
que nos acompanha pela vida, a respeito do nosso ser, no caso de sofrermos uma alteração radical
em nossa imagem? Perguntas como essas provocaram intenso debate a respeito da ética médica
5 depois do transplante de parte da face em uma mulher que teve o rosto desfigurado por seu
cachorro em Amiens, na França.
Nosso sentimento de permanência e unidade se estabelece diante do espelho, a despeito de
todas as mudanças que o corpo sofre ao longo da vida. A criança humana, em um determinado
estágio de maturação, identifica-se com sua imagem no espelho. Nesse caso, um transplante
10 (ainda que parcial) que altera tanto os traços fenotípicos quanto as marcas da história de vida
inscritas na face destruiria para sempre o sentimento de identidade do transplantado? Talvez não.
Ocorre que o poder do espelho – esse de vidro e aço pendurado na parede – não é tão absoluto:
o espelho que importa, para o humano, é o olhar de um outro humano. A cultura contemporânea
do narcisismo*, ao remeter as pessoas a buscar continuamente o testemunho do espelho, não
15 considera que o espelho do humano é, antes de mais nada, o olhar do semelhante.
É o reconhecimento do outro que nos confirma que existimos e que somos (mais ou menos) os
mesmos ao longo da vida, na medida em que as pessoas próximas continuam a nos devolver nossa
“identidade”. O rosto é a sede do olhar que reconhece e que também busca reconhecimento. É
que o rosto não se reduz à dimensão da imagem: ele é a própria presentificação de um ser humano,
20 em sua singularidade irrecusável. Além disso, dentre todas as partes do corpo, o rosto é a que faz
apelo ao outro. A parte que se comunica, expressa amor ou ódio e, sobretudo, demanda amor.
A literatura pode nos ajudar a amenizar o drama da paciente francesa. O personagem Robinson
Crusoé do livro Sexta-feira ou os limbos do Pacífico, de Michel Tournier, perde a noção de sua
identidade e enlouquece, na falta do olhar de um semelhante que lhe confirme que ele é um
25 ser humano. No início do romance, o náufrago solitário tenta fazer da natureza seu espelho. Faz
do estranho, familiar, trabalhando para “civilizar” a ilha e representando diante de si mesmo o
papel de senhor sem escravos, mestre sem discípulos. Mas depois de algum tempo o isolamento
degrada sua humanidade.
A paciente francesa, que agradeceu aos médicos a recomposição de uma face humana, ainda que
30 não seja a “sua”, vai agora depender de um esforço de tolerância e generosidade por parte dos
que lhe são próximos. Parentes e amigos terão de superar o desconforto de olhar para ela e não
encontrar a mesma de antes. Diante de um rosto outro, deverão ainda assim confirmar que ela
continua sendo ela. E amar a mulher estranha a si mesma que renasceu daquela operação.
MARIA RITA KEHL
Adaptado de folha.uol.com.br, 11/12/2005.
*narcisismo ? amor do indivíduo por sua própria imagem
É que o rosto não se reduz à dimensão da imagem: ele é a própria presentificação de um ser humano, em sua singularidade irrecusável. (l. 18-20) Em relação à declaração feita antes dos dois-pontos, o trecho sublinhado possui valor de:
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7Q932145 | Geografia, Vestibular UERJ, UERJ, UERJ, 2019

A cidade dos sonhos do arquiteto Le Corbusier teve enorme impacto em nossas cidades. Ele procurou fazer do
planejamento para automóveis um elemento essencial do seu projeto. Traçou grandes artérias de mão única para
trânsito expresso. Reduziu o número de ruas porque “os cruzamentos são inimigos do tráfego”. Manteve os
pedestres fora das ruas e dentro dos parques. Essa visão deu enorme impulso aos defensores do zoneamento
urbano e dos conceitos de superquadra. Não importava quão vulgar ou acanhado fosse o projeto, quão árido ou
inútil o espaço, quão monótona fosse a vista, a imitação de Le Corbusier gritava: “Olhem o que eu fiz!”.
Adaptado de JACOBS, J. Morte e vida de grandes cidades. São Paulo: Martins Fontes, 2000.
O texto expressa a crítica de Jane Jacobs a um modelo urbanístico importante ao longo do século XX. A escritora
defendia a mistura de usos no espaço urbano de forma a valorizá-lo e a fortalecer o convívio.
A cidade que apresenta o predomínio do padrão urbano criticado por Jane Jacobs é:
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8Q931480 | Física, Vestibular UERJ, UERJ, UERJ

