Texto 1 Depois de tentativas frustradas de estender os trilhos da E. F. Mogiana até o Centro-Oeste, a elite modernizante regional conseguiu apoio financeiro do Governo Federal para organizar a Companhia E. F. Goiás, em 1909. Esta conquista foi fruto de campanhas na imprensa e de Deputados representantes do Estado no Congresso Nacional. Assim, o trem chegava ao Planalto Central, com décadas de atraso, interligando a região aos centros metropolitanos do país. BORGES, Barsanulfo Gomides. Ferrovia e Modernidade. Revista UFG. Ano XIII, n. 11, dezembro de 2011, p. 27. Texto 2 É que desejo que os Redentoristas fundem uma nova casa em Ipameri e tomem conta dessa paróquia. Há algum tempo, principalmente com a aproximação e chegada da estrada de ferro naquela zona, me incomoda a consciência. [...] a população cresce, cresce o mal com todas as suas consequências e lá se vai uma importante paróquia que está mesmo nas portas da diocese! Carta de Dom Prudêncio Gomes da Silva, bispo de Goiás, ao Padre José Clemente Heinrich. Goiás, 22 de janeiro de 1914. Carta 1279. COPRESP A , 6º Volume. Arquivo da Congregação Redentorista de São Paulo, p. 122. A leitura dos textos 1 e 2 nos remete a duas posturas divergentes sobre a presença da ferrovia em Goiás. Tais divergências ocorreram porque
a) a ferrovia significou a superação da noção de decadência e atraso presentes no imaginário goiano, especialmente com a construção de Goiânia e sua estação ferroviária ainda na década de 1930.
b) o projeto modernizador de Goiás vingou principalmente na região norte, legando ao sul os dissabores da precariedade, fruto da estrada de ferro e do crescimento populacional desordenado.
c) apesar de a ferrovia significar progresso, a presença de “forasteiros” na sua construção gerou tensões sociais, como é o caso da “Chacina dos Turmeiros” (1917), fruto da tensão entre protestantes e católicos em Catalão.
d) a modernização de Goiás foi um projeto exclusivo da elite liberal, não tendo qualquer apoio ou ação da Igreja Católica em seu favor.
e) com a chegada da estrada de ferro em Goiás, uma nova onda migratória atingiu o estado, trazendo com ela novas ideias e novas religiões, especialmente o protestantismo e o espiritismo.