Questões de Concursos: Literatura

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11 Q949351 | Inglês, Literatura, UNICENTRO, UNICENTRO

Texto associado.
Tech users have long questioned whether mobile devices and smart speakers eavesdrop on their private conversations. Apple answered that question Tuesday with a resounding no.
In a letter to federal lawmakers, the tech giant insisted that iPhones do not listen to what users are saying and said third-party app developers don't have access to audio data.
"iPhone doesn't listen to consumers except to recognize the clear, unambiguous audio trigger 'Hey Siri,'" Timothy Powderly, Apple's director of Federal Government Affairs, wrote in the letter, which was obtained by CNN.
"The customer is not our product, and our business model does not depend on collecting vast amounts of personally identifiable information to enrich targeted profiles marketed to advertisers," he added.

Disponível em <https://money.cnn.com/2018/08/08/technology/apple-iphone-listening/index.html>. Acesso em 08 de ago. 2018.

Leia o poema “Inquietação”, de Helena Kolody, publicado em Viagem no espelho:


Inquietação


O ritmo febril de um sangue moço
Lateja em minhas fontes.
As tendências recalcadas
Rumorejam surdamente,
Como larvas represadas,
Eu não sei que perdidas regiões do inconsciente.
Não possuo mais a antiga serenidade
De alta montanha nevada.

O amor quis envolver-me
E eu me esquivei.
Essa tristeza que me oprime
Tornou-se mais espessa
E pesou mais o meu destino de ser só.

O esforço gasto em árdua luta
Partiu não sei que amarras
Que me prendiam à vida.
Meu espírito, desarvorado,
Deixa-se vagar ao sabor da corrente.
Não quer aportar.

KOLODY, Helena. Inquietação. In: ___. Viagem no espelho. Curitiba: Ed. da UFPR, 1995. p. 231.

Assinale a alternativa INcorreta sobre o poema “Inquietação”, de Helena Kolody.

12 Q949482 | Inglês, Literatura, UNICENTRO, UNICENTRO

Texto associado.
View from the Rio favelas: 'We're often scared to leave the house in case we're hit by a stray bullet'

A year has gone by since the Olympic Games. Only 147 of those 365 days ended without the residents of Complexo do Alemão hearing gunshots. After the promises of hope and the Games’ legacy of peace, 218 days were accompanied by a soundtrack of gunfire.

On 218 days we were afraid we wouldn’t make it home alive; we were scared to leave the house in case we were hit by a stray bullet; on 218 days we were afraid that the walls of our homes might be hit. To pretend that we were not in a war zone, the military police painted their armoured military tanks – popularly called caveirão, or “big skull” – white.

For a long time I’ve wondered about the reason for the conflict and danger in the favelas of Rio, the same places that hold so much shared affection, culture, art and memory.

Since the Olympics, residents of the Complexo do Alemão have been afraid of organising a cultural event in the neighbourhood square, or of people gathering outside because an intense shootout might happen without prior notice, with no chance to find protection. It has been 218 days of fear.

All eyes – and investments – were turned to Brazil when it hosted, over 10 years, three mega sporting events. But the country has failed to keep its promises of peace after the 2007 Pan-American Games, the 2014 World Cup and the 2016 Olympic Games.

Before the Olympics, the state was completely absent in the favela. Back then we had no cable car – now we do, but it doesn’t work. We did not have family clinics – now we do, but without medical care. There were no police – now there are, and we live with daily shootings. What have the poorest received as a result of the Games? On television, I see only news of corruption.

Brazil is at war, some say. A war on the poor, justified by drugs. A war that justifies, for many (but not for me) the presence of the Brazilian army in the streets of the city. The beauty of Rio’s natural landscapes contrasts with the conflict of our daily lives, militarised by the government.

We need to talk about the relationship between violence and drugs. Young people from different favelas are now coming together to think about strategies that we hope can feed into public policies on drugs in Brazil. The #Movimentos movement – which runs discussions and seminars for young people – was created because it isn’t possible to deal with the drugs issue without the input of those who live with the consequences of failed policies.