Com base nas informações apresentadas no texto, a velocidade média de deslocamento da lama, do local onde ocorreu o rompimento da barragem até atingir o mar, em km/h, corresponde a:
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9Q595215 | Português, Interpretação de Textos, Vestibular UERJ, UERJ, UERJ

Era a primeira vez que as duas iam ao morro do Castelo. Começaram a subir pelo lado da Rua
do Carmo. Muita gente há no Rio de Janeiro que nunca lá foi, muita haverá morrido, muita mais
nascerá e morrerá sem lá pôr os pés. Nem todos podem dizer que conhecem uma cidade inteira.
Um velho inglês, que aliás andara terras e terras, confiava-me há muitos anos em Londres que
5   de Londres só conhecia bem o seu clube, e era o que lhe bastava da metrópole e do mundo.
Natividade e Perpétua conheciam outras partes, além de Botafogo, mas o morro do Castelo,
por mais que ouvissem falar dele e da cabocla que lá reinava em 1871, era-lhes tão estranho e
remoto como o clube. O íngreme, o desigual, o mal calçado da ladeira mortificavam os pés às
duas pobres donas. Não obstante, continuavam a subir, como se fosse penitência, devagarinho,
10   cara no chão, véu para baixo. A manhã trazia certo movimento; mulheres, homens, crianças que
desciam ou subiam, lavadeiras e soldados, algum empregado, algum lojista, algum padre, todos
olhavam espantados para elas, que aliás vestiam com grande simplicidade; mas há um donaire*
que se não perde, e não era vulgar naquelas alturas. A mesma lentidão no andar, comparada à
rapidez das outras pessoas, fazia desconfiar que era a primeira vez que ali iam. (...)
15   Com efeito, as duas senhoras buscavam disfarçadamente o número da casa da cabocla, até
que deram com ele. A casa era como as outras, trepada no morro. Subia-se por uma escadinha,
estreita, sombria, adequada à aventura. Quiseram entrar depressa, mas esbarraram com dous
sujeitos que vinham saindo, e coseram-se ao portal. Um deles perguntou-lhes familiarmente se
iam consultar a adivinha.
20   – Perdem o seu tempo, concluiu furioso, e hão de ouvir muito disparate...
– É mentira dele, emendou o outro, rindo; a cabocla sabe muito bem onde tem o nariz.
Hesitaram um pouco; mas, logo depois advertiram que as palavras do primeiro eram sinal certo
da vidência e da franqueza da adivinha; nem todos teriam a mesma sorte alegre. A dos meninos
da Natividade podia ser miserável, e então... Enquanto cogitavam passou fora um carteiro, que
25   as fez subir mais depressa, para escapar a outros olhos. Tinham fé, mas tinham também vexame
da opinião, como um devoto que se benzesse às escondidas.
Velho caboclo, pai da adivinha, conduziu as senhoras à sala. (...)
– Minha filha já vem, disse o velho. As senhoras como se chamam?
(...)
A falar verdade, temiam o seu tanto, Perpétua menos que Natividade. A aventura parecia
30   audaz, e algum perigo possível. Não ponho aqui os seus gestos; imaginai que eram inquietos
e desconcertados. Nenhuma dizia nada. Natividade confessou depois que tinha um nó na
garganta. Felizmente, a cabocla não se demorou muito; ao cabo de três ou quatro minutos, o
pai a trouxe pela mão, erguendo a cortina do fundo.
MACHADO DE ASSIS
Esaú e Jacó. Rio de Janeiro: Francisco Alves, 1976.
*donaire - elegância
No texto de Machado de Assis, narra-se um episódio protagonizado por duas personagens que se dirigem a uma consulta com uma adivinha.
Com base no exposto no texto, uma motivação para essa consulta pode ser descrita como:
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10Q931471 | Química, Vestibular UERJ, UERJ, UERJ

