Questões de Concursos Públicos: AMAN

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A ortoépia ocupa-se da boa pronunciação das palavras. A prosódia é a parte da fonética que tem por objeto a exata acentuação tônica das palavras. Assinale a alternativa correta quanto à pronúncia indicada entre parênteses após cada palavra.

Texto associado.

Lockdown Named 2020’s Word of the Year by Collins Dictionary

Lockdown, the noun that has come to define so many lives across the world in 2020, has been named word of the year by Collins Dictionary. Lockdown is defined by Collins as “the imposition of stringent restrictions on travel, social interaction, and access to public spaces”. The 4.5-billion-word Collins Corpus, which contains written material from websites, books and newspapers, as well as spoken material from radio, television and conversations, registered a 6,000% increase in ______(1) usage. In 2019, there were 4,000 recorded instances of lockdown being used. In 2020, this had risen to more than a quarter of a million.

“Language is a reflection of the world around us and 2020 has been dominated by the global pandemic,” says Collins language content consultant Helen Newstead. “We have chosen lockdown as _______(2) word of the year because it encapsulates the shared experience of billions of people who have had to restrict _______(3) daily lives in order to contain the virus. Lockdown has affected the way we work, study, shop, and socialise. It is not a word of the year to celebrate, but it is, perhaps, one that sums up the year for most of the world.”

Other pandemic-related words such as coronavirus, social distancing and key worker were on the dictionary’s list of the top 10 words. However, the coronavirus crisis didn’t completely dominate this year’s vocabulary: words like “Megxit,” a term to describe Prince Harry and Meghan Markle stepping back as senior members of the royal family, also made the shortlist along with “TikToker” (a person who regularly shares or appears in videos on TikTok), and “BLM.” The abbreviation BLM, for Black Lives Matter is defined by Collins as “a movement that campaigns against racially motivated violence and oppression”, it registered a 581% increase in usage.

Adapted from https://www.theguardian.com/books/2020/nov/10/lockdown-named-word-of-the-year-by-collins-dictionary

Choose the alternative with words that respectively complete gaps (1), (2) and (3) in the correct way.

Pleonasmo é a superabundância de palavras para enunciar uma ideia. Celso Cunha, em sua “Nova Gramática do Português Contemporâneo”, define assim o pleonasmo vicioso: “quando resulta apenas da ignorância do sentido exato dos termos empregados, ou de negligência, é uma falta grosseira”. Nesse aspecto, está de acordo com a norma culta, portanto, a alternativa:

Texto associado.

Sobre a importância da ciência

Parece paradoxal que, no início deste milênio, durante o que chamamos com orgulho de “era da ciência”, tantos ainda acreditem em profecias de fim de mundo. Quem não se lembra do bug do milênio ou da enxurrada de absurdos ditos todos os dias sobre a previsão maia de fim de mundo no ano 2012?

Existe um cinismo cada vez maior com relação à ciência, um senso de que fomos traídos, de que promessas não foram cumpridas. Afinal, lutamos para curar doenças apenas para descobrir outras novas. Criamos tecnologias que pretendem simplificar nossas vidas, mas passamos cada vez mais tempo no trabalho. Pior ainda: tem sempre tanta coisa nova e tentadora no mercado que fica impossível acompanhar o passo da tecnologia.

Os mais jovens se comunicam de modo quase que incompreensível aos mais velhos, com Facebook, Twitter e textos em celulares. Podemos ir à Lua, mas a maior parte da população continua mal nutrida.

Consumimos o planeta com um apetite insaciável, criando uma devastação ecológica sem precedentes. Isso tudo graças à ciência? Ao menos, é assim que pensam os descontentes, mas não é nada disso.

Primeiro, a ciência não promete a redenção humana. Ela simplesmente se ocupa de compreender como funciona a natureza, ela é um corpo de conhecimento sobre o Universo e seus habitantes, vivos ou não, acumulado através de um processo constante de refinamento e testes conhecido como método científico.

A prática da ciência provê um modo de interagir com o mundo, expondo a essência criativa da natureza. Disso, aprendemos que a natureza é transformação, que a vida e a morte são parte de uma cadeia de criação e destruição perpetuada por todo o cosmo, dos átomos às estrelas e à vida. Nossa existência é parte desta transformação constante da matéria, onde todo elo é igualmente importante, do que é criado ao que é destruído.

