Questões de Concursos Vestibular CEDERJ

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1Q932331 | Química, Vestibular CEDERJ, CEDERJ, CECIERJ, 2018

As pilhas são dispositivos que receberam esse nome porque a primeira pilha inventada por Alessandro Volta, no ano de 1800, e era formada por discos de zinco e cobre separados por um algodão embebido em salmoura. Tal conjunto era colocado de forma intercalada, um em cima do outro, empilhando os discos e formando uma grande coluna. Como era uma pilha de discos, começou a ser chamada por esse nome.

Afirma-se que, numa pilha eletroquímica, sempre ocorre

I   oxidação no ânodo.

II  movimentação de elétrons no interior da solução eletrolítica.

III passagem de elétrons, no circuito externo, do cátodo para o ânodo.IV uma reação de oxirredução.

São verdadeiras apenas as afirmações estabelecidas em:

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2Q931857 | Biologia, Vestibular CEDERJ, CEDERJ, CECIERJ, 2017

A “lei do uso e desuso” defende que o uso constante de determinadas regiões do corpo promove seu desenvolvimento, levando à hipertrofia, enquanto o desuso resulta em sua atrofia. Por outro lado, a “lei da transmissão dos caracteres adquiridos” defendia que as alterações desenvolvidas no corpo de um indivíduo, pelo uso ou desuso, são transmitidas a sua prole.

Ao longo da década de 1870, o biólogo alemão August Weismann realizou experimentos de remoção de caudas de ratos em cinco gerações e comprovou que, ainda assim, seus descendentes nasciam com essa parte do corpo. Essa experiência simples refutava as ideias de que os caracteres adquiridos, pelo uso ou desuso, passam para as gerações futuras, como já fora proposto pelo evolucionista

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3Q933053 | Química, Vestibular CEDERJ, CEDERJ, CECIERJ

O mercúrio é um metal prateado que, em temperatura ambiente, é líquido e inodoro. Quando a temperatura é aumentada, transforma-se em vapor tóxico e corrosivo. Trata-se de produto perigoso à saúde quando inalado, ingerido ou em contato, causando irritação na pele, olhos e vias respiratórias. Uma forma de obtenção de mercúrio se dá por ustulação do sulfeto de mercúrio II (ou cinábrio) segundo a reação:

HgS + O? ? Hg + SO?

Sabendo-se que o sulfeto de mercúrio II possui 70 % de pureza, a massa de mercúrio produzida pela ustulação de uma tonelada do composto é

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4Q931931 | Português, Interpretação de Textos, Vestibular CEDERJ, CEDERJ, CECIERJ, 2018

Com efeito, um dia de manhã, estando a passear na chácara, pendurou-se-me uma ideia no trapézio que eu tinha no cérebro. Uma vez pendurada, entrou a bracejar, a pernear, a fazer as mais arrojadas cabriolas de volatim, que é possível crer. Eu deixei-me estar a contemplá-la. Súbito, deu um grande salto, estendeu os braços e as pernas, até tomar a forma de um X: decifra-me ou devoro-te” (linhas 6-12).

O vocábulo sublinhado expressa a ideia de

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5Q932264 | Matemática, Equações do Primeiro Grau, Vestibular CEDERJ, CEDERJ, CECIERJ

Uma fábrica vende certo produto por R$1,20 a unidade. O custo total para fabricar N desses produtos consiste de uma taxa fixa de R$45,00 mais R$0,30 por unidade produzida. Indique a quantidade mínima de produtos que deve ser vendida para não haver prejuízo.

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6Q932695 | Biologia, Vestibular CEDERJ, CEDERJ, CECIERJ, 2017

Em 1953, Watson e Crick propuseram o modelo de dupla hélice para explicar a interação entre os dois polímeros (polinucleotídeos), que formam a estrutura do DNA. Eles admitiram, ainda, que o processo de duplicação da molécula envolveria a separação dos polímeros unidos por ligações de hidrogênio entre as bases nitrogenadas complementares. Apenas cinco anos mais tarde, Meselson e Stahl elucidaram o mecanismo molecular de duplicação do DNA que precede a divisão celular.