Durante a Segunda Guerra Mundial, um cientista dissolveu duas medalhas de ouro para evitar que fossem confiscadas pelo exército nazista. Posteriormente, o ouro foi recuperado e as
medalhas novamente confeccionadas.
As equações balanceadas a seguir representam os processos de dissolução e de recuperação das medalhas.
                                                    Dissolução
Au (s) +3 HNO3 (aq) + 4 HCl (aq) ? HAuCl4 (aq) + 3 H2 O (l) + 3 NO2 (g)
                                                  Recuperação
3 NaHSO3 (aq) + 2 HAuCl4 (aq) + 3 H2 O (l) ? 3 NaHSO4 (aq) + 8 HCl (aq) + 2 Au (s)
Admita que foram consumidos 252 g de HNO3 para a completa dissolução das medalhas.
Nesse caso, a massa, de NaHSO3, em gramas, necessária para a recuperação de todo o ouro corresponde a:
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11Q596023 | Português, Interpretação de Textos, Vestibular UERJ, UERJ, UERJ, 2017

Texto associado.
COM O OUTRO NO CORPO, O ESPELHO PARTIDO
O que acontece com o sentimento de identidade de uma pessoa que se depara, diante do
espelho, com um rosto que não é seu? Como é possível manter a convicção razoavelmente estável
que nos acompanha pela vida, a respeito do nosso ser, no caso de sofrermos uma alteração radical
em nossa imagem? Perguntas como essas provocaram intenso debate a respeito da ética médica
5 depois do transplante de parte da face em uma mulher que teve o rosto desfigurado por seu
cachorro em Amiens, na França.
Nosso sentimento de permanência e unidade se estabelece diante do espelho, a despeito de
todas as mudanças que o corpo sofre ao longo da vida. A criança humana, em um determinado
estágio de maturação, identifica-se com sua imagem no espelho. Nesse caso, um transplante
10 (ainda que parcial) que altera tanto os traços fenotípicos quanto as marcas da história de vida
inscritas na face destruiria para sempre o sentimento de identidade do transplantado? Talvez não.
Ocorre que o poder do espelho – esse de vidro e aço pendurado na parede – não é tão absoluto:
o espelho que importa, para o humano, é o olhar de um outro humano. A cultura contemporânea
do narcisismo*, ao remeter as pessoas a buscar continuamente o testemunho do espelho, não
15 considera que o espelho do humano é, antes de mais nada, o olhar do semelhante.
É o reconhecimento do outro que nos confirma que existimos e que somos (mais ou menos) os
mesmos ao longo da vida, na medida em que as pessoas próximas continuam a nos devolver nossa
“identidade”. O rosto é a sede do olhar que reconhece e que também busca reconhecimento. É
que o rosto não se reduz à dimensão da imagem: ele é a própria presentificação de um ser humano,
20 em sua singularidade irrecusável. Além disso, dentre todas as partes do corpo, o rosto é a que faz
apelo ao outro. A parte que se comunica, expressa amor ou ódio e, sobretudo, demanda amor.
A literatura pode nos ajudar a amenizar o drama da paciente francesa. O personagem Robinson
Crusoé do livro Sexta-feira ou os limbos do Pacífico, de Michel Tournier, perde a noção de sua
identidade e enlouquece, na falta do olhar de um semelhante que lhe confirme que ele é um
25 ser humano. No início do romance, o náufrago solitário tenta fazer da natureza seu espelho. Faz
do estranho, familiar, trabalhando para “civilizar” a ilha e representando diante de si mesmo o
papel de senhor sem escravos, mestre sem discípulos. Mas depois de algum tempo o isolamento
degrada sua humanidade.
A paciente francesa, que agradeceu aos médicos a recomposição de uma face humana, ainda que
30 não seja a “sua”, vai agora depender de um esforço de tolerância e generosidade por parte dos
que lhe são próximos. Parentes e amigos terão de superar o desconforto de olhar para ela e não
encontrar a mesma de antes. Diante de um rosto outro, deverão ainda assim confirmar que ela
continua sendo ela. E amar a mulher estranha a si mesma que renasceu daquela operação.
MARIA RITA KEHL
Adaptado de folha.uol.com.br, 11/12/2005.
*narcisismo ? amor do indivíduo por sua própria imagem
Guimarães Rosa afirmou, em uma entrevista, que somente renovando a língua é que se pode renovar o mundo. Visando a essa renovação, recorria a neologismos e inversões pouco usuais de termos, explorando novos sentidos em seus textos. Um exemplo dessas inversões encontra-se em:
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12Q596273 | Português, Interpretação de Textos, Vestibular UERJ, UERJ, UERJ, 2017