A ciência pode não oferecer a salvação eterna, mas oferece a possibilidade de vivermos livres do medo irracional do desconhecido. Ao dar ao indivíduo a autonomia de pensar por si mesmo, ela oferece a liberdade da escolha informada. Ao transformar mistério em desafio, a ciência adiciona uma nova dimensão à vida, abrindo a porta para um novo tipo de espiritualidade, livre do dogmatismo das religiões organizadas.

A ciência não diz o que devemos fazer com o conhecimento que acumulamos. Essa decisão é nossa, em geral tomada pelos políticos que elegemos, ao menos numa sociedade democrática. A culpa dos usos mais nefastos da ciência deve ser dividida por toda a sociedade. Inclusive, mas não exclusivamente, pelos cientistas. Afinal, devemos culpar o inventor da pólvora pelas mortes por tiros e explosivos ao longo da história? Ou o inventor do microscópio pelas armas biológicas?

A ciência não contrariou nossas expectativas. Imagine um mundo sem antibióticos, TVs, aviões, carros. As pessoas vivendo no mato, sem os confortos tecnológicos modernos, caçando para comer. Quantos optariam por isso?

A culpa do que fazemos com o planeta é nossa, não da ciência. Apenas uma sociedade versada na ciência pode escolher o seu destino responsavelmente. Nosso futuro depende disso.

Marcelo Gleiser é professor de física teórica no Dartmouth College (EUA)

Ao comentar sobre o cinismo, o autor faz menção a uma falta de compreensão geral em relação à ciência, que consiste, de acordo com o texto, em

Texto associado.

Chinese Woman Opens Plane’s Emergency Exit for Some Fresh Air

A flight was delayed for an hour and a woman detained by police after she opened the emergency exit for “a breath of fresh air” before the flight took off in central China’s Hubei province, mainland media reported. The incident happened on Xiamen Air Flight MF8215 from Wuhan to Lanzhou, which was scheduled to take off at 3.45 p.m. on September 23.

Cabin crew had briefed the woman, who was in her 50s, about the rules when sitting next to the emergency exit and reminded her not to touch the button that opened the emergency exit. However, the woman said she needed some fresh air and touched the button to open the exit when the stewardess turned around to help others, the report said. The woman was taken away and the flight was delayed for an hour. Opening the emergency exit can be considered to be disturbing public order in an aircraft, which is punishable by police detention and a fine.

In July last year, a woman who was flying for the first time mistook the emergency door for a lavatory door before her plane took off in Nanjing. The emergency slide was released and the flight was delayed for two hours. The woman was detained for 10 days. Some passengers have paid a heavy price for releasing the emergency slide, which may take days and considerable expense to repair and reinstall. In January 2015, a man who opened an emergency door after a plane landed in Chongqing had to pay 35,000 yuan (150,000 baht) in compensation to the airline.

In June, a man from Hubei who was returning to China from Bangkok on a Thai Lion Air Flight opened an emergency exit before take-off. After apologising repeatedly, according to witnesses, he was held by Thai authorities for one day and given a fine of 500 baht before being deported.

Adapted from https://www.bangkokpost.com/world/1762629/chinese-woman-opens-planes-emergency-exit-for-somefresh-air

Choose the alternative that correctly substitutes next to in the sentence “...about the rules when sitting next to the emergency exit…” (paragraph 2).

Texto associado.

Assiste à demolição


– Morou mais de vinte anos nesta casa? Então vai sentir “uma coisa” quando ela for demolida. Começou a demolição. Passando pela rua, ele viu a casa já sem telhado, e operários, na poeira, removendo caibros. Aquele telhado que lhe dera tanto trabalho por causa das goteiras, tapadas aqui, reaparecendo ali. Seu quarto de dormir estava exposto ao céu, no calor da manhã. Ao fundo, no terraço, tinham desaparecido as colunas da pérgula, e a cobertura de ramos de buganvília – dois troncos subindo do pátio lá embaixo e enchendo de florinhas vermelhas o chão de ladrilho, onde gatos da vizinhança amavam fazer sesta e surpreender tico-ticos.

Passou nos dias seguintes e viu o progressivo desfazer-se das paredes, que escancarava a casa de frente e de flancos jogando-a por assim dizer na rua. Os marcos das portas apareciam emoldurando o vazio. O azul e as nuvens circulavam pelos cômodos, em composição surrealista. E o pequeno balcão da fachada, cercado de ar, parecia um mirante espacial, baixado ao nível dos míopes.