O mecanismo molecular de duplicação do DNA, elucidado por Meselson e Stahl, descreve que cada um dos polinucleotídeos é usado como molde para a síntese de um outro complementar e que, ao final do processo de duplicação, a composição de uma das moléculas de DNA é de:

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7Q931520 | Português, Interpretação de Textos, Vestibular CEDERJ, CEDERJ, CECIERJ

TEXTO I
PlebiscitoArthur Azevedo

A cena passa-se em 1890.

A família está toda reunida na sala de jantar.
O senhor Rodrigues palita os dentes, repimpado
numa cadeira de balanço. Acabou de comer como um
5 abade.
Dona Bernardina, sua esposa, está muito
entretida a limpar a gaiola de um canário belga.
Os pequenos são dois, um menino e uma
menina. Ela distrai-se a olhar para o canário. Ele,
10 encostado à mesa, os pés cruzados, lê com muita
atenção uma das nossas folhas diárias.
Silêncio.
De repente, o menino levanta a cabeça e
pergunta:
15 — Papai, que é plebiscito?
O senhor Rodrigues fecha os olhos
imediatamente para fingir que dorme.
O pequeno insiste:
— Papai?
20 Pausa:
— Papai?
Dona Bernardina intervém:
— Ó seu Rodrigues, Manduca está lhe
chamando. Não durma depois do jantar, que lhe faz mal.
25 O senhor Rodrigues não tem remédio senão abrir
os olhos.
(...)
Trecho. AZEVEDO, Arthur. Plebiscito. In: “Contos fora da moda”, Editorial Alhambra – Rio de Janeiro, 1982, pág. 29. Disponível em: http://www.releituras.com/aazevedo_menu.asp. Acesso: em 03 out. 2016.
Arthur Azevedo (jornalista, escritor e teatrólogo) tem em “Plebiscito” um exemplo do tom humorístico e crítico que costumava imprimir a seus textos.“Plebiscito” comprova sua preferência por temas relacionados
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8Q932640 | Atualidades, Vestibular CEDERJ, CEDERJ, CECIERJ, 2018

A corrupção é, sem dúvida, um dos temas mais recorrentes na imprensa brasileira dos últimos anos. Partidos e políticos são denunciados por desvios de verba, no uso ilegítimo do poder público, com o intento de privilegiar uma empresa ou instituição privada.

No caso brasileiro, a corrupção é um (a)

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9Q932691 | Química, Vestibular CEDERJ, CEDERJ, CECIERJ, 2018

Dentre os diversos agentes tóxicos, o arsênio é historicamente famoso por se tratar de uma substância muito utilizada na Idade Média para assassinatos com interesses políticos. Podemos até dizer que a morte por arsênio foi a precursora da química forense. Na época, havia uma epidemia desses casos, cuja prevenção era muito difícil, uma vez que óxido de arsênio, As2O3, é um sólido branco, solúvel, sem cheiro e gosto, sendo dificilmente detectado por análises químicas convencionais, o que lhe deu o status de óxido do crime perfeito. Além disso, o óxido de arsênio (III) é um composto muito utilizado na fabricação de vidros e inseticidas. Ele é convertido em ácido arsenioso (H3AsO3 ) em contato com água. Um método para se determinar o teor de arsênio é por meio de oxidação com permanganato de potássio e ácido sulfúrico, conforme equação não balanceada a seguir:

H3AsO3 + KMnO4 + H2SO4 ? H3AsO4 + K2SO4 + MnSO4 + H2O

Sabendo que para 2,000 g de amostra foram gastos 10,00 mL de uma solução de KMnO4 0,05 M, em que ocorre a reação acima completa, em meio de ácido sulfúrico, o percentual de arsênio na amostra é:

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10Q932571 | Matemática, Equações do Primeiro Grau, Vestibular CEDERJ, CEDERJ, CECIERJ, 2017

Considerando os números inteiros m,n, p, dados por: m = 35.(14)5, n = 2.64.(21)4 e p = 22.(14)2.(21)3, é verdadeiro que

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11Q932891 | Português, Interpretação de Textos, Vestibular CEDERJ, CEDERJ, CECIERJ, 2017