As other countries move towards resolving the issue in a serious way, investing in research and prevention mechanisms in public health services, Brazil invests in more weapons and repression that result in an increase of death and incarceration – particularly among people who are poor, black, young and living in favelas.

But despite all the fear, all the chaos, we continue to conquer the world, occupying the spaces that we have been historically denied. The Coletivo Papo Reto (Straight Talk Collective) has created a calendar that celebrates the good news and achievements of the people who live in Complexo do Alemão. Many people may not understand what it is that motivates us in the midst of this chaos and fear. I don’t know either – but I feel that I must keep going.

(Adapted from https://www.theguardian.com/global-development/2017/aug/19/rio-voices-view-from-the-favelas-olympics-they-
promised-a-legacy-of-peace-but-brazil-is-now-at-war. Access on 22/8/2017)
Sobre o Romance Luzia-Homem de Domingos Olímpio é errado afirmar que

13 Q942878 | Português, Noções Gerais de Compreensão e Interpretação de Texto, Literatura, UNICENTRO, UNICENTRO

Texto associado.
Leia o conto a seguir e responda à questão.

Preciosidade (para Mafalda)

De manhã cedo era sempre a mesma coisa renovada: acordar. O que era vagaroso, desdobrado, vasto. Vastamente ela abria os olhos. Tinha quinze anos e não era bonita. Mas por dentro da magreza, a vastidão quase majestosa em que se movia como dentro de uma meditação. E dentro da nebulosidade algo precioso. Que não se espreguiçava, não se comprometia, não se contaminava. Que era intenso como uma joia. Ela acordava antes de todos, pois para ir à escola teria que pegar um ônibus e um bonde, o que lhe tomaria uma hora. O que lhe daria uma hora. De devaneio agudo como um crime. O vento da manhã violentando a janela e o rosto até que os lábios ficavam duros, gelados. Então ela sorria. Como se sorrir fosse em si um objetivo. Tudo isso aconteceria se tivesse a sorte de “ninguém olhar para ela”. Era uma manhã ainda mais fria e escura que as outras, ela estremeceu no suéter. A branca nebulosidade deixava o fim da rua invisível. Tudo estava algodoado, não se ouviu sequer o ruído de algum ônibus que passasse pela avenida. Foi andando para o imprevisível da rua. As casas dormiam nas portas fechadas. Os jardins endurecidos de frio. No ar escuro, mais que no céu, no meio da rua uma estrela. Uma grande estrela de gelo que não voltara ainda, incerta no ar, úmida, informe. Surpreendida no seu atraso, arredondava- -se na hesitação. Ela olhou a estrela próxima. Caminhava sozinha na cidade bombardeada. Não, ela não estava sozinha. Com os olhos franzidos pela incredulidade no fim longínquo de sua rua, de dentro do vapor, viu dois homens. Dois rapazes vindo. Olhou ao redor como se pudesse ter errado de rua ou de cidade. Mas errara os minutos: saíra de casa antes que a estrela e dois homens tivessem tempo de sumir. Seu coração se espantou. O que se seguiu foram quatro mãos difíceis, foram quatro mãos que não sabiam o que queriam, quatro mãos erradas de quem não tinha a vocação, quatro mãos que a tocaram tão inesperadamente que ela fez a coisa mais certa que poderia ter feito no mundo dos movimentos: ficou paralisada. Eles, cujo papel predeterminado era apenas o de passar junto do escuro de seu medo, e então o primeiro dos sete mistérios cairia; eles que representariam apenas o horizonte de um só passo aproximado, eles não compreenderam a função que tinham e, com a individualidade dos que têm medo, haviam atacado. Foi menos de uma fração de segundo na rua tranquila. Numa fração de segundo a tocaram como se a eles coubessem todos os sete mistérios. Que ela conservou todos, e mais larva se tornou, e mais sete anos de atraso. Quando foi molhar os cabelos diante do espelho, ela era tão feia. Ela possuía tão pouco, e eles haviam tocado. Ela era tão feia e preciosa. Estava pálida, os traços afinados. As mãos, umedecendo os cabelos, sujas de tinta ainda do dia anterior. “Preciso cuidar mais de mim”, pensou. Não sabia como. A verdade é que cada vez sabia menos como. A expressão do nariz era a de um focinho apontando na cerca. Voltou ao banco e ficou quieta, com um focinho. “Uma pessoa não é nada.” “Não”, retrucou-se em mole protesto, “não diga isso”, pensou com bondade e melancolia. “Uma pessoa é alguma coisa”, disse por gentileza. Mas no jantar a vida tomou um senso imediato e histérico:
– Preciso de sapatos novos! Os meus fazem muito barulho, uma mulher não pode andar com salto de madeira, chama muita atenção! Ninguém me dá nada! Ninguém me dá nada! – e estava tão frenética e estertorada que ninguém teve coragem de lhe dizer que não os ganharia. Só disseram:
– Você não é uma mulher e todo salto é de madeira. Até que, assim como uma pessoa engorda, ela deixou, sem saber por que processo, de ser preciosa. Há uma obscura lei que faz com que se proteja o ovo até que nasça o pinto, pássaro de fogo. E ela ganhou os sapatos novos.