A demolição prosseguiu à noite, espontaneamente. Um lanço de parede desabou sozinho, para fora do tapume, quando já cessara na rua o movimento dos lotações. Caiu discreto, sem ferir ninguém, apenas avariando – desculpem – a rede telefônica.

A casa encolhera-se, em processo involutivo. Já agora de um só pavimento, sem teto, aspirava mesmo à desintegração. Chegou a vez da pequena sala de estar, da sala de jantar com seu lambri envernizado a preto, que ele passara meses raspando a poder de gilete, para recuperar a cor da madeira.

E a vez do escritório, parte pensante e sentinte de seu mecanismo individual, do eu mais íntimo e simultaneamente mais público, eu de gavetas sigilosas, manuseadas por um profissional da escrita. De todo o tempo que vivera na casa, fora ali que passara o maior número de horas, sentado, meio corcunda, desligado de acontecimentos, ouvindo, sem escutar, rumores que chegavam de outro mundo – cantoria de bêbados, motor de avião, chorinho de bebê, galo na madrugada.

E não sentiu dor vendo esfarinharem-se esses compartimentos de sua história pessoal. Nem sequer a melancolia do desvanecimento das coisas físicas. Elas tinham durado, cumprido a tarefa. Chega o instante em que compreendemos a demolição como um resgate de formas cansadas, sentença de liberdade. Talvez sejamos levados a essa compreensão pelo trabalho similar, mais surdo, que se vai desenvolvendo em nós. E não é preciso imaginar a alegria de formas novas, mais claras, a surgirem constantemente de formas caducas, para aceitar de coração sereno o fim das coisas que se ligaram à nossa vida.

Fitou tranquilo o que tinha sido sua casa e era um amontoado de caliça e tijolo, a ser removido. Em breve restaria o lote, à espera de outra casa maior, sem sinal dele e dos seus, mas destinada a concentrar outras vivências. Uma ordem, um estatuto pairava sobre os destroços, e tudo era como devia ser, sem ilusão de permanência.

Fonte: ANDRADE, Carlos Drummond de. Cadeira de balanço. 12. ed. Rio de Janeiro: Livraria José Olympio Editora, 1979.

Vocabulário
caibro s.m. elemento estrutural de um telhado, geralmente peças de madeira que se dispõem da cumeeira ao frechal, a intervalos regulares e paralelas umas às outras, em que se cruzam e assentam as ripas, frequentemente mais finas e compridas, e sobre as quais se apoiam e se encaixam as telhas

pérgula s. f. espécie de galeria coberta de barrotes espacejados assentados em pilares, geralmente guarnecida de trepadeiras

buganvília s.f. designação comum às plantas do gênero bougainvillea, trepadeira, muito cultivadas como ornamentais

de flanco s. m. pela lateral

marco s. m. parte fixa que guarnece o vão de portas e janelas, e onde as folhas destas se encaixam,

lambri s. m. revestimento interno de parede, usado com fim decorativo ou para proteger contra frio, umidade ou barulho; feito de madeira, mármore, estuque, numa só peça ou composto por painéis, que vão
até certa altura ou do chão ao teto (mais usado no plural)

caliça s.f. conjunto de resíduos de uma obra de alvenaria demolida ou em desmoronamento, formado por pó ou fragmentos dos materiais diversos do reboco (cal, argamassa ressequida) e de pedras, tijolos desfeitos
prendendo-se por meio de dobradiças

tapume s. m. cerca ou vala guarnecida de sebe que defende uma área; anteparo, geralmente de madeira, com que se veda a entrada numa área, numa construção

lote s. m. porção de terra autônoma que resulta de loteamento ou desmembramento; terreno de pequenas dimensões, urbano ou rural, que se destina a construções ou à pequena agricultura

Fonte: HOUAISS, A. e Villar, M. de S. Dicionário Houaiss da Língua Portuguesa. Elaborado no Instituto Antônio Houaiss de Lexicografia e Banco de Dados da Língua Portuguesa. Rio de Janeiro. Objetiva, 2009.

Nos trechos a seguir “- Morou mais de vinte anos nesta casa? Então vai sentir ‘uma coisa’ quando ela for demolida.”, “Aquele telhado que lhe dera tanto trabalho por causa das goteiras…”, “Ao fundo, no terraço, tinham desaparecido as colunas da pérgula, e a cobertura de ramos de buganvília – dois troncos subindo do pátio lá embaixo e enchendo de florinhas vermelhas o chão de ladrilho, onde os gatos da vizinhança amavam fazer sesta e surpreender tico-ticos.”, a ideia predominante remete a

Texto associado.