Texto 2
O que Lima Barreto pode ensinar ao Brasil de hoje
Denilson Botelho

Lima Barreto (1881-1922) viveu numa época
de transições. No seu aniversário de sete anos, viu
a abolição ser festejada em praça pública na companhia 
do pai, registrando as lembranças do episódio 
5 em seu Diário íntimo. No ano seguinte, em 1889,
viu a monarquia dar lugar à república. E passou a
juventude e o resto de sua curta existência – faleceu
aos 41 anos – enfrentando os desafios de ser negro
num país que aboliu a escravidão, mas não fez com
10 que a liberdade viesse acompanhada dos direitos de
cidadania pelos quais temos lutado desde então. Da
mesma forma, vivenciou também os desafios de uma
república que se fez excludente, frustrando a expectativa 
por um regime democrático.
15 Mas por que devemos ler Lima Barreto hoje?
São vários os motivos, mas um deles revela-se da
maior importância. Nos últimos anos, os grandes
grupos empresariais de mídia têm contribuído
  
decisivamente para demonizar a política. A pregação
20 de um discurso anticorrupção tem se revestido de um
moralismo sem precedentes e, ao mesmo tempo, esterilizante. 
Muitos são aqueles que têm sido levados
a recusar o debate político sob o argumento tolo, 
generalizante e perigoso que sugere que todo político
25 é ladrão e corrupto. A estratégia abre espaço para
a figura enganosa do “gestor”, que, fingindo renegar
a política, governa para contemplar os interesses de
poucos em detrimento da maioria.
O fato é que encontramos em Lima Barreto
30 um vigoroso antídoto para lidar com essa situação,
pois estamos diante de um escritor que fez da literatura 
a arte do engajamento. Escrever era para ele
uma forma efetiva de participar dos acontecimentos.
Os mais de 500 artigos e crônicas que publicou em
35 dezenas de jornais e revistas do Rio de Janeiro – assim 
como seus romances e contos – não deixavam
escapar nenhum tema importante em discussão na
época. Lima não se esquivava do debate e muito menos 
de opinar e apresentar enfaticamente os seus
40 pontos de vista, geralmente urdidos com base nas
leituras que fazia quase obsessivamente. Em síntese, 
escrever era fazer política, era participar da vida
política do país e isso resultou numa literatura militante, 
que nos leva a perceber a centralidade da política
45 em nossas vidas.
Fragmento: http://www.cartaeducacao.com.br/artigo/o-que-lima-
-barreto-pode-ensinar-ao-brasil-de-hoje/ Acesso em 21 ago 2017.
  

Segundo o texto 2, é correto afirmar que

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12Q932146 | Matemática, Equações do Primeiro Grau, Vestibular CEDERJ, CEDERJ, CECIERJ, 2018

Aproveitando uma “promoção”, Maria conseguiu comprar uma mercadoria pela fração 23/25 do seu preço original. O percentual de desconto foi de

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13Q932984 | Português, Sintaxe, Vestibular CEDERJ, CEDERJ, CECIERJ, 2017

Texto 2
O que Lima Barreto pode ensinar ao Brasil de hoje
Denilson Botelho

Lima Barreto (1881-1922) viveu numa época
de transições. No seu aniversário de sete anos, viu
a abolição ser festejada em praça pública na companhia 
do pai, registrando as lembranças do episódio 
5 em seu Diário íntimo. No ano seguinte, em 1889,
viu a monarquia dar lugar à república. E passou a
juventude e o resto de sua curta existência – faleceu
aos 41 anos – enfrentando os desafios de ser negro
num país que aboliu a escravidão, mas não fez com
10 que a liberdade viesse acompanhada dos direitos de
cidadania pelos quais temos lutado desde então. Da
mesma forma, vivenciou também os desafios de uma
república que se fez excludente, frustrando a expectativa 
por um regime democrático.
15 Mas por que devemos ler Lima Barreto hoje?
São vários os motivos, mas um deles revela-se da
maior importância. Nos últimos anos, os grandes
grupos empresariais de mídia têm contribuído
  
