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Utilizando a função poética da linguagem, o autor do texto

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Q224350 | Português, emotiva, Policial Rodoviário Federal, Polícia Rodoviária Federal PRF, CESPE CEBRASPE

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No tempo de andarilho

Prospera pouco no Pantanal o andarilho. Seis meses, durante
a seca, anda. Remói caminhos e descaminhos. Abastece de perna
as distâncias. E, quando as estradas somem, cobertas por águas,
arrancha.

O andarilho é um antipiqueteiro por vocação. Ninguém o
embuçala. Não tem nome nem relógio. Vagabundear é virtude
atuante para ele. Nem é um idiota programado, como nós. O próprio
esmo é que o erra.

Chega em geral com escuro. Não salva os moradores do
lugar. Menos por deseducado. Senão por alheamento e fastio.
Abeira-se do galpão, mais dois cachorros, magros, pede
comida, e se recolhe em sua vasilha de dormir armada no tempo.
Cedo, pela magrez dos cachorros que estão medindo o pátio,
toda a fazenda sabe que Bernardão chegou. "Venho do oco do
mundo. Vou para o oco do mundo." É a única coisa que ele adianta.
O que não adianta.

(...)
Enquanto as águas não descem e as estradas não se
mostram, Bernardo trabalha pela bóia. Claro que resmunga. Está
com raiva de quem inventou a enxada. E vai assustando o mato
como um feiticeiro.

Os hippies o imitam por todo o mundo. Não faz entretanto
brasão de seu pioneirismo. Isso de entortar pente no cabelo intratável
ele pratica de velho. A adesão pura à natureza e a inocência
nasceram com ele. Sabe plantas e peixes mais que os santos.
Não sei se os jovens de hoje, adeptos da natureza,
conseguirão restaurar dentro deles essa inocência. Não sei se
conseguirão matar dentro deles a centopéia do consumismo.
Porque, já desde nada, o grande luxo de Bernardo é ser
ninguém. Por fora é galalau. Por dentro não arredou de criança. É ser
que não conhece ter. Tanto que inveja não se acopla nele.

Manoel de Barros. Livro de pré-coisas: roteiro para uma excursão
poética no Pantanal. 2.a ed. Rio de Janeiro: Record, 1997, p. 47-8.

Utilizando a função poética da linguagem, o autor do texto

Matheus Fernandes
Por Matheus Fernandes em 12/01/2025 19:50:01🎓 Equipe Gabarite
Gabarito: b)

Utilizando a função poética da linguagem, o autor do texto critica os valores de indivíduos que compõem a sociedade atual ao contrapor-lhes a beleza que percebe na figura do andarilho.

No texto, o autor descreve o andarilho de forma poética, destacando sua liberdade, simplicidade e conexão com a natureza, em contraste com a sociedade atual marcada pelo consumismo e pela busca desenfreada por bens materiais. O andarilho é apresentado como alguém que vive de forma desapegada, sem preocupações com status ou riquezas, o que é ressaltado como uma qualidade admirável. Dessa forma, o autor critica os valores da sociedade contemporânea, valorizando a figura do andarilho como um exemplo de pureza e autenticidade.
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