Texto associado.
O poder criativo da imperfeição 


Já escrevi sobre como nossas teorias científicas sobre o mundo são aproximações de uma
realidade que podemos compreender apenas em parte. Nossos instrumentos de pesquisa, que
tanto ampliam nossa visão de mundo, têm necessariamente limites de precisão. Não há dúvida de
que Galileu, com seu telescópio, viu mais longe do que todos antes dele. Também não há dúvida
5 de que hoje vemos muito mais longe do que Galileu poderia ter sonhado em 1610. E certamente,
em cem anos, nossa visão cósmica terá sido ampliada de forma imprevisível.
No avanço do conhecimento científico, vemos um conceito que tem um papel essencial: simetria.
Já desde os tempos de Platão, há a noção de que existe uma linguagem secreta da natureza, uma
matemática por trás da ordem que observamos.
10 Platão – e, com ele, muitos matemáticos até hoje – acreditava que os conceitos matemáticos
existiam em uma espécie de dimensão paralela, acessível apenas através da razão. Nesse caso,
os teoremas da matemática (como o famoso teorema de Pitágoras) existem como verdades
absolutas, que a mente humana, ao menos as mais aptas, pode ocasionalmente descobrir. Para os
platônicos, a matemática é uma descoberta, e não uma invenção humana.
15 Ao menos no que diz respeito às forças que agem nas partículas fundamentais da matéria, a busca
por uma teoria final da natureza é a encarnação moderna do sonho platônico de um código secreto
20 da natureza. As teorias de unificação, como são chamadas, visam justamente a isso, formular todas
as forças como manifestações de uma única, com sua simetria abrangendo as demais.
Culturalmente, é difícil não traçar uma linha entre as fés monoteístas e a busca por uma unidade
da natureza nas ciências. Esse sonho, porém, é impossível de ser realizado.
Primeiro, porque nossas teorias são sempre temporárias, passíveis de ajustes e revisões futuras.
Não existe uma teoria que possamos dizer final, pois nossas explicações mudam de acordo com
o conhecimento acumulado que temos das coisas. Um século atrás, um elétron era algo muito
diferente do que é hoje. Em cem anos, será algo muito diferente outra vez. Não podemos saber
25 se as forças que conhecemos hoje são as únicas que existem.
Segundo, porque nossas teorias e as simetrias que detectamos nos padrões regulares da natureza
são em geral aproximações. Não existe uma perfeição no mundo, apenas em nossas mentes. De
fato, quando analisamos com calma as “unificações” da física, vemos que são aproximações que
funcionam apenas dentro de certas condições.
30 O que encontramos são assimetrias, imperfeições que surgem desde as descrições das
propriedades da matéria até as das moléculas que determinam a vida, as proteínas e os ácidos
nucleicos (RNA e DNA). Por trás da riqueza que vemos nas formas materiais, encontramos a força
criativa das imperfeições.
MARCELO GLEISER
Adaptado de Folha de São Paulo, 25/08/2013. 

Marcelo Gleiser sustenta que a ciência descreve a realidade por meio de uma série de aproximações. Desse modo, ele recusa a compreensão de que o objetivo da ciência seja estabelecer: 
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13Q933018 | Química, Vestibular UERJ, UERJ, UERJ, 2019

A lactose é hidrolisada no leite “sem lactose”, formando dois carboidratos, conforme a equação química:
lactose + água ? glicose + galactose

Se apenas os carboidratos forem considerados, o valor calórico de 1 litro tanto do leite integral quanto do leite
“sem lactose” é igual a -90 kcal, que corresponde à entalpia-padrão de combustão de 1 mol de lactose.
Assumindo que as entalpias-padrão de combustão da glicose e da galactose são iguais, a entalpia de combustão
da glicose, em kcal/mol, é igual a
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14Q931447 | Português, Pontuação, Vestibular UERJ, UERJ, UERJ

Os dois-pontos podem delimitar uma relação entre uma expressão e a especificação de seu sentido.
Observa-se esse uso dos dois-pontos no trecho apresentado em:
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15Q595274 | Português, Interpretação de Textos, Vestibular UERJ, UERJ, UERJ

