Atenção: Para responder às questões de números 1 a 9,
considere o texto abaixo.
Comparado ao tamanho dos rios amazônicos, o Tietê é
um regato. Nas estatísticas, porém, é uma catarata de superlativos.
Estudo mostra que o Tietê e seus afluentes formam a
bacia hidrográfica mais populosa, mais rica e mais poluída do
Brasil. É também a de maior desenvolvimento humano do país.
Às suas margens ou perto delas moram 30 milhões de pessoas,
a maior população ribeirinha do país, com médias de 10,6 anos
de estudo e 75,3 anos de vida.
O rio Tietê nasce acima dos mil metros de altitude, nas
encostas da Serra do Mar, em Salesópolis, a leste da capital.
Corre 1.136 quilômetros para o interior, por 73 municípios paulistas.
Deságua no rio Paraná, a 300 metros acima do nível do mar.
São apenas 740 metros de desnível da nascente à foz, ou um metro
de declive a cada quilômetro e meio de percurso, em média.
Mesmo assim, as quedas do Tietê são famosas desde
antes dos bandeirantes. Para fugir desse trecho inicial tortuoso
e cheio de corredeiras, a navegação rio abaixo entre os séculos
XVIII e XIX começava em Araritaguaba, atual Porto Feliz,
com destino às minas de ouro de Cuiabá. Por só poderem ser
feitas em parte do ano, no período de cheia do rio, as expedições
eram chamadas de monções.
As canoas, escavadas em troncos derrubados ao longo
das margens do rio e de seus afluentes, levavam mantimentos,
ferramentas e escravos para as minas, e traziam ouro. Hoje, a
hidrovia Tietê-Paraná percorre 2,6 mil quilômetros e transporta
6 milhões de toneladas de carga anualmente, entre insumos e
grãos. Um comboio de seis barcaças carregadas tira 210 carretas
das estradas, gastando um quarto do combustível e emitindo
um terço da quantidade de carbono.
O rio foi determinante na fundação da maior cidade do
hemisfério sul e na ocupação do território ao seu redor. Nas últimas
décadas, o desenvolvimento se estendeu do alto ao baixo
Tietê. O desenvolvimento econômico e demográfico custou caro
ao rio. A qualidade de suas águas, cristalinas em Salesópolis,
passa de apenas "boa", para "ruim" e "péssima", à medida que
avança pelo interior, e só volta a ficar boa em Barra Bonita. Nos
últimos 30 quilômetros antes de chegar à sua foz, as águas do
rio voltam a ter a mesma excelência dos primeiros 40 quilômetros
de seu curso. O rio mais poluído do país se recupera e termina
tão limpo quanto começou.
(Adaptado de: TOLEDO, José Roberto de; MAIA, Lucas de Abreu
e BURGARELLI, Rodrigo. O Estado de S. Paulo, 22 de setembro
de 2013, A26)