(LISPECTOR, C. Laços de Família. São Paulo: Rocco, 1998. p.95-108.)
Em relação ao conto “Preciosidade”, considere as afirmativas a seguir.
I. Narra a história de uma adolescente comum, sem nenhuma beleza que a tornasse especial e nenhum acontecimento em sua vida que a fizesse olhar para si. II. Sua preciosidade era sua virgindade. III. Os sapatos simbolizam a passagem da infância para a vida adulta, além de lhe trazer a culpa de ter sido estuprada por fazer barulho e chamar a atenção na rua. IV. O barulho dos sapatos a incomodava porque ela não queria ser notada por ninguém por onde passasse porque era muito tímida. Assinale a alternativa correta.

14 Q949479 | Literatura, Escolas Literárias, Literatura, UNICENTRO, UNICENTRO

Sobre Dias Gomes e O Pagador de Promessas é correto afirmar que:

15 Q942880 | Português, Noções Gerais de Compreensão e Interpretação de Texto, Literatura, UNICENTRO, UNICENTRO

Texto associado.
Leia o conto a seguir e responda à questão.

Preciosidade (para Mafalda)

De manhã cedo era sempre a mesma coisa renovada: acordar. O que era vagaroso, desdobrado, vasto. Vastamente ela abria os olhos. Tinha quinze anos e não era bonita. Mas por dentro da magreza, a vastidão quase majestosa em que se movia como dentro de uma meditação. E dentro da nebulosidade algo precioso. Que não se espreguiçava, não se comprometia, não se contaminava. Que era intenso como uma joia. Ela acordava antes de todos, pois para ir à escola teria que pegar um ônibus e um bonde, o que lhe tomaria uma hora. O que lhe daria uma hora. De devaneio agudo como um crime. O vento da manhã violentando a janela e o rosto até que os lábios ficavam duros, gelados. Então ela sorria. Como se sorrir fosse em si um objetivo. Tudo isso aconteceria se tivesse a sorte de “ninguém olhar para ela”. Era uma manhã ainda mais fria e escura que as outras, ela estremeceu no suéter. A branca nebulosidade deixava o fim da rua invisível. Tudo estava algodoado, não se ouviu sequer o ruído de algum ônibus que passasse pela avenida. Foi andando para o imprevisível da rua. As casas dormiam nas portas fechadas. Os jardins endurecidos de frio. No ar escuro, mais que no céu, no meio da rua uma estrela. Uma grande estrela de gelo que não voltara ainda, incerta no ar, úmida, informe. Surpreendida no seu atraso, arredondava- -se na hesitação. Ela olhou a estrela próxima. Caminhava sozinha na cidade bombardeada. Não, ela não estava sozinha. Com os olhos franzidos pela incredulidade no fim longínquo de sua rua, de dentro do vapor, viu dois homens. Dois rapazes vindo. Olhou ao redor como se pudesse ter errado de rua ou de cidade. Mas errara os minutos: saíra de casa antes que a estrela e dois homens tivessem tempo de sumir. Seu coração se espantou. O que se seguiu foram quatro mãos difíceis, foram quatro mãos que não sabiam o que queriam, quatro mãos erradas de quem não tinha a vocação, quatro mãos que a tocaram tão inesperadamente que ela fez a coisa mais certa que poderia ter feito no mundo dos movimentos: ficou paralisada. Eles, cujo papel predeterminado era