Texto associado.
Vivemos num mundo confuso e confusamente percebido. De fato, se desejamos escapar à crença
de que esse mundo assim apresentado é verdadeiro, e não queremos admitir a permanência
de sua percepção enganosa, devemos considerar a existência de pelo menos três mundos num
só. O primeiro seria o mundo tal como nos fazem vê-lo: a globalização como fábula. O segundo
5 seria o mundo tal como ele é: a globalização como perversidade. E o terceiro, o mundo como
ele pode ser: uma outra globalização.
Este mundo globalizado, visto como fábula, constrói como verdade um certo número de
fantasias. Fala-se, por exemplo, em aldeia global para fazer crer que a difusão instantânea de
notícias realmente informa as pessoas. A partir desse mito e do encurtamento das distâncias
10 – para aqueles que realmente podem viajar – também se difunde a noção de tempo e espaço
contraídos. É como se o mundo houvesse se tornado, para todos, ao alcance da mão. Um
mercado avassalador dito global é apresentado como capaz de homogeneizar o planeta quando,
na verdade, as diferenças locais são aprofundadas. O mundo se torna menos unido, tornando
também mais distante o sonho de uma cidadania de fato universal. Enquanto isso, o culto ao
15 consumo é estimulado.
Na verdade, para a maior parte da humanidade, a globalização está se impondo como uma
fábrica de perversidades. O desemprego crescente torna-se crônico. A pobreza aumenta e as
classes médias perdem em qualidade de vida. O salário médio tende a baixar. A fome e o
desabrigo se generalizam em todos os continentes. Novas enfermidades se instalam e velhas
20 doenças, supostamente extirpadas, fazem seu retorno triunfal.
Todavia, podemos pensar na construção de um outro mundo, mediante uma globalização
mais humana. As bases materiais do período atual são, entre outras, a unicidade da técnica,
a convergência dos momentos e o conhecimento do planeta. É nessas bases técnicas que o
grande capital se apoia para construir a globalização perversa de que falamos acima. Mas essas
25 mesmas bases técnicas poderão servir a outros objetivos, se forem postas a serviço de outros
fundamentos sociais e políticos.
MILTON SANTOS
Adaptado de Por uma outra globalização: do pensamento único à consciência universal. Rio de Janeiro: Record, 2004.
Fala-se, por exemplo, em aldeia global para fazer crer que a difusão instantânea de notícias realmente informa as pessoas. (l. 8-9) 
Ao empregar a expressão destacada neste trecho, o autor indica sua discordância em relação a uma ideia difundida como verdade inquestionável. Outra expressão empregada com a mesma finalidade está destacada em:
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16Q595245 | Português, Interpretação de Textos, Vestibular UERJ, UERJ, UERJ

