Uma mulher de 30 anos conta história de síncope ao acordar há
15 dias. Sem pródromos e sem abalos musculares, o episódio
veio acompanhado de sudorese. Depois vomitou e teve diarreia
líquida, sem muco, sangue ou pus. Ficou tão preocupada com o
desmaio que começou a sentir tremedeira, fraqueza e dor
abdominal. Como namora um estudante de medicina, traz vários
exames complementares e de imagem (“ele conseguiu os pedidos
com seus professores”). Hemograma, VHS, glicemia, creatinina,
colesterol total e frações, TGO, TGP, TSH, T4 livre, endoscopia
digestiva alta, TC e RM craniana, ECG e Holter, todos normais. O
namorado disse que “isso não é nada”, mas ela ficou com medo
grande de desmaiar. Voltou a ter episódios de fraqueza, sudorese
e tremor, seguidos de epigastralgia, que a deixaram ainda mais
insegura. De vez em quando, diarreia líquida. O sono não está
bom. Faz controle ginecológico regularmente, está em uso de
contraceptivo oral e menstruou há 28 dias. Não há fatores de
risco cardiovascular. O exame físico está absolutamente normal.
Decidimos então:
a) conduzir como transtorno do pânico;
b) conduzir como dispepsia funcional;
c) repetir os exames complementares, já que ela tem condições
de fazê-los;
d) dosar vitaminas séricas, pois uma avitaminose pode ser a
causa de tudo;
e) referenciar para internação hospitalar, pois não sabemos a
causa de seus sintomas e pode ser algo grave.