Texto CG4A1-II
1 Na década de cinquenta, cresceu a participação
feminina no mercado de trabalho, especialmente no setor de
serviços de consumo coletivo, em escritórios, no comércio ou
4 em serviços públicos. Surgiram então mais oportunidades de
emprego em profissões como as de enfermeira, professora,
funcionária burocrática, médica, assistente social, vendedora,
7 as quais exigiam das mulheres certa qualificação e, em
contrapartida, tornavam-nas profissionais remuneradas. Essa
tendência demandou maior escolaridade feminina e provocou,
10 sem dúvida, mudanças no status social das mulheres.
Entretanto, eram nítidos os preconceitos que cercavam o
trabalho feminino nessa época. Como as mulheres ainda eram
13 vistas prioritariamente como donas de casa e mães, a ideia da
incompatibilidade entre casamento e vida profissional tinha
grande força no imaginário social. Um dos principais
16 argumentos dos que viam com ressalvas o trabalho feminino
era o de que, trabalhando, a mulher deixaria de lado seus
afazeres domésticos e suas atenções e cuidados para com o
19 marido: ameaças não só à organização doméstica como
também à estabilidade do matrimônio.
Carla Bassanezi. Mulheres dos anos dourados. In: História das mulheres
no Brasil. 8.ª ed. São Paulo: Contexto, 2004 (com adaptações)