apenas o de passar junto do escuro de seu medo, e então o primeiro dos sete mistérios cairia; eles que representariam apenas o horizonte de um só passo aproximado, eles não compreenderam a função que tinham e, com a individualidade dos que têm medo, haviam atacado. Foi menos de uma fração de segundo na rua tranquila. Numa fração de segundo a tocaram como se a eles coubessem todos os sete mistérios. Que ela conservou todos, e mais larva se tornou, e mais sete anos de atraso. Quando foi molhar os cabelos diante do espelho, ela era tão feia. Ela possuía tão pouco, e eles haviam tocado. Ela era tão feia e preciosa. Estava pálida, os traços afinados. As mãos, umedecendo os cabelos, sujas de tinta ainda do dia anterior. “Preciso cuidar mais de mim”, pensou. Não sabia como. A verdade é que cada vez sabia menos como. A expressão do nariz era a de um focinho apontando na cerca. Voltou ao banco e ficou quieta, com um focinho. “Uma pessoa não é nada.” “Não”, retrucou-se em mole protesto, “não diga isso”, pensou com bondade e melancolia. “Uma pessoa é alguma coisa”, disse por gentileza. Mas no jantar a vida tomou um senso imediato e histérico:
– Preciso de sapatos novos! Os meus fazem muito barulho, uma mulher não pode andar com salto de madeira, chama muita atenção! Ninguém me dá nada! Ninguém me dá nada! – e estava tão frenética e estertorada que ninguém teve coragem de lhe dizer que não os ganharia. Só disseram:
– Você não é uma mulher e todo salto é de madeira. Até que, assim como uma pessoa engorda, ela deixou, sem saber por que processo, de ser preciosa. Há uma obscura lei que faz com que se proteja o ovo até que nasça o pinto, pássaro de fogo. E ela ganhou os sapatos novos.

(LISPECTOR, C. Laços de Família. São Paulo: Rocco, 1998. p.95-108.)
Leia a notícia a seguir e responda à questão.
90% das mulheres estupradas não denunciam agressor, diz especialista Medo de morte, vergonha e humilhação e sentimento de culpa são os principais motivos para a falta de denúncia.

Três dias antes do Natal do ano passado, a agente de atendimento Isabela (nome fictício), de 18 anos de idade, estava voltando para casa após um culto na igreja onde frequenta quando foi abordada por um desconhecido em uma moto. A princípio, ela diz ter pensado se tratar de um assalto e chegou a entregar o telefone celular ao homem com capacete. “Esse foi o único dia que eu estava voltando para casa sozinha. Ele me pegou em uma rua deserta e apontou a arma para mim. Por medo, eu não gritei. Ele pegou o celular e disse que ia me guiar. Me levou a uma rua mais deserta e colocou um capuz em mim para eu não ver o rosto dele”, diz. O estupro aconteceu na rua mesmo. Com medo do agressor que a ameaçou de morte caso contasse para alguém, Isabela ficou calada e relatou apenas o assalto para a mãe.
(Adaptado de: OLIVEIRA, A. Disponível em: <http://ultimosegundo.ig.com.br/brasil/2014-04-25/90-das-mulheres-estupradas-nao-denunciam-agressor-diz-especialista.html>. Acesso em: 25 abr. 2014.)
Com base no conto “Preciosidade” e na notícia, assinale a alternativa correta.