decisivamente para demonizar a política. A pregação
20 de um discurso anticorrupção tem se revestido de um
moralismo sem precedentes e, ao mesmo tempo, esterilizante. 
Muitos são aqueles que têm sido levados
a recusar o debate político sob o argumento tolo, 
generalizante e perigoso que sugere que todo político
25 é ladrão e corrupto. A estratégia abre espaço para
a figura enganosa do “gestor”, que, fingindo renegar
a política, governa para contemplar os interesses de
poucos em detrimento da maioria.
O fato é que encontramos em Lima Barreto
30 um vigoroso antídoto para lidar com essa situação,
pois estamos diante de um escritor que fez da literatura 
a arte do engajamento. Escrever era para ele
uma forma efetiva de participar dos acontecimentos.
Os mais de 500 artigos e crônicas que publicou em
35 dezenas de jornais e revistas do Rio de Janeiro – assim 
como seus romances e contos – não deixavam
escapar nenhum tema importante em discussão na
época. Lima não se esquivava do debate e muito menos 
de opinar e apresentar enfaticamente os seus
40 pontos de vista, geralmente urdidos com base nas
leituras que fazia quase obsessivamente. Em síntese, 
escrever era fazer política, era participar da vida
política do país e isso resultou numa literatura militante, 
que nos leva a perceber a centralidade da política
45 em nossas vidas.
Fragmento: http://www.cartaeducacao.com.br/artigo/o-que-lima-
-barreto-pode-ensinar-ao-brasil-de-hoje/ Acesso em 21 ago 2017.
  

Em “Da mesma forma, vivenciou também os desafios de uma república que se fez excludente...” (linhas 11-13), a oração em destaque tem a mesma função sintática que a sublinhada em: 

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14Q932731 | Português, Interpretação de Textos, Vestibular CEDERJ, CEDERJ, CECIERJ, 2017

Texto 1
Triste fim de Policarpo Quaresma
Lima Barreto

Como lhe parecia ilógico com ele mesmo estar 
ali metido naquele estreito calabouço. Pois ele,
o Quaresma plácido, o Quaresma de tão profundos
pensamentos patrióticos, merecia aquele triste fim?
5 De que maneira sorrateira o Destino o arrastara até
ali, sem que ele pudesse pressentir o seu extravagante 
propósito, tão aparentemente sem relação com o
resto da sua vida? (...)
Devia ser por isso que estava ali naquela
10 masmorra, engaiolado, trancafiado, isolado dos seus
semelhantes como uma fera, como um criminoso, sepultado 
na treva, sofrendo umidade, misturado com
os seus detritos, quase sem comer... Como acabarei?
Como acabarei? E a pergunta lhe vinha, no meio da
15 revoada de pensamentos que aquela angústia provocava 
pensar. Não havia base para qualquer hipótese.
Era de conduta tão irregular e incerta o Governo que
tudo ele podia esperar: a liberdade ou a morte, mais
esta que aquela. (...)
20 Desde dezoito anos que o tal patriotismo lhe
absorvia e por ele fizera a tolice de estudar inutilidades. 
Que lhe importavam os rios? Eram grandes?
Pois que fossem... Em que lhe contribuiria para a felicidade 
saber o nome dos heróis do Brasil? Em nada...
25 O importante é que ele tivesse sido feliz. Foi? Não.
Lembrou-se das suas cousas de tupi, do folclore, das
suas tentativas agrícolas... Restava disso tudo em sua
alma uma satisfação? Nenhuma! Nenhuma! (...)
A Pátria que quisera ter era um mito; era um
30 fantasma criado por ele no silêncio do seu gabinete.
Nem a física, nem a moral, nem a intelectual, nem a
política, que julgava existir, havia. A que existia, de
fato, era a do Tenente Antonino, a do Doutor Campos,
a do homem do Itamarati.
Excerto. BARRETO, Lima. Triste fm de Policarpo Quaresma. In:
http://www.ebooksbrasil.org/adobeebook/policarpoE.pdf p. 383-387
  

Em “Lembrou-se das suas cousas de tupi” (linha 26), o emprego da forma “cousas” indica, em relação ao personagem,

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15Q931544 | Português, Interpretação de Textos, Vestibular CEDERJ, CEDERJ, CECIERJ