Texto associado.
  Pietro Brun, meu tetravô paterno, embarcou em um navio no final do século 19, como tantos
        italianos pobres, em busca de uma utopia que atendia pelo nome de América. Pietro queria
        terra, sim. Mas o que o movia era um território de outra ordem. Ele queria salvar seu nome,
        encarnado na figura de meu bisavô, Antônio. Pietro fora obrigado a servir o exército como
5      soldado por anos demais (...). Havia chegado a hora de Antônio se alistar, e o pai decidiu que
        não perderia seu filho. Fugiu com ele e com a filha Luigia para o sul do Brasil. Como desertava,
        meu bisavô Antônio foi levado em um bote até o navio que já se afastava do porto de Gênova.
        Embarcou como clandestino.
       Ao desembarcar no Brasil, em 10 de fevereiro de 1883, Pietro declarou o nome completo.
10   O funcionário do Império, como aconteceu tantas e tantas vezes, registrou-o conforme ouviu.
        Tornando-o, no mundo novo, Brum – com “m”. Meu pai, Argemiro, filho de José, neto de
        Antônio e bisneto de Pietro, tomou para si a missão de resgatar essa história e documentá-la.
        No início dos anos 1990 cogitamos reivindicar a cidadania italiana. Possuímos todos os
        documentos, organizados numa pasta. Mas entre nós existe essa diferença na letra. Antes de
15    ingressar com a documentação, seria preciso corrigir o erro do burocrata do governo imperial
        que substituiu um “n” por um “m”. Um segundo ele deve ter demorado para nos transformar,
        e com certeza morreu sem saber. E, se soubesse, não teria se importado, porque era apenas o
        nome de mais um imigrante a bater nas costas do Brasil despertencido de tudo.
        Cabia a mim levar essa empreitada adiante.
20    Há uma autonomia na forma como damos carne ao nosso nome com a vida que construímos – e
        não com a que herdamos. (...) Eu escolho a memória. A desmemória assombra porque não a
        nomeamos, respira em nossos porões como monstros sem palavras. A memória, não. É uma
        escolha do que esquecer e do que lembrar – e uma oportunidade de ressignificar o passado
        para ganhar um futuro. Pela memória nos colocamos não só em movimento, mas nos tornamos
25    o próprio movimento. Gesto humano, para sempre incompleto.
        Ao fugir para o Brasil, metade dos Brun ganhou uma perna a mais. O “n” virou “m”. Mas essa
        perna a mais era um membro fantasma, um ganho que revelava uma perda.
        (...)
        Quando Pietro Brun atravessou o mar deixando mortos e vivos na margem que se distanciou, ele
        não poderia ser o mesmo ao alcançar o outro lado. Ele tinha de ser outro, assim como nós, que
30    resultamos dessa aventura desesperada. Era imperativo que ele fosse Pietro Brum – e depois
        até Pedro Brum.
ELIANE BRUM
Meus desacontecimentos: a história da minha vida co
Ao fugir para o Brasil, metade dos Brun ganhou uma perna a mais. O “n” virou “m”. Mas essa perna a mais era um membro fantasma, um ganho que revelava uma perda. (l. 26-27) 
A autora associa a troca de letras no registro do sobrenome de seu tetravô à expressão um membro fantasma. Essa associação constrói um exemplo da figura de linguagem denominada: 
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17Q595789 | Português, Interpretação de Textos, Vestibular UERJ, UERJ, UERJ, 2019

Texto associado.
Soneto de separação
De repente do riso fez-se o pranto
Silencioso e branco como a bruma
3 E das bocas unidas fez-se a espuma
E das mãos espalmadas fez-se o espanto.
De repente da calma fez-se o vento
6 Que dos olhos desfez a última chama
E da paixão fez-se o pressentimento
E do momento imóvel fez-se o drama.
9 De repente, não mais que de repente
Fez-se de triste o que se fez amante
E de sozinho o que se fez contente.
12 Fez-se do amigo próximo o distante
Fez-se da vida uma aventura errante
De repente, não mais que de repente.
Na terceira estrofe (v. 9-11), a seleção vocabular evidencia a passagem de um estado emocional a outro por parte
do poeta.
A partir dessa seleção, os estados emocionais por que passa o poeta podem ser definidos como:
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18Q595689 | Português, Interpretação de Textos, Vestibular UERJ, UERJ, UERJ, 2019

Texto associado.
Soneto do Corifeu*
São demais os perigos desta vida
Para quem tem paixão, principalmente
3 Quando uma lua surge de repente
E se deixa no céu, como esquecida.
E se ao luar que atua desvairado
6 Vem se unir uma música qualquer
Aí então é preciso ter cuidado
Porque deve andar perto uma mulher.
9 Deve andar perto uma mulher que é feita
De música, luar e sentimento
E que a vida não quer, de tão perfeita.
12 Uma mulher que é como a própria Lua:
Tão linda que só espalha sofrimento
Tão cheia de pudor que vive nua.
* Corifeu: personagem sempre presente no antigo teatro grego. 
Os dois primeiros versos do soneto sugerem uma advertência dirigida aos apaixonados.
Com base na leitura do poema, essa advertência se baseia no pressuposto de que a paixão é capaz de provocar
estado de:
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19Q595218 | Português, Interpretação de Textos, Vestibular UERJ, UERJ, UERJ

