O povo, muitas vezes, enganado por uma falsa imagem de bem, deseja sua própria ruína, e, se alguém
em quem ele confie não o convencer de que aquilo é o mal, mostrando-lhe o que é o bem, as repúblicas
serão expostas a infinitos perigos e danos. E, quando, porventura, o povo tenha sido enganado antes
por coisas e homens, será inevitável que se chegue à ruína. Dante, nas suas considerações intituladas
De Monarchia , diz que o povo, muitas vezes, grita: “Viva a morte! E morra a vida!” Por essa incredulidade,
às vezes, deixam de ser tomadas boas decisões nas repúblicas, como dissemos sobre os venezianos,
quando estes, atacados por tantos inimigos, não conseguiram tomar a decisão de conquistar nenhum
deles com a restituição das coisas retiradas a outros (coisas pelas quais se travara a guerra e se dera a
conjuração dos príncipes), antes que se chegasse à ruína.
MAQUIAVEL, N. Discursos sobre a primeira década de Tito Lívio. São Paulo: Martins Fontes, 2007 (adaptado).
A partir do texto, avalie as afirmações a seguir, a respeito do Realismo nas Relações Internacionais.
I. A compreensão da verità effetuale feita por Maquiavel serviu de inspiração ao princípio realista de
que a política é regida por leis objetivas cujas raízes se encontram na natureza humana.
II. A incapacidade do povo em identificar aquilo que lhe é benéfico pode ser compensada pela boa
organização do Estado, segundo o princípio realista de que até uma nação de demônios, se bem
organizada, será pacífica.
III. A incapacidade do povo de identificar aquilo que lhe é benéfico justifica a opção realista de não
sobrepor princípios morais às ações dos Estados, retirando-lhes o direito de fazer justiça a qualquer
custo, mesmo que assim desejem seus indivíduos.
É correto o que se afirma em
a) II, apenas.
b) III, apenas.
c) I e II, apenas.
d) I e III, apenas.
e) I, II e III.