TEXTO II
De olho no futuro
Ana Maria Machado
‘Papai, que é plebiscito?’
Assim começa um conto de Artur Azevedo, que
constava de muitas antologias escolares na época em
que havia leitura de coletâneas literárias como parte
5 integrante do currículo de Língua Portuguesa no país.
A maioria dos que então estudaram acompanhava o
desenvolvimento da história lida em voz alta pelos
alunos em classe, desde o início em que o pai fingia
dormir para não ter de revelar que não sabia a história,
10 passando pela insistência do filho e a pressão da mãe
para que tirasse a dúvida da criança, até a cena de
zanga paterna que incluía sair da sala e se trancar no
quarto. Após consultar um dicionário que lá havia, o
triunfal chefe de família podia elucidar que plebiscito
15 era uma lei romana que queriam introduzir no país,
num caso típico de estrangeirismo.
A história tem muita graça na linguagem divertida
do autor, que ao mesmo tempo ridiculariza o
autoritarismo patriarcal e os excessos nacionalistas
20 da época – que acabariam levando à Primeira Guerra
Mundial. Tive de resumi-la para comentá-la, pois tenho
me lembrado muito desse conto ultimamente, por
diferentes razões. Por um lado, acentua-se que criança
tem curiosidade sobre política. E sobre as palavras
25 que encontra e não conhece. Por outro lado, nos
recorda que a satisfação dessa curiosidade tem a
obrigação ética de procurar ser clara e equilibrada. Na
atual discussão tão acalorada, sobre escolas sem
partidos e os perigos da doutrinação ideológica, por
30 vezes parece que os debatedores apontam para o alvo
adjetivo e abandonam o substantivo. Esquecem que o
problema não está em incentivar ideias, estimular a
formação do conhecimento sobre ideologias, apresentar
argumentos de diferentes visões do mundo e da
35 sociedade. O risco para a educação está em alguém
com poder querendo doutrinar, falar como doutor que
não admite contestação nem dúvida, ser dogmático,
impor uma forma única de encarar a realidade e analisar
os fatos, carimbando com rótulos pejorativos e frases
40 feitas tudo aquilo que não se encaixa com perfeição
na agenda do momento. Com frequência, partidária.
(...)

(Trecho. MACHADO, Ana Maria. De olho no futuro. O GLOBO, 01de out. de 2016, Caderno I, página 14).
No fragmento “Por um lado, acentua-se que criança tem curiosidade sobre política. E sobre as palavras que encontra e não conhece. Por outro lado, nos recorda que a satisfação dessa curiosidade tem a obrigação ética de procurar ser clara e equilibrada.”, (linhas 23-27) veicula-se a ideia de
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16Q931906 | Português, Interpretação de Textos, Vestibular CEDERJ, CEDERJ, CECIERJ, 2017

Texto 1
Triste fim de Policarpo Quaresma
Lima Barreto

Como lhe parecia ilógico com ele mesmo estar 
ali metido naquele estreito calabouço. Pois ele,
o Quaresma plácido, o Quaresma de tão profundos
pensamentos patrióticos, merecia aquele triste fim?
5 De que maneira sorrateira o Destino o arrastara até
ali, sem que ele pudesse pressentir o seu extravagante 
propósito, tão aparentemente sem relação com o
resto da sua vida? (...)
Devia ser por isso que estava ali naquela
10 masmorra, engaiolado, trancafiado, isolado dos seus
semelhantes como uma fera, como um criminoso, sepultado 
na treva, sofrendo umidade, misturado com
os seus detritos, quase sem comer... Como acabarei?
Como acabarei? E a pergunta lhe vinha, no meio da
15 revoada de pensamentos que aquela angústia provocava 
pensar. Não havia base para qualquer hipótese.
Era de conduta tão irregular e incerta o Governo que
tudo ele podia esperar: a liberdade ou a morte, mais
esta que aquela. (...)
20 Desde dezoito anos que o tal patriotismo lhe
absorvia e por ele fizera a tolice de estudar inutilidades. 
Que lhe importavam os rios? Eram grandes?
Pois que fossem... Em que lhe contribuiria para a felicidade 
saber o nome dos heróis do Brasil? Em nada...
25 O importante é que ele tivesse sido feliz. Foi? Não.
Lembrou-se das suas cousas de tupi, do folclore, das
suas tentativas agrícolas... Restava disso tudo em sua
alma uma satisfação? Nenhuma! Nenhuma! (...)
A Pátria que quisera ter era um mito; era um
30 fantasma criado por ele no silêncio do seu gabinete.
Nem a física, nem a moral, nem a intelectual, nem a
política, que julgava existir, havia. A que existia, de
fato, era a do Tenente Antonino, a do Doutor Campos,
a do homem do Itamarati.
Excerto. BARRETO, Lima. Triste fm de Policarpo Quaresma. In:
http://www.ebooksbrasil.org/adobeebook/policarpoE.pdf p. 383-387
  