16 Q679674 | Literatura, Literatura, UNICENTRO, UNICENTRO

O lançamento da obra Quarto de despejo, em 1960, fez de Carolina de Jesus o maior sucesso editorial da história da literatura brasileira, com cerca de um milhão de cópias vendidas. A autora deixou registrado o seguinte depoimento:

“Enquanto escrevo vou pensando que resido num castelo cor de ouro que reluz na luz do sol. Que as janelas são de prata e as luzes de brilhantes. Que a minha vista circula no jardim e eu contemplo as flores de todas as qualidades.”(1976).

O depoimento de Carolina de Jesus atesta o seguinte sobre sua relação com a vida e com a sua obra Quarto de despejo:

17 Q949348 | Literatura, Escolas Literárias, Literatura, UNICENTRO, UNICENTRO

Em Toda poesia, de Paulo Leminski, não há ocorrência de

18 Q942877 | Literatura, Escolas Literárias, Literatura, UNICENTRO, UNICENTRO

Texto associado.
Leia o conto a seguir e responda à questão.

Preciosidade (para Mafalda)

De manhã cedo era sempre a mesma coisa renovada: acordar. O que era vagaroso, desdobrado, vasto. Vastamente ela abria os olhos. Tinha quinze anos e não era bonita. Mas por dentro da magreza, a vastidão quase majestosa em que se movia como dentro de uma meditação. E dentro da nebulosidade algo precioso. Que não se espreguiçava, não se comprometia, não se contaminava. Que era intenso como uma joia. Ela acordava antes de todos, pois para ir à escola teria que pegar um ônibus e um bonde, o que lhe tomaria uma hora. O que lhe daria uma hora. De devaneio agudo como um crime. O vento da manhã violentando a janela e o rosto até que os lábios ficavam duros, gelados. Então ela sorria. Como se sorrir fosse em si um objetivo. Tudo isso aconteceria se tivesse a sorte de “ninguém olhar para ela”. Era uma manhã ainda mais fria e escura que as outras, ela estremeceu no suéter. A branca nebulosidade deixava o fim da rua invisível. Tudo estava algodoado, não se ouviu sequer o ruído de algum ônibus que passasse pela avenida. Foi andando para o imprevisível da rua. As casas dormiam nas portas fechadas. Os jardins endurecidos de frio. No ar escuro, mais que no céu, no meio da rua uma estrela. Uma grande estrela de gelo que não voltara ainda, incerta no ar, úmida, informe. Surpreendida no seu atraso, arredondava- -se na hesitação. Ela olhou a estrela próxima. Caminhava sozinha na cidade bombardeada. Não, ela não estava sozinha. Com os olhos franzidos pela incredulidade no fim longínquo de sua rua, de dentro do vapor, viu dois homens. Dois rapazes vindo. Olhou ao redor como se pudesse ter errado de rua ou de cidade. Mas errara os minutos: saíra de casa antes que a estrela e dois homens tivessem tempo de sumir. Seu coração se espantou. O que se seguiu foram quatro mãos difíceis, foram quatro mãos que não sabiam o que queriam, quatro mãos erradas de quem não tinha a vocação, quatro mãos que a tocaram tão inesperadamente que ela fez a coisa mais certa que poderia ter feito no mundo dos movimentos: ficou paralisada. Eles, cujo papel predeterminado era apenas o de passar junto do escuro de seu medo, e então o primeiro dos sete mistérios cairia; eles que representariam apenas o horizonte de um só passo aproximado, eles não compreenderam a função que tinham e, com a individualidade dos que têm medo, haviam atacado. Foi menos de uma fração de segundo na rua tranquila. Numa fração de segundo a tocaram como se a eles coubessem todos os sete mistérios. Que ela conservou todos, e mais larva se tornou, e mais sete anos de atraso. Quando foi molhar os cabelos diante do espelho, ela era tão feia. Ela possuía tão pouco, e eles haviam tocado. Ela era tão feia e preciosa. Estava pálida, os traços afinados. As mãos, umedecendo os cabelos, sujas de tinta ainda do dia anterior. “Preciso cuidar mais de mim”, pensou. Não sabia como. A verdade é que cada vez sabia menos como. A expressão do nariz era a de um focinho apontando na cerca. Voltou ao banco e ficou quieta, com um focinho. “Uma pessoa não é nada.” “Não”, retrucou-se em mole protesto, “não diga isso”, pensou com bondade e melancolia. “Uma pessoa é alguma coisa”, disse por gentileza. Mas no jantar a vida tomou um senso imediato e histérico:
– Preciso de sapatos novos! Os meus fazem muito barulho, uma mulher não pode andar com salto de madeira, chama muita atenção! Ninguém me dá nada! Ninguém me dá nada! – e estava tão frenética e estertorada que ninguém teve coragem de lhe dizer que não os ganharia. Só disseram:
– Você não é uma mulher e todo salto é de madeira. Até que, assim como uma pessoa engorda, ela deixou, sem saber por que processo, de ser preciosa. Há uma obscura lei que faz com que se proteja o ovo até que nasça o pinto, pássaro de fogo. E ela ganhou os sapatos novos.