Chinese Woman Opens Plane’s Emergency Exit for Some Fresh Air

A flight was delayed for an hour and a woman detained by police after she opened the emergency exit for “a breath of fresh air” before the flight took off in central China’s Hubei province, mainland media reported. The incident happened on Xiamen Air Flight MF8215 from Wuhan to Lanzhou, which was scheduled to take off at 3.45 p.m. on September 23.

Cabin crew had briefed the woman, who was in her 50s, about the rules when sitting next to the emergency exit and reminded her not to touch the button that opened the emergency exit. However, the woman said she needed some fresh air and touched the button to open the exit when the stewardess turned around to help others, the report said. The woman was taken away and the flight was delayed for an hour. Opening the emergency exit can be considered to be disturbing public order in an aircraft, which is punishable by police detention and a fine.

In July last year, a woman who was flying for the first time mistook the emergency door for a lavatory door before her plane took off in Nanjing. The emergency slide was released and the flight was delayed for two hours. The woman was detained for 10 days. Some passengers have paid a heavy price for releasing the emergency slide, which may take days and considerable expense to repair and reinstall. In January 2015, a man who opened an emergency door after a plane landed in Chongqing had to pay 35,000 yuan (150,000 baht) in compensation to the airline.

In June, a man from Hubei who was returning to China from Bangkok on a Thai Lion Air Flight opened an emergency exit before take-off. After apologising repeatedly, according to witnesses, he was held by Thai authorities for one day and given a fine of 500 baht before being deported.

Adapted from https://www.bangkokpost.com/world/1762629/chinese-woman-opens-planes-emergency-exit-for-somefresh-air

Choose the alternative that has the sentence “...he was held by Thai authorities for one day and given a fine of 500 baht…” (paragraph 4) correctly changed into active voice.

Em relação à equação não balanceada a seguir, que representa o processo de obtenção de ferro a partir do óxido de ferro III presente no minério hematita, são feitas as seguintes afirmações:

Fe2O3 (s) + C (s) → Fe (s) + CO (g)

Dados: volume molar gasoso nas Condições Normais de Temperatura e Pressão (CNTP) = 22,4 L mol-1 constante de Avogadro = 6,0 x 1023 mol-1

I – A partir de 25 mol de óxido de ferro III e 960,0 g de carbono, podem ser obtidos 4,50 x 1025 moléculas de monóxido de carbono, considerando-se rendimento de 100% na reação.

II – O estabelecimento da ligação química entre um átomo de ferro e um átomo de oxigênio, no óxido de ferro III, ocorre através de uma ligação covalente polar.

III – A partir de 200,0 kg de hematita com 80% de pureza em relação ao óxido de ferro III, e quantidade suficiente de carbono, podem ser obtidos 67200 L de monóxido de carbono nas CNTP, considerando-se rendimento de 100% na reação.

IV – O monóxido de carbono apresenta geometria linear e é classificado como um óxido anfótero.

V – A obtenção de 130 mol de ferro, a partir de 100 mol de óxido de ferro III e quantidade suficiente de carbono, representaria um rendimento da reação de 65%

Das afirmativas feitas, estão corretas apenas

Texto associado.

The 'Queen's Gambit' Effect: Everyone Wants a Chess Set Now

The 'Queen's Gambit' Effect: Everyone Wants a Chess Set Now _______(1) for the past few years the most popular _______(2) on Netflix was undoubtedly Her Majesty Queen Elizabeth, as portrayed by Claire Foy and Olivia Colman in The Crown, this fall another type of queen _______(3) her mark: Beth Harmon, the captivating protagonist of The Queen's Gambit, a Netflix original that became an overnight sensation and inspired a slew of discerning viewers to pick up _______(4).

Call it the Queen's Gambit effect: Chessboards are flying off the (literal and virtual) rack in the wake of the show's hit season. Just ask Anthony Barzilay Freund, editorial director and director of fine art at vintage site 1stDibs: “The Queen's Gambit is driving an interest in the game of chess among new audiences and demographics,” Freund confirms: “At 1stDibs, in just the month following the show's release, we've seen a 100% increase in sales of chessboards, pieces, and tables as compared to this time period last year.”