“De que maneira sorrateira o Destino o arrastara até ali, sem que ele pudesse pressentir o seu extravagante propósito, tão aparentemente sem relação com o resto da sua vida?” (linhas 5-8)

O pronome possessivo em “seu extravagante propósito” tem função coesiva e retoma o propósito

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17Q932144 | Português, Sintaxe, Vestibular CEDERJ, CEDERJ, CECIERJ, 2017

Texto 1
Triste fim de Policarpo Quaresma
Lima Barreto

Como lhe parecia ilógico com ele mesmo estar 
ali metido naquele estreito calabouço. Pois ele,
o Quaresma plácido, o Quaresma de tão profundos
pensamentos patrióticos, merecia aquele triste fim?
5 De que maneira sorrateira o Destino o arrastara até
ali, sem que ele pudesse pressentir o seu extravagante 
propósito, tão aparentemente sem relação com o
resto da sua vida? (...)
Devia ser por isso que estava ali naquela
10 masmorra, engaiolado, trancafiado, isolado dos seus
semelhantes como uma fera, como um criminoso, sepultado 
na treva, sofrendo umidade, misturado com
os seus detritos, quase sem comer... Como acabarei?
Como acabarei? E a pergunta lhe vinha, no meio da
15 revoada de pensamentos que aquela angústia provocava 
pensar. Não havia base para qualquer hipótese.
Era de conduta tão irregular e incerta o Governo que
tudo ele podia esperar: a liberdade ou a morte, mais
esta que aquela. (...)
20 Desde dezoito anos que o tal patriotismo lhe
absorvia e por ele fizera a tolice de estudar inutilidades. 
Que lhe importavam os rios? Eram grandes?
Pois que fossem... Em que lhe contribuiria para a felicidade 
saber o nome dos heróis do Brasil? Em nada...
25 O importante é que ele tivesse sido feliz. Foi? Não.
Lembrou-se das suas cousas de tupi, do folclore, das
suas tentativas agrícolas... Restava disso tudo em sua
alma uma satisfação? Nenhuma! Nenhuma! (...)
A Pátria que quisera ter era um mito; era um
30 fantasma criado por ele no silêncio do seu gabinete.
Nem a física, nem a moral, nem a intelectual, nem a
política, que julgava existir, havia. A que existia, de
fato, era a do Tenente Antonino, a do Doutor Campos,
a do homem do Itamarati.
Excerto. BARRETO, Lima. Triste fm de Policarpo Quaresma. In:
http://www.ebooksbrasil.org/adobeebook/policarpoE.pdf p. 383-387
  

Em “Era de conduta tão irregular e incerta o Governo que tudo ele podia esperar: a liberdade ou a morte, mais esta que aquela. (...)” (linhas 17-19), o par correlativo “ tão... que” expressa a ideia de

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18Q932468 | Português, Interpretação de Textos, Vestibular CEDERJ, CEDERJ, CECIERJ, 2018

BOOM MACHADIANO?

Críticos estrangeiros apontam Machado como autor livre de clichês latino-americanos e distante da exuberância tropical e da crítica social.