(LISPECTOR, C. Laços de Família. São Paulo: Rocco, 1998. p.95-108.)
A respeito da autora e de sua obra, assinale a alternativa correta.

19 Q679675 | Literatura, Literatura, UNICENTRO, UNICENTRO

Fragmento I Esse Aires que aí aparece conserva ainda agora algumas das virtudes daquele tempo, e quase nenhum vício. Não atribuas tal estado a qualquer propósito. Nem creias que vais nisto um pouco de homenagem à modéstia da pessoa. Não, senhor, é verdade pura e natural efeito. Apesar dos quarenta anos, ou quarenta e dois, e talvez por isso mesmo, era um belo tipo de homem. Diplomata de carreira, chegara dias antes do Pacífico, com uma licença de seis meses. ASSIS, Machado de. Esaú e Jacó, São Paulo, FTD, 2011. p. 46.
Fragmento II Também não creias que fosse outrora rico e adúltero, aberto de mãos, quando vinha de dizer adeus às suas amigas. Ni cet excès d´honneur, nit cette indignité. Era um pobre diabo sem mais ofício que a devoção. ASSIS, Machado de. Esaú e Jacó, São Paulo, FTD, 2011. p. 21.

Observando os fragmentos (I e II) destacados do romance Esaú e Jacó e considerando a totalidade da obra, pode-se afirmar:

20 Q679676 | Literatura, Literatura, UNICENTRO, UNICENTRO

Trecho 01 — A senhora me faz saudades de minha terra. Lembrei-me de minha casa, e das tardes em que passeava assim por aqueles sítios, com minha mãe e minha irmã. — O senhor tem mãe e irmã! Como deve ser feliz! disse Lúcia com sentimento. — Quem é que não tem uma irmã! respondi-lhe sorrindo. E minha mãe ainda é muito moça para que eu tivesse a desgraça de a haver perdido. — Perdi a minha muito cedo... ALENCAR, José de. Senhora, São Paulo, FTD, 1991. p. 21-22
Trecho 02 Lúcia saiu um instante e voltou. [...] o fato é que a aparição já desvanecida surgira de repente aos meus olhos. — Agora lembro-me! Estou vendo-a como a vi pela primeira vez! — Como daquela vez não me verá mais nunca! — O que lhe falta? — Falta o que o senhor pensava e não tornará a pensar! disse ela com a voz pungida por dor íntima! ALENCAR, José de. Senhora, São Paulo, FTD, 1991. p. 24.
Trecho 03 Quando porém os meus lábios se colaram na tez de cetim e meu peito estreitou as formas encantadoras que debuxavam a seda, pareceu-me que o sangue lhe refluía ao coração. As palpitações eram bruscas e precípites. Estava lívida e mais branca do que o alvo colarinho do seu roupão. ALENCAR, José de. Senhora, São Paulo, FTD, 1991. p. 25

Considerando-se os fragmentos destacados do romance Senhora e considerando-se a totalidade da obra, assinale o único item cujas afirmações não podem ser comprovadas com a leitura da obra.
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