Of course, while it might be enjoying a renewed popularity at the moment, the game of chess dates back centuries and has long captivated players all over the world. It's believed to have derived from a 7th-century Indian game, then evolved as it spread across Asia and Europe in the following centuries. As a result, says Freund, “you can find a variety of vintage and contemporary chess paraphernalia from dealers all over the world.” Those who don't necessarily have the budget for pawns of precious stone have a myriad of options on the market at all price ranges. So light a fire, make a drink, and set up the chessboard – Beth Harmon would be proud.

Adapted from https://www.housebeautiful.com/design-inspiration/a34874207/queens-gambit-beth-harmon-chess-sets/

In the sentence “Chessboards are flying off the (literal and virtual) rack in the wake of the show's hit season.” (paragraph 2), the words fly off the rack mean

a) to put money in a bank account.

b) to have no chance of succeeding.

c) to be sold very quickly.

d) to make a short sound.

e) to give or return a call.

Texto associado.

Sobre a importância da ciência

Parece paradoxal que, no início deste milênio, durante o que chamamos com orgulho de “era da ciência”, tantos ainda acreditem em profecias de fim de mundo. Quem não se lembra do bug do milênio ou da enxurrada de absurdos ditos todos os dias sobre a previsão maia de fim de mundo no ano 2012?

Existe um cinismo cada vez maior com relação à ciência, um senso de que fomos traídos, de que promessas não foram cumpridas. Afinal, lutamos para curar doenças apenas para descobrir outras novas. Criamos tecnologias que pretendem simplificar nossas vidas, mas passamos cada vez mais tempo no trabalho. Pior ainda: tem sempre tanta coisa nova e tentadora no mercado que fica impossível acompanhar o passo da tecnologia.

Os mais jovens se comunicam de modo quase que incompreensível aos mais velhos, com Facebook, Twitter e textos em celulares. Podemos ir à Lua, mas a maior parte da população continua mal nutrida.

Consumimos o planeta com um apetite insaciável, criando uma devastação ecológica sem precedentes. Isso tudo graças à ciência? Ao menos, é assim que pensam os descontentes, mas não é nada disso.

Primeiro, a ciência não promete a redenção humana. Ela simplesmente se ocupa de compreender como funciona a natureza, ela é um corpo de conhecimento sobre o Universo e seus habitantes, vivos ou não, acumulado através de um processo constante de refinamento e testes conhecido como método científico.

A prática da ciência provê um modo de interagir com o mundo, expondo a essência criativa da natureza. Disso, aprendemos que a natureza é transformação, que a vida e a morte são parte de uma cadeia de criação e destruição perpetuada por todo o cosmo, dos átomos às estrelas e à vida. Nossa existência é parte desta transformação constante da matéria, onde todo elo é igualmente importante, do que é criado ao que é destruído.

A ciência pode não oferecer a salvação eterna, mas oferece a possibilidade de vivermos livres do medo irracional do desconhecido. Ao dar ao indivíduo a autonomia de pensar por si mesmo, ela oferece a liberdade da escolha informada. Ao transformar mistério em desafio, a ciência adiciona uma nova dimensão à vida, abrindo a porta para um novo tipo de espiritualidade, livre do dogmatismo das religiões organizadas.

A ciência não diz o que devemos fazer com o conhecimento que acumulamos. Essa decisão é nossa, em geral tomada pelos políticos que elegemos, ao menos numa sociedade democrática. A culpa dos usos mais nefastos da ciência deve ser dividida por toda a sociedade. Inclusive, mas não exclusivamente, pelos cientistas. Afinal, devemos culpar o inventor da pólvora pelas mortes por tiros e explosivos ao longo da história? Ou o inventor do microscópio pelas armas biológicas?

A ciência não contrariou nossas expectativas. Imagine um mundo sem antibióticos, TVs, aviões, carros. As pessoas vivendo no mato, sem os confortos tecnológicos modernos, caçando para comer. Quantos optariam por isso?

A culpa do que fazemos com o planeta é nossa, não da ciência. Apenas uma sociedade versada na ciência pode escolher o seu destino responsavelmente. Nosso futuro depende disso.

Marcelo Gleiser é professor de física teórica no Dartmouth College (EUA)

Na frase “A culpa dos usos mais nefastos da ciência deve ser dividida por toda a sociedade”, a palavra sublinhada, dentro do contexto, significa