Ruan de Sousa Gabriel
“Machado de Assis já não pertence apenas à literatura
brasileira. Suas obras passaram a interessar a
outras culturas, sucedendo-se as traduções em várias línguas”,
escreveu o crítico literário Eugenio Gomes no jornal
5 carioca Correio da Manhã em 8 de dezembro de 1951.
Gomes enumerou entusiasmado as novas traduções de
Machado mundo afora: uma edição alemã de Memórias
póstumas de Brás Cubas e “outra deste mesmo romance
em castelhano”, e a publicação, nos Estados Unidos, de
10 mais uma tradução, assinada por William L. Grossman.
Dedicou boa parte de seu texto a comentários elogiosos
(apesar “de alguns lapsos”) às Memórias póstumas de
Grossman para indicar o “interesse excepcional que o escritor
brasileiro está despertando naquele país”.
15 Quase 70 anos mais tarde, esse “interesse excepcional”
citado por Gomes poderia ser incluído no famoso
capítulo “Das negativas”, de Memórias póstumas, que lista
o que não aconteceu. Um ensaio de Benjamin Moser, biógrafo
de Clarice Lispector, publicado no mês passado na
20 revista americana The New Yorker, perguntava por que Machado
ainda era tão pouco lido nos EUA. Além do ensaio
de Moser, outros textos sobre Machado apareceram na
imprensa americana nas últimas semanas por ocasião da
publicação de The collected stories of Machado de Assis,
25 uma reunião de 76 contos traduzidos para o inglês pelos
britânicos Margaret Jull Costa e Robin Patterson. A editora
W. W. Norton & Company, responsável pela publicação
das Collected stories, não divulgou a tiragem do livro, mas
informou que os editores “estão muito contentes — mais do
30 que contentes, na verdade — com a recepção do livro nos
EUA”.
O aplauso da imprensa americana reavivou o desejo
expresso por Gomes nos anos 50: será que agora os
estrangeiros acordam para o talento de Machado? “Há poucos
35 dias, vi uma coisa insólita na London Review of Books:
um retrato de página inteira de Machado e capas de livros
dele, inclusive das Collected stories”, disse o britânico John
Gledson, tradutor do estudo Dom Casmurro e autor do estudo
Machado de Assis: impostura e realismo. Em agosto,
40 Machado foi eleito o autor do mês pela prestigiosa revista
literária britânica. “Trabalho com a obra de Machado desde
os anos 80 e ele nunca teve esse tipo de destaque na Inglaterra,
onde se publicam traduções dele esporadicamente. A
tradutora das Collected stories tem uma ótima reputação,
45 o que me dá esperança de que ela ajude a reputação de
Machado em inglês.” (...)
Texto adaptado. GABRIEL, Ruan de Sousa. Boom machadiano?
Um novo despertar estrangeiro para a obra de Machado. Revista
Época, nº 1054. Editora Globo, 10 set. 2018, p. 78-81.
A pergunta-título “Boom machadiano?” refere-se à seguinte informação da reportagem:
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19Q932548 | Português, Interpretação de Textos, Vestibular CEDERJ, CEDERJ, CECIERJ, 2017

Texto 2
O que Lima Barreto pode ensinar ao Brasil de hoje
Denilson Botelho

Lima Barreto (1881-1922) viveu numa época
de transições. No seu aniversário de sete anos, viu
a abolição ser festejada em praça pública na companhia 
do pai, registrando as lembranças do episódio 
5 em seu Diário íntimo. No ano seguinte, em 1889,
viu a monarquia dar lugar à república. E passou a
juventude e o resto de sua curta existência – faleceu
aos 41 anos – enfrentando os desafios de ser negro
num país que aboliu a escravidão, mas não fez com
10 que a liberdade viesse acompanhada dos direitos de
cidadania pelos quais temos lutado desde então. Da
mesma forma, vivenciou também os desafios de uma
república que se fez excludente, frustrando a expectativa 
por um regime democrático.
15 Mas por que devemos ler Lima Barreto hoje?
São vários os motivos, mas um deles revela-se da
maior importância. Nos últimos anos, os grandes
grupos empresariais de mídia têm contribuído
  
decisivamente para demonizar a política. A pregação
20 de um discurso anticorrupção tem se revestido de um
moralismo sem precedentes e, ao mesmo tempo, esterilizante. 
Muitos são aqueles que têm sido levados
a recusar o debate político sob o argumento tolo, 
generalizante e perigoso que sugere que todo político
25 é ladrão e corrupto. A estratégia abre espaço para
a figura enganosa do “gestor”, que, fingindo renegar
a política, governa para contemplar os interesses de
poucos em detrimento da maioria.
O fato é que encontramos em Lima Barreto
30 um vigoroso antídoto para lidar com essa situação,
pois estamos diante de um escritor que fez da literatura 
a arte do engajamento. Escrever era para ele
uma forma efetiva de participar dos acontecimentos.
Os mais de 500 artigos e crônicas que publicou em
35 dezenas de jornais e revistas do Rio de Janeiro – assim 
como seus romances e contos – não deixavam
escapar nenhum tema importante em discussão na
época. Lima não se esquivava do debate e muito menos 
de opinar e apresentar enfaticamente os seus
40 pontos de vista, geralmente urdidos com base nas
leituras que fazia quase obsessivamente. Em síntese, 
escrever era fazer política, era participar da vida
política do país e isso resultou numa literatura militante, 
que nos leva a perceber a centralidade da política
45 em nossas vidas.
Fragmento: http://www.cartaeducacao.com.br/artigo/o-que-lima-
-barreto-pode-ensinar-ao-brasil-de-hoje/ Acesso em 21 ago 2017.
  

