“Não desconheço que muitos têm tido, e têm, a opinião de que as coisas do mundo
são governadas pela fortuna e por Deus, de modo que a prudência dos homens não as poderia corrigir
nem lhes ofertaria algum remédio. Dessa maneira, poder-se-ia pensar que ninguém deve se importar
muito com elas, deixando-se simplesmente reger pela fortuna. Essa opinião é muito aceita na nossa
época, pela grande variação das coisas, o que se percebe diariamente, fora de toda conjuntura
humana. Em algumas ocasiões, quando considero o assunto, tendo a aceitá-lo. Apesar disso, e uma
vez que nosso livre-arbítrio permanece, acredito poder ser verdadeiro o fato de que a fortuna arbitre
metade de nossas ações, mas que, mesmo assim, ela nos permita governar a outra metade quase
inteira” (MAQUIAVEL, Nicolau. O príncipe. São Paulo: Nova Cultural, 2000).
O trecho apresentado sintetiza a visão de mundo do autor, de modo a entender que:
a) Deus comanda os destinos humanos e pouco pode ser feito para alterar essa realidade.
b) O livre-arbítrio pode modificar completamente os ditames da fortuna.
c) Mesmo a virtude de um grande governante é incapaz de modificar os rumos de uma nação.
d) O povo deve assumir o governo de forma direta para redefinir o seu destino.
e) O homem de virtude é aquele que age de acordo com a fortuna para obter êxito.