Texto associado.
        O passado anda atrás de nós
        como os detetives os cobradores os ladrões
        o futuro anda na frente
        como as crianças os guias de montanha
5     os maratonistas melhores
        do que nós
        salvo engano o futuro não se imprime
        como o passado nas pedras nos móveis no rosto
        das pessoas que conhecemos
10    o passado ao contrário dos gatos
        não se limpa a si mesmo
        aos cães domesticados se ensina
        a andar sempre atrás do dono
        mas os cães o passado só aparentemente nos pertencem
15    pense em como do lodo primeiro surgiu esta poltrona este livro
        este besouro este vulcão este despenhadeiro
        à frente de nós à frente deles
        corre o cão
 ANA MARTINS MARQUES
O livro das semelhanças. São Paulo: Companhia das Letras, 2015.
No poema, há marcas de linguagem que remetem tanto à poeta quanto a seus leitores. Uma dessas marcas, referindo-se unicamente ao leitor, está presente no seguinte verso:
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20Q595890 | Português, Interpretação de Textos, Vestibular UERJ, UERJ, UERJ, 2017

Texto associado.
COM O OUTRO NO CORPO, O ESPELHO PARTIDO
O que acontece com o sentimento de identidade de uma pessoa que se depara, diante do
espelho, com um rosto que não é seu? Como é possível manter a convicção razoavelmente estável
que nos acompanha pela vida, a respeito do nosso ser, no caso de sofrermos uma alteração radical
em nossa imagem? Perguntas como essas provocaram intenso debate a respeito da ética médica
5 depois do transplante de parte da face em uma mulher que teve o rosto desfigurado por seu
cachorro em Amiens, na França.
Nosso sentimento de permanência e unidade se estabelece diante do espelho, a despeito de
todas as mudanças que o corpo sofre ao longo da vida. A criança humana, em um determinado
estágio de maturação, identifica-se com sua imagem no espelho. Nesse caso, um transplante
10 (ainda que parcial) que altera tanto os traços fenotípicos quanto as marcas da história de vida
inscritas na face destruiria para sempre o sentimento de identidade do transplantado? Talvez não.
Ocorre que o poder do espelho – esse de vidro e aço pendurado na parede – não é tão absoluto:
o espelho que importa, para o humano, é o olhar de um outro humano. A cultura contemporânea
do narcisismo*, ao remeter as pessoas a buscar continuamente o testemunho do espelho, não
15 considera que o espelho do humano é, antes de mais nada, o olhar do semelhante.
É o reconhecimento do outro que nos confirma que existimos e que somos (mais ou menos) os
mesmos ao longo da vida, na medida em que as pessoas próximas continuam a nos devolver nossa
“identidade”. O rosto é a sede do olhar que reconhece e que também busca reconhecimento. É
que o rosto não se reduz à dimensão da imagem: ele é a própria presentificação de um ser humano,
20 em sua singularidade irrecusável. Além disso, dentre todas as partes do corpo, o rosto é a que faz
apelo ao outro. A parte que se comunica, expressa amor ou ódio e, sobretudo, demanda amor.
A literatura pode nos ajudar a amenizar o drama da paciente francesa. O personagem Robinson
Crusoé do livro Sexta-feira ou os limbos do Pacífico, de Michel Tournier, perde a noção de sua
identidade e enlouquece, na falta do olhar de um semelhante que lhe confirme que ele é um
25 ser humano. No início do romance, o náufrago solitário tenta fazer da natureza seu espelho. Faz
do estranho, familiar, trabalhando para “civilizar” a ilha e representando diante de si mesmo o
papel de senhor sem escravos, mestre sem discípulos. Mas depois de algum tempo o isolamento
degrada sua humanidade.
A paciente francesa, que agradeceu aos médicos a recomposição de uma face humana, ainda que
30 não seja a “sua”, vai agora depender de um esforço de tolerância e generosidade por parte dos
que lhe são próximos. Parentes e amigos terão de superar o desconforto de olhar para ela e não
encontrar a mesma de antes. Diante de um rosto outro, deverão ainda assim confirmar que ela
continua sendo ela. E amar a mulher estranha a si mesma que renasceu daquela operação.
MARIA RITA KEHL
Adaptado de folha.uol.com.br, 11/12/2005.
*narcisismo ? amor do indivíduo por sua própria imagem
A QUESTÃO REFERE-SE AO CONTO “A TERCEIRA MARGEM DO RIO”, DO LIVRO PRIMEIRA ESTÓRIAS, DE JOÃO GUIMARÃES ROSA
Considere a hipótese de que o título “A terceira margem do rio” se refere também à própria ficção, que se desenvolve entre duas margens: a da realidade e a da imaginação. O trecho do conto que melhor comprova essa hipótese de leitura é:
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