Em “ser negro num país que aboliu a escravidão, mas não fez com que a liberdade viesse acompanhada dos direitos de cidadania pelos quais temos lutado desde então” (linhas 8-11), observa-se uma figura de linguagem denominada

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20Q932653 | Português, Interpretação de Textos, Vestibular CEDERJ, CEDERJ, CECIERJ, 2018

BOOM MACHADIANO?

Críticos estrangeiros apontam Machado como autor livre de clichês latino-americanos e distante da exuberância tropical e da crítica social.

Ruan de Sousa Gabriel
“Machado de Assis já não pertence apenas à literatura
brasileira. Suas obras passaram a interessar a
outras culturas, sucedendo-se as traduções em várias línguas”,
escreveu o crítico literário Eugenio Gomes no jornal
5 carioca Correio da Manhã em 8 de dezembro de 1951.
Gomes enumerou entusiasmado as novas traduções de
Machado mundo afora: uma edição alemã de Memórias
póstumas de Brás Cubas e “outra deste mesmo romance
em castelhano”, e a publicação, nos Estados Unidos, de
10 mais uma tradução, assinada por William L. Grossman.
Dedicou boa parte de seu texto a comentários elogiosos
(apesar “de alguns lapsos”) às Memórias póstumas de
Grossman para indicar o “interesse excepcional que o escritor
brasileiro está despertando naquele país”.
15 Quase 70 anos mais tarde, esse “interesse excepcional”
citado por Gomes poderia ser incluído no famoso
capítulo “Das negativas”, de Memórias póstumas, que lista
o que não aconteceu. Um ensaio de Benjamin Moser, biógrafo
de Clarice Lispector, publicado no mês passado na
20 revista americana The New Yorker, perguntava por que Machado
ainda era tão pouco lido nos EUA. Além do ensaio
de Moser, outros textos sobre Machado apareceram na
imprensa americana nas últimas semanas por ocasião da
publicação de The collected stories of Machado de Assis,
25 uma reunião de 76 contos traduzidos para o inglês pelos
britânicos Margaret Jull Costa e Robin Patterson. A editora
W. W. Norton & Company, responsável pela publicação
das Collected stories, não divulgou a tiragem do livro, mas
informou que os editores “estão muito contentes — mais do
30 que contentes, na verdade — com a recepção do livro nos
EUA”.
O aplauso da imprensa americana reavivou o desejo
expresso por Gomes nos anos 50: será que agora os
estrangeiros acordam para o talento de Machado? “Há poucos
35 dias, vi uma coisa insólita na London Review of Books:
um retrato de página inteira de Machado e capas de livros
dele, inclusive das Collected stories”, disse o britânico John
Gledson, tradutor do estudo Dom Casmurro e autor do estudo
Machado de Assis: impostura e realismo. Em agosto,
40 Machado foi eleito o autor do mês pela prestigiosa revista
literária britânica. “Trabalho com a obra de Machado desde
os anos 80 e ele nunca teve esse tipo de destaque na Inglaterra,
onde se publicam traduções dele esporadicamente. A
tradutora das Collected stories tem uma ótima reputação,
45 o que me dá esperança de que ela ajude a reputação de
Machado em inglês.” (...)
Texto adaptado. GABRIEL, Ruan de Sousa. Boom machadiano?
Um novo despertar estrangeiro para a obra de Machado. Revista
Época, nº 1054. Editora Globo, 10 set. 2018, p. 78-81.
Em construções como “Em agosto, Machado foi eleito o autor do mês pela prestigiosa revista literária britânica”

(linhas 39-41), o emprego de

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